1 PALAVRAS SUGESTIVAS
PARA UM NOIVADO
5 FORMATURA-CONSELHOS
AOS GINASIANOS
6 FORMATURA-DO CURSO
CIENTÍFICO 1960
1
PALAVRAS
SUGESTIVAS PARA
UM NOIVADO
Prezados
jovens, após prolongadas reflexões decidistes ficar noivos, preparando-vos
assim para contrair o matrimônio.
Nutris a
esperança de em breve estabelecerdes o vosso lar, e é o plano divino que a
família seja a fonte da mais pura e mais profunda felicidade terrena, mas esta
felicidade só será alcançada, se seguirdes a orientação divina e vos tornardes
cônjuges verdadeiramente cristãos.
Há uma
parábola de W. O. Goodwin, autor inglês, muito oportuna para esta efeméride,
intitulada:
A Coisa Mais
Bela do Mundo
Um
artista, autor de muitas teias de grande beleza, pensou um dia em que ainda não
havia pintado a "Sua Teia" à tela que seria a suma expressão de sua
arte. E como seguisse por uma estrada poeirenta a procurar alguma idéia, se encontrou com um velho padre, que lhe perguntou o
que pretendia fazer.
-
"Não sei ainda", respondeu o artista. "Desejo pintar a coisa
mais bela do mundo". Não poderá dizer-me qual seja?
- É muito
simples disse o sacerdote. Você a encontrará em qualquer Igreja ou crença. A
coisa mais bela do mundo é a "Fé".
O artista
continuou a caminhar.
Daí a
algum tempo, encontrando-se com uma jovem noiva, perguntou-lhe: Qual é a coisa
mais bela do mundo?
- "É
o amor respondeu a moça. O amor faz da pobreza, riqueza, suaviza as lágrimas.
Sem ele não existe beleza".
O artista
prosseguiu na caminhada.
Como um
veterano de guerra, passasse tropegamente pelo seu caminho, o pintor lhe fez a mesma pergunta. E o velho soldado
respondeu:
- "A
coisa mais bela do mundo é a paz. E a mais feia é a guerra. Onde existe paz,
existe igualmente a beleza".
Fé, Amor e
Paz. Como poderei pintá-los? Perguntou
si mesmo o artista, e abanando tristemente a cabeça voltou desanimado para
casa. Mas ao transpor seu limiar, ele encontrou a coisa mais bela do mundo. No
olhar dos filhos viu a fé. No sorriso da esposa brilhava o amor. E no seu lar,
havia a paz a que se referia o soldado.
Destarte,
o artista conseguiu pintar a "Coisa mais bela do mundo". E, ao
terminar seu trabalho, denominou-o Lar.
Queridos
noivos, estais idealizando a formação de um lar, que é aquilo que de mais extraordinário
existe neste mundo, pois é uma Pátria em miniatura, idealizada pelo Criador
para a nossa felicidade.
Antes da
construção de um prédio, são necessários: estudo, planejamento, recursos
financeiros, seleção do material, escolha de bons trabalhadores, verificação do
terreno para ver como serão os alicerces, e longe iríamos na enumeração.
O namoro e
o noivado é o tempo propício para a planificação do lar, que é muito mais
importante do que o prédio, a casa. Conheceis estes quadrinhos que andam pelas
paredes com um dístico de profunda significação. "A casa é feita de
pedras, o lar é feito de amor".
Que
devereis fazer para construir um lar? Primeiro é a escolha do companheiro ou
companheira; e no vosso caso, esta escolha já foi feita.
Se uma
casa para ser bem construída precisa de sólido alicerce, qual seria este sólido
alicerce para o lar? Muitas respostas poderiam ser dadas, mas creio que a
melhor seria esta: o amor, não concordais comigo? A felicidade conjugal não
pode subsistir quando não existe o verdadeiro amor.
Num livro
para noivos, encontrei os seguintes pensamentos sobre o amor: "Amando-se
torna-se mais suave a vida, mais belo o céu, mais doce o sonho, a manhã mais
sorridente, mais lindas as flores, mais leve o pesar, o trabalho mais fácil.
Quem ama é feliz, quem muito ama é muito feliz".
Muito se
tem escrito sobre o magno problema do casamento, mas apesar disso os problemas
não foram solucionados, pelo contrário eles se avolumam cada dia mais.
Desejo
apenas mencionar três pensamentos, por trazerem em si lições de profunda
sabedoria.
1º) Não há
pior vida que estarem juntos na habitação os que estão desunidos no espírito.
2º) No
segundo encontramos a mesma idéia, uma forma de
conselho em duas quadras populares, de Belmiro Braga, com o título:
Noivos
À notícia
bato palmas
e mando um conselho aos dois:
primeiro
casem as almas
e os
corpos casem depois.
Que eu
tenho os olhos cansados
de ver
(umas mil, talvez)
dentro de
corpos casados
as almas
em plena viuvez.
3º) A
escritora Maria Vaz de Carvalho nos informa, que para um casamento ser feliz, é
preciso que haja trabalho, economia, modéstia no viver e boa compreensão das
coisas de família.
O
casamento que não une duas almas, é uma espécie de cadeia, de grilheta que
prende em suplício duas existências, condenando-as a se suportarem mutuamente.
Poderia
aqui acrescentar idéias poéticas e definições
sublimes sobre o amor e a felicidade conjugal, mas estas sem Cristo, sem
religião praticada, sem genuíno amor cristão de nada valem.
Através da
Bíblia e da pena da inspiração encontramos os mais sábios conselhos.
Mensagem aos Jovens diz:
"Seja todo passo em direção da aliança
matrimonial, caracterizado pela modéstia, simplicidade e o sincero propósito de
agradar e honrar a Deus". ((Mensagens ao Jovens, pág. 435)
Em outro
lugar, escreveu ela, aquelas palavras que deveriam ser muito familiares aos
namorados e aos noivos:
"Se homens e mulheres têm o hábito de
orar duas vezes ao dia antes de pensar no casamento, devem fazê-lo quatro vezes
quando pensam em dar esse passo. O casamento é uma coisa que influenciará e
afetará vossa vida, tanto neste mundo como no futuro. O cristão sincero não
avançará os seus planos nesta direção sem ter o conhecimento de que Deus aprova
seu proceder." (Mensagens ao Jovens, pág. 460)
Rogai a
Deus que vos ajude a estabelecer um lar cristão, onde reine o puro amor e então
tudo será mavioso, poético e sublime.
Deveis
sempre lembrar-vos de que de hoje em diante a vossa responsabilidade aumenta. O
noivado é um compromisso não apenas entre vós dois, mas também entre duas
famílias.
Concluindo,
desejo que os vossos olhares possam encontrar-se puros, no dia do vosso
casamento, e que vosso coração palpite em verdadeiro amor, para que a bênção do
céu se derrame num futuro próximo, sobre o lar que quereis fundar, para a vossa
felicidade, para alegria dos familiares a para glória e honra de Deus.
2
Introduções
Sugestivas:
Prezados
cônjuges, queridos jovens, distintos contraentes, estimados consortes,
etc.
Mui
amáveis amigos .............. e ..........
Evidentemente,
nossas palavras são com destaque dirigidas a vós, mas desejo também que todos
nós, presentes nesta efeméride, aproveitemos os conselhos e advertências e que
nos revistamos do verdadeiro sentido do viver, mediante um relacionamento
adequado uns com os outros e com o nosso Deus.
O
casamento não foi estabelecido pela vontade humana, mas instituído pelo próprio
Deus, quando ao criar o homem e a mulher, colocando-os no Paraíso Terrestre, preceituou-lhes: "Crescei, multiplicai-vos e
enchei a Terra."
Se foi
Deus quem o estabeleceu então ele é santo e indissolúvel.
Nos
desígnios de Deus, o homem foi criado para a posse da felicidade, e para
satisfazer este grande desejo, Deus, em sua infinita sabedoria, providenciou
meios para esta conquista, e entre estes o mais eficiente e mais sublime foi a
instituição do matrimônio.
Em Gênesis
2:24 lemos: "Por isso deixará o homem o seu pai e a sua mãe e se unirá a
sua mulher, tornando-se os dois uma só carne".
Notai,
queridos nubentes, que esta passagem nos dá a idéia,
de que a união matrimonial é tão inseparável como as partes do corpo, e tem
obrigações das quais não se pode fugir sem desonra, exceto pela morte.
Em outras
palavras, no plano de Deus, casamento é a união de duas vidas numa permanente
aliança enquanto ambos viverem.
Não é
fácil duas pessoas se tornarem uma, pois nada na Terra é tão delicado como o
coração humano.
Para dois
instrumentos de corda, produzirem melodiosa harmonia, eles precisam ser
afinados no mesmo tom; além disso precisam de constante ajustamento e
regulagem.
Do mesmo
modo, cada um de vós necessita estar pronto para fazer ajustamentos em relação
à vida e ao temperamento do outro. Estes ajustamentos não são fáceis, porque a
personalidade humana é muito complexa, existindo ainda forças maléficas,
trabalhando para desafinarem e mesmo quebrarem as cordas deste instrumento
maravilhoso – o lar cristão.
Alguns
séculos antes de Cristo, notável educador e moralista, apresentou aos seus
discípulos dez sublimes e estupendas regras para que houvesse um bom
relacionamento entre o marido e a mulher.
Estas
regras, apesar de antigas, elas são bem modernas e úteis para todos os casais
desejosos de viverem bem, nos limites sagrados do lar e de conquistarem a
almejada felicidade.
Notai bem,
distintos cônjuges, quais são estas regras, que deveis seguir para que haja bom
relacionamento entre vós:
Algumas
foram levemente modificadas por mim:
1ª) Amar
para ser amado.
O amor é o
sustentáculo de um lar feliz. Onde não há amor, não há felicidade.
2ª)
Compreender para ser compreendido.
Como é bom
convivermos com pessoas compreensivas.
Prezados
............. e ............. não vos esqueçais de que a compreensão é a ante-sala da felicidade.
3ª)
Confiar para ser digno de confiança.
Portai-vos
de tal maneira para que a desconfiança e o ciúme não roubem a paz e a
felicidade do vosso lar.
