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PALAVRAS E CERIMÔNIAS

 

1 PALAVRAS SUGESTIVAS PARA UM NOIVADO

 

2 SERMONETE PARA O CASAMENTO

 

3 CERIMÔNIA NUPCIAL-CASAMENTO

 

4 BODAS DE OURO

 

5 FORMATURA-CONSELHOS AOS GINASIANOS

 

6 FORMATURA-DO CURSO CIENTÍFICO 1960

 

7 FORMATURA-NORMALISTAS 1962

 

8 FORMATURA-TEOLOGANDOS 1964

 

9 CINQUENTENÁRIO DO IAE-1965


 


 

1

PALAVRAS  SUGESTIVAS  PARA  UM  NOIVADO

 

TOPO

 

Prezados jovens, após prolongadas reflexões decidistes ficar noivos, preparando-vos assim para contrair o matrimônio.

Nutris a esperança de em breve estabelecerdes o vosso lar, e é o plano divino que a família seja a fonte da mais pura e mais profunda felicidade terrena, mas esta felicidade só será alcançada, se seguirdes a orientação divina e vos tornardes cônjuges verdadeiramente cristãos.

Há uma parábola de W. O. Goodwin, autor inglês, muito oportuna para esta efeméride, intitulada:

 

A Coisa Mais Bela do Mundo

 

Um artista, autor de muitas teias de grande beleza, pensou um dia em que ainda não havia pintado a "Sua Teia" à tela que seria a suma expressão de sua arte. E como seguisse por uma estrada poeirenta a procurar alguma idéia, se encontrou com um velho padre, que lhe perguntou o que pretendia fazer.

- "Não sei ainda", respondeu o artista. "Desejo pintar a coisa mais bela do mundo". Não poderá dizer-me qual seja?

- É muito simples disse o sacerdote. Você a encontrará em qualquer Igreja ou crença. A coisa mais bela do mundo é a "Fé".

O artista continuou a caminhar.

Daí a algum tempo, encontrando-se com uma jovem noiva, perguntou-lhe: Qual é a coisa mais bela do mundo?

- "É o amor respondeu a moça. O amor faz da pobreza, riqueza, suaviza as lágrimas. Sem ele não existe beleza".

O artista prosseguiu na caminhada.

Como um veterano de guerra, passasse tropegamente pelo seu caminho, o pintor lhe fez a mesma pergunta. E o velho soldado respondeu:

- "A coisa mais bela do mundo é a paz. E a mais feia é a guerra. Onde existe paz, existe igualmente a beleza". 

Fé, Amor e Paz.  Como poderei pintá-los? Perguntou si mesmo o artista, e abanando tristemente a cabeça voltou desanimado para casa. Mas ao transpor seu limiar, ele encontrou a coisa mais bela do mundo. No olhar dos filhos viu a fé. No sorriso da esposa brilhava o amor. E no seu lar, havia a paz a que se referia o soldado.

Destarte, o artista conseguiu pintar a "Coisa mais bela do mundo". E, ao terminar seu trabalho, denominou-o Lar.

Queridos noivos, estais idealizando a formação de um lar, que é aquilo que de mais extraordinário existe neste mundo, pois é uma Pátria em miniatura, idealizada pelo Criador para a nossa felicidade.

Antes da construção de um prédio, são necessários: estudo, planejamento, recursos financeiros, seleção do material, escolha de bons trabalhadores, verificação do terreno para ver como serão os alicerces, e longe iríamos na enumeração.

O namoro e o noivado é o tempo propício para a planificação do lar, que é muito mais importante do que o prédio, a casa. Conheceis estes quadrinhos que andam pelas paredes com um dístico de profunda significação. "A casa é feita de pedras, o lar é feito de amor".

Que devereis fazer para construir um lar? Primeiro é a escolha do companheiro ou companheira; e no vosso caso, esta escolha já foi feita.

Se uma casa para ser bem construída precisa de sólido alicerce, qual seria este sólido alicerce para o lar? Muitas respostas poderiam ser dadas, mas creio que a melhor seria esta: o amor, não concordais comigo? A felicidade conjugal não pode subsistir quando não existe o verdadeiro amor.

Num livro para noivos, encontrei os seguintes pensamentos sobre o amor: "Amando-se torna-se mais suave a vida, mais belo o céu, mais doce o sonho, a manhã mais sorridente, mais lindas as flores, mais leve o pesar, o trabalho mais fácil. Quem ama é feliz, quem muito ama é muito feliz".

Muito se tem escrito sobre o magno problema do casamento, mas apesar disso os problemas não foram solucionados, pelo contrário eles se avolumam cada dia mais.

Desejo apenas mencionar três pensamentos, por trazerem em si lições de profunda sabedoria.

1º) Não há pior vida que estarem juntos na habitação os que estão desunidos no espírito.

2º) No segundo encontramos a mesma idéia, uma forma de conselho em duas quadras populares, de Belmiro Braga, com o título:

 

Noivos

 

À notícia bato palmas

e mando um conselho aos dois:

primeiro casem as almas

e os corpos casem depois.

 

Que eu tenho os olhos cansados

de ver (umas mil, talvez)

dentro de corpos casados

as almas em plena viuvez.

 

3º) A escritora Maria Vaz de Carvalho nos informa, que para um casamento ser feliz, é preciso que haja trabalho, economia, modéstia no viver e boa compreensão das coisas de família.

O casamento que não une duas almas, é uma espécie de cadeia, de grilheta que prende em suplício duas existências, condenando-as a se suportarem mutuamente.

Poderia aqui acrescentar idéias poéticas e definições sublimes sobre o amor e a felicidade conjugal, mas estas sem Cristo, sem religião praticada, sem genuíno amor cristão de nada valem.

Através da Bíblia e da pena da inspiração encontramos os mais sábios conselhos.

Mensagem aos Jovens diz:

"Seja todo passo em direção da aliança matrimonial, caracterizado pela modéstia, simplicidade e o sincero propósito de agradar e honrar a Deus". ((Mensagens ao Jovens, pág. 435)

Em outro lugar, escreveu ela, aquelas palavras que deveriam ser muito familiares aos namorados e aos noivos:

"Se homens e mulheres têm o hábito de orar duas vezes ao dia antes de pensar no casamento, devem fazê-lo quatro vezes quando pensam em dar esse passo. O casamento é uma coisa que influenciará e afetará vossa vida, tanto neste mundo como no futuro. O cristão sincero não avançará os seus planos nesta direção sem ter o conhecimento de que Deus aprova seu proceder." (Mensagens ao Jovens, pág. 460)

 

Rogai a Deus que vos ajude a estabelecer um lar cristão, onde reine o puro amor e então tudo será mavioso, poético e sublime.

Deveis sempre lembrar-vos de que de hoje em diante a vossa responsabilidade aumenta. O noivado é um compromisso não apenas entre vós dois, mas também entre duas famílias.

Concluindo, desejo que os vossos olhares possam encontrar-se puros, no dia do vosso casamento, e que vosso coração palpite em verdadeiro amor, para que a bênção do céu se derrame num futuro próximo, sobre o lar que quereis fundar, para a vossa felicidade, para alegria dos familiares a para glória e honra de Deus.

 

 


 


 

2

SERMONETE  PARA  O  CASAMENTO

 

Introduções Sugestivas:

TOPO

 

Prezados cônjuges, queridos jovens, distintos contraentes, estimados consortes, etc.

Mui amáveis amigos .............. e ..........

Evidentemente, nossas palavras são com destaque dirigidas a vós, mas desejo também que todos nós, presentes nesta efeméride, aproveitemos os conselhos e advertências e que nos revistamos do verdadeiro sentido do viver, mediante um relacionamento adequado uns com os outros e com o nosso Deus.

O casamento não foi estabelecido pela vontade humana, mas instituído pelo próprio Deus, quando ao criar o homem e a mulher, colocando-os no Paraíso Terrestre, preceituou-lhes: "Crescei, multiplicai-vos e enchei a Terra."

Se foi Deus quem o estabeleceu então ele é santo e indissolúvel.

Nos desígnios de Deus, o homem foi criado para a posse da felicidade, e para satisfazer este grande desejo, Deus, em sua infinita sabedoria, providenciou meios para esta conquista, e entre estes o mais eficiente e mais sublime foi a instituição do matrimônio.

Em Gênesis 2:24 lemos: "Por isso deixará o homem o seu pai e a sua mãe e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne".

Notai, queridos nubentes, que esta passagem nos dá a idéia, de que a união matrimonial é tão inseparável como as partes do corpo, e tem obrigações das quais não se pode fugir sem desonra, exceto pela morte.

Em outras palavras, no plano de Deus, casamento é a união de duas vidas numa permanente aliança enquanto ambos viverem.

Não é fácil duas pessoas se tornarem uma, pois nada na Terra é tão delicado como o coração humano.

Para dois instrumentos de corda, produzirem melodiosa harmonia, eles precisam ser afinados no mesmo tom; além disso precisam de constante ajustamento e regulagem.

Do mesmo modo, cada um de vós necessita estar pronto para fazer ajustamentos em relação à vida e ao temperamento do outro. Estes ajustamentos não são fáceis, porque a personalidade humana é muito complexa, existindo ainda forças maléficas, trabalhando para desafinarem e mesmo quebrarem as cordas deste instrumento maravilhoso – o lar cristão.

Alguns séculos antes de Cristo, notável educador e moralista, apresentou aos seus discípulos dez sublimes e estupendas regras para que houvesse um bom relacionamento entre o marido e a mulher.

Estas regras, apesar de antigas, elas são bem modernas e úteis para todos os casais desejosos de viverem bem, nos limites sagrados do lar e de conquistarem a almejada felicidade.

Notai bem, distintos cônjuges, quais são estas regras, que deveis seguir para que haja bom relacionamento entre vós:

Algumas foram levemente modificadas por mim:

1ª) Amar para ser amado.

