9 ESPÍRITO DE LOUVOR-COLOSSENSES 3.15-16
12 CORTESIA CRISTÃ-ROMANOS 12.10
1
Que é amizade?
É um sentimento que consiste em estimar a outrem,
querer a sua presença, desejar-lhe todo o bem possível, é um sentimento que
traz grande encanto à vida.
Na sua origem, a palavra significa atração recíproca
entre duas pessoas, que têm as mesmas tendências e os mesmos hábitos. A amizade
é uma dedicação menos intensa, mas mais firme e duradoura que o amor.
Os mais notáveis sábios e filósofos da antigüidade glorificaram a amizade, chegando Cícero a
equipará-la à sabedoria.
Em Roma, a amizade era representada por uma jovem
coroada de flores. Na sua mão direita ostentava dois corações presos por
correntes, mostrando com a mão esquerda o peito até o coração, no qual se lia a
seguinte frase – de perto e de longe. Na orla do seu vestido se encontravam
impressas estas significativas palavras: Para a morte e para a vida.
Sim, a verdadeira amizade deve ser cultivada, quer
estejamos perto, quer estejamos longe e mesmo a própria morte não a pode
extinguir.
Os antigos pagãos, davam tanto valor à amizade, que
a colocavam entre as virtudes divinizadas, ao lado da fé, da esperança e do
pudor.
Algumas pessoas pessimistas têm afirmado: Mas isto
foi no passado, no mundo de hoje, caracterizado pela pressa e utilitarismo, não
há mais lugar para belas e profundas amizades. Chegam outros a afirmar que a
amizade não passa de uma bela figura de retórica. Como confirmação de sua tese,
apontam múltiplos exemplos, de amigos atraiçoados pelos amigos e abandonados
nas horas mais incertas e difíceis. Este pensamento nos faz lembrar da
declaração do Profeta Jeremias, em seu livro, capítulo 9, verso 4:
"Guardai-vos cada um do seu amigo e de irmão
nenhum vos fieis; porque todo irmão não faz mais do que enganar, e todo amigo
anda caluniando."
De fato a civilização materialista, egoísta e
apressada em que vivemos nos impressiona, mas apesar disso ainda há almas
nobres, generosas e altruístas que sabem cultivar imorredouras, sinceras e
admiráveis amizades.
Enquanto houver consciências dignas e espíritos
elevados existirá esta nobre virtude.
Pensamentos
de Literatos e Filósofos Sobre a Amizade
Os provérbios e explicações sobre a amizade são
muitos, alguns inexpressivos, mas outros profundos e significativos.
Fazendo uma pesquisa, na rica messe existente, eis
alguns dos que mais me impressionaram:
"Só pode haver verdadeira amizade entre os que
acreditam nos mesmos valores." L. Lavelle
"O
verdadeiro amigo exige tudo e tudo perdoa, dizia Mme du Deffand. Deus é
nosso verdadeiro amigo." G. Cesbron
"A
verdadeira amizade sorri na alegria, consola na tristeza, alivia na dor e se
eterniza em Deus." J. Calvet
"A
amizade é um aroma que perfuma a vida, uma suavidade que a encanta, uma
lembrança que a embeleza." Lamartine
Cícero, o grande tribuno latino, assim se expressou
sobre ela: "A amizade torna mais suportável a adversidade."
Outra ocasião declarou:
A amizade vale mais que a prata e o ouro.
A amizade não se adquire senão pela amizade.
A amizade finda onde a desconfiança começa.
Santo Ambrósio, em Os Três Livros das Obrigações Cristãs Civis, tem bons pensamentos
sobre esta virtude cristã:
"Abra
o seu coração ao amigo, para que lhe seja fiel, e dele colha o gosto pelas
coisas elevadas da vida, pois o amigo fiel é remédio para a vida".
"Não
falte ao amigo na necessidade; não o deixe, nem o desampare, porque a amizade é
o socorro da vida".
Notem bem para esta
última declaração, prezados jovens: "Vocês não devem ser amigos de quem
for infiel a Deus".
Émerson declarou: Há três elementos para a
composição de uma verdadeira amizade:
1º) Ser sincero: amigo é uma pessoa sincera, quem
usa de falsidades não faz amizades.
2º) Ser bondoso, isto é, ter interesse leal no bem
estar dos outros.
3º) Ser magnânimo, porque para fazer amizades é
necessário ter ânimo grande, compreender os outros.
Há um provérbio que diz: O homem precisa ter um
amigo a quem possa desabafar e no qual possa confiar.
Quando há lutas, tristezas e decepções, quão bom é
termos um amigo a quem podemos abrir o nosso coração.
Exemplos
de Amizades Célebres na História
1º) Alexandre Herculano, o notável
historiador português, homem de caráter austero e digno teve grande amizade
pelo Rei D. Pedro V. Quando D. Pedro faleceu, o grande vulto das letras
lusitanas chorou. "Foi a primeira vez", revela Bulhão Pato, "que
vi Alexandre Herculano chorar como uma criança."
2º) A amizade que uniu Garrett e Gomes de
Amorim está entre aquelas que não podem ser esquecidas. Gomes de Amorim
estava no Brasil trabalhando como empregado de uma casa comercial, quando
apareceu a primeira edição do poema Camões de Almeida Garrett. Amorim lê o
livro e escreve ao autor, contando da sua admiração pela obra. O eminente
escritor, com o cavalheirismo e elegância que lhe eram peculiares, respondeu a
carta do humilde caixeiro de 17 anos, com palavras generosas e animadoras. Amorim
regressa a Portugal, dirige-se a Lisboa, onde chega com apenas 300 reis no
bolso. Procura Garrett que o acolhe afetuosamente, conseguindo-lhe
um emprego. Esta atitude de um homem ilustre por uma pessoa obscura merece o
nosso respeito e admiração. Esta amizade não apenas se prolonga durante a
existência dos dois, mas vai além da morte, pois após o falecimento de Garrett,
foi Amorim quem escreveu a biografia do grande romântico português e mais do
que isto, defendeu-o das setas eivadas daqueles que o invejavam e caluniavam.
3º) Um jovem ia separar-se da sua noiva para ir a
uma terra distante. Ao despedir-se da noiva, em vez de dizer-lhe palavras
românticas ou vulgares, teve, quando lhe apertava a mão comovida e trêmula,
esta simples frase, que era a síntese do grande amor que lhe ia na alma.
"Firme como uma rocha".
Esta frase foi um incentivo aos dois para não
esquecerem o sentimento que os unia. Bem diferentes deste caso, têm sido muitos
outros noivos que se separam durante algum tempo.
Citar o exemplo de uma moça do I.A.E. que recebeu o
convite para o casamento do noivo.
A frase: "Firme como a rocha" nos sugere
que assim também devia ser a verdadeira amizade. De modo que nem a ausência,
nem o tempo consigam destruir este maravilhoso afeto que une duas almas.
4º) A amizade entre Damão e Pítias.
Quem já não ouviu falar da amizade que uniu Damão e
Pítias, dois filósofos que viveram no tempo de Dionísio, o tirano de Siracusa.
Dionísio se tornou famoso na história pelas atrocidades que cometeu, pois sob o
menor pretexto mandava matar os seus súditos. Construiu várias prisões
subterrâneas onde encerrava as suas vítimas.
Uma intensa e profunda amizade unia Damão e Pítias.
Por uma fútil razão Pítias foi condenado à morte, mas pediu a Dionísio algum
tempo para arrumar a sua vida e solucionar os seus negócios. Damão se ofereceu
para morrer em lugar do amigo, se este não estivesse de volta no momento
fixado. Chegou a hora do suplício, muita gente se havia reunido, inclusive o
tirano, para assistir à execução. Damão ia ser executado, quando apressadamente
irrompe por entre a multidão Pítias apresentando-se para a morte. Dionísio,
apesar de sua maldade e severidade ficou comovido, perdoou a Pítias pedindo aos
dois filósofos que o admitissem como 3º componente naquela sublime e
extraordinária a amizade. Aceitaram estes dois amigos a sua proposta?
Absolutamente, pois Dionísio devido ao seu caráter, não era digno de partilhar
tão extraordinário sentimento que unia estes dois vultos da história.
Amizade
na Bíblia
Sendo a amizade uma das maiores bênçãos do céu, na
Bíblia também encontramos o relato de belas e sublimes amizades, mas as três
mais inspiradoras e significativas são as seguintes:
1ª) A amizade cultivada por Jônatas e Davi,
relatada em Samuel 18. No verso 1 lemos:
"Sucedeu
que, acabando Davi de falar com Saul, a alma de Jônatas se ligou com a de Davi;
e Jônatas o amou como à sua própria alma.".
Dentre os exemplos bíblicos de amizade, nenhuma se
agiganta, como esta que uniu o filho de um rei a um simples e humilde pastor de
ovelhas.
Jônatas se coloca ao lado do amigo, contra o seu
próprio pai, avisando Davi dos perigos que o assediam, chegando a arriscar a
própria vida em prol do amigo.
I Samuel 20:4 declara que Jônatas disse a Davi: Eu
farei por ti tudo o que a tua alma me disser. Esta expressão traduz o profundo
sentimento de amizade que os unia.
Este sentimento era tão profundo, que quando
Jônatas foi morto Davi exclamou: Mais maravilhoso me era o teu amor do que o
amor das mulheres.
Por esta expressão, Davi demonstrara a profundeza
da amizade que dedicava a Jônatas. Jônatas sofrera a perda da coroa e do reino
devido a sua afeição por Davi. Para Jônatas esta amizade significava muito mais
do que fama e fortuna.
Depois dos pais, nenhuma influência terrena sobre a
vida de alguém se iguala, a de um verdadeiro amigo.
A clássica história de Davi e Jônatas, nos mostra
que, para que haja amizade verdadeira entre duas pessoas, é necessário que elas
possuam qualidades afins.
Infelizmente, este digno exemplo de amizade, tem
sido citado negativamente por uma parcela de nossa sociedade, que nutre um
vício deprimente e aviltante em defesa de suas taras e indignidades.
2ª.) A amizade de Noemi à sua sogra Rute
é de uma ternura e de uma significação fora do comum. A confirmação do cultivo
desta virtude nós a encontramos em Rute 1:16:
"Disse, porém, Rute: Não me instes para que te
deixe e me obrigue a não seguir-te; porque, aonde quer que fores, irei eu e,
onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é
o meu Deus."
3ª) A amizade que unia Jesus à família de
Betânia e ao discípulo amado.
Cristo quando esteve na Terra teve muitos amigos e
demonstrou o belo sentimento da amizade a muitas pessoas, mas os dois episódios
mais conhecidos são estes:
a) Em Lucas 10:38-40 há um relato simples que nos
mostra a afeição que Cristo dedicava a uma família, cujos componentes eram: Maria,
Marta e Lázaro.
Sendo que Jesus era amigo de Lázaro, as irmãs se
valeram desta amizade, para pedir-lhe que viesse para auxiliar a Lázaro que
estava enfermo.
Em João 11:11 Jesus declarou: "Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou
para despertá-lo." Jesus se impressionou tanto com a morte daquele
amigo dedicado e sincero, comovendo-se de tal maneira que chegou a chorar.
Jesus notabilizou o sentimento da amizade,
dando-nos o exemplo para que cultivemos mais este sentimento entre nós.
b) A amizade profunda que o Divino Mestre dedicou a
João, conhecido como o discípulo amado, é verdadeiramente impressionante. Esta
amizade é evocada no quadro da ceia, quando João encostava a sua cabeça, ao
peito de Jesus. Esta amizade vai além da morte do Salvador, pois João levou
Maria, a mãe de Jesus, e cuidou dela até a sua morte.
Como
Cultivar Amizades
Para o cultivo de leais amizades, é necessário que
a pessoa esteja disposta a fazer sacrifícios, a ser altruísta, ou pensar nos
outros, cuidar dos outros e agir pelos outros.
Amizade só se conquista pela amizade.
Para conquistar amigos é preciso ser prudente e
amável.
O padre Manuel Bernardes afirma o seguinte:
"Não é bom para amigo quem não sabe guardar segredo."
Quão bela seria a vida se fosse dada mais atenção à
verdadeira amizade, num mundo retalhado por inimizades mesquinhas e por ódios
implacáveis, só a amizade e o amor poderão restabelecer o ambiente de fraternal
concórdia cristã.
Só o culto da amizade terá força para atrair sobre
o mundo o equilíbrio e a paz de que ele tanto carece.
Ao ensejo da tradicional Festa da Amizade em nosso
Colégio, que os nossos pensamentos se voltem para este extraordinário
sentimento – que cultivemos profundas e duradouras amizades, para que a vida se
torne mais agradável, pois como disse alguém: A amizade é um oásis maravilhoso no meio do deserto das almas, é uma
ilha encantada que todos os navegantes procuram, e os náufragos, nas horas do
mar tempestuoso com ansiedade e aflição a buscam.
Palestra proferida na Reunião dos Jovens, no CAB,
em 1948.
2
OTIMISMO
O nosso mundo atravessa uma fase difícil, problemas
econômicos, desemprego, inflação excessiva, decadência moral dentro e fora da
Igreja, envolvimento com tóxicos, violência por toda parte, medo dos ladrões,
etc., etc., trazendo sofrimentos reais e imaginários à nossa sociedade. Diante
desta situação difícil, muitas pessoas se tornam pessimistas, concluindo que
não vale mais a pena viver, por isso creio ser oportuno tratar de um assunto,
que visa a exaltar um dos valores morais do homem, de que tanto necessitamos,
neste mundo conturbado – o otimismo.
Embora o otimismo seja uma virtude, o seu exagero
pode mostrar-se contraproducente, como o otimismo absoluto de Leibnitz, que declarava: "tudo anda pelo melhor, no
melhor dos mundos possíveis". Esta atitude pode ser mais prejudicial do
que qualquer tipo de pessimismo, porque se tudo corre às mil maravilhas,
podemos cruzar os braços diante da miséria e sofrimento que afligem o nosso
próximo. Outra faceta prejudicial deste otimismo se encontra no ufanismo de alguns
patriotas que exageram o tamanho e o valor das nossas coisas, dando uma
impressão distorcida da nossa realidade, como fez Afonso Celso, com seu livro Porque me Ufano do meu Pais,
apresentando nossa pátria como a melhor do mundo.
Evidentemente não é este otimismo estéril e nocivo
que quero apresentar neste artigo, mas sim aquele que olha para o lado bom e
róseo das coisas, que mesmo não sendo as melhores, delas podemos aprender
lições úteis.
Toda a existência humana oferece altos e baixos.
Pensar que haja gente que não sofra e não tenha agruras e dissabores é utopia.
Todos nós, na trajetória da vida, temos dias de sol e dias de chuva. O que é
preciso é saber enfrentar as dificuldades com ânimo forte.
Pessoas há, porém, que quase sempre se manifestam
razoavelmente contentes com a existência, apesar dos transes aos quais são
submetidas, enquanto outras, mais bem aquinhoadas em vários sentidos, não
aceitam as circunstâncias desfavoráveis e se queixam a todo propósito, ou
repetidamente se lastimam.
Não obstante, a satisfação de viver, tem muito que
ver com as condições intrínsecas ou o temperamento de cada um; a força de
vontade, a disposição de lutar para pensar positivamente, muito contribuirá
para vermos a vida por um prisma mais construtivo.
A pessoa otimista já demonstra no rosto a têmpera
de que é feita. Está contente com tudo e com todos. Não há nada que a moleste,
nem quando entra aos empurrões no ônibus do Jardim das Rosas, ou vem em pé,
apertada, durante uma hora e meia do Anhangabaú ao I.A.E., sentindo o odor de
pessoas, que não são muito amigas do asseio pessoal. Não defendo que esta
situação seja agradável, mas sim, quando precisamos enfrentá-la, é melhor fazer
com boa disposição de ânimo, sem murmurações.
O otimista atrai como o ímã, distribui alegria e
felicidade, como o sol irradia luz, calor e vida. Está sempre alegre e
sorridente.
Ao conversar com um otimista ele nos dirá e nos
provará que na vida há sempre um lado escuro e um brilhante; a escolha vai
depender de nós. Num dos lados se acha a desolação, o desânimo; no outro, o
entusiasmo, a felicidade e a paz. Até a enfermidade ou a doença tem o seu lado
favorável e brilhante: mostra o valor da saúde, pela qual devemos zelar com
todo o carinho; ela nos proporciona mais tempo para a meditação e comunhão com
Deus; desenvolve os laços de solidariedade humana.