O melhor
caminho é sempre depositar confiança nas pessoas. Quando um dos cônjuges,
alimenta pensamentos infundados, de que o outro é desonesto, ele está cavando o
abismo onde será sepultado o seu lar. A confiança tem sido chamada o alicerce
do casamento.
4ª)
Perdoar para ser perdoado.
Podemos
acrescentar: perdoar e esquecer.
Nome do rapaz, o esposo que guarda na memória as
menores faltas da esposa, para lançar-lhe em rosto,
por ocasião de discussões passageiras, está criando um ambiente anticristão,
onde não podem medrar o amor e a compreensão.
Nome da moça, a recíproca também é verdadeira.
5ª)
Tolerar para ser tolerado.
O amor
tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
A língua
grega na sua riqueza e precisão vocabular tem quatro palavras distintas para
amar, entre estas está o verbo – stergo,
significando amar com ternura, resignar-se, suportar; é o sentimento que deve
existir entre os esposos e filhos.
Dizem os
psicólogos que todos nós somos crianças adultas. Temos manias e cometemos
tolices.
Sede
pacientes para com as faltas um do outro.
6ª)
Aprender a admirar as coisas pequenas.
Quantos
aspectos poderão aqui ser salientados.
Há coisas
sem grande significação para uns, e sumamente importantes para outros.
Esquecer-se
do aniversário natalício ou de casamento para o esposo pode parecer de somenos
importância, mas para a esposa pode ser uma falta quase imperdoável.
Pequenas
atenções podem trazer grandes resultados.
7ª)
Esforçar-se para vencer o egoísmo.
O egoísta
é a pessoa que pensa só em si, vive só para si, procura servir apenas aos
próprios interesses, sem pensar nas necessidades do próximo. Nenhum casal pode
ser feliz se agir desta maneira.
Lembrai-vos
de que Cristo nos ensinou, que a verdadeira felicidade se encontra no trabalho
desinteressado em prol dos outros.
Gabriela
Mistral escreveu: "Há a alegria de ser sincero e ser justo, porém, mais
que isso, há a formosa e imensa alegria de servir."
8ª) Não
julgar sempre a esposa ou o esposo pela opinião própria.
Há uma
tendência natural para pensar que se os outros não pensam como nós eles estão
errados.
É uma arte
saber respeitar opiniões contrárias à nossa.
9ª)
Trabalhar unidos na solução de problemas.
A família
que planeja unida, trabalha e ora unida permanece unida.
Quando
surgirem problemas e dificuldades, procurai solucioná-los com amor, bondade,
oração e a leitura da palavra de Deus, enfim com a orientação divina.
10ª) Amar
o trabalho, a ordem e a disciplina.
Um lar
onde o trabalho ocupa uma parte importante do tempo de seus componentes, será
um lar pleno de saúde e contentamento.
A
indolência e o desleixo são grandes inimigos da felicidade.
Deus é um
Deus de ordem, por isso quer ver lares bem organizados em todas as coisas.
Faz parte
da ordem e da disciplina, haver tempo separado de manhã e à noite, para a
realização dos cultos domésticos.
O Jornal
"Diário de São Paulo", há dez anos mais ou menos, trouxe um artigo
interessante sobre o papel preponderante e influente da dona de casa numa
grande cidade. Dizia ele: são os lares que determinam o bom humor e alegria ou
a tristeza e o pessimismo existentes na sociedade.
A sentença
de um juiz, uma lei bem elaborada, decisões acertadas, etc., etc., dependem da
alegria e felicidade que os homens encontram no lar.
A mulher
deve criar um ambiente de simpatia, de organização e de felicidade. Para isto
ela tem como deveres principais:
1º) Ser
paciente, conservar sempre a serenidade.
2º)
Procurar sempre ser alegre e solícita.
3º)
Afastar tudo aquilo que possa trazer para seu marido e seus filhos uma nuvem de
tristeza.
4º) Estar
sempre vigilante para que nada falte em casa.
5º)
Procurar adornar a sua casa com cores claras, alegres, dando vida e movimento a
tudo para que as coisas se reflitam no sentimento das pessoas, aclarando-as e
alegrando-as.
6º)
Respeitar religiosamente as horas de trabalho, meditação e recolhimento do
esposo.
7º) Ser
meiga e carinhosa sem exageros.
8º) Estar
sempre vestida com capricho, para não causar uma impressão desagradável.
9º)
Procurar encorajar, dar forças e ânimo ao companheiro quando perceber que seu
espírito vacila.
10º) Não
temer o infortúnio, encarar a vida sempre com otimismo, procurando dominá-la,
antes de ser por ela dominada.
Prezada...........
outros tantos princípios, advertências e conselhos poderiam ser dados ao
........... mas não iremos fazê-lo para não cansá-los.
Sabemos
que estais sonhando com a felicidade máxima, mas para isto deveis praticar
estes ensinamentos em vossa vida matrimonial.
Demonstrai
pelo vosso viver, que o ideal proposto por Cristo, pode ser aplicado ainda
hoje, e se assim o fizerdes, o vosso casamento será uma perene fonte de
alegria.
Concluindo
Mui simpáticos
cônjuges, os sinceros desejos dos céus, de vossos pais, dos demais familiares e
amigos aqui presentes são: que construais um lar verdadeiramente cristão,
alicerçado nos edificantes ensinamentos da Bíblia e que nesse lar reine
harmonia, paz e perene felicidade.
Que Deus
vos abençoe!
3
Leitura
Bíblica - Gênesis 2:24; S. João 2:1-2.
Que é
casamento?
Muitas
definições têm sido propostas, mas creio que a melhor segundo a vontade divina
é esta: A união entre um homem e uma mulher até a morte.
Disse Madame
de Staël: "Casamento
significa a associação de todos os sentimentos e de todos os pensamentos".
Por isso o casamento não deve ser apenas a união de dois corpos, porque é
sobretudo a união de dois corações, de duas vidas, de dois ideais.
Muito se
tem estudado, escrito e comentado sobre as qualidades dos bons esposos, listas
inumeráveis têm sido apresentadas, porém, creio que o imprescindível é:
1º) Que o moço seja sério e tenha sentimentos de sua
responsabilidade.
2º) Que a
moça seja modesta, caprichosa e amante do seu lar.
Balzac
escreveu: "São as boas qualidades e não a beleza da mulher que fazem os
casamentos felizes".
3º) Que os
dois sejam tementes a Deus, e que se esforcem para terem um lar verdadeiramente
cristão.
A formação
do lar é o acontecimento de maior transcendência na vida do ser humano, e se
for bem orientada, contribui para o melhoramento da humanidade, formando uma
barreira contra os vícios e corrupções, e constitui um oásis de paz, em meio
das tormentas que agitam a existência do homem.
"O
lar que hoje constituís é uma instituição divina, e juntamente com o dia de
repouso foi dado ao homem no Jardim do Éden nos dias de sua inocência".
Desejo
agora mencionar duas palavras, que por sua importância não podem estar dissociadas
dos cônjuges. Refiro-me ao amor e à felicidade. A felicidade é mesmo o objetivo
principal da existência, e o amor, esse sentimento sublime e puro é a chave que
vos pode abrir as portas da verdadeira felicidade.
Para
alcançar a felicidade deveis cumprir quatro requisitos, isto é, a vossa aliança
deve fundar-se no amor, na compreensão mútua, na unidade de objetivos e na
harmonia, porém, creio eu, que destes atributos, notai bem, prezados amigos, o
maior é o amor, porque os outros são apenas conseqüências
deste predicado.
Como bem
salientou Eula Kennedy Long,
em seu livro Corações Felizes :
Onde houver amor aí haverá paciência
e perdão.
Onde houver perdão, aí estará Deus.
E onde estiver
Deus, aí estará a felicidade".
O amor foi
definido por alguém como o bálsamo divino que resolve todas as dificuldades.
Atentai bem para esta advertência: Não
vos queixeis diante das pequenas dificuldades da vida, pois as murmurações
atrofiam o amor.
A
pensadora francesa Madame de Maintenon
declarou:
"Os melhores casamentos não são os mais
ricos, mas aqueles em que ambos os casados suportam tudo um do outro com doçura
e paciência".
O amor
nunca florescerá num ambiente de queixumes, críticas e tentativas de imposição.
O amor
traz paciência, produz fé, opera milagres, tornando leve o mais árduo trabalho.
O amor faz descobrir as virtudes um do outro e esquecer as falhas e defeitos.
Para que
haja amor e felicidade em vosso lar, Cristo deve ser nele o companheiro
inseparável.
O esposo
que cultiva o amor será delicado em suas exigências, e a esposa, que tem na
alma a chama do verdadeiro amor, envidará todos os esforços para agradar o
esposo e não hesitará mesmo em fazer sacrifícios, para a aquisição da perene
felicidade a fim de que não se desfaçam os idílios sonhados, como costuma
acontecer a tantos casais.
Devíeis
colocar num quadro, em lugar bem visível, as Dez Bem-Aventuranças para um
Casamento Feliz, a fim de lerdes muitas vezes, porque ciente estou de que elas
vos ajudarão na conquista do maior desejo do ser humano – a felicidade.
Dez
Bem-Aventuranças Para um Casamento Feliz
I -
Bem-aventurados os maridos e esposas, que continuam a ser afetuosos depois do
casamento, e são corteses um com o outro como são aos seus amigos.
II - Bem-aventurados
são os que têm o senso de humor, pois esse atributo será conveniente para
desfazer os atritos.
III -
Bem-aventurados são os casais que amam o seu consorte mais do que a qualquer
outra pessoa no mundo, e que alegremente cumprem o seu voto de uma vida de
felicidade e auxílio mútuo.
IV -
Bem-aventurados os que conseguem ser pais, pois as crianças são a alegria do
lar e os herdeiros do Senhor.
V -
Bem-aventurados os que se lembram de agradecer a Deus pelo alimento e que
separam algum tempo cada dia para a leitura da Bíblia.
VI -
Bem-aventurados os consortes, que nunca falam ruidosamente um ao outro, e que
fazem da sua casa um lugar onde não se ouvem palavras desalentadoras.