O amor é o sustentáculo de um lar feliz. Onde não há amor, não há felicidade.

2ª) Compreender para ser compreendido.

Como é bom convivermos com pessoas compreensivas.

Prezados ............. e ............. não vos esqueçais de que a compreensão é a ante-sala da felicidade.

3ª) Confiar para ser digno de confiança.

Portai-vos de tal maneira para que a desconfiança e o ciúme não roubem a paz e a felicidade do vosso lar.

O melhor caminho é sempre depositar confiança nas pessoas. Quando um dos cônjuges, alimenta pensamentos infundados, de que o outro é desonesto, ele está cavando o abismo onde será sepultado o seu lar. A confiança tem sido chamada o alicerce do casamento.

4ª) Perdoar para ser perdoado.

Podemos acrescentar: perdoar e esquecer.

Nome do rapaz, o esposo que guarda na memória as menores faltas da esposa, para lançar-lhe em rosto, por ocasião de discussões passageiras, está criando um ambiente anticristão, onde não podem medrar o amor e a compreensão.

Nome da moça, a recíproca também é verdadeira.

5ª) Tolerar para ser tolerado.

O amor tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

A língua grega na sua riqueza e precisão vocabular tem quatro palavras distintas para amar, entre estas está o verbo stergo, significando amar com ternura, resignar-se, suportar; é o sentimento que deve existir entre os esposos e filhos.

Dizem os psicólogos que todos nós somos crianças adultas. Temos manias e cometemos tolices.

Sede pacientes para com as faltas um do outro.

6ª) Aprender a admirar as coisas pequenas.

Quantos aspectos poderão aqui ser salientados.

Há coisas sem grande significação para uns, e sumamente importantes para outros.

Esquecer-se do aniversário natalício ou de casamento para o esposo pode parecer de somenos importância, mas para a esposa pode ser uma falta quase imperdoável.

Pequenas atenções podem trazer grandes resultados.

7ª) Esforçar-se para vencer o egoísmo.

O egoísta é a pessoa que pensa só em si, vive só para si, procura servir apenas aos próprios interesses, sem pensar nas necessidades do próximo. Nenhum casal pode ser feliz se agir desta maneira.

Lembrai-vos de que Cristo nos ensinou, que a verdadeira felicidade se encontra no trabalho desinteressado em prol dos outros.

Gabriela Mistral escreveu: "Há a alegria de ser sincero e ser justo, porém, mais que isso, há a formosa e imensa alegria de servir."

8ª) Não julgar sempre a esposa ou o esposo pela opinião própria.

Há uma tendência natural para pensar que se os outros não pensam como nós eles estão errados.

É uma arte saber respeitar opiniões contrárias à nossa.

9ª) Trabalhar unidos na solução de problemas.

A família que planeja unida, trabalha e ora unida permanece unida.

Quando surgirem problemas e dificuldades, procurai solucioná-los com amor, bondade, oração e a leitura da palavra de Deus, enfim com a orientação divina.

10ª) Amar o trabalho, a ordem e a disciplina.

Um lar onde o trabalho ocupa uma parte importante do tempo de seus componentes, será um lar pleno de saúde e contentamento.

A indolência e o desleixo são grandes inimigos da felicidade.

Deus é um Deus de ordem, por isso quer ver lares bem organizados em todas as coisas.

Faz parte da ordem e da disciplina, haver tempo separado de manhã e à noite, para a realização dos cultos domésticos.

 

O Jornal "Diário de São Paulo", há dez anos mais ou menos, trouxe um artigo interessante sobre o papel preponderante e influente da dona de casa numa grande cidade. Dizia ele: são os lares que determinam o bom humor e alegria ou a tristeza e o pessimismo existentes na sociedade.

A sentença de um juiz, uma lei bem elaborada, decisões acertadas, etc., etc., dependem da alegria e felicidade que os homens encontram no lar.

A mulher deve criar um ambiente de simpatia, de organização e de felicidade. Para isto ela tem como deveres principais:

1º) Ser paciente, conservar sempre a serenidade.

2º) Procurar sempre ser alegre e solícita.

3º) Afastar tudo aquilo que possa trazer para seu marido e seus filhos uma nuvem de tristeza.

4º) Estar sempre vigilante para que nada falte em casa.

5º) Procurar adornar a sua casa com cores claras, alegres, dando vida e movimento a tudo para que as coisas se reflitam no sentimento das pessoas, aclarando-as e alegrando-as.

6º) Respeitar religiosamente as horas de trabalho, meditação e recolhimento do esposo.

7º) Ser meiga e carinhosa sem exageros.

8º) Estar sempre vestida com capricho, para não causar uma impressão desagradável.

9º) Procurar encorajar, dar forças e ânimo ao companheiro quando perceber que seu espírito vacila.

10º) Não temer o infortúnio, encarar a vida sempre com otimismo, procurando dominá-la, antes de ser por ela dominada.

 

Prezada........... outros tantos princípios, advertências e conselhos poderiam ser dados ao ........... mas não iremos fazê-lo para não cansá-los.

Sabemos que estais sonhando com a felicidade máxima, mas para isto deveis praticar estes ensinamentos em vossa vida matrimonial.

Demonstrai pelo vosso viver, que o ideal proposto por Cristo, pode ser aplicado ainda hoje, e se assim o fizerdes, o vosso casamento será uma perene fonte de alegria.

 

Concluindo

 

Mui simpáticos cônjuges, os sinceros desejos dos céus, de vossos pais, dos demais familiares e amigos aqui presentes são: que construais um lar verdadeiramente cristão, alicerçado nos edificantes ensinamentos da Bíblia e que nesse lar reine harmonia, paz e perene felicidade.

Que Deus vos abençoe!

 

 


 


 

3

CERIMÔNIA  NUPCIAL

TOPO

 

Leitura Bíblica - Gênesis 2:24; S. João 2:1-2.

Que é casamento?

Muitas definições têm sido propostas, mas creio que a melhor segundo a vontade divina é esta: A união entre um homem e uma mulher até a morte.

Disse Madame de Staël: "Casamento significa a associação de todos os sentimentos e de todos os pensamentos". Por isso o casamento não deve ser apenas a união de dois corpos, porque é sobretudo a união de dois corações, de duas vidas, de dois ideais.

Muito se tem estudado, escrito e comentado sobre as qualidades dos bons esposos, listas inumeráveis têm sido apresentadas, porém, creio que o imprescindível é:

1º) Que o moço seja sério e tenha sentimentos de sua responsabilidade.

2º) Que a moça seja modesta, caprichosa e amante do seu lar.

Balzac escreveu: "São as boas qualidades e não a beleza da mulher que fazem os casamentos felizes".

3º) Que os dois sejam tementes a Deus, e que se esforcem para terem um lar verdadeiramente cristão.

A formação do lar é o acontecimento de maior transcendência na vida do ser humano, e se for bem orientada, contribui para o melhoramento da humanidade, formando uma barreira contra os vícios e corrupções, e constitui um oásis de paz, em meio das tormentas que agitam a existência do homem.

"O lar que hoje constituís é uma instituição divina, e juntamente com o dia de repouso foi dado ao homem no Jardim do Éden nos dias de sua inocência".

Desejo agora mencionar duas palavras, que por sua importância não podem estar dissociadas dos cônjuges. Refiro-me ao amor e à felicidade. A felicidade é mesmo o objetivo principal da existência, e o amor, esse sentimento sublime e puro é a chave que vos pode abrir as portas da verdadeira felicidade.

Para alcançar a felicidade deveis cumprir quatro requisitos, isto é, a vossa aliança deve fundar-se no amor, na compreensão mútua, na unidade de objetivos e na harmonia, porém, creio eu, que destes atributos, notai bem, prezados amigos, o maior é o amor, porque os outros são apenas conseqüências deste predicado.

Como bem salientou Eula Kennedy Long, em seu livro Corações Felizes :

Onde houver amor haverá paciência e perdão.

Onde houver perdão, estará Deus.

E onde estiver Deus, estará a felicidade".

O amor foi definido por alguém como o bálsamo divino que resolve todas as dificuldades. Atentai bem para esta advertência:  Não vos queixeis diante das pequenas dificuldades da vida, pois as murmurações atrofiam o amor.

A pensadora francesa Madame de Maintenon declarou:

"Os melhores casamentos não são os mais ricos, mas aqueles em que ambos os casados suportam tudo um do outro com doçura e paciência".

O amor nunca florescerá num ambiente de queixumes, críticas e tentativas de imposição.

O amor traz paciência, produz fé, opera milagres, tornando leve o mais árduo trabalho. O amor faz descobrir as virtudes um do outro e esquecer as falhas e defeitos.

Para que haja amor e felicidade em vosso lar, Cristo deve ser nele o companheiro inseparável.

O esposo que cultiva o amor será delicado em suas exigências, e a esposa, que tem na alma a chama do verdadeiro amor, envidará todos os esforços para agradar o esposo e não hesitará mesmo em fazer sacrifícios, para a aquisição da perene felicidade a fim de que não se desfaçam os idílios sonhados, como costuma acontecer a tantos casais.

Devíeis colocar num quadro, em lugar bem visível, as Dez Bem-Aventuranças para um Casamento Feliz, a fim de lerdes muitas vezes, porque ciente estou de que elas vos ajudarão na conquista do maior desejo do ser humano – a felicidade.

 

Dez Bem-Aventuranças Para um Casamento Feliz

 

I - Bem-aventurados os maridos e esposas, que continuam a ser afetuosos depois do casamento, e são corteses um com o outro como são aos seus amigos.

II - Bem-aventurados são os que têm o senso de humor, pois esse atributo será conveniente para desfazer os atritos.

III - Bem-aventurados são os casais que amam o seu consorte mais do que a qualquer outra pessoa no mundo, e que alegremente cumprem o seu voto de uma vida de felicidade e auxílio mútuo.