Ao redigir este artigo, estou jungido ao leito,
vítima de um atropelamento, mas as manifestações de simpatia recebidas de
colegas, estudantes, amigos e familiares me deram incentivo e motivos para
louvar a Deus. As angústias morais, que todos as temos, as tristezas, as
desilusões, devem ser para nós experiências, degraus para a ascensão na escala
do aperfeiçoamento do caráter.
O otimista e o pessimista encaram as coisas por
prismas diferentes, como por exemplo:
Para o pessimista o sol só serve a fim de fazer
sombras ou causticar-nos quando é muito quente.
A chuva só serve para nos aborrecer, molhar-nos,
fazer lama, atrapalhar os nossos planos diários.
As frutas têm cascas e caroços para irritar a
paciência humana.
As roseiras possuem espinhos para nos ferir.
O otimista já é diferente na sua visão.
O sol é lindo e a fonte da vida para as plantas e
nós. Como são tristes os dias quando ele não aparece.
A chuva é uma bênção divina para encher os
mananciais e para fazer a terra produzir em abundância.
Que sabor e que préstimo têm as frutas bem
protegidas pelas cascas e contendo, ademais, em seu bojo o germe de novas
frutas para perpetuá-las.
E que maravilha existirem entre os perigosos
espinhos das roseiras, flores viçosas com perfume tão agradável.
Dignificantes
Exemplos de Otimismo
1º) Dizem que Sydney Smith era muito doente, mas escrevendo a um amigo ele
declarou: "Tenho gota, asma e sete doenças mais, todavia fora disto, estou
bem". Uma pessoa que pode escrever isto, tem uma personalidade que nos
transmite úteis lições.
2º) Quando estudante no Curso Clássico, em 1944,
recebi como prêmio num concurso de redações, o livro Adele Kamm, oferecido pela
professora Albertina Simon. Adele Kamm, de cuja história jamais me esquecerei:
foi uma jovem suíça, bonita e inteligente, que mais ou menos aos 18 anos foi acometida
de tuberculose; vindo a falecer 7 anos depois. Durante toda a sua enfermidade,
mas especialmente nos últimos meses de vida, enfrentando dores as mais atrozes,
nunca teve uma palavra de desânimo, de infelicidade, de desconfiança na
proteção divina. Sentia-se sempre feliz e otimista, animando todos os que a
visitavam e que com ela mantinham correspondência.
Quero apenas destacar algumas de suas últimas
declarações, que nos incentivam a ver a vida pelo lado belo e construtivo:
"Ainda neste caso, devemos confiar e dizer a
nós mesmos que a vida tem um fim nobre e belo, quando pode ser consagrada ao
serviço do bem". Pág. 189.
"Se me interrogassem a respeito do objeto de
minha maior felicidade, eu o indicaria: a confiança. Confiança em Deus,
confiança na humanidade..." Pág. 212.
Numa das cartas finais ela dizia a uma amiga:
"Se você pudesse ver o meu quarto e a sua
Adele, perguntaria se, de fato, estou doente. Nada aqui fala de doença; tudo é
róseo, alegre e florido e, não obstante estar mais magra, sou sempre a
mesma". Pág. 219.
3º.) Conta-nos uma história, que certo mestre da antigüidade, exemplar em todo o seu procedimento, caminhava
com seus discípulos por certo sítio, quando de súbito, se defrontam com um cão
morto e já em adiantado estado de putrefação. Voltando o rosto e contrafeitos
os discípulos querem afastar-se rapidamente, mas o seu líder pára e fixando o
animal mostra a alvura e a beleza dos seus dentes. Sublime lição de otimismo!
Quanto dente alvo e belo há nos quadros desagradáveis que o mundo nos
apresenta, mas que nós não percebemos por faltar-nos a capacidade de ver o lado
positivo das coisas. O pior criminoso pode iniciar o caminho da regeneração,
com uma palavra de bondade nossa.
4.º) É conhecida a lenda do rei, que apesar de não
lhe falta nada, sentia-se muito infeliz. Alguém lhe disse que para ser feliz
devia vestir a camisa de um de seus súditos, que fosse verdadeiramente feliz.
Seus servos saem pelo império à procura deste homem, mas não foi fácil
encontrá-lo, porque a todos faltava alguma coisa para a completa felicidade. Já
regressavam desiludidos, quando ao passar por certo caminho, ouviram um canto
no meio da mata. Aproximaram-se dele, e eis um moço com a enxada na mão,
cuidando de suas plantas. Ao perguntarem se era verdadeiramente feliz, todas as
suas respostas foram afirmativas. Estava feliz com o que possuía e animado para
prosseguir na luta. Apresentaram-lhe então o pedido, de ceder a sua camisa para
que o rei a vestisse. Agora vem a grande surpresa, ele não possuía camisa.
Este trabalhador é o exemplo supremo do otimismo,
porque num meio limitado e deficiente triunfara contra o aspecto mau das coisas
e alegremente cantava.
O rei é o símbolo do pessimista, pois bafejado por
tantos bens materiais, cortejado por todos os súditos, era infeliz, porque
encarava a vida por um prisma negativo.
O
Valor do Otimismo
O otimismo é uma força no mundo, estimulando o
progresso, a coragem, a confiança em Deus e no próximo. É uma sublime virtude
que precisa ser cultivada entre nós, mas especialmente entre os jovens.
Marden, em seu conhecido livro sobre este tema,
relata-nos a história de dois irmãos que trabalhavam no mesmo campo de cultura.
Um pessimista, desanimado, suspirava cheio de aborrecimento. O outro
transmitindo otimismo e entusiasmo dizia. Que é isso? Não desanime. Quando
acabarmos estes dois regos e fizermos mais dezoito teremos o campo todo
preparado para o plantio.
Não crê o prezado leitor, que nestes dias
tumultuosos em que vivemos, há acentuada necessidade de um otimismo equilibrado
e cristão, para enfrentar a onda avolumante do
desânimo que campeia por toda a parte?
Como cristãos, mesmo num mundo mau
e adverso, o nosso Mestre espera que cultivemos esta bela virtude para nosso beneficio, do nosso próximo e para honra e glória do seu
nome.
Os dois relatos seguintes, são páginas proveitosas
que podem ajudá-lo a sempre pensar mais positivamente.
Confiança
em Si Mesmo
Por
Quê?
Wellington Armanelli
Se não gostas de ti,
quem irá gostar?
Se não te orgulhas do que fazes,
quem se orgulhará?
Se não tens respeito
por tuas ações,
quem haverá de ter?
Se não sentes admiração
por teus empreendimentos,
quem irá
sentir?
Se não dás crédito às tuas decisões,
quem poderá nelas acreditar?
Se não te alegras com a vida que tens,
quem vai alegrar-se com ela?
Se és capaz de enganar a ti mesmo,
a quem não enganarás?
Se ainda não aprendeste
o verbo compreender,
como pretendes conjugar o verbo amar?
Se
colocas fel nas mais puras emoções,
por que te revoltas de levar uma existência amarga?
Se destróis todas as estradas que te trazem
afeto,
por que
lamentas a solidão em que vives?
Se não cuidas da tua lavoura de simpatias,
por que estranhas não colher
viçosas amizades?
Se teimas em plantar mal e tristezas,
por que te surpreendes quando germinam decepções?
Se consentes que a inveja,
o rancor e a maledicência dominem
teu coração,
por que não haverias de sofrer no inferno da desconfiança?
Se
persistes em viver dentro do ontem,
por que não hás de temer o amanhã?
Se
oscilas entre o passado e o futuro,
como podes desfrutar bem o presente?
Se não te dispões a perdoar as faltas alheias,
com que direito
esperas perdão das tuas?
Se
nunca te decides a partir,
por que anseias tanto em chegar?
Se não tens fé,
nem sonhas, nem te empolgas,
por que
acusar o mundo de ser árido, frio e sem bondade?
Por quê?...
O
Credo do Otimista
Cristiano D. Larson
Prometa
a si mesmo
Ser tão forte que coisa
alguma lhe perturbe a paz
de espírito.
Falar
de saúde, felicidade e prosperidade a toda a pessoa com quem se encontrar.
Fazer todos os seus amigos sentirem que têm em si mesmos alguma coisa.
Olhar ao lado bom de tudo, e tornar verdadeiro o seu otimismo.
Pensar
apenas no melhor e esperar somente
o melhor.
Ser tão entusiasta quanto ao êxito dos outros,
quanto o é acerca do seu próprio.
Esquecer os erros do passado e avançar para maiores consecuções no futuro.
Apresentar um semblante animado em
todos os tempos, e dar a toda criatura um sorriso.
Dar
tanto tempo ao seu próprio aperfeiçoamento, que não tenha tempo de criticar os outros.
Ser
demasiado grande para ficar ansioso, demasiado nobre
para dar lugar à zanga, demasiado forte para nutrir o
temor, e demasiado feliz para permitir a presença da perturbação.
3
A MODÉSTIA
Leitura Bíblica - I João 2:15-17; I Tim. 2:9.
É ausência completa de vaidade; moderação e
comedimento no modo de se apresentar, de falar de si.
É ausência de luxo, de ostentação. Simplicidade.
Modéstia é sinônimo de moderação, comedimento,
recato, compostura, decência, humildade.
Dentre os princípios que sempre nortearam a nossa
igreja, encontramos o combate às modas, ou a defesa da modéstia e simplicidade.
A Revista Adventista, Novembro de 1964, pág. 2, no
artigo "Mantenhamos Nossos Princípios", de W. R. Beach, declarou o seguinte:
"Numa
recente assembléia anual, um delegado levantou-se e
dirigiu mais ou menos as seguintes palavras aos irmãos reunidos: Não é
necessário exercitarmos o nosso senso crítico ou sermos levados ao pessimismo,
para vermos que as nossas igrejas se deixam penetrar pelo espírito do mundo.
Seria cego quem não se desse conta disso. Já não se atribui aos princípios o
valor de outrora. São desdenhados e por vezes mesmo ignorados. Escolhem-se para
ocupar lugares em nossas igrejas pessoas que não tomam a peito a manutenção de
nossos princípios evangélicos ou que exercem neste domínio apenas bem fraca
influência. Não será tempo de reagir?"
Continua o articulista dizendo que as palavras do
delegado encontraram uma aprovação quase geral. Ele cita as palavras que João
escreveu aos filhos de Deus da sua época: "Não ameis o mundo nem o que no
mundo há... porque o mundo passa, e a sua concupiscência, mas o que faz a
vontade de Deus permanece para sempre." I João 2:15 e 16.
O Secretário da Associação Geral, chama a atenção
dos líderes da igreja, para cuidarem em não sacrificar princípios para seguir o
mundo, relatando entre eles o abuso da moda, que é um terrível atentado ã
modéstia cristã.
Se como igreja, atentássemos mais para os conselhos
e advertências que a conselheira deste movimento nos proporcionou, este
problema não nos assaltaria.
Do capítulo: "Simplicidade no Vestuário"
de Testemunhos Seletos, vol. I, destaquei:
"Quando
vemos nossas irmã se desviando da simplicidade no vestuário, e cultivando o
amor pelas modas do mundo, sentimo-nos perturbados". Pág. 593.
"A
moda governa o mundo; e é uma senhora tirânica, compelindo muitas vezes seus
devotos a submeterem-se ã maior inconveniência e desconforto". Pág. 595.
"A
obediência à moda está penetrando nossas igrejas adventistas do sétimo dia, e
fazendo mais que qualquer outro poder para separar nosso povo de Deus".
Pág. 600.
O vestuário devia ser usado com dupla finalidade:
1.ª) Preservar a virtude.
Os próprios selvagens protegem o sentimento
instintivo do pudor com suas vestes rudimentares.
2.ª) Para conservação da saúde, protegendo o corpo
contra as intempéries.
Além desta dupla finalidade muita gente usa a roupa
como exibição de vaidades íntimas, exibição de riquezas, exibição das formas do
corpo.
Afirmou Shakespeare:
"O nosso traje revela quem nós somos".
Esta afirmação do maior dramaturgo inglês, talvez
queira dizer, que a roupa revela nossa posição social, mas além disso ela pode
ser o reflexo do nosso caráter, da nossa personalidade.
Encontramos moças que nos dizem: Deus não olha para
vestidos, cabelos e pintura, Ele olha para o coração.
Prezadas jovens, os vossos vestidos, cabelos e
pinturas são uma demonstração inequívoca do que está dentro do coração.
O prestigiado escritor húngaro, Tiamer Toth, no livro O Moço Educado escreveu: "Um jovem sério e bem educado evitará
no seu vestuário, tudo o que possa atrair os olhares... Fazer ostentação de
roupas é próprio de cabeça oca, assim como exibir trajes negligentes é dar
prova de má educação". Pág. 38.
A Bíblia não menciona que santas e virtuosas
mulheres como Joquebede, Débora, Ana, Maria e Dorcas estivessem preocupadas caril vestidos, penteados e
ornamentações extravagantes, mas este mesmo livro faz referências a uma mulher
de caráter diferente – Jezabel – que estava
preocupada com pinturas e vaidades. Esta senhora, líder do culto idólatra em
sua nação pagã, que pintava os olhos, (II Reis 9:30), aparece em Apoc. 2:20-21 como símbolo da apostasia.
Prezadas moças, se alguma de vós for tentada a
pintar os olhos, lembre-se desta ímpia e idólatra mulher e pense bem em seu
desventurado e trágico fim. O apóstolo Pedro preocupou-se com o que deveria ser
o ornamento de uma mulher, declarando na sua primeira carta 3:3-4: "Não seja o adorno da esposa o que é
exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário;
seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um
espírito manso e tranqüilo, que é de grande valor
diante de Deus."
Quero colocar diante de vós hoje um ideal a
alcançar – o enfeite de um espírito manso (suave, calmo) e tranqüilo
(quieto, sem agitação).
Pedro fez bem claro que o que tem valor diante de
Deus não são as exterioridades, mas o adorno do caráter, do espírito, são os
valores morais e não os materiais.
Já pensamos o que significa espírito manso e tranqüilo? Significa mais ou menos o seguinte:
É e calma, serena e confiante maneira de enfrentar
os problemas e deveres da vida diária, e a resignação em sofrer as
adversidades, é a comunhão íntima com Deus, é a beleza do caráter, atributos
estes, que sem dúvida nenhuma são preciosos aos olhos de nosso Pai Celeste.
Será que existem pessoas com o espírito manso e tranqüilo?
Procuremos pensar em moças ou senhoras que tenham
estas qualidades.
Sempre achei que a modéstia e a simplicidade são as
mais belas virtudes que devem adornar as nossas jovens.
Nesta semana (28-10-1964) apresentamos aos moços do
internato o seguinte questionário:
Que mais aprecia numa jovem?
1) Cultura
2) Bondade
3) Laboriosidade
4) Modéstia
5) Beleza
6) Honestidade
7) Economia
8) Fidelidade
9) Cortesia
10) Talento
Dos 168 moços que responderam obtivemos o seguinte
resultado:
1) Cultura 10
2) Bondade 32
3) Laboriosidade 3
4) Modéstia 18
5) Beleza 4
6) Honestidade 26
7) Economia 3
8) Fidelidade 34
9) Cortesia 7
10) Talento 1
Aqui está a confirmação de que a modéstia é a
virtude mais apreciada em uma jovem, pois, enquanto um deu o seu voto para o
talento; três, para a laboriosidade; quatro, para a beleza, quarenta e oito
colocaram a modéstia como a mais excelsa das virtudes.
Richardson –
notável escritor inglês – confirma nossa afirmação, ao declarar: "A
modéstia é nas mulheres a maior de todas as virtudes".
Austregésilo de Athayde num artigo intitulado:
"A vaidade e a moral" mostra que o mundo anda a procura de
frivolidades, desprezando as coisas de importância e de valor real. Ele comenta
o lançamento do monoquini por um costureiro americano
e diz:
"Este costureiro é um conhecedor das
tendências e responsabilidades do nosso tempo. E achamos nós que embora os
moralistas o condenem e a igreja católica tenha lançado sobre ele o seu severo
anátema, o monoquini sobreviverá e será daqui a algum
tempo uma triste realidade e fator preponderante na desagregação da sociedade.
Igual celeuma se levantou contra o biquíni, mas afinal é um espetáculo
triunfante e corriqueiro em todas as praias dos cinco continentes".
E o Presidente da Academia Brasileira de Letras,
conclui suas ponderações, lembrando-nos da teimosia feminina para a moda com a
seguinte assertiva: "Com a resistência obstinada, as mulheres teimam como
é de sua natureza, e Deus sabe que não há força, nem divina nem humana capaz de
vencer semelhante teimosia para as modas".
Sem ser psicólogo nem sociólogo, respeitosamente,
discordo do ilustre literato porque sei que pela força humana não é possível,
mas pelo poder divino é mais do que possível. Paulo declarou: "Tudo posso
naquele que me fortalece".