VII -
Bem-aventurados os maridos e mulheres que fielmente trabalham na Igreja para a
extensão do reino de Deus.
VIII -
Bem-aventurados são os maridos e as esposas que podem resolver os
desentendimentos sem a interferência de parentes.
IX -
Bem-aventurado o casal, que tem completa compreensão a respeito das coisas
financeiras, e que tem resolvido harmoniosamente o melhor emprego do dinheiro.
X -
Bem-aventurados os maridos e as mulheres, que humildemente dedicam sua vida e
sua casa a Cristo e que praticam os ensinos do nosso Salvador com amor e
lealdade.
Quando
surgirem problemas em vosso relacionamento, procurai solucioná-los com o
conselho divino, através da oração e da leitura da Palavra de Deus.
Quero
ainda apresentar-vos um Decálogo para cônjuges, preparado por um juiz
especializado em assuntos matrimoniais:
1º) Sede
pacientes e serenos.
2º)
Trabalhai, brincai e crescei juntos.
3º) Evitai
desavenças.
4º) Sede
conciliadores.
5º) Nunca
sejais rabugentos.
6º) Tende
respeito aos vossos pais, não os critiqueis, mas também não aceiteis críticas
da sua parte.
7º)
Estabelecei o vosso próprio lar – nem que seja num quarto.
8º) Lutai
um pelo outro – nunca um contra o outro.
9º) Mostrai sempre simpatia, entendimento mútuo e disposição
alegre.
10º)
Construí vosso lar sobre a fé religiosa, e nunca deixeis passar um só dia sem
terdes perdoado tudo.
Distintos
nubentes, se assim o fizerdes, sereis um exemplo no vosso lar, não tanto pela
palavra, mas sobretudo pela vida.
Demonstrai com vossa vida
cristã exemplar, que o ideal proposto por Cristo pode ser aplicado mesmo no
mundo de hoje e então o casamento será a fonte da alegria, que é a verdadeira
antecipação da alegria do céu. O salmista lança uma bênção sobre a família
temente a Deus: "Felizes todos aqueles que amam ao Senhor e que andam nos
seus caminhos". Sal. 128:1.
Friedrich Haug
declarou: "Feliz a união, em que o marido é a cabeça e a mulher o
coração".
E ao
terminar dizemos: Ide prezados nubentes, ide pelos caminhos da vida com Cristo
sempre ao vosso lado, ide de mãos dadas e corações unidos e que os vossos
nobilíssimos anseios tenham a aprovação divina. Os nossos mais sublimes desejos
são: que sejais sempre felizes como felizes vos vemos hoje.
4
BODAS
DE OURO
Prazerosamente
agradecemos a todos que atenderam ao nosso convite e vós saudamos por haverdes
aqui chegado para esta efeméride.
Sem dúvida
alguma é inspirador unir em casamento dois jovens, cheios de amor, de sonhos e ideais
para palmilharem a estrada da vida de mãos dadas e corações unidos, porém, hoje
para mim é muito mais significativo e emocionante, poder na qualidade de filho
e de pastor, celebrar este Culto de Ação de Graças comemorativo das vossas
Bodas de ouro.
Queridos
pais, o dia hoje é vosso, mas a alegria, felicidade e satisfação também são
nossas.
Há 50 anos
adentrastes os portais de uma igreja para vos unirdes pelos laços matrimoniais
e durante todo este tempo vivestes, como já é notório, cultivando em vosso lar
a paz, a bondade e o amor.
Uma árvore
pode ser plantada em 10 minutos, mas precisa anos de cuidado e trato, para
crescer e produzir flores e frutos. De igual modo gastam-se alguns minutos para
realizar um casamento, mas espera-se meio século para realizar um casamento de
ouro e contemplar então as flores e os frutos desse consórcio.
A que
assemelharíamos as flores e os frutos no casamento?
No vosso
caso as flores eu as compararia a estas crianças – os vossos netos e um
bisneto, que abrilhantam esta festividade com sua presença simpática e gentil e
que aqui se encontram com o único objetivo de agradecer a Deus, por todas as
suas dádivas e bênçãos a vós concedidas, pois como bem sabemos é dos lábios das
crianças que procede o perfeito louvor.
Os frutos
– a recompensa do vosso amor podereis ver nos 8 filhos, que aqui se congregam
para prestar-vos esta merecida homenagem, nesta noite de emoções e
reminiscências.
O
casamento tem sido comparado a muitas coisas, mas é sobretudo uma escola, onde
duas pessoas procuram aprender as lições da vida numa atmosfera de compreensão,
amor e perdão. Se a escola tem o objetivo de ensinar, de preparar para a vida;
que lições ensinastes aos filhos na escola do lar?
Dentre as
muitas poderíamos destacar as seguintes: lições de desprendimento, de
fidelidade para com Deus e os homens, de honestidade, de economia, firmeza aos
princípios, de operosidade, enfim ensinastes uma sadia filosofia de vida para
com os homens e para com Deus, porque a verdadeira filosofia da vida consiste
em viver bem com o próximo e ter confiança total e absoluta em Deus.
Todos
sabem que ensinamos muito mais com o que somos do que com o que sabemos. Este
casal não é conhecido pelo seu saber, por seus talentos, por atributos dos
quais os homens se orgulham, mas ele é admirado e merece o nosso respeito por
ser constituído de pessoas boas, almas honestas e dignas, que semearam o bem
pela palavra e pelo exemplo e que legaram aos filhos o modelo de um viver digno
e honesto. Rogamos a Deus que nos ajude a
transmitirmos esta inspiração a nossos filhos.
Aos jovens
pensarem em casamento pensam logo em aliança, porque ela é o sinal que une, que
enlaça duas vidas. Ao Deus haver destruído o mundo com o dilúvio fez uma
aliança com seu povo, a qual se encontra relatada em Gênesis 9 - "Este é o
sinal da minha aliança que faço entre mim e vós ... porei nas nuvens o meu
arco; será por sinal da aliança entre mim e a terra." (Versos 12, 13).
Concerto de que não haveria outro dilúvio.
Estas
palavras nos fazem lembrar da aliança para o casamento, porque ela é o símbolo
do amor e do afeto, o símbolo da amizade e do compromisso, o símbolo que enlaça
duas vidas para a felicidade total. O anel em forma de circunferência deveria
sempre representar o amor sem fim, mas em muitos casos ele em breve desaparece,
pois aliança nos dedos não tem valor, porque são exterioridades e é muito
melhor como foi o vosso caso possuí-las no coração, nos ideais, nos sentimentos
nobres e altruístas.
Nomes Para os
Aniversários de Casamento
Tem sido
costume através dos anos dar nomes aos aniversários de casamento:
Bodas de
algodão, 1
ano;
Bodas de
papel, 2 anos;
Bodas de
couro, 3
anos;
Bodas de
madeira, 4 anos;
Bodas de
ferro, 5 anos;
Bodas de
estanho, 10 anos;
Bodas de
cristal, 15 anos;
Bodas de
porcelana, 20 anos;
Bodas de
prata,
25 anos;
Bodas de
pérola, 30
anos;
Bodas de
rubi,
40 anos;
Bodas de
ouro,
50 anos.
Bodas de
diamante, 60 anos;
Bodas de
brilhante, 75
anos.
Aqui nos
encontramos hoje, e todos devem ter observado a valorização crescente do
material simbólico representativo.
Bodas de
algodão, bodas de ouro ou bodas de brilhante – o tempo não influirá no
sentimento quando ele é verdadeiro e profundo. Um dia pode valer um século e um
século pode representar menos de uma hora para o autor do tempo, porque o
verdadeiro amor começa aqui e termina na eternidade para os fiéis.
As bodas
devem ser para nós, e estas para vós, prezados pais, marcos na longa estrada da
vida para nos guiarem àquelas bodas muito mais grandiosas e significativas que
se realizarão nas mansões dos salvos entre Cristo e os fiéis.
Queremos
lembrar a todos os presentes, que poderemos ter o privilégio pela graça de Deus
e a nossa fidelidade aos princípios do evangelho, de participarmos destas bodas
descritas tão majestosamente pelo apóstolo João em Apocalipse 19:7, 9.
Que Deus
nos faça dignos de lá nos encontrarmos!
A reunião
de hoje se intitula Culto de Ação de Graças.
Notável pensador afirmou: "Se Deus
fosse menos liberal na distribuição de suas dádivas, então lhe seríamos muito
mais agradecidos".
O que é
que eu tenho de agradecer hoje? Era esta a pergunta
que Teodoro Fliedner, insigne professor, fazia todas
as noites em seu "Livro de Exame de Consciência"; e ele concluía:
"Quanto mais a gente dá graças a Deus, tanto mais se recebe para novas
graças."
Estive
compulsando o Livro Santo na preparação deste assunto e pude ver como
patriarcas, profetas, reis, apóstolos, em síntese escritores inspirados da
Bíblia, encontraram em diversas facetas da vida, motivos para louvar e
agradecer a Deus, incentivando-nos a que façamos o mesmo.
O salmista
achava em todos os aspectos do seu viver, oportunidades para agradecer a Deus.
Salmo 34:1
– "Bendirei o Senhor em todo o tempo, seu louvor estará sempre nos meus
lábios".
O Salmo
147 e os que se seguem constituem uma grande antífona de louvor a Deus por
todos os seus benefícios.
Por que
devemos nós louvar a Deus?
Salmo
106:1 declara: "Porque Ele é bom."
Quanta
bondade de Deus à humanidade, mas que recompensa está Ele recebendo do Seu
amor? Quase sempre a ingratidão, daí a advertência do salmista, visando acordar
as consciências adormecidas.
"Rendei
graças..."
Pensemos
todos os presentes, se efetivamente Deus não tem sido bom para conosco,
analisemos as inúmeras bênçãos recebidas todos os dias e em gratidão por elas
elevemos a nossa voz para agradecer ao Todo-Poderoso. Devemos, porém, notar que
o agradecimento formal, apenas dos lábios não tem valor, ele deve ser sincero,
feito com coração puro e humilde, pois o próprio Cristo fulminou a hipocrisia
de muitos nestas palavras candentes: Mat. 15:8 "Este povo me honra com os
lábios, mas o seu coração está longe de mim".