IV - Bem-aventurados os que conseguem ser pais, pois as crianças são a alegria do lar e os herdeiros do Senhor.

V - Bem-aventurados os que se lembram de agradecer a Deus pelo alimento e que separam algum tempo cada dia para a leitura da Bíblia.

VI - Bem-aventurados os consortes, que nunca falam ruidosamente um ao outro, e que fazem da sua casa um lugar onde não se ouvem palavras desalentadoras.

VII - Bem-aventurados os maridos e mulheres que fielmente trabalham na Igreja para a extensão do reino de Deus.

VIII - Bem-aventurados são os maridos e as esposas que podem resolver os desentendimentos sem a interferência de parentes.

IX - Bem-aventurado o casal, que tem completa compreensão a respeito das coisas financeiras, e que tem resolvido harmoniosamente o melhor emprego do dinheiro.

X - Bem-aventurados os maridos e as mulheres, que humildemente dedicam sua vida e sua casa a Cristo e que praticam os ensinos do nosso Salvador com amor e lealdade.

Quando surgirem problemas em vosso relacionamento, procurai solucioná-los com o conselho divino, através da oração e da leitura da Palavra de Deus.

Quero ainda apresentar-vos um Decálogo para cônjuges, preparado por um juiz especializado em assuntos matrimoniais:

1º) Sede pacientes e serenos.

2º) Trabalhai, brincai e crescei juntos.

3º) Evitai desavenças.

4º) Sede conciliadores.

5º) Nunca sejais rabugentos.

6º) Tende respeito aos vossos pais, não os critiqueis, mas também não aceiteis críticas da sua parte.

7º) Estabelecei o vosso próprio lar – nem que seja num quarto.

8º) Lutai um pelo outro – nunca um contra o outro.

9º) Mostrai sempre simpatia, entendimento mútuo e disposição alegre.

10º) Construí vosso lar sobre a fé religiosa, e nunca deixeis passar um só dia sem terdes perdoado tudo.

Distintos nubentes, se assim o fizerdes, sereis um exemplo no vosso lar, não tanto pela palavra, mas sobretudo pela vida.

Demonstrai com vossa vida cristã exemplar, que o ideal proposto por Cristo pode ser aplicado mesmo no mundo de hoje e então o casamento será a fonte da alegria, que é a verdadeira antecipação da alegria do céu. O salmista lança uma bênção sobre a família temente a Deus: "Felizes todos aqueles que amam ao Senhor e que andam nos seus caminhos". Sal. 128:1.

Friedrich Haug declarou: "Feliz a união, em que o marido é a cabeça e a mulher o coração".

E ao terminar dizemos: Ide prezados nubentes, ide pelos caminhos da vida com Cristo sempre ao vosso lado, ide de mãos dadas e corações unidos e que os vossos nobilíssimos anseios tenham a aprovação divina. Os nossos mais sublimes desejos são: que sejais sempre felizes como felizes vos vemos hoje.

 

 


 


 

4

BODAS  DE  OURO

TOPO

 

Prazerosamente agradecemos a todos que atenderam ao nosso convite e vós saudamos por haverdes aqui chegado para esta efeméride.

Sem dúvida alguma é inspirador unir em casamento dois jovens, cheios de amor, de sonhos e ideais para palmilharem a estrada da vida de mãos dadas e corações unidos, porém, hoje para mim é muito mais significativo e emocionante, poder na qualidade de filho e de pastor, celebrar este Culto de Ação de Graças comemorativo das vossas Bodas de ouro.

Queridos pais, o dia hoje é vosso, mas a alegria, felicidade e satisfação também são nossas.

Há 50 anos adentrastes os portais de uma igreja para vos unirdes pelos laços matrimoniais e durante todo este tempo vivestes, como já é notório, cultivando em vosso lar a paz, a bondade e o amor.

Uma árvore pode ser plantada em 10 minutos, mas precisa anos de cuidado e trato, para crescer e produzir flores e frutos. De igual modo gastam-se alguns minutos para realizar um casamento, mas espera-se meio século para realizar um casamento de ouro e contemplar então as flores e os frutos desse consórcio.

A que assemelharíamos as flores e os frutos no casamento?

No vosso caso as flores eu as compararia a estas crianças – os vossos netos e um bisneto, que abrilhantam esta festividade com sua presença simpática e gentil e que aqui se encontram com o único objetivo de agradecer a Deus, por todas as suas dádivas e bênçãos a vós concedidas, pois como bem sabemos é dos lábios das crianças que procede o perfeito louvor.

Os frutos – a recompensa do vosso amor podereis ver nos 8 filhos, que aqui se congregam para prestar-vos esta merecida homenagem, nesta noite de emoções e reminiscências.

O casamento tem sido comparado a muitas coisas, mas é sobretudo uma escola, onde duas pessoas procuram aprender as lições da vida numa atmosfera de compreensão, amor e perdão. Se a escola tem o objetivo de ensinar, de preparar para a vida; que lições ensinastes aos filhos na escola do lar?

Dentre as muitas poderíamos destacar as seguintes: lições de desprendimento, de fidelidade para com Deus e os homens, de honestidade, de economia, firmeza aos princípios, de operosidade, enfim ensinastes uma sadia filosofia de vida para com os homens e para com Deus, porque a verdadeira filosofia da vida consiste em viver bem com o próximo e ter confiança total e absoluta em Deus.

Todos sabem que ensinamos muito mais com o que somos do que com o que sabemos. Este casal não é conhecido pelo seu saber, por seus talentos, por atributos dos quais os homens se orgulham, mas ele é admirado e merece o nosso respeito por ser constituído de pessoas boas, almas honestas e dignas, que semearam o bem pela palavra e pelo exemplo e que legaram aos filhos o modelo de um viver digno e honesto. Rogamos a Deus que nos ajude a transmitirmos esta inspiração a nossos filhos.

Aos jovens pensarem em casamento pensam logo em aliança, porque ela é o sinal que une, que enlaça duas vidas. Ao Deus haver destruído o mundo com o dilúvio fez uma aliança com seu povo, a qual se encontra relatada em Gênesis 9 - "Este é o sinal da minha aliança que faço entre mim e vós ... porei nas nuvens o meu arco; será por sinal da aliança entre mim e a terra." (Versos 12, 13). Concerto de que não haveria outro dilúvio.

Estas palavras nos fazem lembrar da aliança para o casamento, porque ela é o símbolo do amor e do afeto, o símbolo da amizade e do compromisso, o símbolo que enlaça duas vidas para a felicidade total. O anel em forma de circunferência deveria sempre representar o amor sem fim, mas em muitos casos ele em breve desaparece, pois aliança nos dedos não tem valor, porque são exterioridades e é muito melhor como foi o vosso caso possuí-las no coração, nos ideais, nos sentimentos nobres e altruístas.

 

Nomes Para os Aniversários de Casamento

 

Tem sido costume através dos anos dar nomes aos aniversários de casamento:

Bodas de algodão,     1 ano;

Bodas de papel,         2 anos;

Bodas de couro,        3 anos;

Bodas de madeira,     4 anos;

Bodas de ferro,          5 anos;

Bodas de estanho,    10 anos;

Bodas de cristal,       15 anos;

Bodas de porcelana, 20 anos;

Bodas de prata,        25 anos;

Bodas de pérola,      30 anos;

Bodas de rubi,          40 anos;

Bodas de ouro,         50 anos.

Bodas de diamante,  60 anos;

Bodas de brilhante,   75 anos.

 

Aqui nos encontramos hoje, e todos devem ter observado a valorização crescente do material simbólico representativo.

Bodas de algodão, bodas de ouro ou bodas de brilhante – o tempo não influirá no sentimento quando ele é verdadeiro e profundo. Um dia pode valer um século e um século pode representar menos de uma hora para o autor do tempo, porque o verdadeiro amor começa aqui e termina na eternidade para os fiéis.

As bodas devem ser para nós, e estas para vós, prezados pais, marcos na longa estrada da vida para nos guiarem àquelas bodas muito mais grandiosas e significativas que se realizarão nas mansões dos salvos entre Cristo e os fiéis.

Queremos lembrar a todos os presentes, que poderemos ter o privilégio pela graça de Deus e a nossa fidelidade aos princípios do evangelho, de participarmos destas bodas descritas tão majestosamente pelo apóstolo João em Apocalipse 19:7, 9.

Que Deus nos faça dignos de lá nos encontrarmos!

A reunião de hoje se intitula Culto de Ação de Graças.

Notável pensador afirmou: "Se Deus fosse menos liberal na distribuição de suas dádivas, então lhe seríamos muito mais agradecidos".

O que é que eu tenho de agradecer hoje? Era esta a pergunta que Teodoro Fliedner, insigne professor, fazia todas as noites em seu "Livro de Exame de Consciência"; e ele concluía: "Quanto mais a gente dá graças a Deus, tanto mais se recebe para novas graças."

Estive compulsando o Livro Santo na preparação deste assunto e pude ver como patriarcas, profetas, reis, apóstolos, em síntese escritores inspirados da Bíblia, encontraram em diversas facetas da vida, motivos para louvar e agradecer a Deus, incentivando-nos a que façamos o mesmo.

O salmista achava em todos os aspectos do seu viver, oportunidades para agradecer a Deus.

Salmo 34:1 – "Bendirei o Senhor em todo o tempo, seu louvor estará sempre nos meus lábios".

O Salmo 147 e os que se seguem constituem uma grande antífona de louvor a Deus por todos os seus benefícios.

Por que devemos nós louvar a Deus?

Salmo 106:1 declara: "Porque Ele é bom."

Quanta bondade de Deus à humanidade, mas que recompensa está Ele recebendo do Seu amor? Quase sempre a ingratidão, daí a advertência do salmista, visando acordar as consciências adormecidas.

"Rendei graças..."