Conclusão
A modéstia tem sido motivo de inspiração para
muitos pensadores, como nos comprovam os seguintes exemplos:
"A modéstia é nas mulheres o apreço de todas
as virtudes." Richardson
"A modéstia é um encanto duradouro, que supre
ou duplica os encantos efêmeros da formosura." Severo Catalina
"Para as mulheres, a modéstia oferece grandes
vantagens: aumenta a formosura e serve de véu à fealdade." Fontenelle
4
FELICIDADE
O
Maior Desejo do Ser Humano
Leitura Bíblica: Salmo 1; Mat. 5:1-12.
O Que é felicidade?
Dizem os estudiosos, que este vocabulário pertence
ao tipo da palavra explicável, mas não definível.
Talvez seja esta a razão que levou o pensador
patrício Marquês de Maricá a afirmar: "É tão fácil sentir a felicidade,
mas é tão difícil defini-la".
Apesar disso muitas definições foram propostas,
cada um a entendendo ao seu modo.
Norberto Rojas assim
a explica:
"Para o pobre, é a riqueza; para o escravo, a
liberdade; para o condenado à morte, a vida; para o enfermo, a saúde; para o
velho, a juventude.
"Para o poeta é um sonho, uma nuvem ilusória,
uma ânsia de alguma coisa não existente.
"Felicidade é emoção: Portanto é
subjetividade".
É alegria e contentamento diante da realidade da vida.
Teologicamente, pode ser definida, como a condição
humana de bem-estar que vem com as bênçãos de Deus ou com a divina recompensa
para os justos.
Na Bíblia felicidade é saúde e êxito, vida longa e
descendência abundante, segurança e fartura.
"Num sentido mais abarcante o termo tem a
conotação de plena satisfação, implicando negativamente, a ausência de
sofrimentos físicos ou morais, e, positivamente, uma sensação de alegria, de
paz e de plenitude interior". Fernando Bastos de Ávila
Afirmam os psicólogos, aqueles que estudam o
comportamento do ser humano, que o maior desejo do homem é o de encontrar a
felicidade.
Onde
Encontrar a Felicidade?
Muitos a procuram nos prazeres do mundo,
especialmente os jovens, mas depois de algum tempo descobrem que têm perdido a
vida e gastado energia, perseguindo um oásis fictício e encontrado não a
felicidade, mas desilusão e melancolia a exemplo do filho pródigo da parábola,
e de tantos vultos da história que poderiam ser mencionados, como o de Bocage.
Outros se isolam do mundo, buscam a solidão,
afastam-se das lutas, maldades e problemas que a vida lhes apresenta, pensando
que assim podem ser felizes, porém, esta esperança em
breve se desfaz, como se desfazem os castelos construídos sobre a areia.
Um terceiro grupo pensa que a felicidade pode ser
encontrada em outros lugares, em países diferentes, assim perambulam de um lado
para outro, mas em breve estas pessoas retrocedem desiludidas, por verem
frustrados seus mais elevados e puros anseios.
Uma classe mais numerosa, almeja encontrá-la no
dinheiro e luta freneticamente para adquiri-lo, porque ele pode fornecer muitos
bens materiais, mas a história da humanidade está pontilhada de exemplos e mais
exemplos de pessoas multimilionárias, que foram sumamente infelizes, muitas
delas terminando seus dias de maneira trágica e inglória.
Este caminho não é novo, porque Salomão também a
procurou nas riquezas, tornando-se o homem mais rico que já houve neste mundo;
alcançou tudo o que o coração natural podia almejar, mas em Eclesiastes 2 ele
nos informa que chegou à conclusão de que tudo era vaidade.
Buscam-na os jovens no casamento e este com efeito,
quando realizado com discernimento e assessorado pela orientação paterna e
divina, muito contribuiu para a felicidade, mas muitos cônjuges, por uma
multiplicidade de fatores descobrem que seu casamento redundou em frustração,
desgraça e grande infelicidade.
Maneira
Excêntrica de Encontrar a Felicidade
Existem pessoas que acreditam em rituais tão
primitivos como os de iemanjá, supondo que banhar-se no mar, entre o último e o
primeiro dia de cada ano e oferecer flores e prendas poderá trazer a
felicidade. Esta superstição de origem africana não merece ser comentada, pois
como bem disse um de nossos sociólogos, a idade mental dos praticantes de tal
ato não ultrapassa de sete anos.
Diante de minha exposição até aqui, alguém poderá
concluir que sou pessimista e que não creio na existência da felicidade.
Existe
ou não Existe Felicidade?
A felicidade existe, creio nela e a defendo, mas
neste mundo há apenas uma felicidade relativa, porque nele impera a morte, a
dor, as enfermidades, as injustiças, o medo, enfim os efeitos do pecado que
impedem a felicidade plena e duradoura. A felicidade absoluta e completa só a
alcançaremos pela graça de Cristo, quando estivermos nas mansões dos salvos
livres dos males existentes em nosso mundo.
O poeta santista, Vicente de Carvalho, escreveu um
belo soneto ao qual deu o título de Velho Tema, onde apresenta o problema de
existência ou não da felicidade.
Nos dois tercetos lemos:
Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa, que sonhamos
Toda
arreada de dourados pomos,
Existe
sim: mas nós não a alcançamos,
Porque
está sempre apenas onde a pomos,
E
nunca a pomos onde nós estamos.
Como
Conseguir a Felicidade?
Se há uma arte em ser feliz, todos nós precisamos
aprender e pôr em prática esta sublime arte em nossa vida. Paracelso
nos legou este sugestivo pensamento:
"A felicidade e a desdita não são como a neve
e o vento, porque se podem regular e compreender segundo as leis da Natureza: a
desdita é a ignorância e a felicidade é a sabedoria".
Sem dúvida alguma podemos aprender a ser felizes e
este aprendizado é muito necessário, visto ser hoje a infelicidade uma das
piores tragédias do nosso mundo.
O médico Martin Gumpert
apresentou em seu valioso livro Anatomia
da Felicidade alguns conceitos que poderiam ser destacados:
"A
felicidade é algo tangível e significativo, alguma coisa que se pode possuir e
perder. O nosso estado de saúde física e mental amplia as possibilidades de alcançarmos a felicidade. A
pessoa feliz é aquela que está em paz consigo mesma e com as pessoas que a
cercam".
Disse Júlio Dantas:
"A
felicidade é qualquer coisa que depende mais de nós mesmos do que dos
acontecimentos e eventualidades da vida".
Concluímos que a felicidade não depende de coisas,
como muitos pensam, mas da nossa atitude positiva diante da vida.
O Dr. Crane aconselha: "Pratique a
felicidade".
Estas palavras nos indicam que ela é o resultado de
uma conquista diária e de um esforço constante.
Nesta mesma seqüência de idéias, muito oportuna é a declaração de Nitch: "A verdadeira felicidade tem por nome o
querer".
Omar Khayam apresenta a
seguinte receita para a felicidade:
1) Se
quer conhecer a paz e a serenidade, pense nos miseráveis que padecem os piores
infortúnios e você acabará por julgar-se feliz.
2) Se
aspira a paz definitiva, sorria àqueles que o ferem, mas não fira a ninguém.
3) Não
mergulhe no passado, nem sonde o futuro, o seu pensamento não deve ir além do
dia de hoje.
4) Não
entristeça a ninguém, este é o segredo da paz.
A doutora Gilerson,
psiquiatra norte-americana, durante muitos anos relacionou-se com pessoas
infelizes, mas que almejavam alcançar este bem supremo da humanidade.
Ela apresentou os seguintes 10 requisitos que devem
ser cumpridos para a pessoa alcançar a felicidade:
1) Viva
uma existência razoável, descanse o mais possível e alimente-se de uma maneira
racional.
2) Procure
um objetivo na vida, mas que este objetivo não seja egoísta. Em outras palavras
proponha um alvo que você deseja alcançar.
3) Não dê
aos fatos mais importância do que realmente merecem. Não se deixe abater pelos
contratempos. Isto não é fácil, mas é possível.
4) Aceite
a vida tal qual ela se apresenta, mesmo que não seja como a deseja.
5) Aprenda
a decidir rapidamente e aceite as conseqüências de
suas decisões sem recriminações.
6) Viva o
presente. Limite o seu horizonte a um círculo de 24 horas, dizendo que ontem já
passou e amanhã ainda não chegou.
7) Aprenda
a rir. Cultive o seu bom humor. Lembre-se de que não há nada mais ridículo do
que um homem que parece levar o peso do mundo em seus ombros.
8) Não
despreze as oportunidades para se recrear. Aprenda a brincar. Procure
interessar-se por alguma coisa.
9) Simplifique
a vida, eliminando o supérfluo.
10) Procure
levar uma vida bem ativa. Tenha amor e dedicação ao seu trabalho. A preguiça é
o maior inimigo da felicidade.
Por alguns destes itens, deduzimos que a felicidade
depende de um fortalecimento espiritual, para enfrentar com otimismo as
situações desfavoráveis que a vida nos apresenta.
A
Bíblia e a Felicidade
A Bíblia nos apresenta múltiplos requisitos para
sermos felizes e entre tantos que podem ser coligidos alguém destacou estes
dez, onde na maioria dos casos aparece a expressão – bem-aventurado, que
significa sumamente feliz:
1º) Felizes os que guardam a lei. S. Tiago 1:25.
2º) Felizes os que sofrem por Deus. I S. Pedro
3:14.
3º) Felizes os que fazem o que Jesus manda. S. João
13:17.
4º) Felizes os que recebem a correção de Deus. Jó
5:17.
5º) Felizes os que têm a Deus como seu Senhor.
Salmo 144:15.
6º) Felizes os que encontram a sabedoria. Prov.
3:13.
7º) Felizes os que são humildes de espírito. S.
Mat. 5:3.
8º) Felizes os que aceitam a Jesus como seu
Salvador. Apoc. 22:14.
9º) Felizes os que confiam no Senhor. Prov. 16:20.
Em quem ou no que estamos nós confiando?
10º) Felizes os que estão livres da inveja. Tiago
3:14, 16; I Ped. 2:1.
Bertrand Russell em
seu livro A Conquista da Felicidade
declara que a inveja é um dos grandes obstáculos à felicidade.
Alguém definiu o invejoso com muita propriedade ao
declarar: O invejoso é a pessoa que em vez de estar contente e feliz com o que
tem é infeliz com o que os outros possuem.
Aristóteles disse: "A verdadeira felicidade
consiste em fazer o bem".
Testemunhos Seletos, Vol. I, pág. 35, declara:
"Mas a felicidade máxima será experimentada mediante o fazer bem aos
outros, em tornar outros felizes. Tal felicidade será perdurável".
Eduardo Girão, assim se expressou: "Há duas
fontes perenes de alegria pura: o bem realizado e o dever cumprido".
Norman Vincent Peale afirmou:
"O
motivo por que tantas pessoas falham em ter felicidade, sucesso, vida
satisfeita, é porque estão pensando em si mesmas, não aprenderam a perder-se
para si mesmas na consagração às vidas e necessidades dos outros".
Lembre-se ainda das palavras de Alberto Schweitzer
a um grupo de estudantes: "Os únicos entre vocês que serão verdadeiramente
felizes, são os que tiverem buscando e descoberto a maneira de servir".
O
Filósofo Grego Timon e a Felicidade
Há um incidente interessante, relatado na História
da Grécia, envolvendo o filósofo misantropo e pessimista – Timon.
Certo dia ele afixou na porta da sua residência
este inusitado e tentador anúncio:
"Entrega-se esta casa a quem for verdadeiramente
feliz".
Dezenas de pretendentes chegaram a sua casa
atendendo ao sedutor convite. Com todos o filósofo mantinha um pequeno diálogo,
para ter a certeza de que a pessoa era verdadeiramente feliz. A primeira
pergunta era:
– O senhor é verdadeiramente feliz?
A resposta quase sempre era.
– Sim, eu o sou.
– E pode explicar-me o que é um homem feliz?
Ele encaminhava a palestra até que todos chegassem
à seguinte conclusão: Feliz é a pessoa que tem paz interna e está satisfeita
com o que possui.
Quando a pessoa chegava a assim concluir, Timon lhe
dizia:
– O senhor ou a senhora é incoerente, pois se é
verdadeiramente feliz não pode ambicionar à minha casa.
Desnecessário é concluir que a casa continuou
pertencendo a Timon, mas a todos que o procuraram ele deu uma objetiva lição a
respeito do que consiste a verdadeira felicidade.
Há muitas pessoas que lutam arduamente para
conseguir coisas completamente inúteis e até prejudiciais à vida, mas que
consideram indispensáveis em virtude do ambiente artificial e competitivo da
sociedade moderna.
Há muitos anos, tomei conhecimento de uma frase de
Sócrates, que me ensinou uma profunda lição e creio que também lhe possa ser
útil. Certo dia, o filósofo passeava com seus discípulos pelas ruas de Atenas e
contemplando a enorme quantidade de mercadorias que eram oferecidas aos que
visitavam a capital da Grécia, ele exclamou aos seus discípulos: "Quantas
coisas há no mundo das quais não necessito".
Ao visitar países da Europa e das Terras Bíblicas,
contemplando a imensidade de lembranças que eram oferecidas aos turistas,
sempre me lembrava da lição de desprendimento que Sócrates me transmitiu.
Eula Kennedy Long, em
seu belo livro Corações Felizes,
apresenta-nos salutares conselhos para que os lares sejam verdadeiramente
felizes. Lares infelizes formam comunidades infelizes, e comunidades infelizes
fazem nações infelizes. Na página 105 ela afirma: "Sim, onde houver amor,
aí haverá paciência e perdão. E onde estiver Deus, aí estará a
felicidade".
Lembremo-nos sempre de que Cristo no coração de
cada um, Cristo no lar, Cristo na Igreja, Cristo na sociedade é que poderá
fazer-nos felizes já nesta Terra, e capacitar-nos para aquela felicidade, que
pela sua graça haveremos de desfrutar no lar eterno.
Você, que tanto almeja alcançar a felicidade,
medite bastante no soneto que se segue:
A
Grande Felicidade
Alceu Wamosy
A
ventura maior entre as venturas
Que encher o coração possam da gente,
É
ter-se a alma para as amarguras
De outros seres, aberta
eternamente...
É
sentir as alheias desventuras,
No sentimento extremo de quem sente
As mágoas de outrem, trágicas,
escuras,
Em si
vibrando, indefinidamente.
É
poder dar um pouco de alegria
A cada
coração, que a dor sombria
Envolve da tristeza dos seus
mantos.
É ir piedoso, pela vida
afora,
Entre
a miséria que soluça e
chora
Matando
fomes, enxugando prantos!...
Nota: Tema apresentado no I.A.E. e em muitas de
nossas igrejas.
5
HOSPITALIDADE
O Novo Dicionário da Bíblia inicia sua explicação
sobre esta virtude cristã com as seguintes palavras:
"Por todas as páginas das Escrituras, a
responsabilidade de prestar cuidados aos viajantes e aos necessitados é subentendida.
Assim sendo, no Antigo Testamento, pouco encontramos no tocante a injunções
positivas sobre a prática da hospitalidade; e no Novo Testamento o mesmo se
aplica ao dever para com os homens em geral".
Que é hospitalidade?
Certo dicionário moderno a define como dar ou
disposto a dar boas vindas, alimento e abrigo, e
acolhimento bondoso a amigos ou aos estranhos.
Qual o seu valor?
O seguinte comentário de Russell Norman Champlin, em O Novo Testamento Interpretado, sobre Atos 16:15 dá-nos uma
resposta satisfatória:
"A
mais importante lição deste versículo, além daquela atinente ao batismo, é o
fato óbvio da hospitalidade de Lídia,... 'e nos constrangeu a isso...' Ela
convenceu aqueles mestres cristãos que vinham de tão longe, a permanecerem em
sua casa, tendo-lhes provido todo o necessário para o seu conforto. Os
missionários cristãos eram estrangeiros em uma terra estranha, mas ela fez o
que estava ao seu alcance para que se sentissem à vontade. Contraste-se esse tratamento
com o que usualmente tinham de enfrentar perseguições, ódio e desconfiança.
"Devemos
notar, além dessas sugestões, que a importância da hospitalidade é frisada pelo
fato de que se trata de um dos quesitos do caráter daquele que aspira ao pastorado.
'É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só
mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar' (1 Tim.
3: 2). Essa condição é repetida no trecho de Tito 1:8: 'antes, hospitaleiro...'