Paulo ao
iniciar as Epístolas apresenta sempre ações de graça pelas virtudes cultivadas
pelos novos conversos. Pela fé, pela perseverança, pela fidelidade, pelo bom
êxito dos irmãos, pelo cultivo do amor, pela abnegação e outros vários
atributos. E não são também estes predicados reais em vossa vida, que nos levam
a dar graças ao eterno?
Mas quais
seriam outros motivos e razões pelos quais poderíamos dar graças a Deus, nesta
data significativa de vossas bodas de ouro?
Efésios
5:20 nos diz: "Dando sempre graças por tudo a
nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo".
Os motivos
são inumeráveis.
Por terdes
vivido 50 anos juntos. O ser humano tem sempre o desejo de viver mais, foi Deus
quem colocou este desejo em seu coração.
É um
privilégio viver.
Graças por
terdes conhecido a maravilhosa mensagem do advento e nela terdes permanecido
por quase cinco décadas, porque logo depois do casamento aceitastes a fé
adventista.
Podeis dar
graças pelo vosso lar, por terdes uma velhice feliz e tranqüila,
por gozardes boa saúde, por haverdes criado e orientado os filhos nas doutrinas
do Senhor e por todos permanecerem nelas.
Uma das
maiores ambições dos pais é verem os filhos bem encaminhados na vida,
tornarem-se pessoas que por sua honestidade, operosidade e outros predicados
sejam úteis à Pátria, à família e a Deus e estes objetivos alcançastes, por
isso podeis estar felizes e ufanosos nesta noite elevando as vossas vozes aos
céus em gratidão por tudo isso.
Já
Aristóteles – o insigne sábio e notável filósofo grego - dizia "que nunca
poderemos ser suficientemente gratos a Deus, a nossos pais e a nossos
professores".
Aqui se
encontram, amados pais, os vossos filhos prestando-vos esta homenagem, que é um
preito de gratidão e reconhecimento por tudo o que por nós fizestes em vossa
feliz e abençoada trajetória pela vida.
E os
filhos, netos, irmãos, sobrinhos, genros, noras, cunhados e demais familiares e
amigos unem-se a vós para agradecer a Deus, que é também o Pai de todos nós por
vos ter dado a bênção de estardes hoje comemorando as vossas bodas de ouro.
Antes de
finalizar, ainda queremos rogar a Deus que nos conserve fiéis, que vos cumule
de suas bênçãos, dando-vos ainda muitos dias abençoados e felizes e depois vos
galardoe, com a vida mais abundante nas mansões dos salvos, e dê-nos ânimo e
inspiração para que continuemos a ser dignos do vosso exemplo.
Amém.
Tema
apresentado na comemoração das Bodas de Ouro dos pais, em 1964.
5
Dignos
obreiros que nos honrais com a vossa presença.
Professores
amigos deste educandário.
Diletos
ouvintes.
Bondosos
formandos do ginásio de 1955.
Durante
quatro anos, juntos estudamos um pouco do nosso belo e difícil idioma, e agora
desejais que vos diga algumas palavras de incentivo e conselho, que vos ajudem
na prossecução de vossos ideais.
Escolhestes
um lema sugestivo, indicando que tendes um alvo e a firme decisão de o
alcançar.
A frase
que escolhestes como lema: "Prosseguir sempre; recuar nunca", resume
tudo o que eu poderia dizer-vos em longo e exaustivo discurso.
Certa
ocasião, falando a esta garbosa mocidade Iaense,
sobre o valor de termos um alvo e um lema na vida, fiz referência ao lema do
benemérito brasileiro Oswaldo Cruz "Não esmorecer para não
desmerecer". Foi impulsionado por esta frase prestigiosa, que conseguiu
extinguir a terrível febre amarela do Rio de Janeiro, lutando com a incompreensão
reinante naqueles idos.
Vejo meus
prezados estudantes, uma íntima relação entre o lema do eminente cientista
patrício e o vosso.
Estudando a história das nações e de muitos indivíduos isoladamente, veremos que viveram sob a influência
mística e estimuladora de um lema sugestivo.
O vosso
lema é expressivo e emulativo, mas de nenhum valor será para vós se for apenas
uma frase formal e decorativa; urge que envideis os melhores esforços para que
se concretize em plena realidade diante dos embates da vida.
Encontrareis,
prezados amigos, na continuação de vossos estudos, problemas, contratempos e
percalços, que quererão impedir que atinjais o alvo colimado, mas para
vencê-los tendes o querer, a tenacidade, a constância e um dos maiores bens da
humanidade – o entusiasmo.
Observando
a vida dos grandes heróis da ciência, das artes, das letras, e das conquistas,
veremos que todos alcançaram seus ideais, não sem lutas e dificuldades, mas
estas foram superadas graças a força de vontade de que estavam possuídos. Esta
frase: "Quem quer pode, quem tem vontade alcança", será muito
significativa para vós se a puserdes em prática.
O Cardeal Richilieu costumava dizer que a palavra
impossível não tinha razão de figurar no dicionário. E Napoleão Bonaparte era,
ainda, mais contundente, pois afirmava firmemente: "Impossível é uma
palavra que apenas se encontra no dicionário dos tolos".
Não
tenhais ilusões: Nada de belo, útil e glorioso conseguiremos sem esforço
decidido e pertinaz.
Todos os
que alcançaram posições privilegiadas foram pessoas de querer, pois quem não
tem força de vontade retrocede diante das primeiras dificuldades na vida.
Tende
confiança, em 1º lugar em Deus e depois em vós mesmos e realizareis o que hoje
julgais impossível. A vida deve ser o esforço constante para o aperfeiçoamento,
sem que o desânimo jamais se verifique.
A grande
crise que o nosso país enfrenta, no momento em que ides ter acesso aos segundos
ciclos longe de vos amedrontar, deve servir de estímulo a prosseguirdes na
carreira estudantil até alcançardes o alvo a que vos tendes proposto.
Infelizmente,
prezados jovens, o que temos visto nos poucos anos de magistério é que a
maioria dos estudantes não põem o coração nos estudos, apenas fazendo uma preparação,
rápida, desordenada e tumultuária para os exames.
A
finalidade única de muitos educandos é somente serem promovidos, alcançarem um
diploma, pensando que este tem em si um poder milagroso que faz a pessoa ser
vitoriosa. Por isso existem muitas pessoas que têm conseguido um diploma por
meios escusos, como prova de sua indigna formação moral.
Os
estudantes que pensam em apenas adquirir um diploma, em breve verão desmoronar
seus ideais como se desmorona a casa construída sobre a areia.
Disse o
inesquecível Rui:
"É a assiduidade na educação metódica e
sistemática de nós mesmos o que descobre as grandes vocações e amadurece os
grandes escritores, os grandes artistas, os grandes observadores, os grandes
inventores, os grandes homens de estado".
Enquanto
pensávamos nas palavras que vos diria nesta noite de gala e grande significação
para vós e vossos familiares, compulsei novamente o discurso do insigne
brasileiro Rui Barbosa – "A Oração aos Moços". Cada vez que lemos
esta peça de oratória, de eloquência e de saber mais nos convencemos de que não
há páginas mais sublimes, mais extraordinárias e mais profundas em nossa
literatura do que estas.
E se
quereis prosseguir, amigos ginasianos, dou-vos um conselho: lede, relede e
analisai este discurso e as vantagens advinhas serão inefáveis para o vosso
viver futuro.
Rui
madrugava para estudar e prosseguiu estudando a vida inteira. Se desejais uma
vitória brilhante nas lides intelectuais segui o exemplo daquele que pairou nos
píncaros da cordilheira das mentalidades nacionais.
Deveis
estar cônscios de que as vitórias fáceis não têm valor. As vitórias que
entusiasmam são as conseguidas com esforço denodado, estável e persistente.
Aqueles
que recuam ante as primeiras dificuldades, revelam tibieza no caráter, fraqueza
na vontade e negligência nos propósitos; falhas que não se coadunam com uma mocidade, intrépida e valorosa como
sois vós.
Sede
ambiciosos, visai mais alto do que a maioria da humanidade. Alguém poderá
estranhar aconselhar-vos a terdes ambição, mas a ambição é daquelas palavras
que têm sentido negativo e positivo, e é neste último sentido que a estou
empregando. Tende a ambição justa e verdadeira, pois é ela a força irresistível
que vos ajudará na conquista do ideal.
O lema
escolhido mostra a vontade que tendes de prosseguir. Lembrai-vos, porém, de uma
frase de Goethe, o insigne autor do Fausto e a figura máxima da literatura
alemã que diz: "É necessário ter um grande alvo e a perseverança para o
alcançar."
Os que
retrocedem do meio da jornada demonstram que são pusilânimes e fracos, mas
espero que vós sejais corajosos e fortes.
Esta
doutrina é bíblica, pois o Livro inspirado nos diz, que os que lançam mão do
arado e olham para traz, não são aptos para o Reino dos Céus.
A palavra
de Deus está falando da vida espiritual, mas o mesmo se dá no terreno material
e intelectual, pois os estudantes que param no meio do caminho sem razões
plausíveis, são indignos da confiança que neles, seus pais e professores,
depositaram.
A Pátria e
a causa evangélica muito esperam de vós estudantes valorosos e promissores.
Fitai
sempre mais longe e mais alto, e se quiserdes a íngreme escada do saber,
empreendei a marcha sem medo subir nem desfalecimentos.
Para
realizardes vosso intento, deveis ter confiança em vós mesmos, mas sobretudo
confiança no poder de Deus e em Seus desígnios para convosco.
Neste
momento solene, pedimos a este grupo amigo, que estude com mais afinco e amor
do que tem feito nestes quatro anos.
Os
estudantes, que almejam atingir o alvo com brilhantismo, precisam de uma
convivência diuturna e incansável com os livros.