Pensemos todos os presentes, se efetivamente Deus não tem sido bom para conosco, analisemos as inúmeras bênçãos recebidas todos os dias e em gratidão por elas elevemos a nossa voz para agradecer ao Todo-Poderoso. Devemos, porém, notar que o agradecimento formal, apenas dos lábios não tem valor, ele deve ser sincero, feito com coração puro e humilde, pois o próprio Cristo fulminou a hipocrisia de muitos nestas palavras candentes: Mat. 15:8 "Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim".

Paulo ao iniciar as Epístolas apresenta sempre ações de graça pelas virtudes cultivadas pelos novos conversos. Pela fé, pela perseverança, pela fidelidade, pelo bom êxito dos irmãos, pelo cultivo do amor, pela abnegação e outros vários atributos. E não são também estes predicados reais em vossa vida, que nos levam a dar graças ao eterno?

Mas quais seriam outros motivos e razões pelos quais poderíamos dar graças a Deus, nesta data significativa de vossas bodas de ouro?

Efésios 5:20 nos diz: "Dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo".

Os motivos são inumeráveis.

Por terdes vivido 50 anos juntos. O ser humano tem sempre o desejo de viver mais, foi Deus quem colocou este desejo em seu coração.

É um privilégio viver.

Graças por terdes conhecido a maravilhosa mensagem do advento e nela terdes permanecido por quase cinco décadas, porque logo depois do casamento aceitastes a fé adventista.

Podeis dar graças pelo vosso lar, por terdes uma velhice feliz e tranqüila, por gozardes boa saúde, por haverdes criado e orientado os filhos nas doutrinas do Senhor e por todos permanecerem nelas.

Uma das maiores ambições dos pais é verem os filhos bem encaminhados na vida, tornarem-se pessoas que por sua honestidade, operosidade e outros predicados sejam úteis à Pátria, à família e a Deus e estes objetivos alcançastes, por isso podeis estar felizes e ufanosos nesta noite elevando as vossas vozes aos céus em gratidão por tudo isso.

Já Aristóteles – o insigne sábio e notável filósofo grego - dizia "que nunca poderemos ser suficientemente gratos a Deus, a nossos pais e a nossos professores".

Aqui se encontram, amados pais, os vossos filhos prestando-vos esta homenagem, que é um preito de gratidão e reconhecimento por tudo o que por nós fizestes em vossa feliz e abençoada trajetória pela vida.

E os filhos, netos, irmãos, sobrinhos, genros, noras, cunhados e demais familiares e amigos unem-se a vós para agradecer a Deus, que é também o Pai de todos nós por vos ter dado a bênção de estardes hoje comemorando as vossas bodas de ouro.

Antes de finalizar, ainda queremos rogar a Deus que nos conserve fiéis, que vos cumule de suas bênçãos, dando-vos ainda muitos dias abençoados e felizes e depois vos galardoe, com a vida mais abundante nas mansões dos salvos, e dê-nos ânimo e inspiração para que continuemos a ser dignos do vosso exemplo.

Amém.

 

Tema apresentado na comemoração das Bodas de Ouro dos pais, em 1964.

 

 


 


 

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CONSELHOS  AOS  GINASIANOS

TOPO

 

Dignos obreiros que nos honrais com a vossa presença.

Professores amigos deste educandário.

Diletos ouvintes.

Bondosos formandos do ginásio de 1955.

 

Durante quatro anos, juntos estudamos um pouco do nosso belo e difícil idioma, e agora desejais que vos diga algumas palavras de incentivo e conselho, que vos ajudem na prossecução de vossos ideais.

Escolhestes um lema sugestivo, indicando que tendes um alvo e a firme decisão de o alcançar.

A frase que escolhestes como lema: "Prosseguir sempre; recuar nunca", resume tudo o que eu poderia dizer-vos em longo e exaustivo discurso.

Certa ocasião, falando a esta garbosa mocidade Iaense, sobre o valor de termos um alvo e um lema na vida, fiz referência ao lema do benemérito brasileiro Oswaldo Cruz "Não esmorecer para não desmerecer". Foi impulsionado por esta frase prestigiosa, que conseguiu extinguir a terrível febre amarela do Rio de Janeiro, lutando com a incompreensão reinante naqueles idos.

Vejo meus prezados estudantes, uma íntima relação entre o lema do eminente cientista patrício e o vosso.

Estudando a história das nações e de muitos indivíduos isoladamente, veremos que viveram sob a influência mística e estimuladora de um lema sugestivo.

O vosso lema é expressivo e emulativo, mas de nenhum valor será para vós se for apenas uma frase formal e decorativa; urge que envideis os melhores esforços para que se concretize em plena realidade diante dos embates da vida.

Encontrareis, prezados amigos, na continuação de vossos estudos, problemas, contratempos e percalços, que quererão impedir que atinjais o alvo colimado, mas para vencê-los tendes o querer, a tenacidade, a constância e um dos maiores bens da humanidade – o entusiasmo.

Observando a vida dos grandes heróis da ciência, das artes, das letras, e das conquistas, veremos que todos alcançaram seus ideais, não sem lutas e dificuldades, mas estas foram superadas graças a força de vontade de que estavam possuídos. Esta frase: "Quem quer pode, quem tem vontade alcança", será muito significativa para vós se a puserdes em prática.

O Cardeal Richilieu costumava dizer que a palavra impossível não tinha razão de figurar no dicionário. E Napoleão Bonaparte era, ainda, mais contundente, pois afirmava firmemente: "Impossível é uma palavra que apenas se encontra no dicionário dos tolos".

Não tenhais ilusões: Nada de belo, útil e glorioso conseguiremos sem esforço decidido e pertinaz.

Todos os que alcançaram posições privilegiadas foram pessoas de querer, pois quem não tem força de vontade retrocede diante das primeiras dificuldades na vida.

Tende confiança, em 1º lugar em Deus e depois em vós mesmos e realizareis o que hoje julgais impossível. A vida deve ser o esforço constante para o aperfeiçoamento, sem que o desânimo jamais se verifique.

A grande crise que o nosso país enfrenta, no momento em que ides ter acesso aos segundos ciclos longe de vos amedrontar, deve servir de estímulo a prosseguirdes na carreira estudantil até alcançardes o alvo a que vos tendes proposto.

Infelizmente, prezados jovens, o que temos visto nos poucos anos de magistério é que a maioria dos estudantes não põem o coração nos estudos, apenas fazendo uma preparação, rápida, desordenada e tumultuária para os exames.

A finalidade única de muitos educandos é somente serem promovidos, alcançarem um diploma, pensando que este tem em si um poder milagroso que faz a pessoa ser vitoriosa. Por isso existem muitas pessoas que têm conseguido um diploma por meios escusos, como prova de sua indigna formação moral.

Os estudantes que pensam em apenas adquirir um diploma, em breve verão desmoronar seus ideais como se desmorona a casa construída sobre a areia.

Disse o inesquecível Rui:

"É a assiduidade na educação metódica e sistemática de nós mesmos o que descobre as grandes vocações e amadurece os grandes escritores, os grandes artistas, os grandes observadores, os grandes inventores, os grandes homens de estado".

Enquanto pensávamos nas palavras que vos diria nesta noite de gala e grande significação para vós e vossos familiares, compulsei novamente o discurso do insigne brasileiro Rui Barbosa – "A Oração aos Moços". Cada vez que lemos esta peça de oratória, de eloquência e de saber mais nos convencemos de que não há páginas mais sublimes, mais extraordinárias e mais profundas em nossa literatura do que estas.

E se quereis prosseguir, amigos ginasianos, dou-vos um conselho: lede, relede e analisai este discurso e as vantagens advinhas serão inefáveis para o vosso viver futuro.

Rui madrugava para estudar e prosseguiu estudando a vida inteira. Se desejais uma vitória brilhante nas lides intelectuais segui o exemplo daquele que pairou nos píncaros da cordilheira das mentalidades nacionais.

Deveis estar cônscios de que as vitórias fáceis não têm valor. As vitórias que entusiasmam são as conseguidas com esforço denodado, estável e persistente.

Aqueles que recuam ante as primeiras dificuldades, revelam tibieza no caráter, fraqueza na vontade e negligência nos propósitos; falhas que não se coadunam com uma mocidade, intrépida e valorosa como sois vós.

Sede ambiciosos, visai mais alto do que a maioria da humanidade. Alguém poderá estranhar aconselhar-vos a terdes ambição, mas a ambição é daquelas palavras que têm sentido negativo e positivo, e é neste último sentido que a estou empregando. Tende a ambição justa e verdadeira, pois é ela a força irresistível que vos ajudará na conquista do ideal.

O lema escolhido mostra a vontade que tendes de prosseguir. Lembrai-vos, porém, de uma frase de Goethe, o insigne autor do Fausto e a figura máxima da literatura alemã que diz: "É necessário ter um grande alvo e a perseverança para o alcançar."

Os que retrocedem do meio da jornada demonstram que são pusilânimes e fracos, mas espero que vós sejais corajosos e fortes.

Esta doutrina é bíblica, pois o Livro inspirado nos diz, que os que lançam mão do arado e olham para traz, não são aptos para o Reino dos Céus.

A palavra de Deus está falando da vida espiritual, mas o mesmo se dá no terreno material e intelectual, pois os estudantes que param no meio do caminho sem razões plausíveis, são indignos da confiança que neles, seus pais e professores, depositaram.

A Pátria e a causa evangélica muito esperam de vós estudantes valorosos e promissores.

Fitai sempre mais longe e mais alto, e se quiserdes a íngreme escada do saber, empreendei a marcha sem medo subir nem desfalecimentos.

Para realizardes vosso intento, deveis ter confiança em vós mesmos, mas sobretudo confiança no poder de Deus e em Seus desígnios para convosco.

Neste momento solene, pedimos a este grupo amigo, que estude com mais afinco e amor do que tem feito nestes quatro anos.