Por semelhante modo, é uma virtude recomendada no caso de todos os crentes,
como uma das características que devem acompanhar a piedade cristã; '...
compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade...' (Rom. 12:
13). Pedro também descreve a hospitalidade como uma das virtudes cristãs: 'Sede
mutuamente hospitaleiros, sem murmuração' (I Ped. 4:9).
"A
hospitalidade é uma importante virtude porque é uma forma prática de alguém dar
de si mesmo; e aqueles que mais dão de si mesmo são os que mais se assemelham a
Jesus Cristo, que nunca poupou coisa alguma de si mesmo, em seu serviço aos
outros".
A hospitalidade tem a Deus como o seu originador,
porque desde o início tem feito provisões abundantes para todas as suas
criaturas.
Olhando as coisas criadas por Deus e outorgadas às
suas criaturas notaremos que ele nunca é mesquinho, avarento, iliberal, mas sim
generoso, fornecendo ricamente todas as coisas para que as desfrutemos. Dentre
os múltiplos atributos do caráter divino destaca-se este pela sua preeminência
– o onipotente é bondoso e liberal para com os ingratos e iníquos. Nunca sendo
parcial na abundância da sua liberalidade. Ele faz nascer o sol sobre justos e
injustos, faz que chova sobre os maus e sobre os bons. Sempre pronto a
partilhar com a sua criação as suas riquezas inesgotáveis. Deus, o padrão
perfeito em todas as coisas, estabeleceu os princípios desta virtude tão
olvidada no mundo materialista e interesseiro em que vivemos.
Dentre as passagens bíblicas que nos apresentam o
desprendimento e a prodigalidade divinos quero destacar estas duas pela sua
objetividade e clareza ímpar: 1 Tim. 6:17 e S. Luc. 6:35.
Inspirados nos exemplos da divindade, devemos
mostrar cordialidade, não frieza; ser bondoso, não brusco; ter disposição
amistosa, não ser reservado; ser tratável, não altivo; ser atencioso, não
desatencioso; ser generoso, não mesquinho; ser dado a partilhar, não a
acumular; estar mais interessado nas necessidades dos outros do que nas
próprias.
A hospitalidade é realmente uma demonstração de
amor de grande alcance, até mesmo uma prova da genuinidade do nosso amor, como
nos diz Paulo em II Cor. 8:8. Seria interessante notar que a palavra que se
encontra no original grego para hospitalidade é – filoksenia, um composto de duas palavras que significam
'amor aos estranhos', o cuidado pelos viajores.
Hospitalidade
no Antigo Testamento
A atitude pronta para receber o estrangeiro vem
desde os primórdios da história bíblica, como constatamos na pronta disposição
de Abraão em receber os estranhos. Gên. 18:2. Os estranhos eram recebidos como
hóspedes de honra e as melhores provisões possíveis lhes são apresentadas. Esse
procedimento também pode ser percebido na atitude de surpresa de Reuel, quando
suas filhas se encontraram com um estranho e não o convidaram para tomar uma
refeição, Êxo. 2:20. Ele ordenou com insistência
"chamai-o para que coma pão". Esta censura se torna mais acentuada,
na acusação contra os amonitas e moabitas, por não
cultivarem esta virtude para com os israelitas; não lhes trazendo pão e água. Deut. 23:4.
Nos tempos antigos, a nação de Israel seguiu o
proceder da hospitalidade indicado por Deus. Todos se beneficiavam com este
proceder, inclusive os estrangeiros ou residentes temporários em Israel. A
orientação divina por meio de Moisés, era específica em que o estrangeiro que
amasse a Jeová não fosse desconsiderado, mas sim tratado de modo hospitaleiro. Deut. 10:17-19. Moisés nos diz no verso 17 que Deus ama o
estrangeiro, ou em outras palavras que Deus é hospitaleiro.
Notem bem, que os filhos de Israel por terem uma
sublime disposição cordial, por serem magnânimos e estarem atentos com a
orientação divina da prática da hospitalidade, alguns dos primeiros servos de
Deus tiveram a benfazeja e emocionante experiência de hospedar anjos. Por este
espírito de desprendimento e disposição de servir foi que Paulo 2.000 anos
depois fez referências a eles como grandes hospitaleiros. Heb.
13:2.
Além do exemplo de Abraão, já citado, a Bíblia faz
referência a outros, como o de Ló. Com seu comportamento amigável, cortês,
acolheu anjos, recebendo por seu intermédio o livramento da corrupta Sodoma e
Gomorra. Gên. 19:1-22.
Outro exemplo que não pode ser olvidado está
relatado em Juízes 13. A esposa de Manoá, que era
estéril, recebeu a agradável notícia através de um anjo que seria mãe. Juízes
13:2-24. Manoá mostrou grande satisfação íntima ao
prover o necessário para seu hóspede.
É interessante destacar que quando o homem se
afasta de Deus, ele também se afasta do cultivo de todas as virtudes cristãs.
Temos um exemplo bem frisante na atmosfera licenciosa de Gibeá,
onde não havia consciência moral ou espiritual entre o povo, concomitantemente
o espírito da hospitalidade estava totalmente ausente. Juízes 19:15.
Gibeá também nos ensina outra lição, quem hospeda é
responsável pelo hóspede. Quando a segurança e o bem-estar fossem ameaçados o
anfitrião tinha a obrigação dg protegê-lo. Isso também foi notado
anteriormente, na atitude de Ló, em Sodoma, quando valorizou mais o hóspede do
que as filhas.
Seria também oportuno atentar para este pormenor,
que nos ajuda a compreender como os costumes variam e a entender certos
comportamentos bíblicos, que muitas vezes, achamos estranhos: Havia naquele
tempo uma consciência de um dever especial para com os servos de Deus. Vemos
isto na provisão feita para Elias, ao preço de grande custo para a viúva de Sarepta (1 Reis 17:10), ou na provisão permanente para
Elias, da parte da mulher sunamita (11 Reis 8).
Hospitalidade
em o Novo Testamento
Desde o princípio da Era Cristã, os cristãos
consideravam a hospitalidade como sendo um dos deveres mais importantes que
deviam cumprir.
Russell Norman Champlin, na
obra já citada analisando Rom. 12:13 assim pondera:
"Os
crentes consideravam-se como um corpo de indivíduos 'dispersos' e 'ambulantes',
'estrangeiros' neste mundo, distantes de seu pais nativo. Viviam como que
estranhos, e, com freqüência, tendo de enfrentar
circunstâncias hostis, que algumas vezes atingiam graus intensíssimos. A
'hospitalidade', nessas circunstâncias, tornava-se uma importantíssima
manifestação do amor cristão. Esperava-se que um crente poderia ir de cidade em
cidade sem ter de pagar hotéis ou pensões porquanto sempre seria capaz de
encontrar irmãos na fé, que se sentiriam ansiosos por tomá-lo sob seus
cuidados, cuidando também de suas necessidades."
Em o Novo Testamento encontramos a mesma disposição
para praticar a hospitalidade que caracterizava os servos de Deus do passado.
Tão importante é esta virtude que na parábola da prestação de contas no
julgamento final, relatada em Mat. 25, a prática ou a rejeição da hospitalidade
àqueles que dela necessitam, é considerada como indicação da presença ou
ausência de vida espiritual.
No tempo de Jesus, a prática da hospitalidade
trouxe inumeráveis bênçãos aos que a adotaram. Quando pessoas de boa vontade
convidavam a Jesus e seus discípulos para seus lares, recebiam grandes
recompensas espirituais. Ao falarmos em pessoas hospitaleiras para com Jesus,
logo nos vem à mente o exemplo de Lázaro, Maria e Marta e como eles receberam
privilégios e benditas verdades espirituais por cultivarem este belo e nobre
atributo.
Outro exemplo frisante que precisa ser destacado é
o de Zaqueu. Sempre contamos a história deste personagem bíblico, deixando fora
o aspecto da hospitalidade, mas este foi destacado por Cristo em S. Lucas
19:5-6. O acolhimento afetuoso de Zaqueu pode ser chamado a mola propulsora que
o ajudou a aceitar integralmente a Cristo como seu Salvador.
Os dois discípulos que se dirigiam a Emaús, haviam
aprendido com o Mestre a necessidade de cultivar esta qualidade de caráter, e
agora a estavam praticando com eficiência, como nos cientifica o Evangelho de
Lucas, capítulo 24:28 e 29. Como lhes deve ter iluminada a mente e palpitado o
coração de indizível alegria, quando entenderam que haviam acolhido o Filho de
Deus sem se aperceberem disso. Este grande privilégio lhe teria fugido se não
tivessem o hábito de seguir a hospitalidade.
Vantagens
da Hospitalidade
Estas já foram mencionadas nos exemplos citados, de
pessoas que souberam viver de acordo com este preceito de Deus, mas além destas
podemos acrescentar:
Ao mostrarmos hospitalidade para com nossos irmãos,
benficiamo-nos de modo bem prático com estímulo espiritual.
Também os que estão na verdade, mas que mostram uma
atitude hospitaleira para com os obreiros e irmãos serão enriquecidos. Jesus
disse: "Aquele que vos der de beber um copo de água, em meu nome, porque
sois de Cristo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu
galardão". S. Marcos 9:41.
O bom samaritano foi hospitaleiro e seu exemplo de
desprendimento e de amor ao estranho foi exaltado pelo divino Mestre.
Paulo, que com tantos títulos o podemos
identificar, pode ser chamado em nosso contexto do grande paladino da
hospitalidade, como nos comprovam suas asseverações em Romanos 12:13; 15:7 e 1
Tes. 4:9 e 10. Em suas orientações nas epístolas pastorais a respeito dos
bispos, o dever da hospitalidade aparece bem no início da lista. l Tim. 3:2;
Tito 1:8. Os bispos (hoje diríamos os pastores) sempre teriam pregadores e
evangelistas visitantes, que se hospedassem com eles; também haveria membros
necessitados de sua igreja esperando a hospitalidade da parte deles. Estas
citações bíblicas são bastante claras em mostrar aos líderes da igreja e aos
membros a responsabilidade que pesa sobre eles na prática desta virtude,
concluindo-se também, que aqueles que se omitem por egoísmo ou indiferença
receberão a condenação divina.
O apóstolo Pedro, na sua primeira epístola (4: 9),
foi muito feliz em salientar o espírito no qual a hospitalidade deve ser
praticada. Ela tem origem no amor.
Seguir o procedimento da hospitalidade, significa
mais do que apenas ter o desejo de ser hospitaleiro; significa praticá-la,
esforçar-se no seu proceder, estar sempre alerta para exercer bondade e usar
toda a oportunidade, para derramar azeite e vinho nas feridas espirituais dos
estranhos. Mas não pensemos que o dever da hospitalidade, como indica a palavra
no original grego, deve ser um procedimento apenas para com os estrangeiros.
Ela é muito mais abarcante em sua ampla esfera, desde que hospitalidade é uma
demonstração convincente de nosso amor fraternal. Ao demonstrarmos
hospitalidade estaremos demonstrando o amor em toda a sua pujança e esplendor.
O estudo destas passagens Prov. 3:27-28; Atos
20:35; II Cor. 6:4-6; 9:11; 1 Tim. 6:18; 1 Ped. 4:9 nos convencem desta virtude
cristã e nos impulsionam na sua prática diuturnamente.
Ao lermos a Bíblia, percebemos que suas páginas
estão repassadas de idéias que nos ensinam o
desprendimento, desapego ao próprio eu. Ela nos ensina que o egoísta frio,
brusco, enquanto o altruísta é bondoso e cordial. egoísta é intratável, altivo;
mas, ser altruísta é ter disposição amistosa e interesse no bem estar do
próximo. O egoísta é mesquinho e desatencioso, ao contrário do altruísta que é
generoso e atencioso.
6
FALAR A
VERDADE
Certo dia, diante do governador romano, Jesus
declarou que uma de suas missões no mundo, era dar testemunho da verdade.
Após fazer esta afirmativa, Pilatos lhe pergunta:
"Que é a verdade?" S. João 18:38. A pergunta nos leva a concluir que
poucos conhecem o que seja a verdade no sentido a que Cristo se referiu – as
boas novas da salvação nEle. "Eu sou o caminho,
a verdade e a vida". S. João 14:6.
Compreensão
do Termo Verdade
O vocábulo hebraico usado no Velho Testamento para
verdade é – emeth, que aparece 126 vezes, com o significado de algo
firme, sólido, válido, autêntico. Tem a mesma raiz da palavra amém.
No grego clássico e bíblico a palavra é – aletheia com a seguinte nuance de significação: para os
clássicos era usada no sentido etimológico de não ocultação, enquanto os
autores do Novo Testamento a usaram para expressar aquilo que tem certeza e
força, aquilo em que se pode confiar, o estado real das coisas. Aletheia é usada 109 vezes pelos escritores
neotestamentários.
A verdade procede de Deus "em quem não pode
existir variação ou sombra de mudança". Tiago 1:17. Sendo que a verdade se
origina em Deus, sobre ela deveria alicerçar-se toda a sociedade humana. De
três maneiras diferentes tem esta verdade eterna chegado até nós:
1ª) Através da sua palavra: "Santifica-os na
verdade; a Tua palavra é a verdade". S. João171 17.
2ª) Ela se encontra nos 10 mandamentos, que são um
reflexo do caráter de Deus: "A tua justiça é justiça eterna, e a tua lei é
a própria verdade". Salmo 119:142.
3ª) Ela nos é revelada por meio de Cristo: "Eu
sou o caminho, a verdade e a vida..." S. João 14:6.
Paulo escrevendo à Igreja de Éfeso nos exorta a
sermos verdadeiros, a falar sempre a verdade: "Por isso, deixando a
mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos
outros". Efés. 4:25.
Olhando à nossa sociedade concluímos que a verdade
anda muito "racionada"; e que a mentira é uma triste realidade entre
os seres humanos. A propósito, lembro-me de um artigo estampado nos jornais, há
alguns anos, relatando uma pesquisa, realizada em Nova York, entre
personalidades de destaque na política, nas ciências e na religião, indagando o
que sucederia se durante um período de tempo todos fossem obrigados a falar a
verdade. A conclusão a que chegaram foi esta: Uma onda de anarquia envolveria a
Terra, cujas conseqüências seriam imprevisíveis.
Será que se não existissem as mentiras
convencionais da civilização a nossa sociedade pereceria? Não creio que essa
afirmação seja real, pois mesmo que houvesse um caos inicial, haveria logo um
equilíbrio baseado em fundamentos mais sólidos, desde que teria como base a
verdade. A mentira jamais é justificada na vida de um cristão.
A verdade enunciada por Cristo aos judeus em S.
João 8:32 "e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará", é
muito significativa para o nosso mundo, porque não se trata da verdade
filosófica, científica, mas sim da verdade da religião, a única que satisfaz ao
ser humano, como é ilustrada nos dois seguintes episódios:
1º) A experiência do famoso filósofo chinês Lin Yutang é muito significativa. Nascido num lar cristão, ele
deixa o cristianismo para se tornar pagão, mas depois de 30 anos retorna ao cristianismo.
Afirmou que o seu retorno se deveu ao seguinte:
"Não
há homem inteligente que se sinta feliz em meio à incerteza. O ser humano busca sempre conforto
numa crença que lhe explique o mistério do seu Eu, seus motivos, suas ações,
seu destino.
"Ao
longo de mais de 30 anos, minha única religião foi o humanismo: a crença em que
o homem guiado pela razão, bastava a si mesmo; a confiança em que o progresso
do saber humano, por sua própria virtude, produzia automaticamente um mundo
melhor. Havendo, porém, presenciado o avanço do materialismo do século XX, e o
proceder de algumas nações afastadas de Deus, cheguei à convicção de que o
humanismo é insuficiente, e que o homem, para sua verdadeira sobrevivência,
precisa vincular-se com um Poder exterior e superior a ele. Por isso voltei
para o cristianismo".
2º) O relato seguinte em certo sentido é análogo ao
anterior. Trata-se da experiência relatada pelo notável psicólogo Dr. Link, que
se tornou muito conhecido após a publicação do seu livro: The Return to Religion (O
Retorno à Religião) . Explica da seguinte maneira a sua conversão ao
cristianismo.
"A religião é a única força universal e
permanente capaz de ajudar a resolver os inevitáveis conflitos morais e
intelectuais dos pais, dos filhos e da sociedade em geral. Num mundo cambiante
e rebelde à autoridade, Deus é o único
ponto fixo".
A
Bíblia e a Verdade
As páginas sagradas estão repletas de conceitos
exaltadores da verdade, desde que ela é um atributo do caráter de Deus.
Eis alguns: I Reis 2:4; Prov. 20:28; 23:23; Sal.
89:14; Efés. 6:14; Fil. 4:8; II Tes. 2:10.