Em vista
de estarmos falando a estudantes, temos enfatizado bastante o valor do estudo,
mas queremos fazer bem claro que os valores espirituais e morais sobrepujam os
intelectuais, pois o valor de um homem não se mede por sua cultura e
capacidade, mas incontestavelmente por seu caráter e por sua formação moral.
Por isso
exaltai, cultivai e praticai as virtudes que farão a vossa felicidade e a de
vossas famílias.
A vida só
tem valor, quando em cada ato de nossa existência, visamos o bem-estar dos
outros, o nosso aperfeiçoamento e a honra e a glória de Deus.
Tende o
coração agradecido aos esforços feitos por vossos pais e educadores.
Não
deixeis transcorrer as horas inutilmente, mas empregai bem cada minuto de vossa
vida.
Se
atingirdes alvos elevados e posições privilegiadas não vos esqueçais de que
deveis continuar sendo comedidos e modestos.
Meus
amigos, já é tempo de finalizar minhas palavras, mas não o farei sem
agradecer-vos a distinção que me fizestes para servir de intérprete dos vossos
mestres, que desejam a todos um futuro promissor, esperançoso e de perene
felicidade.
Sede
felizes, o que quer dizer sede bons, porque não existe felicidade sem bondade.
Prossegui
na carreira estudantil, confiando e perseverando, sem recuo diante das batalhas
do saber e que os vossos nobres e elevados ideais sejam abençoados por Deus.
Palestra
proferida no dia 14 de dezembro, de 1955, como paraninfo do Ginásio.
6
PALESTRA
AOS FORMANDOS
DO CURSO CIENTÍFICO
DE 1960
Todos os
anos, por este tempo, o Colégio Adventista se engalana, para comemorar a
efeméride da formatura de mais um pugilo de jovens esforçados e idealistas, que
chega ao término de seus cursos.
Do alto
desta colina, esta casa do saber estende os braços para vos acolher, prezados
pais, distintos familiares e dedicados amigos dos formandos, que recebem mais
um triunfo em sua carreira intelectual.
Recebi
sobressaltado e confuso, a distinção de me convidardes para ser o vosso
paraninfo.
Formandos
do científico, sinceramente vos agradeço este privilégio honroso de dirigir-vos
a última palavra, para dizer a alguns o adeus da escola e para todos o último
conselho ao terminardes o Curso Pré-Universitário.
Aos alunos
do científico, seria mais próprio que falasse um professor de ciências e não um
professor de literatura, que tem mais propensão para fazer um discurso
literário do que científico.
Amigos
formandos, temos a plena convicção de que o futuro com seus problemas e
percalços não mais vos amedrontará, nem vos entibiará o ânimo, porque
aprendestes a lutar num curso caracterizado como difícil, e enquanto outros
ficaram à margem, estacionaram à beira do caminho, ou mesmo retrogradaram em
sua vida intelectual, viestes até ao fim, por isso mereceis os nossos sinceros
e efusivos parabéns: e o vosso passado nos permite prever e augurar-vos um
futuro mais radiante e mais promissor.
Tem sido
mais ou menos de praxe, que o discurso do paraninfo seja entrecortado de
conselhos, e não irei fugir de todo a esta pragmática tradicional.
Disse,
certa feita, Francisco Manuel de Melo, insigne mestre das letras portuguesas:
"Nada há mais fácil do que dar conselhos e nada mais difícil do que
encontrar alguém que aceite os nossos conselhos".
Distintos
formandos, sede exceção a esta regra e ouvi alguns breves conselhos que irei
apresentar-vos, porém, quero adiantar-vos que estes de nada valerão, se não
procurardes pô-los em prática na vida diária.
Não sejais
atraídos pelo título de Doutor, pelo ganho fácil, pela vida confortável, ao
contrário, tende sempre em vista servir à humanidade e a Cristo através da
profissão que abraçareis.
Escolhei
com discernimento, bom senso e orientação a vossa futura carreira, porém, não
vos esqueçais que não há carreira mais altruísta, mais nobre e mais elevada do
que a de trabalhardes na Causa de Deus.
Pensai bem
e com o auxílio dos professores, dos pais com a orientação divina, escolhei
acertadamente, tendo em mente, que a carreira ministerial não é uma profissão,
mas um sacerdócio.
Sede
esforçados. Entre os amigos da mocidade não há nenhum melhor do que o esforço e
o trabalho. Há pessoas que desejam atingir na vida, pontos culminantes sem
esforço, porém, nada de belo ou de glorioso conseguimos sem esforço pertinaz e
inteligente.
Benjamin Franklin proclamou energicamente: "Todo aquele que afirma ser
possível conseguir-se qualquer coisa sem trabalho nem fadiga é um
enganador".
Sede bons,
porque não há felicidade, sem bondade. Já dizia Aristóteles: "A verdadeira
felicidade consiste em fazer o bem".
Todos
queremos ser felizes, portanto procuremos ser bons e a felicidade será uma
constante em nossa vida.
Sede
metódicos. Método, etimologicamente, significa o melhor caminho para atingir o
fim que desejamos.
Método é
sinônimo de ordem, de disciplina, de princípio e de prudência. Deveis ser
metódicos, não apenas nos estudos, mas também nos trabalhos e nas recreações.
Amai
sempre a verdade. Defendei-a com todas as veras da vossa alma, embora saibais
que entre muitas pessoas, a verdade suscita motejos e escárnios e a virtude
recebe uma saraivada de reprimendas e zombarias.
Escolhestes
um lema sugestivo e inspirador. "A vitória pela ciência e pela fé".
O que é
lema. É um preceito escrito, uma máxima na vida, uma regra de procedimento, uma
frase estimulativa que nos ajuda a alcançar o alvo,
ou o ideal a que nos propusemos.
É a
bússola que nos mostra o caminho que devemos seguir; fanal que nos ajuda a
palmilhar o roteiro até atingirmos a meta final.
Prezados
jovens, de nada valerá um lema, se não envidardes esforços para que ele se
concretize em esplêndida realidade.
O vosso
lema demonstra que desejais a vitória, não apenas na vida intelectual, mas
também na espiritual. Eu vos parabenizo, prezados jovens do científico, pois
compreendestes que não pode haver dissociação entre a vida religiosa e a
intelectual.
Não vos deixeis,
porém, iludir, porque ninguém jamais alcançou a vitória sem muito esforço.
Se não
fosse a exiguidade do tempo, poderíamos provar com uma multiplicidade de
exemplos, que todos os vultos exponenciais, que se destacaram no mundo
científico, artístico ou em qualquer ramo do saber humano, somente atingiram o
fim colimado, depois de ingentes esforços e denodada perseverança.
Mas eu
pergunto. Será que na vida religiosa não é preciso também esforço da nossa
parte para alcançarmos a vitória? Sabemos que a salvação é um dom de Deus que
nos é oferecida graciosamente. Ela depende da nossa entrega sem reservas a
Cristo, mas se analisarmos a vida dos servos de Deus desde os patriarcas até os
apóstolos, concluiremos que para serem vitoriosos na vida espiritual tiveram
que ser perseverantes, pois a Bíblia declara que quem perseverar até o fim será
salvo. Marcos 13:13.
A renomada
escritora deste movimento assim se expressou em O Conflito dos Séculos a respeito desta luta: "Para
alcançarmos a vitória, necessitamos de uma fé que resista ao cansaço, à demora
e à fome."
Não há
exemplo mais sublime e edificante, de vitória na vida espiritual, do que o de
Cristo.
Qual seria
o fator primordial que determinou sua vitória? Sua ligação com o Pai por meio
da oração, chegando mesmo a gastar noites inteiras nesse mister.
Vós, caros
diplomandos, que quereis a vitória na vida
espiritual, tende sempre como modelo o paradigma divino.
Urge que
ponhamos um ponto final em nossa palestra, mas no término, deste nosso simples
discurso ainda direi:
Ide
prezados cientificandos, ide pelos caminhos da vida,
cheios de confiança no Senhor, cientes de que Ele vos ajudará a alcançar a
vitória, não apenas na vida intelectual pela ciência, mas, sobretudo na vida
espiritual pela fé.
Sede
patriotas, sede honestos, sede bons, sede esforçados, sede leais, sede firmes
aos nossos princípios cristãos, pois assim vossos elevados ideais terão a
aprovação divina.
7
DISCURSO
ÀS NORMALISTAS DE
1962
Fui
escolhido novamente por vós, bondosas normalistas de 62, com a honrosíssima
incumbência de pronunciar a alocução final, para dar o adeus da Escola e
apresentar-vos os votos de felicidade no trabalho difícil, altruísta, mas ao
mesmo tempo tão abençoado que em breve ireis iniciar.
Antes da
palestra propriamente dita, desejo apresentar às alunas o meu afetuoso boa
noite, cheio de felicitações por este momento até agora tão almejado e que
daqui para o futuro se tornará repleto de reminiscências; aos visitantes e
familiares as alegres e efusivas boas vindas deste Instituto e à Mesa, que
preside os trabalhos, a benevolência de me ouvir, após haver escutado a palavra
gentil e esmerada da distinta oradora.
Distintas
normalistas finalistas, e eu acrescentaria a esta rima que vos é familiar mais
adjetivos e substantivos que vos identificam – altruístas, idealistas, e
algumas pianistas, outras coristas, há uma até piadista, outra poderá ser
fadista, porém, todas otimistas e a nós benquistas, mas não quero aumentar mais
a lista.
Amáveis diplomandas, durante três anos estudamos juntos,
constituindo uma espécie de família sem discórdias, pois notávamos que a nossa
amizade crescia, a medida que os anos se passavam e
cremos ser esta amizade, que vos levou a me escolherdes para ser o vosso
paraninfo.
As
palavras, como as folhas, são levadas pelo vento e em breve ninguém se lembrará
nem de uma sequer das que estamos pronunciando neste momento, talvez tenha sido
esta a razão de me solicitardes o discurso por escrito e, prazerosamente,
aquiesci ao pedido e o farei no final destas simples, mas sinceras palavras.
Distintas
concluintes do normal, ides em breve enfrentar uma sociedade com problemas, os
mais intrincados e difíceis, creio, porém, que os quatro principais da nossa
Pátria são estes: o problema econômico; o problema de cultura, ou melhor da
falta de cultura; o problema ético e o problema religioso, ou de uma falsa
religiosidade.