Os estudantes, que almejam atingir o alvo com brilhantismo, precisam de uma convivência diuturna e incansável com os livros.

Em vista de estarmos falando a estudantes, temos enfatizado bastante o valor do estudo, mas queremos fazer bem claro que os valores espirituais e morais sobrepujam os intelectuais, pois o valor de um homem não se mede por sua cultura e capacidade, mas incontestavelmente por seu caráter e por sua formação moral.

Por isso exaltai, cultivai e praticai as virtudes que farão a vossa felicidade e a de vossas famílias.

A vida só tem valor, quando em cada ato de nossa existência, visamos o bem-estar dos outros, o nosso aperfeiçoamento e a honra e a glória de Deus.

Tende o coração agradecido aos esforços feitos por vossos pais e educadores.

Não deixeis transcorrer as horas inutilmente, mas empregai bem cada minuto de vossa vida.

Se atingirdes alvos elevados e posições privilegiadas não vos esqueçais de que deveis continuar sendo comedidos e modestos.

Meus amigos, já é tempo de finalizar minhas palavras, mas não o farei sem agradecer-vos a distinção que me fizestes para servir de intérprete dos vossos mestres, que desejam a todos um futuro promissor, esperançoso e de perene felicidade.

Sede felizes, o que quer dizer sede bons, porque não existe felicidade sem bondade.

Prossegui na carreira estudantil, confiando e perseverando, sem recuo diante das batalhas do saber e que os vossos nobres e elevados ideais sejam abençoados por Deus.

 

Palestra proferida no dia 14 de dezembro, de 1955, como paraninfo do Ginásio.

 

 


 


 

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PALESTRA  AOS  FORMANDOS  DO  CURSO  CIENTÍFICO  DE  1960

TOPO

 

Todos os anos, por este tempo, o Colégio Adventista se engalana, para comemorar a efeméride da formatura de mais um pugilo de jovens esforçados e idealistas, que chega ao término de seus cursos.

Do alto desta colina, esta casa do saber estende os braços para vos acolher, prezados pais, distintos familiares e dedicados amigos dos formandos, que recebem mais um triunfo em sua carreira intelectual.

Recebi sobressaltado e confuso, a distinção de me convidardes para ser o vosso paraninfo.

Formandos do científico, sinceramente vos agradeço este privilégio honroso de dirigir-vos a última palavra, para dizer a alguns o adeus da escola e para todos o último conselho ao terminardes o Curso Pré-Universitário.

Aos alunos do científico, seria mais próprio que falasse um professor de ciências e não um professor de literatura, que tem mais propensão para fazer um discurso literário do que científico.

Amigos formandos, temos a plena convicção de que o futuro com seus problemas e percalços não mais vos amedrontará, nem vos entibiará o ânimo, porque aprendestes a lutar num curso caracterizado como difícil, e enquanto outros ficaram à margem, estacionaram à beira do caminho, ou mesmo retrogradaram em sua vida intelectual, viestes até ao fim, por isso mereceis os nossos sinceros e efusivos parabéns: e o vosso passado nos permite prever e augurar-vos um futuro mais radiante e mais promissor.

Tem sido mais ou menos de praxe, que o discurso do paraninfo seja entrecortado de conselhos, e não irei fugir de todo a esta pragmática tradicional.

Disse, certa feita, Francisco Manuel de Melo, insigne mestre das letras portuguesas: "Nada há mais fácil do que dar conselhos e nada mais difícil do que encontrar alguém que aceite os nossos conselhos".

Distintos formandos, sede exceção a esta regra e ouvi alguns breves conselhos que irei apresentar-vos, porém, quero adiantar-vos que estes de nada valerão, se não procurardes pô-los em prática na vida diária.

Não sejais atraídos pelo título de Doutor, pelo ganho fácil, pela vida confortável, ao contrário, tende sempre em vista servir à humanidade e a Cristo através da profissão que abraçareis.

Escolhei com discernimento, bom senso e orientação a vossa futura carreira, porém, não vos esqueçais que não há carreira mais altruísta, mais nobre e mais elevada do que a de trabalhardes na Causa de Deus.

Pensai bem e com o auxílio dos professores, dos pais com a orientação divina, escolhei acertadamente, tendo em mente, que a carreira ministerial não é uma profissão, mas  um sacerdócio.

Sede esforçados. Entre os amigos da mocidade não há nenhum melhor do que o esforço e o trabalho. Há pessoas que desejam atingir na vida, pontos culminantes sem esforço, porém, nada de belo ou de glorioso conseguimos sem esforço pertinaz e inteligente.

Benjamin Franklin proclamou energicamente: "Todo aquele que afirma ser possível conseguir-se qualquer coisa sem trabalho nem fadiga é um enganador".

Sede bons, porque não há felicidade, sem bondade. Já dizia Aristóteles: "A verdadeira felicidade consiste em fazer o bem".

Todos queremos ser felizes, portanto procuremos ser bons e a felicidade será uma constante em nossa vida.

Sede metódicos. Método, etimologicamente, significa o melhor caminho para atingir o fim que desejamos.

Método é sinônimo de ordem, de disciplina, de princípio e de prudência. Deveis ser metódicos, não apenas nos estudos, mas também nos trabalhos e nas recreações.

Amai sempre a verdade. Defendei-a com todas as veras da vossa alma, embora saibais que entre muitas pessoas, a verdade suscita motejos e escárnios e a virtude recebe uma saraivada de reprimendas e zombarias.

Escolhestes um lema sugestivo e inspirador. "A vitória pela ciência e pela fé".

O que é lema. É um preceito escrito, uma máxima na vida, uma regra de procedimento, uma frase estimulativa que nos ajuda a alcançar o alvo, ou o ideal a que nos propusemos.

É a bússola que nos mostra o caminho que devemos seguir; fanal que nos ajuda a palmilhar o roteiro até atingirmos a meta final.

Prezados jovens, de nada valerá um lema, se não envidardes esforços para que ele se concretize em esplêndida realidade.

O vosso lema demonstra que desejais a vitória, não apenas na vida intelectual, mas também na espiritual. Eu vos parabenizo, prezados jovens do científico, pois compreendestes que não pode haver dissociação entre a vida religiosa e a intelectual.

Não vos deixeis, porém, iludir, porque ninguém jamais alcançou a vitória sem muito esforço.

Se não fosse a exiguidade do tempo, poderíamos provar com uma multiplicidade de exemplos, que todos os vultos exponenciais, que se destacaram no mundo científico, artístico ou em qualquer ramo do saber humano, somente atingiram o fim colimado, depois de ingentes esforços e denodada perseverança.

Mas eu pergunto. Será que na vida religiosa não é preciso também esforço da nossa parte para alcançarmos a vitória? Sabemos que a salvação é um dom de Deus que nos é oferecida graciosamente. Ela depende da nossa entrega sem reservas a Cristo, mas se analisarmos a vida dos servos de Deus desde os patriarcas até os apóstolos, concluiremos que para serem vitoriosos na vida espiritual tiveram que ser perseverantes, pois a Bíblia declara que quem perseverar até o fim será salvo. Marcos 13:13.

A renomada escritora deste movimento assim se expressou em O Conflito dos Séculos a respeito desta luta: "Para alcançarmos a vitória, necessitamos de uma fé que resista ao cansaço, à demora e à fome."

Não há exemplo mais sublime e edificante, de vitória na vida espiritual, do que o de Cristo.

Qual seria o fator primordial que determinou sua vitória? Sua ligação com o Pai por meio da oração, chegando mesmo a gastar noites inteiras nesse mister.

Vós, caros diplomandos, que quereis a vitória na vida espiritual, tende sempre como modelo o paradigma divino.

Urge que ponhamos um ponto final em nossa palestra, mas no término, deste nosso simples discurso ainda direi:

Ide prezados cientificandos, ide pelos caminhos da vida, cheios de confiança no Senhor, cientes de que Ele vos ajudará a alcançar a vitória, não apenas na vida intelectual pela ciência, mas, sobretudo na vida espiritual pela fé.

Sede patriotas, sede honestos, sede bons, sede esforçados, sede leais, sede firmes aos nossos princípios cristãos, pois assim vossos elevados ideais terão a aprovação divina.

 

 


 


 

7

DISCURSO  ÀS  NORMALISTAS  DE  1962

 

TOPO

 

Fui escolhido novamente por vós, bondosas normalistas de 62, com a honrosíssima incumbência de pronunciar a alocução final, para dar o adeus da Escola e apresentar-vos os votos de felicidade no trabalho difícil, altruísta, mas ao mesmo tempo tão abençoado que em breve ireis iniciar.

Antes da palestra propriamente dita, desejo apresentar às alunas o meu afetuoso boa noite, cheio de felicitações por este momento até agora tão almejado e que daqui para o futuro se tornará repleto de reminiscências; aos visitantes e familiares as alegres e efusivas boas vindas deste Instituto e à Mesa, que preside os trabalhos, a benevolência de me ouvir, após haver escutado a palavra gentil e esmerada da distinta oradora.

Distintas normalistas finalistas, e eu acrescentaria a esta rima que vos é familiar mais adjetivos e substantivos que vos identificam – altruístas, idealistas, e algumas pianistas, outras coristas, há uma até piadista, outra poderá ser fadista, porém, todas otimistas e a nós benquistas, mas não quero aumentar mais a lista.

Amáveis diplomandas, durante três anos estudamos juntos, constituindo uma espécie de família sem discórdias, pois notávamos que a nossa amizade crescia, a medida que os anos se passavam e cremos ser esta amizade, que vos levou a me escolherdes para ser o vosso paraninfo.

As palavras, como as folhas, são levadas pelo vento e em breve ninguém se lembrará nem de uma sequer das que estamos pronunciando neste momento, talvez tenha sido esta a razão de me solicitardes o discurso por escrito e, prazerosamente, aquiesci ao pedido e o farei no final destas simples, mas sinceras palavras.