De outro lado os escritos divinos condenam com toda
a veemência a mentira, por ser uma característica de Satanás. A confirmação a
temos lendo passagens esclarecedoras. Diante da rica messe sobressaem-se: Lev.
19:11; Sal. 51:6; Prov. 6:16-19; 12:22; 19:5, 9; Apoc.
21:8, 27; 22:15.
Conceitos
Errôneos Sobre a Verdade
Há, muitas vezes, um conceito errado, entre nós, a
respeito da verdade, pois há pessoas conhecedoras da Bíblia que não temem em
faltar à verdade no pagar impostos, passar uma escritura e em muitas outras
circunstâncias. Defendem outros que médicos e advogados nem sempre podem falar
a verdade.
O Dr. Flamínio Fávero, notável médico paulista
escreveu na Folha da Manhã, do dia 22/08/1955, interessante artigo, discutindo
o problema se o médico deve falar a verdade ou mentir ao paciente. Sabemos que
o assunto é complexo e melindroso, mas entre outras coisas ele declarou:
"Como
regra geral, posso dizer que o médico não deve mentir. Aliás, não só o médico,
mas qualquer pessoa. A mentira é falta de ordem moral, seja qual for o
objetivo.
"Suavize
e amenize a verdade, sem a esconder. Apele para as vantagens de, com a robustez
de ânimo, encontrar o doente energias para, talvez, atenuar o mal".
Relata-nos Miguel Rizzo, no livro Religião,
pág. 136, que certa feita proferindo uma palestra para estudantes em
Montevidéu, este assunto veio à baila. Alguns estudantes defendiam
ardorosamente a idéia de que há ocasiões, na clínica,
em que a mentira assume aspectos de caridade. Assistindo à Conferência estava
um dos médicos mais procurados do Uruguai, que interveio com um aparte para
declarar o seguinte: a superabundância de sua clientela, em grande parte se
explica, pelo fato de saberem os doentes, que ele sempre diz a verdade. Sua
declaração serena e expressiva pôs término a toda controvérsia.
Um pastor protestante declarou: "É preciso que
o advogado minta, às vezes, é coisa necessária à profissão".
Acontece que esse pastor era também advogado. Que
exemplo estava esse pastor dando para suas ovelhas? Em Col. 3:9-10 Paulo nos
exorta: "Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho
homem com os seus feitos, e vos revestistes do novo homem que se refaz para o
pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou".
O apóstolo nos apresenta duas razões ponderáveis
pelas quais não podemos usar de mentira. Uma porque nos despimos do velho homem
com seus feitos. O velho homem é o homem não convertido e este mente. A segunda
razão é que nos revestimos do "novo homem" e devemos zelar da
"imagem daquele que o criou".
As mentiras foram classificadas em mentiras fortes
e mentiras fracas ou brancas. Mentiras fortes ou brancas são todas de origem
satânica, ipso facto, condenadas pela Bíblia. Mentira é qualquer coisa
que não seja verdade absoluta.
A
Mentira e os Jesuítas
Mentiras brancas, mentiras teológicas ou verdades
com reserva mental são defendidas até por religiosos como os jesuítas. Os
seguintes dois exemplos merecem ser relembrados por serem ilustrativos.
1º) Este citado em Colunas do Caráter (1ª edição), pág. 157, do Pastor Schwantes:
O "sacerdote jesuíta João Ward negou sob
juramento, perante um tribunal inglês, em 1606, ser sacerdote. Quando acareado
com Hawkesworth, também sacerdote jesuíta e seu
conhecido ... explicou seu falso juramento do seguinte modo: Quando disse: 'Não
sou sacerdote', quis significar que não era sacerdote de Apolo'."
2º) O diretor de um colégio jesuíta, querendo
comprar o terreno vazio, que estava ao lado do convento, usou do seguinte
expediente.
Apresentou-se perante o dono do terreno declarando
que o chão sobre o qual estava pisando era terra do convento.
O dono disse que não era possível, porque herdara o
terreno do pai e tinha escritura de posse.
O jesuíta prosseguiu: "O terreno é nosso
porque a terra em que meus pés estão pisando é nossa. Toda a terra em que eu
piso é nossa."
Estas declarações trouxeram dúvida ao dono do
terreno, e quem sabe raciocinou ele, seria preferível vendê-lo a questionar com
os jesuítas.
As afirmações do jesuíta não eram totalmente
falsas, porque, à noite, eles tinham tirado terra do convento e espalhado sobre
o terreno do vizinho.
Se examinarmos bem a nossa vida, não será que, às
vezes, estamos usando de expedientes congêneres?
Na sociedade em que vivemos não é fácil sempre
falar a verdade: pense nas desculpas que damos para não assumir compromissos
sociais, no relacionamento com o cônjuge, com os filhos, etc., etc.
A nossa vida deve ser pautada pelas Escrituras, que
não admitem nenhum procedimento a não ser a sinceridade, a lealdade, a
honestidade, a probidade e a verdade, a pão ser que renunciemos o privilégio de
pertencer à eternidade.
Nosso escopo devia ser o do Mestre: "Eu para
isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade". S. João 18:37.
Pensamentos
I –
Verdade
"O caminho da verdade é único e simples: o da
falsidade vário e infinito." Frei Amador Arrais
"A verdade é a causa da felicidade."
Cícero
"Dize sempre a verdade, porque quem anda com
ela anda com Deus." Coelho Neto
"Podeis realizar mais vivendo a verdade do que
falando dela aos outros." E. G. White
"O homem deve dizer sempre a verdade, mas nem
todas as verdades se dizem." Cristina da Suécia
"Dizer francamente a verdade é a mais digna
qualidade do homem de bem." Jaime Balmes
"A verdade deve ser a melhor amiga do homem, e
a amiga mais leal da mulher." Severo Catalina
"A verdade sempre anda sobre a mentira como o
azeite sobre a água." Cervantes
"Não há prazer comparável, ao de ficar de pé,
sobre o vantajoso terreno da verdade." Bacon
"A verdade não precisa de muitas palavras; a
mentira, pelo contrário, precisa de um longo preâmbulo." Thomas Fuller
"Verdades há que amargam como fel e mentiras
que têm o sabor de mel." Marquês de Maricá
"A verdade é uma coisa que certas pessoas
odeiam pelo mesmo motivo pelo qual as mulheres gordas odeiam as balanças."
J. Garland Pollard
"Compra a verdade, e não a vendas; compra a
sabedoria, a instrução, e o entendimento." Salomão
II –
Mentira
"A mentira é o degrau de todos os
vícios." S. Vicente de Paula
"A mentira é como a desgraça; nunca vem
só." A. Vinet
"A mentira revela alma vil, espírito apoucado
e caráter viciado."
Bacon.
7
HONESTIDADE
Que é honestidade?
Honradez, probidade, integridade, qualidade daquilo
que é conveniente. Honestidade é agir com decência.
Deus tem elevadas normas para a sua Igreja quanto
aos princípios de fidelidade e honestidade, como deduzimos de II Crônicas 16:9:
"Os olhos do Senhor passam por toda a Terra, para mostrar-se forte para
com aqueles cujo coração é perfeito para com Ele".
Francisco Patti, conhecido jornalista de São Paulo,
disse há algum tempo numa palestra pelo Rádio, que todos nós precisamos ouvir
falar de justiça e direito, ao menos uma vez por semana.
Parafraseando a declaração deste homem de letras,
creio que nossos jovens, deveriam ouvir com mais freqüência,
preleções sobre as virtudes cristãs como nobreza, fidelidade, abnegação,
humildade, diligência, justiça, honestidade.
A
Palavra Honestidade e a Bíblia
Aparece a palavra honestidade na Bíblia?
O adjetivo honesto aparece em 7 passagens: Gên.
42:11, 19, 31, 33, 34; Prov. 21:8; Tito 2:5 e 1 Pedro 3:2.
O substantivo honestidade não se encontra na
Bíblia, mas o seu significado é bastante evidente das seguintes declarações:
Lev. 19:35 e 36. "Não cometereis injustiça no juízo, nem na vara, nem no
peso, nem na medida. Balanças justas, pesos justos, efa
justo, e justo him tereis". Prov. 11:1.
"Balança enganosa é abominação para o Senhor,
mas o peso justo é o seu prazer".
Em Fil. 4:8 a idéia de
honestidade está latente em algumas declarações.
Rom. 13:13 aparece na Almeida Atualizada assim:
"andemos dignamente".
Heb. 13:18 reza na mesma tradução – "viver
condignamente..."
Estes dois advérbios de modo v – euskemonos e v – kalôs são traduzidos na King James por honestamente.
Em II Cor. 8:21, temos no original grego a
expressão: pronosúmenoi kalá,
que poderia ser traduzida, nós nos propomos a coisas boas, e que vem traduzida
com propriedade na Almeida Atualizada: "pois o que nos preocupa é
procedermos honestamente."
A
Honestidade é Inata ou Adquirida?
Há pouco tempo (isto foi escrito em 1957), um
Colégio nos Estados Unidos, realizou experiências para verificar a honestidade
e outras qualidades afins em seus estudantes.
Foram formulados vários testes, com a finalidade de
verificar se os jovens agem com a mesma honestidade, quando estão a sós e
quando estão sendo observados; se evitam apoderar-se do que pertence a outros;
se devolvem prontamente os objetos tomados emprestados; se restituem os artigos
achados aos seus donos; se recusam a aceitar troco a mais que lhes é dado por
engano.
Um grupo de rapazes foi observado durante três
meses, sem o saberem, sendo colocados em situação em que podiam ser desonestos.
Durante este período os resultados foram anotados. Após este prazo, os moços
foram colocados sob os cuidados de alguns líderes dos escoteiros, que os
estavam educando, mas também sem saberem que estavam sendo treinados com um
objetivo especial. Como sabemos, o sistema dos escoteiros procura inculcar os
ideais de lealdade, de honestidade, de confiança, de desprendimento e muitos
outros atributos.
Depois de três meses, os rapazes foram submetidos a
novos testes, da mesma espécie dos usados antes do treino com os escoteiros. Os
resultados alcançados foram comparados com os anteriores, e a conclusão a que
chegaram é que houve grande melhoria em seu procedimento. Outra conclusão ainda
mais importante a que chegaram os orientadores destes testes foi esta: os
ideais de honestidade, lealdade, justiça e outras qualidades análogas, podem
ser inculcadas e desenvolvidas num grupo de jovens.
Prezados amigos estudantes, um dos objetivos
primordiais da educação cristã é desenvolver nos jovens estas qualidades, por
isso, através de palestras, de leituras, de semanas de oração, de conselhos
particulares, do exemplo dos educadores; esta instituição se esforça para que
adquirais estes atritos em vossa estada aqui, sendo lá fora mais tarde um
exemplo dignificante a um mundo tão carente destes predicados.
Quais
as Vantagens da Honestidade?
Ela traz tranqüilidade de
consciência e calma de espírito, tão necessárias para o perfeito equilíbrio na
vida.
Aquele que cultiva a honestidade, goza do conceito
e da simpatia de todos.
Se todos fossem honestos a vida seria muito mais
fácil e agradável.
Pensemos em algumas vantagens:
Não seríamos enganados.
Deixaríamos nossas coisas em qualquer lugar sem
receio de que elas desaparecessem.
Dormiríamos com as portas abertas.
Os fiscais seriam supérfluos.
Não haveria falsificação de dinheiro, remédios e de
tantas outras coisas.
Algumas
Manifestações de Desonestidade
a) Trabalhando uma hora e registrando duas.
Quem faz isto está aviltando sua consciência.
b) Ao tomarmos alguma coisa emprestada e nos
fingirmos de esquecidos para não devolver.
Esta atitude revela falta de caráter.
c) Quando compramos alguma coisa e o vendedor, por
engano, nos devolve troco a mais. Se não restituirmos aquela importância estamos
muito afastados desta virtude.
d) Ao passar uma escritura, quem diminui o valor da
compra para pagar menos imposto demonstra a sua desonestidade.
e) O procedimento dos estudantes em várias
circunstâncias, como as seguintes:
Em apresentar um trabalho de outro como lhe
pertencendo.
Pedir que um colega lhe faça as redações.
A principal desonestidade entre os estudantes é a
"cola".
Tão generalizada está esta atitude indigna, que
existem até professores que facilitam aos estudantes usarem de meios ilícitos.
Colocar presença para estudantes ausentes.
Numa classe do curso de especialização em lingüística para professores, o seu dirigente, notável
professor de nossa capital, mandou que os presentes assinassem o nome de
colegas ausentes na lista de chamada. Como membro desta classe fiquei chocado
com o procedimento daquele professor.
Embora esta atitude seja muito comum em certas
escolas, há ainda muitos que contra ela se levantam.
Em 1954, setenta alunos da Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo, foram suspensos em virtude da falsificação de
assinaturas nos livros de freqüência. Eles receberam
uma suspensão de três dias para cada assinatura falsa. A Folha da Manhã do dia
09/11/54 publicou o nome dos setenta alunos implicados neste ato desonesto. Só
temos palavras para louvar os nobres intentos da douta congregação, para
eliminar estas irregularidades e ensinar aos estudantes de Direito, que sua
vida deveria ser pautada pelos elevados princípios da Verdade, da Honestidade e
da Justiça.
O Cardeal D. Jaime Câmara, falando há pouco tempo,
através de uma emissora, disse que um dos principais males da nossa terra é a
desonestidade. Eis suas palavras textuais:
"Não será por falta de leis nem de órgãos
oficiais, que o Brasil nunca chega a melhorar de sorte, mas sim por falta de
honestidade, pela impunidade dos que se locupletam sobretudo quando ocupantes
de cargos púbicos. E tão generalizada se tornou a opinião de que não é pecado
roubar no governo, que muitos chegam a estender tal mentalidade a todos os
demais setores da atividade humana".
A Gazeta do dia 16/11/1955 trouxe excelente artigo
de Plínio de Rezende Pinto, mostrando a nossa situação decadente. Diz ele
"que os políticos oferecem em caminhões: ovos, tomates e cebolas em troca
do voto. Eles ludibriam o eleitor com promessas falazes e mentirosas. Assinala
que grupos intermediários compram barato e vendem caro ao consumidor, furtam no
preço, no troco, na balança, na qualidade, na caderneta, conjugando o verbo
furtar em todos os tempos e modos". Mais abaixo ele declara: "Não se
educa, não se aconselha, não se corrige com prosa fiada. É preciso dar o
exemplo. O homem tem de ser virtuoso. Não basta alardear honestidade. É preciso
ser honesto em todos os atos da vida".
Se Há
Tantas Vantagens na Honestidade,
Por
Que Há Tantos Desonestos?
Existem desonestos como existem vadios e muitos
outros defeitos humanos, por culpa da degenerescência, da fraqueza de caráter,
enfim por causa do afastamento das normas divinas.
Amigos estudantes, lembrai-vos de uma declaração do
pensador patrício Renato Kehl em seu livro Conduta,
livro que deveria ser lido e seguido por todos os que desejam palmilhar o
caminho do bem.
"A desonestidade é cultivada pelos fracos
infelizes e pessoas que não tiveram boa educação".
Certo estou de que nenhum de vós gostaria de ser
classificado com estes adjetivos humilhantes, mas, se formos desonestos eles
nos cabem.
Exemplo
de Pessoas Honestas
A história da humanidade está repleta de exemplos
dignificantes de pessoas que souberam cultivar esta nobre virtude.
1) Sócrates.
Seu discípulo Platão, que lhe escreveu a biografia
conta-nos episódios do seu viver, que encerram ensinamentos de moral e de
honestidade impressionantes na sua trajetória retilínea, na qual Cristo
conduziu os homens 400 anos depois através do preceito e do exemplo.
Platão declara que Sócrates pode ser chamado o
"Pai da Honestidade" pelo seu caráter ilibado. Um incidente apenas,
ocorrido no apagar das luzes da sua existência é uma evidência insofismável
desta virtude cristã.
Quando seus inimigos o obrigaram a tomar a cicuta,
ao esta estar fazendo efeito em seu organismo, enquanto seus discípulos
choravam aquela perda irreparável, ele exclamou: "Críton,
devo um galo a Asclépio, por favor não se esqueça de pagar essa dívida". A
expressão "O Galo de Asclépio" é sinônimo na história grega de um
comportamento retilíneo e exemplar, ou de honestidade.
2) Abraão Lincoln.
Lincoln é o presidente símbolo da honestidade.
A vida de Abraão Lincoln, presidente dos Estados Unidos de 1860 a 1865, é a
história empolgante de um lenhador humilde que se tornou paradigma para todos
os concidadãos de sua pátria. Alcançou sua fama através de nobilitantes
exemplos de uma luta honesta e perseverante para o bem-estar dos seus
patrícios.