O problema
econômico está levando o Brasil ao caos, como reconhecem os próprios responsáveis
pelas finanças nacionais, e este descalabro econômico nós o sentimos bem de
perto, nas aperturas financeiras de cada dia e quase já estamos descrentes na
capacidade das autoridades para solucioná-lo satisfatoriamente. (Note bem,
estas palavras foram pronunciadas no tumultuado governo de João Goulart).
Se as
atividades econômicas são úteis e necessárias e devem ser resolvidas para a
grandeza material, muito mais o serão as educativas, as éticas e as religiosas,
porque as educativas preparam a grandeza mental de um povo e as éticas ou dos
costumes se entrelaçam com as religiosas e fazem a grandeza moral e espiritual
de uma nação; por assegurarem os ensinos religiosos, os princípios de
honestidade, os deveres de firmeza à verdade. Enfim a ética tem que ver com
todas as nossas relações na sociedade e a questão religiosa com a nossa relação
para com Deus.
Se quase
nada podereis fazer na solução do problema econômico, certo estou de que para
equacionar os outros, em vossa esfera de ação, estais preparadas e por isso vos
conclamamos para esta árdua, mas abençoada tarefa.
O trabalho
não é fácil bem o sabemos, mas o Senhor nos impôs a responsabilidade de sermos
o sal da terra e a luz do mundo, querendo com esta expressão indicar, que pela
nossa profissão e vida devemos contribuir para o bem da humanidade.
Para esta
tão magna empresa sentimos a nossa pequenez e nos lembramos de dois versos do
poeta máximo da língua portuguesa – Camões – que nos Lusíadas escreveu (Canto 11, estância 31).
"Ó Tu, guarda
divina, tem cuidado
De quem sem ti não pode ser
guardado".
Este
dístico é uma síntese de sugestiva oração e, parafraseando o poeta, poderíamos
respeitosamente dizer: o Senhor, guarda estas normalistas, ajuda-as em seu
trabalho e abençoa-as na excelsa e nobilitante missão de ensinar.
Em vosso
trabalho encontrareis incompreensões de toda a espécie, problemas e
dificuldades, que vos poderão levar ao desânimo, porque estes por vezes parecem
insuperáveis, mas sereis triunfantes se tiverdes ao Senhor ao vosso lado, como
guia e ajudador.
Deveis ter
nele a confiança que tinha o salmista Davi, quando no Salmo 18:29 exclamou:
"Contigo entrarei pelo meio de um esquadrão, com o meu Deus transporei
muralhas".
Com Cristo
não há problemas insolúveis.
A acatada
educadora Ellen G. White aconselhando a professores afirmou que podemos ensinar
pelo exemplo e pela palavra, mas concluiu que o ensino pelo exemplo é muito
mais eficiente.
Perguntareis
vós. Como poderemos ensinar pelo exemplo? Quais os requisitos exigidos de nós,
como mestres cristãos, para ensinarmos não pelo preceito, mas pela vida.
Entre os
inúmeros requisitos, na página 277, do livro Educação, encontramos estes:
"Ordem, perfeição, pontualidade,
governo de si mesmo, temperamento jovial, uniformidade de disposição,
sacrifício próprio, integridade e cortesia".
No mesmo
livro e na mesma página já mencionada há outro pensamento que por merecer a
atenção e o interesse de todos os que se dedicam ao ensino queremos destacar:
"O professor não poderá impor-se ao
respeito de seus discípulos de nenhuma outra maneira a não ser revelando em seu
próprio caráter os princípios que ele procura ensinar-lhes".
Sem sair
desta seqüência de idéias
desejo lembrar-vos que o Livro Santo, na Primeira Epístola aos Coríntios 4:20
diz: "que o reino de Deus não consiste em palavras, mas em virtude",
querendo com esta frase ensinar-nos o preceito divino que é na vida e não na
boca, nos atos e não nas palavras que está o verdadeiro valor.
Há uma
falsa religiosidade em nossa Pátria, porque há muita religião nos lábios, muita
religião pregada, mas pouca religião vivida.
Se
deixarmos a história sagrada e perlustrarmos a história secular, concluiremos
que os princípios apresentados pelos grandes pensadores são os mesmos, pois o
famoso filósofo latino Sêneca preceituou:
"Quando nos guiam por preceitos o
caminho é longo, o exemplo abrevia-o e fortifica-nos".
Guiai as
crianças não tanto por doutrinas e regras, mas pelo vosso exemplo, para que o
caminho e o estudo lhes sejam fáceis e agradáveis.
Gentis
professoras, esforçai-vos sempre para aumentar o vosso conhecimento, pois não
podereis perder de vista o fato, de que até o último dia da vida sereis
estudantes. Deveis ainda estar bem cientes desta verdade, que na escola apenas
aprendestes a estudar, recebestes uma orientação geral, porém o verdadeiro
estudo começa ao deixar os bancos escolares; mas aumentando em saber devemos
também aumentar em simplicidade e humildade.
Quero
lembrar-vos de um dos conselhos do respeitável mestre Rui Barbosa, que
paraninfando uma turma de ginasianos disse:
"Para não arrefecerdes imaginai que
podeis vir a saber tudo, para não presumirdes, refleti que, por muito que
souberdes, mui pouco tereis chegado a saber".
Procurai
ser sempre humildes, porque a humildade é entre as virtudes uma das mais belas,
uma das mais agradáveis e porque não dizer mesmo, a mais cristã.
"Nada é tão ofensivo a Deus, nem tão
prejudicial à alma humana como o orgulho e a presunção". – Parábolas de
Jesus, pág. 154.
Desejo ainda
falar sucintamente sobre um aspecto do ensino, que alguns poderão achar fora de
lugar num discurso de formatura, mas a mim não me parece ao falar a
normalistas, e este aspecto é o das notas. Como professoras encontrareis este
problema e penso com alguns, que se não houvesse notas a nossa missão seria
mais fácil, porém, a nota apenas se tornaria supérflua se todos os alunos
estudassem para aprender e não somente para passar de ano e alcançar um
diploma.
Em ligeira
consideração, posso dizer que ao atribuirmos as notas, há dois extremos que devemos evitar. O primeiro é o da nota excessivamente baixa, que mata a
confiança própria, desanima o educando a prosseguir, podendo até trazer-lhe
complexos de inferioridade; e o segundo que precisamos evitar é o caso contrário,
da nota alta, liberal, que pode mesmo depor contra a capacidade e idoneidade do
mestre. Esta nota generosa, quase sempre, é prejudicial porque o estudante
raciocina da seguinte maneira, se tiro nota alta sem estudar, não preciso
esforçar-me. Estes dois erros opostos devem ser evitados, porque a nota muito
baixa pode fazer um vencido e a muito alta um convencido.
Não posso
concluir sem dizer uma palavra sobre o lema escolhido.
"Educação
– Seguro para a Vida, Passaporte para a Eternidade".
Ele é sugestivo,
profundo, inspirador e demonstra ainda que como mestras cristãs estais
preocupadas não apenas com a preparação do educando para esta vida, mas
especialmente para a vida do porvir.
Distintas
normalistas, quero ainda dizer-vos que de nada valerá um lema se não envidardes
esforços para que ele se concretize em esplêndida realidade.
Prezadas
formandas, ou melhor já agora formadas, procurai nortear a vossa vida
profissional inspiradas no sublime ideal da educação cristã e se a vossa
profissão não trouxer compensações materiais, podereis estar cientes de que
nela haverá compensações morais e espirituais.
Ao nos
despedirmos, distintas amigas, quero deixar convosco ainda dois pensamentos de
uma notável e dedicada professora:
1º)
"Um mestre zeloso aproveita todos os meios para fazer bem aos seus
discípulos".
2º)
"Amar a vossa profissão, de alma, vida e coração e aplicar-vos a
desempenhá-la com todo o zelo e perfeição possíveis".
Do
Todo-Poderoso nos vem todas as coisas, portanto a Ele o nosso mais sincero, o
mais expressivo e o mais justo dos agradecimentos.
Amém.
8
Amáveis teologandos de 64, a bondade de vossa deliberação,
convidando-me a paraninfar a solenidade desta noite festiva, em que recebeis a
recompensa de longos anos de estudos e trabalhos, faz jus aos meus
agradecimentos sinceros e inesquecíveis. Pela distinção que me conferistes, o
meu mais leal e profundo muito obrigado.
O príncipe
da tribuna sagrada no Brasil, Francisco de Monte Alverne,
ao enfrentar seleto e distinto auditório na Capela Imperial, já cego e cansado
das lides da oratória, deixou ecoar pelo espaço esta frase, que se tornaria
célebre entre os oradores sacros: - "Supra o assunto as forças que me
faltam".
Parafraseando
o ilustre mestre da retórica nacional direi: supra o assunto o vosso espírito
esclarecido e lúcido, a vossa benevolência e compreensão, e sobretudo, que
minhas limitações e deficiências, sejam supridas pela longanimidade e poderes
divinos.
Amigos teologandos, estais sendo nesta noite laureados em Teologia.
Que
significa receber um diploma em teologia?
Significa
que tendes como objetivo vos tornardes obreiros de Cristo, ministros na Causa
do Evangelho.
Nosso
assunto é uma resposta a esta pergunta: Que significa ser um ministro?
Significa
que tendes um sublime privilégio, mas privilégio que traz consigo árdua
responsabilidade, pois sois chamados por Deus, como seus cooperadores na
salvação de almas.
É alto
privilégio ser chamado para cooperar com Deus, pois notai para o que disse
Teodoro Roosevelt:
"Sem dúvida, o melhor prêmio que a vida oferece, é a oportunidade de
trabalhar arduamente, numa obra digna de ser feita".
Que
trabalho pode haver mais digno de ser feito do que pregar o Evangelho de
Cristo, do que ajudar almas necessitadas? Evidentemente nenhum.
Ser
ministro, significa não ter a mentalidade daqueles que crêem,
que por receberem um diploma não precisam mais estudar. Se há uma classe, que
sempre precisa estudar, esta é a dos pregadores.