Distintas concluintes do normal, ides em breve enfrentar uma sociedade com problemas, os mais intrincados e difíceis, creio, porém, que os quatro principais da nossa Pátria são estes: o problema econômico; o problema de cultura, ou melhor da falta de cultura; o problema ético e o problema religioso, ou de uma falsa religiosidade.

O problema econômico está levando o Brasil ao caos, como reconhecem os próprios responsáveis pelas finanças nacionais, e este descalabro econômico nós o sentimos bem de perto, nas aperturas financeiras de cada dia e quase já estamos descrentes na capacidade das autoridades para solucioná-lo satisfatoriamente. (Note bem, estas palavras foram pronunciadas no tumultuado governo de João Goulart).

Se as atividades econômicas são úteis e necessárias e devem ser resolvidas para a grandeza material, muito mais o serão as educativas, as éticas e as religiosas, porque as educativas preparam a grandeza mental de um povo e as éticas ou dos costumes se entrelaçam com as religiosas e fazem a grandeza moral e espiritual de uma nação; por assegurarem os ensinos religiosos, os princípios de honestidade, os deveres de firmeza à verdade. Enfim a ética tem que ver com todas as nossas relações na sociedade e a questão religiosa com a nossa relação para com Deus.

Se quase nada podereis fazer na solução do problema econômico, certo estou de que para equacionar os outros, em vossa esfera de ação, estais preparadas e por isso vos conclamamos para esta árdua, mas abençoada tarefa.

O trabalho não é fácil bem o sabemos, mas o Senhor nos impôs a responsabilidade de sermos o sal da terra e a luz do mundo, querendo com esta expressão indicar, que pela nossa profissão e vida devemos contribuir para o bem da humanidade.

Para esta tão magna empresa sentimos a nossa pequenez e nos lembramos de dois versos do poeta máximo da língua portuguesa – Camões – que nos Lusíadas escreveu (Canto 11, estância 31).

"Ó Tu, guarda divina, tem cuidado

De quem sem ti não pode ser guardado".

 

Este dístico é uma síntese de sugestiva oração e, parafraseando o poeta, poderíamos respeitosamente dizer: o Senhor, guarda estas normalistas, ajuda-as em seu trabalho e abençoa-as na excelsa e nobilitante missão de ensinar.

Em vosso trabalho encontrareis incompreensões de toda a espécie, problemas e dificuldades, que vos poderão levar ao desânimo, porque estes por vezes parecem insuperáveis, mas sereis triunfantes se tiverdes ao Senhor ao vosso lado, como guia e ajudador.

Deveis ter nele a confiança que tinha o salmista Davi, quando no Salmo 18:29 exclamou: "Contigo entrarei pelo meio de um esquadrão, com o meu Deus transporei muralhas".

Com Cristo não há problemas insolúveis.

A acatada educadora Ellen G. White aconselhando a professores afirmou que podemos ensinar pelo exemplo e pela palavra, mas concluiu que o ensino pelo exemplo é muito mais eficiente.

Perguntareis vós. Como poderemos ensinar pelo exemplo? Quais os requisitos exigidos de nós, como mestres cristãos, para ensinarmos não pelo preceito, mas pela vida.

Entre os inúmeros requisitos, na página 277, do livro Educação, encontramos estes:

"Ordem, perfeição, pontualidade, governo de si mesmo, temperamento jovial, uniformidade de disposição, sacrifício próprio, integridade e cortesia".

No mesmo livro e na mesma página já mencionada há outro pensamento que por merecer a atenção e o interesse de todos os que se dedicam ao ensino queremos destacar:

"O professor não poderá impor-se ao respeito de seus discípulos de nenhuma outra maneira a não ser revelando em seu próprio caráter os princípios que ele procura ensinar-lhes".

Sem sair desta seqüência de idéias desejo lembrar-vos que o Livro Santo, na Primeira Epístola aos Coríntios 4:20 diz: "que o reino de Deus não consiste em palavras, mas em virtude", querendo com esta frase ensinar-nos o preceito divino que é na vida e não na boca, nos atos e não nas palavras que está o verdadeiro valor.

Há uma falsa religiosidade em nossa Pátria, porque há muita religião nos lábios, muita religião pregada, mas pouca religião vivida.

Se deixarmos a história sagrada e perlustrarmos a história secular, concluiremos que os princípios apresentados pelos grandes pensadores são os mesmos, pois o famoso filósofo latino Sêneca preceituou:

"Quando nos guiam por preceitos o caminho é longo, o exemplo abrevia-o e fortifica-nos".

Guiai as crianças não tanto por doutrinas e regras, mas pelo vosso exemplo, para que o caminho e o estudo lhes sejam fáceis e agradáveis.

Gentis professoras, esforçai-vos sempre para aumentar o vosso conhecimento, pois não podereis perder de vista o fato, de que até o último dia da vida sereis estudantes. Deveis ainda estar bem cientes desta verdade, que na escola apenas aprendestes a estudar, recebestes uma orientação geral, porém o verdadeiro estudo começa ao deixar os bancos escolares; mas aumentando em saber devemos também aumentar em simplicidade e humildade.

Quero lembrar-vos de um dos conselhos do respeitável mestre Rui Barbosa, que paraninfando uma turma de ginasianos disse:

"Para não arrefecerdes imaginai que podeis vir a saber tudo, para não presumirdes, refleti que, por muito que souberdes, mui pouco tereis chegado a saber".

Procurai ser sempre humildes, porque a humildade é entre as virtudes uma das mais belas, uma das mais agradáveis e porque não dizer mesmo, a mais cristã.

"Nada é tão ofensivo a Deus, nem tão prejudicial à alma humana como o orgulho e a presunção". – Parábolas de Jesus, pág. 154.

Desejo ainda falar sucintamente sobre um aspecto do ensino, que alguns poderão achar fora de lugar num discurso de formatura, mas a mim não me parece ao falar a normalistas, e este aspecto é o das notas. Como professoras encontrareis este problema e penso com alguns, que se não houvesse notas a nossa missão seria mais fácil, porém, a nota apenas se tornaria supérflua se todos os alunos estudassem para aprender e não somente para passar de ano e alcançar um diploma.

Em ligeira consideração, posso dizer que ao atribuirmos as notas, há dois extremos que devemos evitar. O primeiro é o da nota excessivamente baixa, que mata a confiança própria, desanima o educando a prosseguir, podendo até trazer-lhe complexos de inferioridade; e o segundo que precisamos evitar é o caso contrário, da nota alta, liberal, que pode mesmo depor contra a capacidade e idoneidade do mestre. Esta nota generosa, quase sempre, é prejudicial porque o estudante raciocina da seguinte maneira, se tiro nota alta sem estudar, não preciso esforçar-me. Estes dois erros opostos devem ser evitados, porque a nota muito baixa pode fazer um vencido e a muito alta um convencido.

Não posso concluir sem dizer uma palavra sobre o lema escolhido.

"Educação – Seguro para a Vida, Passaporte para a Eternidade".

Ele é sugestivo, profundo, inspirador e demonstra ainda que como mestras cristãs estais preocupadas não apenas com a preparação do educando para esta vida, mas especialmente para a vida do porvir.

Distintas normalistas, quero ainda dizer-vos que de nada valerá um lema se não envidardes esforços para que ele se concretize em esplêndida realidade.

Prezadas formandas, ou melhor já agora formadas, procurai nortear a vossa vida profissional inspiradas no sublime ideal da educação cristã e se a vossa profissão não trouxer compensações materiais, podereis estar cientes de que nela haverá compensações morais e espirituais.

Ao nos despedirmos, distintas amigas, quero deixar convosco ainda dois pensamentos de uma notável e dedicada professora:

1º) "Um mestre zeloso aproveita todos os meios para fazer bem aos seus discípulos".

2º) "Amar a vossa profissão, de alma, vida e coração e aplicar-vos a desempenhá-la com todo o zelo e perfeição possíveis".

 

Do Todo-Poderoso nos vem todas as coisas, portanto a Ele o nosso mais sincero, o mais expressivo e o mais justo dos agradecimentos.

Amém.


 


 

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MENSAGEM  AOS  TEOLOGANDOS

TOPO

 

Amáveis teologandos de 64, a bondade de vossa deliberação, convidando-me a paraninfar a solenidade desta noite festiva, em que recebeis a recompensa de longos anos de estudos e trabalhos, faz jus aos meus agradecimentos sinceros e inesquecíveis. Pela distinção que me conferistes, o meu mais leal e profundo muito obrigado.

O príncipe da tribuna sagrada no Brasil, Francisco de Monte Alverne, ao enfrentar seleto e distinto auditório na Capela Imperial, já cego e cansado das lides da oratória, deixou ecoar pelo espaço esta frase, que se tornaria célebre entre os oradores sacros: - "Supra o assunto as forças que me faltam".

Parafraseando o ilustre mestre da retórica nacional direi: supra o assunto o vosso espírito esclarecido e lúcido, a vossa benevolência e compreensão, e sobretudo, que minhas limitações e deficiências, sejam supridas pela longanimidade e poderes divinos.

Amigos teologandos, estais sendo nesta noite laureados em Teologia.

Que significa receber um diploma em teologia?

Significa que tendes como objetivo vos tornardes obreiros de Cristo, ministros na Causa do Evangelho.

Nosso assunto é uma resposta a esta pergunta: Que significa ser um ministro?

Significa que tendes um sublime privilégio, mas privilégio que traz consigo árdua responsabilidade, pois sois chamados por Deus, como seus cooperadores na salvação de almas.

É alto privilégio ser chamado para cooperar com Deus, pois notai para o que disse Teodoro Roosevelt: "Sem dúvida, o melhor prêmio que a vida oferece, é a oportunidade de trabalhar arduamente, numa obra digna de ser feita".

Que trabalho pode haver mais digno de ser feito do que pregar o Evangelho de Cristo, do que ajudar almas necessitadas? Evidentemente nenhum.