Contam-nos seus biógrafos, que quando rapaz
trabalhava como caixeiro num pequeno armazém. Descobriu certo dia que dera a
uma freguesa uns centavos de troco a menos. Após fechar o armazém, caminhou a
pé mais ou menos cinco quilômetros para restituir aquela quantia, quase que
insignificante. Este comportamento era uma prova convincente do seu feitio
moral, por isso, baseado neste ato e em outros congêneres foi apelidado de
Abraão – o honesto.
Infelizmente, este homem que se tornou o símbolo da
lealdade, da honestidade e do patriotismo, virtudes que fizeram a grande nação
americana, desapareceu vítima de uma bala assassina no dia 13 de abril de 1865,
cinco dias depois do término da guerra civil.
Tristão de Ataíde, em artigo inserto na Folha da
Manhã de 12/08/1951, sob o título "Honestidade" enaltece sobremaneira
esta virtude naquele grande país.
Eis algumas de suas declarações:
"Estamos
diante de um povo visceralmente honesto. O norte-americano começa por confiar
na pessoa. Supõe que os outros sejam honestos, como ele mesmo é. Tudo se faz
aqui na base da confiança recíproca. Os jornais ficam expostos à venda e
ninguém tira sem deixar os seus cinco centavos. Os embrulhos são depositados
junto às caixas do correio nas calçadas e não se perdem. O correio recebe
cheques da maior importância. Não há extravios".
Note bem: Este artigo foi escrito há 31 anos. Hoje
as coisas não são bem assim.
3) Martim Francisco.
Informa-nos a História do Brasil de um incidente,
envolvendo três pessoas de prol, aparentemente insignificante, mas que nos
mostra a probidade de um Ministro da Fazenda e fornece aos que lidam com o
dinheiro público um lídimo exemplo de honestidade.
José Bonifácio, a figura primordial dos nossos
homens públicos do Primeiro Império, como ministro recebia o ordenado de Cr$
400.000 por mês. No dia do recebimento de um de seus salários, guardou o
dinheiro em baixo da carneira do chapéu. À noite foi ao teatro, deixando o
chapéu no cabide de entrada, quando voltou não encontrou nem dinheiro nem
chapéu.
Informado do ocorrido, D. Pedro ordenou ao Ministro
da Fazenda, Martim Francisco, irmão de José Bonifácio que lhe pagasse novamente
o salário. O Ministro da Fazenda se recusou terminantemente a cumprir a ordem do Imperador
ponderando, que o Estado não pode responsabilizar-se pelos
descuidos de seus funcionários. Acrescentou ainda que o ano tem doze meses para
todos e não doze para uns e treze para outros. Para ajudar na solução do
problema Martim Francisco apresentou a seguinte solução: ele daria a metade do
seu salário ao irmão e os dois fariam uma economia forçada aquele mês.
D. Pedro concordou com o alvitre proposto, e os
dois irmãos viveram parcimoniosamente aqueles trinta dias subsequentes, legando
às gerações futuras um exemplo salutar e dignificante de honestidade para com o
erário público.
4) O caso do juiz Iochita
Iamaguchi.
Ele trabalhou num tribunal em Tóquio. Com sua
fanática lealdade nipônica, submetia-se religiosamente ao regime de
racionamento, que vigorava em seu país.
Um dia a esposa sussurrou aos ouvidos do esposo a
conveniência de venderem algumas roupas usadas, para comprarem no câmbio negro,
alguns alimentos mais do que os permitidos pela estrita dieta imposta pela lei.
O juiz não censurou a esposa pela sugestão, mas pacientemente explicou que como
magistrado, impossível se lhe tornava semelhante negócio. A esposa ouviu tudo e
seraficamente concordou com ele, pois se era o
aplicador da lei devia ser o primeiro e o mais impoluto dos seus observadores.
O pai do juiz, alguns dias mais tarde, ao ter
notícia de que o filho estava definhando de fome, comprou no câmbio negro
alguns alimentos e os remeteu ao membro do tribunal de Tóquio. O juiz recebeu o
presente, examinou-o e compreendeu o gesto do pai. Devolveu-lhe, porém, o
pacote. Um juiz não tinha o direito de aceitar nenhum presente, mesmo paterno,
desde que soubesse ter sido adquirido por processos contrários à lei.
Assim ele continuou a definhar, obrigando a esposa
a mesma situação. Afinal, vencido pela subnutrição, adoeceu. Ficou tuberculoso,
mas no curso da enfermidade escreveu em seu diário.
"A Lei de Controle de Alimentos é uma lei
errada. Entretanto, enquanto ela for lei o povo tem obrigação de lhe prestar
obediência. Há juízes, eu sei, que compram no mercado negro, fingindo, não obstante
serem limpas suas mãos. Quando penso que sou sozinho a marchar para a morte com
uma folha de serviços realmente pura, esqueço-me de todos os aborrecimentos e
de todas as tristezas".
Depois de escrever isto esperou pacientemente pela
morte, e morreu em outubro último (1947) como uma suave labareda
que se apaga por falta de óleo, com apenas 36 anos.
Os japoneses se comoveram com o exemplo
dignificante, mas se confortaram com a sua pureza de vida.
Mas a esposa do juiz fez uma observação que correu
mundo e que foi noticiada pelos jornais de São Paulo do dia 14/12/1947 sob a
seguinte epígrafe: "A Tragédia de um Juiz Honesto". Disse ela:
"Nesta época é horrível ser casada com um
homem honesto".
Este juiz embora não fosse cristão parecia pautar
sua vida pelos conselhos da Palavra de Deus em: Rom. 12:17; I Pedro 2:12; II
Cor. 8:21.
É difícil ser honesto no meio dos desonestos, mas é
aí que se prova o caráter.
No Brasil há outro aspecto característico da
decadência da sociedade, é o regime da cavação. Nada se consegue sem ser
cavado. A exceção é o merecimento, a regra é o arranjo, o protecionismo, o
filhotismo, o pistolão, enfim uma organização para conseguir as coisas por
processos indignos.
A pergunta que vem a nossa mente é esta. Não haverá
uma maneira de frear a decadência da nossa sociedade da rota tortuosa da
abjeção, da hipocrisia e do cinismo. Há sim, um remédio apenas, e este consiste
no retorno da humanidade para os princípios deixados por Cristo no Seu
evangelho.
Sempre pensamos que esta situação é característica
apenas de nossa pátria, mas no dizer do grande historiador H. G. Wells, ela é
mundial e se originou neste século como conseqüência
do progresso científico e dos novos métodos de exploração mecânica. Há muita
facilidade em ganhar dinheiro e fortunas fabulosas apareceram do dia para a
noite e muitos nesta competição, lançaram mão de métodos não recomendáveis
pelos padrões divinos.
Estes pensamentos nos lembram as sempre citadas,
mas evidente também sempre oportunas palavras de Rui Barbosa escritas em 1923:
"De
tanto ver triunfar as nulidades.
De
tanto ver prosperar a desonra.
De
tanto ver agigantarem os poderes nas
mãos dos maus,
o homem chega a desanimar-se da virtude,
a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto".
O que escreveria Rui hoje, olhando para os
desbragamentos da nossa sociedade?
Conclusão
Como fecho às considerações deste importante tema,
apresentarei o apelo aparecido em Meditações Matinais do dia 27 de junho de
1956, pertencente a Ellen G. White:
"Lidai
honesta e justamente no presente mundo mau. Alguns serão honestos quando vêem que a honestidade não porá em risco seus interesses
mundanos; todos, porém, quantos procedem segundo esse princípio, terão seus
nomes apagados do livro da vida.
"Devemos
cultivar estrita honestidade. Não podemos passar pelo mundo senão uma vez; não
nos é possível volver aqui para retificar os nossos erros; portanto, todo passo
que damos deve ser dado no temor de Deus, e com atenta consideração".
8
O ENTUSIASMO
Para que
este tema tenha uma real significação é necessário saber exatamente o sentido
da palavra entusiasmo.
Laudelino
Freire assim a define:
1.
Estado de arrebatamento desordenado da alma atribuído a inspiração
divina.
2.
Exaltação das faculdades da alma, que se manifesta nos poetas, nos
oradores, nos artistas e que os torna sublimes.
3.
Movimento extraordinário da alma que excita o homem aos atos de
dedicação, de heroicidade e de extremo valor.
4.
Admiração viva, gosto excessivo de uma pessoa ou cousa.
5.
Demonstração ruidosa de alegria e contentamento.
Suas
definições poderiam ser assim sintetizadas: a pessoa entusiasta é aquela que
está cheia de dedicação a uma causa.
Na sua
origem, a palavra entusiasmo, provem do grego entheos, que significa – Deus em
nós, cheio de Deus ou a pessoa que age como se tivesse Deus dentro de si.
A
palavra foi usada pela primeira vez por Platão para designar a condição do
indivíduo dominado por uma força divina, quer dizer o estado de espírito em que
a própria pessoa não se dirige, mas está tão ligada a Deus, que Deus está
atuando em sua vida.
Para os
helenos esta era a condição dos poetas e dos grandes artistas, porque aqueles
que conseguiam produzir grandes obras, o faziam apenas por inspiração divina.
Embora
os gregos tivessem um conceito diferente da divindade, ou de seus deuses,
podemos usar a palavra em seu sentido mais elevado e digno – Deu em nós. Não
encontramos na Bíblia muitas passagens que nos mostram que Cristo quer habitar
em nós, que somos o Templo do Espírito Santo? O segredo da vida cristã
vitoriosa está em nossa ligação com Cristo ou Cristo habitando em nós.
Portanto,
quando dizemos que o entusiasmo é uma força, que tem o poder de realizar
milagres, estamos realmente dizendo que o próprio Deus em nós fornece a
sabedoria, a coragem e a fé necessárias para enfrentarmos com sucesso todas as
dificuldades.
Podem os
senhores conceber um administrador, um professor ou um funcionário em nossa
escola sem dedicação ao seu trabalho?
Observando
a vida dos grandes benfeitores da humanidade, em qualquer ramo, concluiremos
que alcançaram seus objetivos, que se tornaram pessoas dignas de nosso respeito
e consideração, porque foram perseverantes e agiram sempre entusiasticamente.
Quem não
tem entusiasmo é uma pessoa fracassada em seu trabalho. Ter entusiasmo seria
colocar o coração, a mente, enfim todo o nosso ser no trabalho que estamos
realizando.
Embora a
palavra entusiasmo não se encontre na Bíblia, há nas páginas inspiradas muitos
exemplos de pessoas que sempre viveram e agiram entusiasticamente. Os exemplos
são múltiplos, mas poderíamos pensar em Josué, Calebe, Gideão, Neemias, Jó e
Paulo. Paulo é o maior exemplo que há na Bíblia, evidentemente depois de
Cristo. Qual o principal fator que levou Paulo a ter tanta dedicação e
entusiasmo em seu trabalho? Porque tinha Deus dentro de si, Cristo estava em
sua vida, como ele mesmo declara em Filipenses 1:21.
O que
está sendo o viver para nós?
O
trabalho de Cristo ou o nosso?
Quando a
pessoa coloca entusiasmo em seu trabalho, este se torna agradável e estimulativo.
O que
fazer para ter e manter o entusiasmo? A melhor coisa é descobrir a beleza e o
valor do seu trabalho.
Tem
valor o trabalho que você está fazendo?
Se você
não tem entusiasmo pelo trabalho e se não pode adquiri-lo seria melhor
abandoná-lo. Você é um infeliz e um peso morto para a organização se não
trabalhar de todo o coração. Se não há entusiasmo em seu trabalho você dá
trabalho aos administradores.
No livro
O Poder do Entusiasmo, Norman Vincent Peale, mais conhecido como autor de O Poder do Pensamento Positivo nos ensina uma fórmula mágica para o
sucesso, comprovada na prática, mostrando-nos como o entusiasmo desenvolve e
mantém a força de decisão, que nos possibilita superar os temores e fortalecer
a confiança em nossas possibilidades. O livro está repleto de histórias
emocionantes de pessoas, cujo entusiasmo agiu como catalisador para produzir
espantosos acontecimentos na sua vida.
Quero
citar alguns pensamentos apresentados pelo autor:
"E como alguém consegue ter entusiasmo na
vida? Realmente, a coisa é bem simples: cultivando a capacidade de viver com
amor. Amar as pessoas, amar o céu sob o qual vivemos, amar a beleza, amar a
Deus. A pessoa que ama torna-se entusiástica, repleta do fulgor e da alegria da
vida. E então, parte para a realização dessa vida, cheio de motivação. Se não
somos entusiastas, comecemos hoje a cultivar o amor da vida". Págs. 56 e
57.
"Portanto, não depreciemos a vida enumerando
todas as coisas que ela tem de errada. As coisas são erradas, e algo tem de ser
feito a propósito delas. Mas focalizemos, mentalmente, tudo que é certo, na
vida: a vida é imensamente boa, muito melhor do que a falta da vida, penso eu.
Uma existência nesta terra maravilhosa não dura muito, afinal. Estamos aqui
hoje, não estaremos amanhã. Portanto, amemos a vida enquanto podemos, e sejamos
cheios de entusiasmo". Pág. 59.
"Está demonstrado que o entusiasmo faz uma
diferença considerável no desempenho de qualquer pessoa. Exponha sua ocupação
diária à apatia, como várias pessoas costumam fazer, e seu trabalho
dificilmente será algo mais do que difícil e cansativo. É pouco possível que
uma tarefa seja um bem para uma pessoa que a considere apenas como mais uma
insípida obrigação a cumprir, que não traz satisfação nem interesse. Encaremos
o fato. Podemos dizer: meu trabalho é insípido. Mas não será porque temos uma
atitude insípida com relação a ele? Tentemos colocar entusiasmo em nosso
trabalho seja ele qual for, e observemos a mudança. E, incidentalmente, vamos
ver se mudamos com ele. O entusiasmo modifica a qualidade do trabalho porque
modifica as pessoas". Págs. 96 e 97.
"A religião destina-se a dar força e
entusiasmo pela vida num mundo difícil. Nem todas as pessoas que se dizem
religiosas são entusiastas, bem longe disso. Algumas parecem ter a curiosa
noção de que a depressão e o pessimismo são a marca registrada do cristianismo.
Esta é uma distorção da mensagem de Jesus Cristo, que disse: 'Estas coisas vos
falei, que minha alegria permanecerá em vós, e que vossa alegria possa ser
completa'. E que também disse: 'Alegrai-vos sempre no Senhor: e de novo digo,
alegrai-vos'. O cristianismo pode colocar alegria e entusiasmo nas mentes das
pessoas, com o propósito de ajudá-las a viver criativa e vitoriosamente neste
mundo difícil". Págs. 111 e 112.
Para
manter o entusiasmo você deve procurar fazer cada vez melhor o trabalho que lhe
foi confiado.
Infelizmente
existem muitas pessoas que em seus trabalhos são rotineiras, estacionárias,
medíocres, sem nenhum entusiasmo no que estão fazendo e o pior é que muitas
vezes estão satisfeitas dentro da sua mediocridade.
A vida é
competição, quer queiramos quer não, e para não ficarmos para trás, devemos
manter o entusiasmo em nosso trabalho. Há pessoas com 70 ou 80 anos
entusiasmadas em suas lides diárias. Tive o privilégio de ver e de ouvir
pregando na Andrews um médico de 91 anos. Ele continuava ativo em seu trabalho em Hong-Kong. Esteve na Conferência Geral em 1970. A pessoa que
perde o entusiasmo também perde a vontade de viver. Só se envelhece quando se
perde o idealismo.
A pessoa
pode fazer de si mesma o que deseja desde que queira com intensidade. Norman Vincent Peale, no livro já citado, apresenta-nos mais algumas
sugestões para alcançarmos a vitória. Eis duas delas:
1ª)
Concentrar, desejar vencer, acreditar que vencerá, e sempre pensar, pensar
positivamente.
2º) É o
chamado plano dos 9 pp: "Planeje propositadamente; Prepare-se pela prece;
Proceda positivamente; Prossiga persistentemente." Pág. 69.
É lei da
natureza e um princípio defensável pela Bíblia que somos o que imaginamos.
Salomão disse em Provérbios 23:7 primeira parte: "Porque como imagina em
sua alma assim ele é".
Se você
não tem entusiasmo para estudar, trabalhar ou pregar, esforce-se ao máximo para
estudar, trabalhar e pregar com entusiasmo e o entusiasmo virá.
Temos as
mensagens de que o mundo precisa, mas as oferecemos tão friamente, que damos a
impressão de que nós mesmos não cremos no que estamos dizendo, porque não
vibramos com o nosso trabalho.