Como
obreiros de Cristo, não podereis malbaratar o tempo, deixando transcorrer as
horas inutilmente, mas deveis empregá-las no aprimoramento intelectual, no
aperfeiçoamento da vossa vida espiritual, pela meditação
e oração, e no trabalho abnegado em prol dos necessitados.
Ter o
título de ministro de Cristo, significa que desejais dedicar tudo o que sois e
tendes, ao trabalho mais santo já confiado a mortais.
Significa
que estais dispostos a colocar-vos nas mãos de Deus, para que a vontade dEle se cumpra em vós, e para alcançardes pleno êxito na
carreira ministerial deveis adotar esta máxima:
"Senhor, aqui me encontro para o Teu
serviço, para gastar-me e sacrificar-me se preciso for, pela Causa do
Evangelho".
Significa
não olvidar, que o ministério é um trabalho que a pessoa não escolhe, mas que é
escolhida por Cristo, como nos indica Paulo, na sua I Epístola a Timóteo,
cap.1:12 - "Sou grato para com aquele que me fortaleceu, a Cristo Jesus
nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério".
Foi o
senso do chamado divino, um dos segredos para o ministério profícuo de Paulo, e
deve ser também para o vosso.
Ser um
obreiro eficiente e forte, espiritualmente, significa que não podereis ter o
coração dividido. Um ministro não pode ser um ganhador de almas e ao mesmo
tempo um ganhador de dinheiro. Em nosso país há muitos adquiridores de
dinheiro, mas poucos conquistadores de almas. Sede sempre e unicamente
granjeadores de almas para Cristo.
Há um
pensamento latino que diz: "Age quod agis"
e bem se aplicaria a esta altura de nossas considerações, porque significa:
Faça o que você esta fazendo ou Faça uma coisa só.
Fazei o
trabalho de Cristo com toda a dedicação, com toda a vossa capacidade e com
todas as vossas forças. Paulo assim agia e este foi outro dos segredos para o
seu desprendido e eficiente ministério.
"Uma
coisa faço..."
Fazei só
uma coisa – o trabalho para o qual Cristo vos escolheu.
Ser
ministro, significa encontrar no ministério incompreensões, problemas,
contratempos e mesmo oposições, mas não se deixar abater por estas
adversidades, e sim vencê-las com o poder que vem do alto.
Ser um
representante de Cristo, significa ter a consciência de que o vosso valor será
medido não tanto pela capacidade intelectual ou administrativa, mas
principalmente, pelo vosso caráter, por vossa formação moral, pela vossa
dedicação ao trabalho e pelos vossos elevados e dignos princípios religiosos.
Não podereis perder de vista, que valores morais e espirituais, sobrepujam
valores intelectuais e materiais.
Significa
também, que como ministros de Cristo não podereis estar tão absorvidos com os
trabalhos da Igreja e com problemas dos crentes, que não sobre tempo para a
vossa devoção pessoal, pois para cuidardes bem da vida espiritual dos outros é
necessário primeiro cuidar da vossa. Não podereis elevar o nível espiritual da
Igreja se primeiro não elevardes o vosso.
"Tem
cuidado de ti mesmo e da doutrina, persiste nela, pois assim fazendo, salvarás
a ti mesmo e aos que te ouvem". Sublimes conselhos de Paulo ao jovem
ministro Timóteo (I Tim. 4:16), mas atuais e utilíssimos para a carreira que
abraçastes.
Ser
ministro significa que não podereis ler a Bíblia como profissionais, não
podereis orar como profissionais, não podereis trabalhar como funcionários
públicos ou mercenários, mas deveis ler a Bíblia e orar para adquirir força
espiritual, recebendo poder do alto para serdes valiosa ajuda aos necessitados,
jamais esquecendo, que o vosso trabalho, não é uma profissão, mas um
sacerdócio.
Ser
ministro significa ter como objetivo nas pregações salvar e não atrair a
popularidade.
Significa
que o vosso estudo, deve ter como escopo agradar a Deus e não agradar ao
auditório, para conseguir boa reputação.
Significa
que deveis pregar sobre doutrinas essenciais à salvação e não sobre assuntos
populares e sensacionais.
Significa
pregar sobre a malignidade do pecado, reprová-lo no mundo e na igreja,
mostrando as conseqüências de não o abandonar para
que os ouvintes saiam, não contentes com o pregador, mas descontentes com o seu
procedimento e desejosos de mudarem de vida.
Significa
ter firmeza, para que se vos perguntarem se é permitido tomar parte neste ou
naquele divertimento, assistir a este ou àquele programa, ler determinados
livros e revistas, possais mostrar com todo o amor, mas também com toda a
firmeza, os princípios e normas da igreja, que se encontram, a este respeito,
na Bíblia e nos Testemunhos e não dizer: isto é uma questão de consciência,
depende da opinião de cada um, não está em mim defender ou condenar estas
coisas.
Ser um
pregador do evangelho, significa saber que Jesus não apresentou perspectivas
brilhantes e caminho fácil a ser trilhado pelos seus representantes aqui na
terra.
Disse o
servo de Cristo Rufus Jones: "Que só existe uma tentação que nos persegue
por toda a vida – o desejo de viver vida fácil".
O
verdadeiro servo de Cristo não pode esperar vida fácil e conforto material,
porque estes são empecilhos em seu ministério e obstáculos na trajetória para a
cidade de Deus.
Significa
também não perder de vista que não há salário abundante, nem cargos
honoríficos, nem confortáveis vivendas, nem ainda multidões ansiosas para
aplaudirem vossos sermões.
Significa
que não podereis estar ansiosos por cargos e posições, e muito menos que
deveríeis ficar melindrados e agastados, se a posições chegardes, e a elas
tiverdes que renunciar.
Significa
que como representantes de Cristo, deveis representar o Seu caráter na palavra
e no procedimento.
No livro
"Luz e Calor", do Padre Manuel Bernardes, se encontra este pensamento:
"Três classes de pessoas são infelizes na lei de Deus: o que não sabe e
não pergunta, o que sabe e não ensina, o que ensina e não pratica". Ser
embaixador de Cristo, significa que deveis saber qual é a vontade de Deus e
ensiná-la aos que não a conhecem, primeiro o vosso viver deve ser um exemplo,
porque desprestigia tanto a religião como o pregar dissociado mas nada da
prática.
Para
pregardes sermões poderosos e eficientes, primeiro deveis vivê-los, jamais
esquecendo que a vida do pregador é a única Bíblia que alguns têm a
oportunidade de ler.
Ser
ministro, significa não escolher um lema por tradição, mas crer que o lema é
uma frase estimulativa que nos ajuda a alcançar o
alvo.
O lema que
escolhestes: "Com Cristo, por Cristo até o Alvorecer", deve impregnar
toda a vossa vida.
Cristo
sempre deve ser para vós, a dádiva celestial a este mundo necessitado, o fanal
a iluminar-vos a meta do futuro, a esperança a confortar-vos em meio às
vicissitudes da presente vida, o redentor que traz alegria, paz e salvação a
todos nós.
De que
dependerá o êxito em nosso trabalho?
Muitas
seriam as respostas em que poderíamos pensar, mas achamos que o segredo da
vitória se encontra em vosso lema. Perfeita união com Cristo.
No livro Evangelismo na página 170, lemos:
"Nisto consiste o segredo do êxito, na
pregação de um Salvador vivo, pessoal, de maneira tão simples e ardorosa que
pela fé, as pessoas se apossem do poder da palavra da vida".
Caminho a Cristo, na página 70, diz:
"Consagrai-vos a Deus pela manhã; fazei
disto vossa primeira tarefa. Seja vossa oração: Toma-me, Senhor, para ser Teu
inteiramente. Aos Teus pés deponho todos os meus projetos. Usa-me hoje em Teu
serviço."
Quão
poderoso e quão diferente seria o ministério adventista se cada obreiro
seguisse estes conselhos.
Seria
impossível, estender-nos sobre outras qualidades e atributos que deveríeis
possuir, mas quero apenas ressaltar um predicado importante para o obreiro – a
humildade.
Estimados teologandos, pregadores têm fracassado, porque confiaram em
seus talentos, vangloriaram-se de seus triunfos, ensoberbeceram-se de sua
aptidão.
Para não
vos orgulhardes, esvaziai-vos do próprio eu e enchei-vos de Cristo, porque o
Seu exemplo nos inspira humildade. Notai bem que há dois traços que pintam um
caráter: a atividade em prestar serviço, o que prova generosidade; e o silêncio
sobre o serviço prestado, o que prova a grandeza da alma.
Coisa
alguma cerrará mais a porta do coração à religião do manso e humilde Jesus do
que o orgulho. Tihamer Toth, insigne
escritor húngaro, conta no seu livro Cristo
Rei, que nos dias sangrentos do comunismo na Hungria, ele se encontrou com
um estudante do quarto ano de bacharelato, com quem manteve animada
conversação. A certa altura da palestra o moço disse que queria ser padre. Agora,
respondeu-lhe o escritor, no mais aceso da perseguição religiosa: "Não
sabes que sendo sacerdote estarás sujeito a morrer de fome, talvez num calabouço?" O rapaz respondeu com toda a decisão:
"Não importa, Jesus Cristo também então estará ao meu lado."
De igual
modo, distintos teologandos, não sabeis o que vos
aguarda o futuro. Lutas, problemas e perseguições talvez tereis que enfrentar,
mas podereis estar confiantes, de que nessas horas difíceis, Cristo estará
convosco, se estiverdes com Ele e trabalhando por Ele.
"Não
pare e não volte" era a inscrição que se lia numa ponte em determinada
localidade.
Alguns
graduandos em teologia, caminham com Cristo e por Ele trabalham durante algum
tempo, mas depois abandonam o ministério para seguir outras carreiras e ainda
um ou outro chega a perder a fé, abandonando a Igreja.
Jovens teologandos, eu vos concito neste momento solene e
significativo a que não pareis na carreira cristã, e que também não retrocedais
do alvo a que vos tendes proposto.