Ser ministro, significa não ter a mentalidade daqueles que crêem, que por receberem um diploma não precisam mais estudar. Se há uma classe, que sempre precisa estudar, esta é a dos pregadores.

Como obreiros de Cristo, não podereis malbaratar o tempo, deixando transcorrer as horas inutilmente, mas deveis empregá-las no aprimoramento intelectual, no aperfeiçoamento da vossa vida espiritual, pela meditação e oração, e no trabalho abnegado em prol dos necessitados.

Ter o título de ministro de Cristo, significa que desejais dedicar tudo o que sois e tendes, ao trabalho mais santo já confiado a mortais.

Significa que estais dispostos a colocar-vos nas mãos de Deus, para que a vontade dEle se cumpra em vós, e para alcançardes pleno êxito na carreira ministerial deveis adotar esta máxima:

"Senhor, aqui me encontro para o Teu serviço, para gastar-me e sacrificar-me se preciso for, pela Causa do Evangelho".

Significa não olvidar, que o ministério é um trabalho que a pessoa não escolhe, mas que é escolhida por Cristo, como nos indica Paulo, na sua I Epístola a Timóteo, cap.1:12 - "Sou grato para com aquele que me fortaleceu, a Cristo Jesus nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério".

Foi o senso do chamado divino, um dos segredos para o ministério profícuo de Paulo, e deve ser também para o vosso.

Ser um obreiro eficiente e forte, espiritualmente, significa que não podereis ter o coração dividido. Um ministro não pode ser um ganhador de almas e ao mesmo tempo um ganhador de dinheiro. Em nosso país há muitos adquiridores de dinheiro, mas poucos conquistadores de almas. Sede sempre e unicamente granjeadores de almas para Cristo.

Há um pensamento latino que diz: "Age quod agis" e bem se aplicaria a esta altura de nossas considerações, porque significa: Faça o que você esta fazendo ou Faça uma coisa só.

Fazei o trabalho de Cristo com toda a dedicação, com toda a vossa capacidade e com todas as vossas forças. Paulo assim agia e este foi outro dos segredos para o seu desprendido e eficiente ministério.

"Uma coisa faço..."

Fazei só uma coisa – o trabalho para o qual Cristo vos escolheu.

Ser ministro, significa encontrar no ministério incompreensões, problemas, contratempos e mesmo oposições, mas não se deixar abater por estas adversidades, e sim vencê-las com o poder que vem do alto.

Ser um representante de Cristo, significa ter a consciência de que o vosso valor será medido não tanto pela capacidade intelectual ou administrativa, mas principalmente, pelo vosso caráter, por vossa formação moral, pela vossa dedicação ao trabalho e pelos vossos elevados e dignos princípios religiosos. Não podereis perder de vista, que valores morais e espirituais, sobrepujam valores intelectuais e materiais.

Significa também, que como ministros de Cristo não podereis estar tão absorvidos com os trabalhos da Igreja e com problemas dos crentes, que não sobre tempo para a vossa devoção pessoal, pois para cuidardes bem da vida espiritual dos outros é necessário primeiro cuidar da vossa. Não podereis elevar o nível espiritual da Igreja se primeiro não elevardes o vosso.

"Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina, persiste nela, pois assim fazendo, salvarás a ti mesmo e aos que te ouvem". Sublimes conselhos de Paulo ao jovem ministro Timóteo (I Tim. 4:16), mas atuais e utilíssimos para a carreira que abraçastes.

Ser ministro significa que não podereis ler a Bíblia como profissionais, não podereis orar como profissionais, não podereis trabalhar como funcionários públicos ou mercenários, mas deveis ler a Bíblia e orar para adquirir força espiritual, recebendo poder do alto para serdes valiosa ajuda aos necessitados, jamais esquecendo, que o vosso trabalho, não é uma profissão, mas um sacerdócio.

Ser ministro significa ter como objetivo nas pregações salvar e não atrair a popularidade.

Significa que o vosso estudo, deve ter como escopo agradar a Deus e não agradar ao auditório, para conseguir boa reputação.

Significa que deveis pregar sobre doutrinas essenciais à salvação e não sobre assuntos populares e sensacionais.

Significa pregar sobre a malignidade do pecado, reprová-lo no mundo e na igreja, mostrando as conseqüências de não o abandonar para que os ouvintes saiam, não contentes com o pregador, mas descontentes com o seu procedimento e desejosos de mudarem de vida.

Significa ter firmeza, para que se vos perguntarem se é permitido tomar parte neste ou naquele divertimento, assistir a este ou àquele programa, ler determinados livros e revistas, possais mostrar com todo o amor, mas também com toda a firmeza, os princípios e normas da igreja, que se encontram, a este respeito, na Bíblia e nos Testemunhos e não dizer: isto é uma questão de consciência, depende da opinião de cada um, não está em mim defender ou condenar estas coisas.

Ser um pregador do evangelho, significa saber que Jesus não apresentou perspectivas brilhantes e caminho fácil a ser trilhado pelos seus representantes aqui na terra.

Disse o servo de Cristo Rufus Jones: "Que só existe uma tentação que nos persegue por toda a vida – o desejo de viver vida fácil".

O verdadeiro servo de Cristo não pode esperar vida fácil e conforto material, porque estes são empecilhos em seu ministério e obstáculos na trajetória para a cidade de Deus.

Significa também não perder de vista que não há salário abundante, nem cargos honoríficos, nem confortáveis vivendas, nem ainda multidões ansiosas para aplaudirem vossos sermões.

Significa que não podereis estar ansiosos por cargos e posições, e muito menos que deveríeis ficar melindrados e agastados, se a posições chegardes, e a elas tiverdes que renunciar.

Significa que como representantes de Cristo, deveis representar o Seu caráter na palavra e no procedimento.

No livro "Luz e Calor", do Padre Manuel Bernardes, se encontra este pensamento: "Três classes de pessoas são infelizes na lei de Deus: o que não sabe e não pergunta, o que sabe e não ensina, o que ensina e não pratica". Ser embaixador de Cristo, significa que deveis saber qual é a vontade de Deus e ensiná-la aos que não a conhecem, primeiro o vosso viver deve ser um exemplo, porque desprestigia tanto a religião como o pregar dissociado mas nada da prática.

Para pregardes sermões poderosos e eficientes, primeiro deveis vivê-los, jamais esquecendo que a vida do pregador é a única Bíblia que alguns têm a oportunidade de ler.

Ser ministro, significa não escolher um lema por tradição, mas crer que o lema é uma frase estimulativa que nos ajuda a alcançar o alvo.

O lema que escolhestes: "Com Cristo, por Cristo até o Alvorecer", deve impregnar toda a vossa vida.

Cristo sempre deve ser para vós, a dádiva celestial a este mundo necessitado, o fanal a iluminar-vos a meta do futuro, a esperança a confortar-vos em meio às vicissitudes da presente vida, o redentor que traz alegria, paz e salvação a todos nós.

De que dependerá o êxito em nosso trabalho?

Muitas seriam as respostas em que poderíamos pensar, mas achamos que o segredo da vitória se encontra em vosso lema. Perfeita união com Cristo.

No livro Evangelismo na página 170, lemos:

"Nisto consiste o segredo do êxito, na pregação de um Salvador vivo, pessoal, de maneira tão simples e ardorosa que pela fé, as pessoas se apossem do poder da palavra da vida".

Caminho a Cristo, na página 70, diz:

"Consagrai-vos a Deus pela manhã; fazei disto vossa primeira tarefa. Seja vossa oração: Toma-me, Senhor, para ser Teu inteiramente. Aos Teus pés deponho todos os meus projetos. Usa-me hoje em Teu serviço."

 

Quão poderoso e quão diferente seria o ministério adventista se cada obreiro seguisse estes conselhos.

Seria impossível, estender-nos sobre outras qualidades e atributos que deveríeis possuir, mas quero apenas ressaltar um predicado importante para o obreiro – a humildade.

Estimados teologandos, pregadores têm fracassado, porque confiaram em seus talentos, vangloriaram-se de seus triunfos, ensoberbeceram-se de sua aptidão.

Para não vos orgulhardes, esvaziai-vos do próprio eu e enchei-vos de Cristo, porque o Seu exemplo nos inspira humildade. Notai bem que há dois traços que pintam um caráter: a atividade em prestar serviço, o que prova generosidade; e o silêncio sobre o serviço prestado, o que prova a grandeza da alma.

Coisa alguma cerrará mais a porta do coração à religião do manso e humilde Jesus do que o orgulho. Tihamer Toth, insigne escritor húngaro, conta no seu livro Cristo Rei, que nos dias sangrentos do comunismo na Hungria, ele se encontrou com um estudante do quarto ano de bacharelato, com quem manteve animada conversação. A certa altura da palestra o moço disse que queria ser padre. Agora, respondeu-lhe o escritor, no mais aceso da perseguição religiosa: "Não sabes que sendo sacerdote estarás sujeito a morrer de fome, talvez num calabouço?" O rapaz respondeu com toda a decisão: "Não importa, Jesus Cristo também então estará ao meu lado."

De igual modo, distintos teologandos, não sabeis o que vos aguarda o futuro. Lutas, problemas e perseguições talvez tereis que enfrentar, mas podereis estar confiantes, de que nessas horas difíceis, Cristo estará convosco, se estiverdes com Ele e trabalhando por Ele.

"Não pare e não volte" era a inscrição que se lia numa ponte em determinada localidade.

Alguns graduandos em teologia, caminham com Cristo e por Ele trabalham durante algum tempo, mas depois abandonam o ministério para seguir outras carreiras e ainda um ou outro chega a perder a fé, abandonando a Igreja.

Jovens teologandos, eu vos concito neste momento solene e significativo a que não pareis na carreira cristã, e que também não retrocedais do alvo a que vos tendes proposto.