O
segredo do sucesso no trabalho está em ter e manter o entusiasmo.
O
entusiasmo é um genuíno e honesto estímulo à vida; é a dedicação sincera a uma
causa, a um ideal.
Que Deus
nos abençoe para que tenhamos sempre o entusiasmo necessário para fazer
dignamente a sua obra.
Simbiose
do I.A.E., em Itaipava, 24-04-1979.
9
TER ESPÍRITO
DE LOUVOR E GRATIDÃO
Colossenses
3:15-16.
Destes
dois versos do apóstolo Paulo desejo destacar estes pensamentos: "Sede
agradecidos. Louvando a Deus, com saímos e hinos cânticos espirituais, com
gratidão, em vosso coração".
O
espírito de gratidão, pode ser colocado como uma das mais preeminentes virtudes,
que caracteriza a vida cristã. Este sentimento deve ser cultivado como fazemos
com o amor, a alegria, a fé, a esperança, a generosidade, a cortesia, a
amizade, a hospitalidade, a paciência, a mansidão, o domínio próprio, etc.
Temos
tantos motivos para louvar nosso Criador, dele recebemos cada dia favores e
benefícios incontáveis, mas não exprimimos gratidão e reconhecimento a Ele por
todas estas dádivas.
Lutero
afirmou certa vez o seguinte:
"Se Deus fosse menos liberal na distribuição
de suas dádivas, então lhe seríamos mais agradecidos. Como, por exemplo, se Ele
fizesse os homens nascerem com uma só perna ou pé, e depois ao completarem sete
anos, lhes concedesse a outra perna ou pé, aos catorze anos desse uma mão, e
aos vinte a outra – então reconheceríamos melhor as dádivas e bondades do
Senhor e ser-lhe-nos muito mais agradecidos.
Entretanto Deus derrama sobre nós suas dádivas em grande quantidade de uma
vez".
A Bíblia
está repleta de exemplos de pessoas que souberam cultivar o espírito de
gratidão. O exemplo mais característico do Velho Testamento é o de Davi, cujos
Salmos cantam louvor a Deus, expressando sempre a gratidão, bênçãos e aleluias.
Através de sua vida atribulada e adversa, Davi sempre achou motivos para louvar
a Deus, como declara no Salmo 34:1: "Bendirei o Senhor em todo o tempo, o
seu louvor estará sempre nos meus lábios".
Por que
devemos louvar a Deus? Uma excelente resposta nós a temos no Salmo 106:1 –
"Rendei graças ao Senhor, porque ele é bom, e a sua misericórdia dura para
sempre".
Quanta
bondade de Deus para conosco, mas muitas vezes ele recebe como recompensa a
esta bondade, apenas a ingratidão. Os Salmos 147 a 150 são preciosas e
inspiradoras antífonas de louvor a Deus por todos os seus benefícios.
Jó,
mesmo nos dias mais aflitivos de sua vida, ele encontrava motivos para louvar a
Deus. Esta atitude, sem dúvida alguma, deve servir de estímulo para nós, a fim
de aprendermos a louvar a Deus mesmo em meio às dificuldades. Vejam o que
declarou Helen Keller, cega, surda e muda: "Dou graças a Deus por meus impedimentos,
pois, por meio deles me encontrei a mim mesma, minha obra e meu Deus".
Nos
evangelhos encontramos Jesus falando de alegria dando ações de graças ao Pai,
mesmo à sombra da cruz.
Se
atentarmos bem para o início das epístolas paulinas, veremos que sempre ele as
inicia apresentando ações de graças pela fé, pela perseverança, pela
fidelidade, pelo bom dos irmãos, pelo cultivo do amor, pela abnegação e por
graça êxito muitas outras virtudes que ele descobria nos crentes. Estes mesmos
predicados caracterizam muitos dos membros de nossas igrejas hoje e não
deveriam eles ser motivos impelentes a louvar a Deus?
A
personalidade de Paulo, apresenta-nos outra característica que apreciamos e que
devíamos imitar, mesmo em face de tristeza, lutas, perseguições, exílio,
doenças, incompreensões ele soube manter um espírito de elevada gratidão.
Os anjos
de Deus louvam constantemente o nome do Pai e agradecem ao Todo-poderoso por
sua bondade. Eles cantam: Louvor, e glória, e sabedoria, e ação de graças, e
honra, e poder e força ao nosso Deus, para todo o sempre". Apoc. 7:12. Pela graça divina, um dia, poderemos juntar-nos
aos santos anjos nas cortes celestiais ecoando louvores ao nosso Deus.
Pensemos
em algumas coisas pelas quais poderemos louvar e agradecer a Deus:
1. Pelo seu amor para conosco. São João 3:16.
2. Agradecer pela paz de coração. Col. 3: 15 declara:
"A paz de Deus habite em vosso coração e sede agradecidos." Ciência do
Bom Viver diz na página 217: "Agradecei-lhe pela paz que tendes no
coração. De manhã, ao meio dia, e a noite, qual suave perfume, ascenda ao céu a
vossa gratidão."
3. Agradecer-Lhe pela saúde. A saúde é um bem
inestimável. Só reconhecemos o seu valor quando a perdemos. C. B.V., pág. 216,
afirma: "Coisa alguma tende a promover mais a saúde do corpo e da alma do
que um espírito de gratidão e louvor".
4. Gratidão a Deus pelos bens materiais.
5. Agradecimento pelas belezas da natureza. Eis
algumas: as flores, as matas, um belo pôr-de-sol, a
chuva, o luar, as estrelas, as cascatas, o gorjeio dos pássaros.
6. Podemos até agradecer pelos problemas e
dificuldades como fizeram Jó e Paulo. Jó 1:21.
Os
contratempos e problemas quando suportados com espírito cristão contribuem para
o nosso bem e aperfeiçoam o nosso caráter.
De um de
nossos obreiros, antes de um culto de ações de graças, os ladrões roubaram-lhe
a carteira.
Na hora
do culto, muitos se levantaram e agradeciam a Deus pelas bênçãos recebidas. Ele
também se levantou e depois de contar que lhe tinham furtado a carteira disse:
Tenho quatro motivos para louvar a Deus: 1º) Porque esta foi a primeira vez que
fui roubado;
2º)
Porque roubaram-me o dinheiro e não a vida;
3º)
Porque o dinheiro roubado me pertencia;
4º)
Agradeço pelo fato de ter sido roubado e não ser o ladrão.
7. Devemos agradecer pelos nossos semelhantes:
Os
nossos pais, os demais familiares, os nossos professores. Tantas pessoas a quem
devemos a nossa gratidão, o governo, a polícia, os guardas-noturnos, os
bombeiros, os que nos trazem as cartas, o leite, o pão e tantas coisas de que
carecemos.
Aristóteles
dizia: "Nunca poderemos ser suficientemente gratos a Deus, a nossos pais e
a nossos professores".
Se temos
muito a tendência de nos queixarmos; se somos parcimoniosos em agradecer a
Deus; isto é uma indicação segura de que estamos muito afastados do Espírito do
céu.
Creio
que muitos já ouviram a história do moço que caminhava triste, porque não
possuía sapatos, até que ele se encontrou com alguém que havia perdido as
pernas, mas assim mesmo estava feliz. O otimismo e espírito de gratidão do moço
das pernas amputadas fê-lo envergonhado e nunca mais se queixou.
O
comandante Eddie Rickembacker, que durante a Segunda Guerra Mundial, passou
vinte e um dias ao sabor das ondas do Oceano Pacifico, com diversos
companheiros e apenas oito laranjas a serem repartidas entre eles; declarou
após essa dura experiência: "Se tendes tanta água fresca quanto é necessária e alimento suficiente, jamais
devíeis queixar-vos de alguma coisa".
O
professor alemão Teodoro Flidner tinha sempre na
cabeceira da sua cama um caderno, que ele chamava: "Caderno de Exame de
Consciência". Todas as noites, antes do descanso, ele recapitulando as
atividades do dia, perguntava: Quais os motivos para agradecer hoje? E no
caderno ele anotava todas as coisas do dia pelas quais podia ser grato a Deus.
Concluía suas observações com a seguinte frase: "Quanto mais a gente dá
graças a Deus tanto mais se recebe para dar novas graças".
A Experiência de um Asilo
A
diretora de um asilo de senhoras idosas sofria muito com as queixas e
murmurações das internadas. Sendo um asilo evangélico, sua dirigente sugeriu
que houvesse uma reunião de testemunhos de gratidão a Deus.
As
anciãs se entreolharam admiradas, como se perguntassem: Mas dar graças pelo
que? Pensavam que não havia nenhuma razão para agradecer. Não eram elas
desvalidas da sorte e bens materiais? Sim, por isso, precisavam da assistência
de outros. Em todo o caso, no dia seguinte, apresentaram-se para a hora de
gratidão, talvez mais por curiosidade.
Com toda
a sinceridade a diretora começou a dar graças a Deus, porque a maioria das
velhinhas ainda enxergavam e ouviam, porque naquela instituição tinham todos os
cuidados de que necessitavam, porque conheciam a Bíblia e tinham a esperança da
salvação em Cristo, e muitas outras razões foram apresentadas para dar graças a
Deus.
Na
próxima hora de gratidão, um mês depois, todas lá compareceram e rogaram à
diretora que organizasse mais reuniões de gratidão, pois cada uma descobria
mais motivos pelos quais queria dar graças a Deus.
Afirma-nos
o relato, que um novo espírito bem diferente entrou no asilo. Daí por diante
pouco se ouvia falar de descontentamento.
Conselhos Inspirados Sobre Gratidão e Ação de
Graças
"Esquecendo
nossas próprias dificuldades e aflições, louvemos a Deus pela oportunidade de
viver para glória de seu nome. Que as novas bênçãos de cada dia nos despertem
no coração louvor por estes testemunhos de seu amoroso cuidado. Quando abris os
olhos pela manhã, dai graças a Deus por nos haver
guardado durante a noite. Agradecei-lhe pela paz que tendes no coração. De
manhã, ao meio dia e à noite, qual suave perfume, ascenda ao céu a vossa
gratidão". – A Ciência do Bom Viver, págs. 217-218.
"Eduquemos
pois o coração e os lábios a entoar o louvor de Deus por seu incomparável
amor". – Idem, pág. 217.
"Quando
os dez leprosos foram ter com Jesus, em busca de cura, Ele lhes ordenou que
fossem, e se mostrassem ao sacerdote. No caminho, foram purificados, mas
unicamente um voltou atrás para Lhe dar glória. Os outros seguiram seu caminho,
esquecendo Aquele que os pusera sãos. Quantos estão ainda fazendo a mesma
coisa!" O Desejado de Todas as Nações, pág. 348.
"Não
temos nós motivo de ser a todo momento agradecidos, mesmo quando existem
aparentes dificuldades em nosso caminho? ...
"Em
tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em
Cristo Jesus para convosco." I Tess. 5:18. Esta ordem é uma certeza de que
mesmo as coisas que nos parecem ser adversas contribuirão para o nosso
bem." Ciência do Bom Viver, págs. 254-255.
Quero concluir
apresentando a oração de Michel Quioist intitulada:
Ação de Graças
É maravilhoso,
Senhor, ter braços perfeitos,
Quando há tantos mutilados!
Meus olhos perfeitos, quando há tantos sem luz!
Minha voz que canta, quando
tantas emudeceram!
Minhas mãos que trabalham, quando tantas mendigam!
É maravilhoso
voltar para casa, quando
tantos não têm para onde
ir!
É maravilhoso:
amar, viver, sorrir, sonhar!, quando há tantos que choram, odeiam, revolvem-se em pesadelos, morrem antes de
nascer.
É maravilhoso
ter um Deus em quem crer, quando há
tantos que não têm o consolo de uma crença.
É maravilhoso,
Senhor, sobretudo, ter tão pouco a pedir, tanto a oferecer e agradecer.
Amém.
10
PONTUALIDADE
Qualidade
de ser pontual.
Pontual.
Exato no cumprimento dos seus deveres ou compromissos. Feito com exatidão ou no
tempo preciso em que ficou combinado fazer-se.
Disse,
com alguma jocosidade, notável escritor patrício:
"O brasileiro é muito pontual no atraso. Os
casamentos, os coquetéis, a partida dos aviões e os jogos de futebol só começam
na hora certa quando são marcados para meia hora mais cedo. A desculpa do peguei um trânsito horrível, garante um
desconto de exatamente 30 minutos. Atraso maior vai por conta do estava em reunião muito importante lá na
firma."
"A
falta de pontualidade é falta de virtude" declarou alguém com bastante
convicção.
Concorda
você com esta declaração: Que a pontualidade é uma sublime virtude do
cristianismo?
Você já
parou para pensar por que os brasileiros, ou melhor os latinos somos tão
impontuais?
É a
pontualidade uma virtude apresentada na Bíblia? No plano divino todas as coisas
são feitas no seu devido tempo. Em Marcos 1:15 encontramos esta declaração de
Cristo: "O tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo".
O
apóstolo Paulo em Rom. 5:6 faz mais ou menos a mesma declaração, apenas em
outros termos: "Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a
seu tempo pelos ímpios".
No
relógio divino, estava marcado o tempo em que Cristo devia vir à Terra para
morrer pela humanidade, e nenhum atraso houve neste plano. A falta de
pontualidade é um índice negativo da nossa personalidade.
O
intrépido Almirante Nélson, conhecido por sua vitória na batalha de Trafalgar,
foi um vigoroso exemplo de pontualidade, como nos atesta a declaração seguinte:
"Devo todos os meus êxitos a ter sempre acabado minhas tarefas um quarto
de hora antes do combinado".
Há um
provérbio antigo e bastante conhecido, mas muito oportuno: "A pontualidade
é a cortesia dos príncipes".
Conhecemos
há muitos anos o relato de um incidente entre o Presidente Lincoln e o seu secretário. Este sempre chegava atrasado,
mas com a seguinte desculpa: o meu relógio sempre se atrasa.
Certo
dia o presidente, com toda a polidez que o caracterizava, deu-lhe o seguinte
conselho: Seria bom comprar outro relógio para que eu não tenha o desprazer de
substituí-lo.
Desnecessário
é dizer que desse dia em diante, o relógio não mais se atrasou.
Pastor
Walter E. Murray, quando presidente da Divisão Sul Americana, escreveu no
Ministério Adventista, Maio-Junho de 1956, pág. 2, sob a epígrafe
"Pontualidade" o seguinte:
"Notei em alguns lugares que os pregadores
anunciam uma reunião para as oito horas da noite, quando em realidade pensam
começá-la meia hora mais tarde. Às vezes, é o diretor da Escola Sabatina quem
chega com cinco ou dez minutos de atraso. Outras, é a Sociedade de Dorcas que não funciona como deveria, pelo fato de certas
pessoas de talento nunca chegarem a tempo.
"Irmãos, estas coisas não deveriam existir
entre nós. Quem chega atrasado a uma entrevista, rouba o tempo dos demais. Se
fazemos esperar a dez pessoas durante dez minutos, o tempo de todas somados, eqüivale a cem minutos de uma pessoa. É muito o que se pode
fazer nesse tempo. Napoleão se considerava capaz de ganhar uma batalha em dez
minutos...
"Nós, como obreiros cristãos, devemos dar a
devida importância à pontualidade, pois ela é índice de outros traços de
caráter da personalidade. As pessoas se dão conta disso e por muitos e grandes
esforços que façamos para encobrir nossas faltas, as mesmas serão descobertas
se chegamos com atraso aos nossos compromissos. Se nos atrasamos habitualmente
no pagamento de nossas contas, nossa atitude despertará uma multidão de
suspeitas na mente dos que conhecem este traço de nosso caráter.
"Pela graça de Deus decidamos ser pontuais em
cada aspecto de nossa vida diária".
Se
atentássemos bem para a declaração de Paulo na primeira Carta aos Coríntios,
14: 40: "Tudo, porém, seja feito com decência e ordem", muito mais
cuidadosos seríamos na prática desta sublime virtude. Desonramos a Deus quando
deixamos de comparecer pontualmente aos serviços religiosos da Igreja.
No
Manual "O Obreiro Voluntário", págs. 15 e 16 há estas declarações:
"Todos devem aprender a ser fiéis no dever
menor assim como no maior. Sua obra não pode resistir à inspecção
de Deus, a menos que inclua o cuidado fiel... das coisas do Senhor. Para ter
êxito na obra de Deus, necessitamos ser fiéis no cumprimento de nossas
entrevistas e ser pontuais nelas".
Samuel Smiles declarou sobre a pontualidade: "Ela é o dever dos cavalheiros e a
necessidade dos homens de negócio".