"Com
Cristo, por Cristo até o alvorecer" é o vosso lema.
Daqueles
que lançam mão do arado e olham para traz, Cristo declarou enfaticamente, que
não são aptos para o reino de Deus.
A palavra
alvorecer do vosso lema nos indica que estamos vivendo na grande noite do
pecado, noite de misérias e sofrimentos, noite de tristezas, morte e dores e
hoje sois enviados a esta noite com a missão sublime de serdes estrelas
fulgurantes, sempre brilhando por Cristo; mas, lembrai-vos de que o vosso
brilho dependerá da 1igação que mantiverdes com Cristo – a Estrela da Manhã – o
Sol da justiça da palavra divina.
Disse
Cristo aos seus discípulos em São João 13:17 - "Se sabeis estas coisas
bem-aventurados sois se as fizerdes".
Diletos
formandos, de igual modo, se atentardes para os ensinos divinos, aprendidos
nestes quatro anos na Faculdade de Teologia, se praticardes os conselhos e
admoestações ouvidos, desde sexta-feira até hoje, nas solenidades de formatura,
alcançareis a vitória e sereis bem-aventurados.
Antes de
vos despedirdes destas colinas amigas e de nos separarmos, permiti que vos
diga: Ide a todos os rincões da nossa Pátria e mesmo a plagas estrangeiras, mas
sempre com Cristo e se todos não pudermos mais reunir-nos aqui, praza aos céus,
que sem a falta de nenhum estejamos nas mansões dos salvos, por ocasião do
grande alvorecer.
E quando
se der o alvorecer o que isto significará para o mundo?
Significará
abundância para os pobres, pão para os famintos, habitações para os
desamparados, porque hoje o egoísmo e o orgulho dos ricos e poderosos não pode
compreender o desprendimento dos genuínos cristãos.
Significará
fala para os mudos; liberdade para os cativos; paz para os turbados; descanso
para os cansados; alegria para os tristes; companhia para os solitários;
imortalidade para os mortais, porque todos estes são atributos cristocêntricos.
Em vez de
cruzes teremos coroas, flores em lugar de cardos, paz em lugar de lutas, perdão
em vez de condenação, harmonia em lugar de discórdias, vitória final se
estivermos com Cristo e Cristo estiver em nós.
Finalizando
mais uma vez diremos: Ide com Cristo, lutai e trabalhai por Cristo, para que
quando se der o grande alvorecer, vós, nós e todos os salvos incluindo as almas
tiradas da noite do pecado, pelo vosso dedicado ministério, estejamos no lar
dos remidos, abençoados pela resplandecente Estrela da Manhã.
Oremos,
lutemos e trabalhemos para que este grande evento se dê ainda em nossos
dias.
Discurso
pronunciado aos teologandos de 1964, ao ensejo da
cerimônia de graduação.
9
CINQÜENTENÁRIO DO I.A.E.
Palestra
Proferida no dia 15 de Novembro de 1965.
Mui dignos
ex-alunos e adeceanos presentes, diletos líderes da
obra Adventista, prezados membros da família iaense.
Todas as
nações, como os indivíduos, possuem datas memoráveis, e estas datas, muitas
vezes, relembram acontecimentos que modificaram os destinos da humanidade.
Dentre as
datas cívicas de nossa pátria, há três
que se destacam e se projetam sobremaneira: 21 de abril que relembra as
primeiras tentativas para a nossa independência; 7 de setembro, confirmando a
concretização do ideal de libertar-se da opressão lusa; 15 de novembro, o
anseio dos brasileiros por uma nova forma de governo, ou seja a mudança do
regime monárquico para o republicano.
O governo
monárquico brasileiro foi bom, pois tivemos em Dom Pedro II um imperador
magnânimo, culto, honesto e esclarecido, mas os brasileiros não estavam
satisfeitos, porque queriam uma melhor forma de governo e esta
melhor forma era a república.
Mas o que
é a república?
Deixemos
que a defina, a pena magistral do príncipe dos prosadores brasileiros – Coelho
Neto: "República é o regime
político, no qual domina a vontade do povo, e em sufrágio livre, elege os
mandatários da sua nação. É a forma ideal de governo, quando o povo
convenientemente preparado pela instrução, exerce conscientemente o seu
principal direito e dever cívico, que é o de escolher entre os homens
superiores os seus representantes".
A
república foi fundada, construída graças ao idealismo de uma plêiade de
brasileiros ilustres, e apesar de algumas borrascas contrárias, cada dia mais o
Brasil se firma, e se todos os timoneiros da pátria, o tivessem dirigido com
aquelas virtudes e atributos, que os povos esperam de seus governantes, muito
mais sublime seria hoje o seu destino no cenário das nações.
Se o dia
de hoje é significativo para a pátria, ele tem também marcante significação
para a Igreja Adventista e com especialidade para este Colégio, porque as
comemorações cinqüentenárias iaenses,
atingem hoje o seu ponto culminante.
O ano de
1915 foi para o Movimento Adventista, data de transcendental importância,
porque foi o marco histórico desta cidade do saber.
Cinqüenta anos se passaram, desde que alguns
homens idealistas, esclarecidos e bem intencionados estabeleceram, sob a
orientação divina, esta instituição de ensino.
Seria
impossível em rápidas palavras, dizer do muito que este Colégio tem feito pela
sociedade, pela pátria brasileira e pela causa do evangelho.
Para
qualquer lugar que voltarmos os pensamentos, encontraremos os paladinos da
verdade, os plasmadores de caracteres, os líderes da
Organização, os orientadores da mocidade, os exímios manejadores da pena, os eloqüentes doutrinadores do púlpito, e todos estes devem a
sua inspiração e preparo, especialmente, a esta querida escola.
Senhores,
tudo o que estais vendo e sentindo nestas colinas amigas, tem sido o resultado
do esforço conjugado dos membros da Igreja, do trabalho de diretores
esclarecidos desde os primórdios com Lipke e Boehm,
avultando-se entre outros Steen, Maas,
Domingos Peixoto da Silva, Jerônimo Garcia, Rodolfo Belz, para chegarmos ao
dinâmico e empreendedor Jairo Tavares de Araújo, a quem o 1.A.E. deve as
comemorações condignas deste cinqüentenário,
culminando hoje, com a inauguração deste singelo, mas para nós filhos desta
casa, tão significativo centro cívico, cuja placa comemorativa relembrará esta
efeméride. Eles estão localizados bem no coração desta casa, lugar já
tradicional em nossa escola, pois foi aqui que nasceu esta instituição de
ensino.
Mas seria
ingratidão, se não tivéssemos uma palavra de apreço aos professores, que tanto
têm feito para o engrandecimento desta colmeia do saber; para com os chefes de
departamento, e para com os trabalhadores anônimos que, diuturnamente, cooperam
para o bom nome deste centro de trabalho, cultura, civismo e religião.
Terça-feira
última, foi lançado em São Paulo o livro intitulado A Maior Herança, onde o conceituado educador Sólon Borges dos Reis,
nos mostra que nenhuma causa, nenhum programa é mais digno do devotamento
humano, do que a preocupação com o preparo da nossa juventude.
Como
Igreja temos compreendido o valor da educação, e graças a esta compreensão e
idealismo educacional, é que temos hoje este templo de cultura, o nosso I.A.E.,
que granjeou nome e prestígio por todos os rincões da nossa Pátria.
Mas qual
seria a causa primordial deste bom conceito?
Creio ser
o seguinte: esta escola é dirigida pela orientação divina, baseada nos
princípios das Escrituras e assessorada pela orientação dos livros Educação, Conselhos aos Professores Pais e Estudantes e Fundamentos da Educação Cristã, de Ellen G. White. Temos ainda como
escopo não apenas ensinar, mas educar, formar, transformar o comportamento do
educando, para que ele se torne bom cidadão nesta vida, e candidato ao lar
eterno, que Cristo nos está preparando.
Dizia o
saudoso Presidente Kennedy,
que de nada adiantará a riqueza material se não soubermos valorizar a riqueza
intelectual, moral e espiritual do nosso povo.
Há muitas
famílias riquíssimas, com filhos
desajustados, inúteis e infelizes, porque, muitas vezes, lhes faltou lares
cristãos, pais tementes a Deus e uma educação semelhante, a que é ministrada em
nosso Colégio.
Sempre o
passado teve grande importância no presente, para a vida do indivíduo e das
nações.
O passado
desta instituição não se encontra marcado em pedra, cristalizado nos anais ou
nos livros de registro, porque o nosso passado sois vós, os ex-alunos, sois vós
os adeceanos e este passado é presente, porque se faz
representar nas mais variadas partes deste país e mesmo além das fronteiras da
Pátria.
Orgulhosamente,
pois, o Instituto Adventista de Ensino apresenta a todos quantos queiram ver
seu valioso passado.
Eis aqui o
seu passado, eis, vivo e atuante, a construção destes cinqüenta
anos de existência.
É
desnecessária qualquer eloquência, na apresentação do quanto construiu o nosso
Instituto, porque os testemunhos diários, que ouvimos daqueles que por aqui
passaram, e a vossa vida testificam dessa construção.
Por certo
disse bem, aquele que disse: que as coisas e as pessoas podem trazer-nos
satisfação, alegria e felicidade ou desgostos, tristezas e infelicidades.
Com a
vossa presença hoje, nesta escola, nos estais trazendo o contentamento e a
confirmação de quanto a estimais.
Sois vós,
ex-alunos e adeceanos, vós somente e ninguém mais, os
depositários da honra e do nome do Instituto Adventista de Ensino.
Urge que
finalizemos, mas ouvi ainda a minha última petição ou o apelo da nossa escola.
O
Instituto pede que o continueis honrando, dignificando sempre o seu nome, e que
prossigais demonstrando, que aqui formastes personalidades altruístas, cristãs
e bem equilibradas.
Almejamos
que o 1.A.E. continue em sua marcha triunfal, cumprindo a missão precípua de
educar, e se outras comemorações futuras o Senhor nos conceder, que Ele nos
ajude, a nós seus filhos de hoje, a contribuirmos com a nossa humilde parcela
para a grandeza e o brilho desta escola.