"Com Cristo, por Cristo até o alvorecer" é o vosso lema.

Daqueles que lançam mão do arado e olham para traz, Cristo declarou enfaticamente, que não são aptos para o reino de Deus.

A palavra alvorecer do vosso lema nos indica que estamos vivendo na grande noite do pecado, noite de misérias e sofrimentos, noite de tristezas, morte e dores e hoje sois enviados a esta noite com a missão sublime de serdes estrelas fulgurantes, sempre brilhando por Cristo; mas, lembrai-vos de que o vosso brilho dependerá da 1igação que mantiverdes com Cristo – a Estrela da Manhã – o Sol da justiça da palavra divina.

Disse Cristo aos seus discípulos em São João 13:17 - "Se sabeis estas coisas bem-aventurados sois se as fizerdes".

Diletos formandos, de igual modo, se atentardes para os ensinos divinos, aprendidos nestes quatro anos na Faculdade de Teologia, se praticardes os conselhos e admoestações ouvidos, desde sexta-feira até hoje, nas solenidades de formatura, alcançareis a vitória e sereis bem-aventurados.

 

Antes de vos despedirdes destas colinas amigas e de nos separarmos, permiti que vos diga: Ide a todos os rincões da nossa Pátria e mesmo a plagas estrangeiras, mas sempre com Cristo e se todos não pudermos mais reunir-nos aqui, praza aos céus, que sem a falta de nenhum estejamos nas mansões dos salvos, por ocasião do grande alvorecer.

 

E quando se der o alvorecer o que isto significará para o mundo?

Significará abundância para os pobres, pão para os famintos, habitações para os desamparados, porque hoje o egoísmo e o orgulho dos ricos e poderosos não pode compreender o desprendimento dos genuínos cristãos.

Significará fala para os mudos; liberdade para os cativos; paz para os turbados; descanso para os cansados; alegria para os tristes; companhia para os solitários; imortalidade para os mortais, porque todos estes são atributos cristocêntricos.

Em vez de cruzes teremos coroas, flores em lugar de cardos, paz em lugar de lutas, perdão em vez de condenação, harmonia em lugar de discórdias, vitória final se estivermos com Cristo e Cristo estiver em nós.

Finalizando mais uma vez diremos: Ide com Cristo, lutai e trabalhai por Cristo, para que quando se der o grande alvorecer, vós, nós e todos os salvos incluindo as almas tiradas da noite do pecado, pelo vosso dedicado ministério, estejamos no lar dos remidos, abençoados pela resplandecente Estrela da Manhã.

Oremos, lutemos e trabalhemos para que este grande evento se dê ainda em nossos dias. 

 

Discurso pronunciado aos teologandos de 1964, ao ensejo da cerimônia de graduação.

 

 


 


 

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CINQÜENTENÁRIO  DO  I.A.E.

TOPO

 

Palestra Proferida no dia 15 de Novembro de 1965.

 

Mui dignos ex-alunos e adeceanos presentes, diletos líderes da obra Adventista, prezados membros da família iaense.

Todas as nações, como os indivíduos, possuem datas memoráveis, e estas datas, muitas vezes, relembram acontecimentos que modificaram os destinos da humanidade.

Dentre as datas cívicas de nossa pátria, há três  que se destacam e se projetam sobremaneira: 21 de abril que relembra as primeiras tentativas para a nossa independência; 7 de setembro, confirmando a concretização do ideal de libertar-se da opressão lusa; 15 de novembro, o anseio dos brasileiros por uma nova forma de governo, ou seja a mudança do regime monárquico para o republicano.

O governo monárquico brasileiro foi bom, pois tivemos em Dom Pedro II um imperador magnânimo, culto, honesto e esclarecido, mas os brasileiros não estavam satisfeitos, porque queriam uma melhor forma de governo e esta melhor forma era a república.

Mas o que é a república?

Deixemos que a defina, a pena magistral do príncipe dos prosadores brasileiros – Coelho Neto: "República é o regime político, no qual domina a vontade do povo, e em sufrágio livre, elege os mandatários da sua nação. É a forma ideal de governo, quando o povo convenientemente preparado pela instrução, exerce conscientemente o seu principal direito e dever cívico, que é o de escolher entre os homens superiores os seus representantes".

A república foi fundada, construída graças ao idealismo de uma plêiade de brasileiros ilustres, e apesar de algumas borrascas contrárias, cada dia mais o Brasil se firma, e se todos os timoneiros da pátria, o tivessem dirigido com aquelas virtudes e atributos, que os povos esperam de seus governantes, muito mais sublime seria hoje o seu destino no cenário das nações.

Se o dia de hoje é significativo para a pátria, ele tem também marcante significação para a Igreja Adventista e com especialidade para este Colégio, porque as comemorações cinqüentenárias iaenses, atingem hoje o seu ponto culminante.

O ano de 1915 foi para o Movimento Adventista, data de transcendental importância, porque foi o marco histórico desta cidade do saber.

Cinqüenta anos se passaram, desde que alguns homens idealistas, esclarecidos e bem intencionados estabeleceram, sob a orientação divina, esta instituição de ensino.

Seria impossível em rápidas palavras, dizer do muito que este Colégio tem feito pela sociedade, pela pátria brasileira e pela causa do evangelho.

Para qualquer lugar que voltarmos os pensamentos, encontraremos os paladinos da verdade, os plasmadores de caracteres, os líderes da Organização, os orientadores da mocidade, os exímios manejadores da pena, os eloqüentes doutrinadores do púlpito, e todos estes devem a sua inspiração e preparo, especialmente, a esta querida escola.

Senhores, tudo o que estais vendo e sentindo nestas colinas amigas, tem sido o resultado do esforço conjugado dos membros da Igreja, do trabalho de diretores esclarecidos desde os primórdios com Lipke e Boehm, avultando-se entre outros Steen, Maas, Domingos Peixoto da Silva, Jerônimo Garcia, Rodolfo Belz, para chegarmos ao dinâmico e empreendedor Jairo Tavares de Araújo, a quem o 1.A.E. deve as comemorações condignas deste cinqüentenário, culminando hoje, com a inauguração deste singelo, mas para nós filhos desta casa, tão significativo centro cívico, cuja placa comemorativa relembrará esta efeméride. Eles estão localizados bem no coração desta casa, lugar já tradicional em nossa escola, pois foi aqui que nasceu esta instituição de ensino.

Mas seria ingratidão, se não tivéssemos uma palavra de apreço aos professores, que tanto têm feito para o engrandecimento desta colmeia do saber; para com os chefes de departamento, e para com os trabalhadores anônimos que, diuturnamente, cooperam para o bom nome deste centro de trabalho, cultura, civismo e religião.

Terça-feira última, foi lançado em São Paulo o livro intitulado A Maior Herança, onde o conceituado educador Sólon Borges dos Reis, nos mostra que nenhuma causa, nenhum programa é mais digno do devotamento humano, do que a preocupação com o preparo da nossa juventude.

Como Igreja temos compreendido o valor da educação, e graças a esta compreensão e idealismo educacional, é que temos hoje este templo de cultura, o nosso I.A.E., que granjeou nome e prestígio por todos os rincões da nossa Pátria.

Mas qual seria a causa primordial deste bom conceito?

Creio ser o seguinte: esta escola é dirigida pela orientação divina, baseada nos princípios das Escrituras e assessorada pela orientação dos livros Educação, Conselhos aos Professores Pais e Estudantes e Fundamentos da Educação Cristã, de Ellen G. White. Temos ainda como escopo não apenas ensinar, mas educar, formar, transformar o comportamento do educando, para que ele se torne bom cidadão nesta vida, e candidato ao lar eterno, que Cristo nos está preparando.

Dizia o saudoso Presidente Kennedy, que de nada adiantará a riqueza material se não soubermos valorizar a riqueza intelectual, moral e espiritual do nosso povo.

Há muitas famílias riquíssimas,  com filhos desajustados, inúteis e infelizes, porque, muitas vezes, lhes faltou lares cristãos, pais tementes a Deus e uma educação semelhante, a que é ministrada em nosso Colégio.

Sempre o passado teve grande importância no presente, para a vida do indivíduo e das nações.

O passado desta instituição não se encontra marcado em pedra, cristalizado nos anais ou nos livros de registro, porque o nosso passado sois vós, os ex-alunos, sois vós os adeceanos e este passado é presente, porque se faz representar nas mais variadas partes deste país e mesmo além das fronteiras da Pátria.

Orgulhosamente, pois, o Instituto Adventista de Ensino apresenta a todos quantos queiram ver seu valioso passado.

Eis aqui o seu passado, eis, vivo e atuante, a construção destes cinqüenta anos de existência.

É desnecessária qualquer eloquência, na apresentação do quanto construiu o nosso Instituto, porque os testemunhos diários, que ouvimos daqueles que por aqui passaram, e a vossa vida testificam dessa construção.

Por certo disse bem, aquele que disse: que as coisas e as pessoas podem trazer-nos satisfação, alegria e felicidade ou desgostos, tristezas e infelicidades.

Com a vossa presença hoje, nesta escola, nos estais trazendo o contentamento e a confirmação de quanto a estimais.

Sois vós, ex-alunos e adeceanos, vós somente e ninguém mais, os depositários da honra e do nome do Instituto Adventista de Ensino.

Urge que finalizemos, mas ouvi ainda a minha última petição ou o apelo da nossa escola.

O Instituto pede que o continueis honrando, dignificando sempre o seu nome, e que prossigais demonstrando, que aqui formastes personalidades altruístas, cristãs e bem equilibradas.

Almejamos que o 1.A.E. continue em sua marcha triunfal, cumprindo a missão precípua de educar, e se outras comemorações futuras o Senhor nos conceder, que Ele nos ajude, a nós seus filhos de hoje, a contribuirmos com a nossa humilde parcela para a grandeza e o brilho desta escola.

 

 

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