Conclusão
Conscientes
de que temos falhado muito na prática desta virtude, e que como cristãos
precisamos vencer esta fraqueza, tomemos a firme decisão de vencer esta falha
da nossa personalidade, dando assim um exemplo digno de uma organização onde
impera uma perfeita ordem, por ser de origem divina.
11
CORAGEM
Davi antes de falecer, deu várias instruções a seu
filho Salomão, e entre estas se encontra a seguinte: "Eu vou pelo caminho
de todos os mortais. Coragem, pois, e sê homem!" I Reis 2: 2.
Vivemos em uma sociedade caracterizada pelo medo. O
homem moderno vive uma existência torturada sob a pressão do medo. Comentando
esta verdade o famoso filósofo inglês – Bertrand Russel – assim se expressou: "O tempo presente
caracteriza-se pelo prevalecimento de uma constante intuição de medo".
Os psicólogos afirmam: Quem assevera que nunca
sentiu medo, não sabe o que está dizendo, pois todos têm medo de alguém, de
alguma coisa ou de circunstâncias perigosas ou desfavoráveis. Os entendidos em
compreender este labirinto, que é a personalidade humana, afirmam que os seis
principais medos (notem que eu disse seis principais, pois eles são
inumeráveis) que assediam o ser humano são: medo da pobreza, medo da morte,
medo da doença, medo de perder o amor de alguém, medo da velhice e medo da
crítica.
Em Recife morreu um senhor, mas antes de falecer,
pedira que escrevessem em sua sepultura a seguinte frase: "Aqui jaz um
homem que nunca teve medo". Conhecedores desta frase, um grupo de
estudantes, certo dia se dirigiu ao cemitério com uma faixa, colocando-a sobre
o seu túmulo, com as seguintes palavras: "É porque nunca prestou
exame".
Seria o medo sempre prejudicial, ou ele poder-nos-á
também ser benéfico? O medo pode ser classificado em normal e anormal. O medo
normal é nosso amigo. É uma emoção colocada dentro de nós pelo Criador para a
nossa proteção. Ele nos faz ser cautelosos, moderados e a usarmos o bom senso
para que a nossa vida não corra perigo constante. Pensemos na pessoa que vai
longe no mar enfrentando as ondas revoltas. O jovem afoito que não teme o
perigo do excesso de velocidade, muitas vezes, termina seus dias de maneira
trágica e inglória. Os corajosos que
tentam enfrentar os ladrões, quase sempre pagam um preço elevado por seu
arrojo.
Por outro lado, o medo anormal é algo muito
diferente, estudado com muita eficiência pelos
entendidos no capítulo das fobias.
Ilustremos com um caso prático a diferença entre um
medo normal e outro anormal, que também pode ser chamado de mórbido, doentio.
Se uma pessoa, no meio da selva africana, estiver atormentada com a existência
de cobras, esse medo é normal, porque nesse lugar existem cobras. Mas, se um
nosso amigo, repentinamente, começa a sentir medo de cobras, que ele afirma
estarem debaixo da cama, em pleno centro da cidade, esse medo é neurótico,
anormal, pois temos certeza de que ali não pode haver cobras.
Norman Vincent Peale nos
aconselha o seguinte: para livrar-nos do medo devemos ler o Salmo 23, talvez o
mais belo poema que já foi escrito. Especialmente o verso 4: "Não temerei
mal algum, porque tu estás comigo". Davi declara, que o modo mais seguro
de livrar-nos do medo, é viver na constante certeza de que Deus está conosco.
O medo pode ser definido, como a falta de confiança
no poder de Deus.
Em uma de suas poesias Olavo Bilac escreveu:
O medo
é próprio do pérfido,
Do
pecador, do malvado:
Quem não se entrega ao pecado
Não receia a punição.
Não tem medo quem caminha
Com a consciência tranqüila,
Quem o inimigo aniquila,
Com a força da razão!
Exemplos
Bíblicos de Pessoas de Coragem
1) Abraão,
confiando em Deus, não temeu ir até o monte Moriá, para sacrificar seu próprio
filho.
2) Moisés
corajosamente enfrenta o rei do Egito; vencendo obstáculos e situações
precárias, consegue guiar aquele numeroso povo, durante quarenta anos. Suas
últimas palavras a Josué e ao povo são de ânimo e incentivo. Deut. 31:7-8.
3) Josué
e Calebe destacaram-se dentre os 12 espias pela sua bravura. Enquanto os outros
estavam amedrontados, as palavras de Calebe revelam sua intrepidez: "Eia!
subamos, e possuamos a terra, porque certamente prevaleceremos contra
ela". Num. 13:30. Era preciso coragem para dizer estas palavras.
4) A
Rainha Ester
Não foi fácil enfrentar a trama criada por Amã.
Ela possuía plena consciência, de que se o rei não lhe apontasse o
cetro, a sua sorte seria a morte, mas em sua corajosa decisão declarou:
"Irei e perecendo pereço".
Graças à intervenção desta jovem intimorata, o povo judeu foi salvo.
5) A
resposta dada por Sadraque, Mesaque
e Abede-Nego ao rei Nabucodonosor, é uma confirmação
da grande coragem que possuíam.
Só a confiança em Deus é que lhes deu esta força.
Pessoas temerosas e covardes, não podem dar a resposta que eles deram ao
monarca prepotente, e relatada em Daniel 3:16-18.
6) Um dos exemplos bíblicos mais dignificantes, do cultivo desta virtude
cristã, é o de Neemias.
Os inimigos conspiraram para intimidá-lo. Fizeram
tudo para que ele desistisse de seu nobre intento, reconstruir os muros de
Jerusalém, mas este servo de Deus, com decisão inabalável, prosseguiu sem
desfalecimentos.
A sua coragem é especialmente relatada em Neemias
6:11: "Homem como eu fugiria?" Quantas vezes temos nós fugido ao
dever e á responsabilidade por temer as
circunstâncias?
Dante, o grande poeta italiano, na sua Divina
Comédia, ao percorrer os domínios do inferno, em companhia de Virgílio,
encontrou logo na entrada um lugar cheio de almas que, em diversas línguas
clamavam e se lamentavam. Impressionado com isso, pergunta ao guia quem eram.
São, responde este, as almas daqueles que viveram sem infâmia e sem louvor.
Nunca fizeram ações más, mas também em seu crédito, não havia uma parcela
apenas de bem. Apáticos e indiferentes nunca tiveram coragem de praticar uma
boa ação. Ficaram sempre neutros. Nem frios nem quentes. Merecem pois o
inferno.
Este fato, embora mitológico, portanto inverídico,
encerra grande verdade, pois é símbolo de uma classe ainda numerosa hoje, não
fazendo o mal nem o bem.
Tiago condena esta classe com as seguintes
palavras: "Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não faz, nisso
está pecando". Tiago 4: 17.
7) O profeta Ageu é conhecido como o homem de
coragem.
"As
quatro mensagens que constituem o livro de Ageu tiveram por propósito reanimar
o espírito abatido do povo, inspirá-los com a vontade de realizar grandes
coisas para Deus". S.D.A.B.C. Vol. 4, pág. 1074.
8) Pedro.
Este apóstolo, que por covardia negara o mestre,
posteriormente, apresenta notável transformação. A mudança nele operada é bem
evidente da declaração de Atos 4:13, 29. Lucas declara que o povo se admirava
da intrepidez de Pedro.
9) Paulo, o incansável paladino do evangelho, é um
exemplo de sublime heroicidade e valentia cristãs.
10) Além destes exemplos bíblicos e de muitos
outros que poderiam ser citados, quero citar o exemplo da figura máxima da
Reforma – Lutero. Se alguém já mereceu, com justeza, o título de destemido
filho de Deus, este foi Lutero.
Precisava coragem para afixar as 95 proposições, na
porta do castelo de Witenberg, condenando a
mercantilização das indulgências. O papa Leão X numa bula o excomungou,
concedendo-lhe 60 dias para retratar-se. Na Universidade, perante mestres e
estudantes, queima a bula, lamentando não poder queimar o próprio papa.
O conhecido pastor Richards – decano dos oradores da Voz da Profecia, afirmou
o seguinte: "A presunção e o orgulho são as únicas coisas para serem
temidas, fora disso o temor é covardia".
O visitante da Abadia de Westminster, vê muitos monumentos a grandes homens, porém,
nenhum tributo mais nobre do que a inspiração do monumento a Lord Lawrence, simplesmente seu nome,
a data de sua morte e estas palavras: "Ele temeu pouco os homens porque
temeu muito a Deus".
Conclusão lógica: Quanto menos tememos a Deus, mais
temeremos os homens.
Quando o medo assaltar-nos, devemos pensar nas
palavras de Davi, encontradas no Salmo 56:3: "Em me vindo o temor, hei de confiar em
ti".
São a insegurança e a incerteza que trazem o medo.
Pensamentos
Úteis
"Não nascemos fortes, tornamo-nos fortes. Por
atos repetidos, por pequenas vitórias, por sacrifícios reiterados, chegamos a
ter um grande coração e uma grande coragem." Ponlevoy
O que perdeu a riqueza, nada perdeu;
O que perdeu a saúde, perdeu algo;
O que perdeu a coragem, perdeu tudo."
Mauriac
Senhor, dai-nos coragem.
Coragem para empreender e perseverar sem temeridade.
Coragem da
iniciativa e da disciplina.
Coragem da continuidade e da adaptação
constante.
Coragem de
permanecer só e de recomeçar
sempre com os que se apresentam.
Coragem de não nos irritarmos, apesar dos abandonos, e de conservarmos
o controle de nós mesmos.
Coragem de achar tempo suficiente para contemplar e orar.
L. B.
"Coragem é aquilo de que a gente precisa para
se levantar e falar; e é também aquilo de que precisamos para sentar e
ouvir." Carl H. Voss
"A coragem é uma virtude somente na proporção
em que é dirigida pela prudência." Fenelon
"Cada vez que perdemos a coragem, perdemos
também vários dias de nossa vida." Mauric
Maeterlinck
12
CORTESIA CRISTÃ
A
palavra cortesia em sua origem, nos mostra que é a atitude digna das pessoas da
corte. Corte era o lugar onde vivia a família real, portanto todos deviam ser
educados. É um conjunto de regras que norteiam o procedimento, com o objetivo
de produzir boas maneiras.
"Cortesia
é o óleo que ajuda o bom funcionamento das relações humanas".
Alguém
afirmou: A cortesia é o mais maravilhoso perfume da vida e tem tal nobreza que
todos o podemos dar e quanto mais dermos, mais possuímos.
Ellen G.
White diz que a cortesia é um princípio do céu: "A regra áurea é o
princípio da verdadeira cortesia, e sua mais genuína expressão é patenteada na
vida e caráter de Jesus". Mensagens aos Jovens, pág. 420.
Vemos
assim que cortesia é muito mais ampla do que simplesmente uma coleção de regras
de etiqueta, desde que ela está intimamente relacionada com a dignidade humana
e com a regra áurea estabelecida por Cristo.
A
verdadeira base da cortesia se encontra no amor, como nos indica o apóstolo Paulo,
em Romanos 12:10: "Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor
fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros".
Em II
Tim. 2:24, 25 Ele declara que o servo do Senhor "deve ser brando para com
todos, apto para instruir, paciente; disciplinando com mansidão os que se
opõem".
Outra
declaração paulina, que não pode ser olvidada, porque está bem ligada
encontra-se em Col. 4: 6: "A vossa palavra seja sempre agradável,
temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um".
Tihamer Toth no livro O Moço
Educado, pág. 13, tem esta frase
lapidar: "A verdadeira cortesia só brota dum caráter puro e dum coração
cheio de bondade".
Na
página 15 ele declara com segurança e convicção:
"As maneiras polidas, atenciosas e amáveis são
verdadeiro tesouro para um jovem, pois, além de revelarem a cultura de sua
alma, podem ter influência decisiva sobre a sua carreira, sobre o seu acesso na
vida. A polidez é, em ponto pequeno, o que o amor ao próximo, o é em ponto
grande".
Polidez
– palavra grega e urbanidade – palavra latina, com raízes que significam cidade
e usadas como sinônimas de cortesia, nos indicam que deve ser um comportamento
digno das pessoas da cidade.
A Palavra Cortesia na Bíblia
Aparece
na Bíblia o vocábulo cortesia?
A
tradução Almeida, Edição Revista e Atualizada no Brasil traz apenas uma vez a
palavra cortesia, isto é, em Tito 3:2 "não difamem a ninguém; nem sejam
altercadores, mas cordatos, dando provas de toda a cortesia, para com todos os
homens".
A
palavra traduzida por cortesia, no original é v
– prautes, que significa amabilidade. Vocábulos
encontrados em Atos 28:7; Col. 4:6 e 1 Pedro 3:8, podem, de acordo com o
original, ser traduzidos com propriedade para a nossa palavra cortesia, de
acordo com a Enciclopédia de Assuntos, pág. 71, da Bíblia Vida Nova.
A Sociedade e a Cortesia
Há muito
tempo, a humanidade se preocupa com este assunto, pois o primeiro livro
especializado sobre cortesia foi escrito
por Erasmo em 1526. Nesta obra ele apresentou resumidamente várias regras de
boas maneiras.
Estudando
a história das nações, concluiremos que todas elas, com maior ou menor
intensidade se têm dedicado ao estudo da cortesia.
Aqui em
São Paulo, de quando em quando, são promovidas campanhas meritórias,
objetivando despertar o povo para a necessidade de cultivar mais esta nobre
virtude. Em 1952, o jornal "Folha da Manhã", noticiava o lançamento
na França de uma cruzada pró amabilidade, com a idéia
de se cultivar todos os anos a Semana da Delicadeza.
Flamínio
Fávero, em artigo inserto no mesmo jornal, do dia 27/04/1952, comentando esta
meritória campanha feita na França, assim se expressou em um de seus
parágrafos:
"Idéia esplêndida. A
amabilidade está tão desprezada no mundo que poucos sabem da sua existência.
Parece-se quase com a verdade, escondida no fundo de um poço. Entretanto, que
esplêndida seria a vida se conduzida sob o seu pálio inspirador. Haveria, por
acaso, competições iradas, lutas, guerras entre os homens? Creio que não.
Impelidos pela vontade de servir, a eficiência de suas atividades seria bem
outra, e iluminadas por melhores luzes. Seria verdadeiro paraíso desde
já".
Mais
adiante ele assevera:
"Nessas
condições, é confortadora a campanha que todos os anos se realiza na França,
pondo em realce as vantagens da amabilidade. Tem ela função altamente
educativa, por certo, mantendo nas novas gerações o germe da árvore que de
outra forma se extinguiria na floresta escura da vida moderna, que a oprime e
sufoca. Ademais ela serve como terapia e profilaxia mental, desde que: A
amabilidade estimula o otimismo. Tonifica o coração. Revigora o espírito. Dá
alegria de viver.
"Oxalá imitássemos a idéia!
É vezo nosso copiar tudo o que o estrangeiro possui, principalmente sendo
coisas nocivas e prejudiciais. Por que não o fazemos em relação ao que é bom,
útil, sadio? E aí está uma oportunidade excelente. Poderíamos ter a semana da
delicadeza ou da amabilidade".
Esta idéia sugerida pelo Dr. Flamínio Fávero não é novidade para
nós, pois todos os anos, esta Casa de Ensino realiza de maneira condigna e
eficiente a Semana da Cortesia.
Também
aqui em nossa capital, os rotarianos, os jornais e a sociedade Amigos da Cidade
têm lançado campanhas com estes "slogans": muito obrigado, cortesia
abre caminho, agradeça sempre, desculpe-me, por sentirem a falta de polidez em
nossa sociedade.
Gumercindo
Fleury assim descreveu a cidade de S. Paulo, em artigo para a Gazeta do dia
15/09/1953:
"A campanha da cortesia iniciada pela
sociedade "Amigos da Cidade" visa elevar o nível educacional da
população pelo cultivo das boas maneiras, do respeito mútuo, da solidariedade
humana e da disciplina coletiva. Visa ainda a iniciativa, tornar a vida em S.
Paulo, menos áspera e mais tolerável. Na realidade, precisamos mesmo, de um
movimento alertador em tal sentido".
Sem
dúvida alguma, estas sugestões são úteis e a idéia de
termos uma semana de âmbito nacional seria ótima, para que esta virtude, que
escasseia, especialmente, nas grandes cidades fosse mais cultivada entre
nós".
Aspecto da Cortesia que não Devem ser Esquecidos:
a)
Agradecer sempre.
O bom
hábito de agradecer depois de nos prestarem um favor está desaparecendo. A boa
educação não deve ser posta de lado sob o pretexto de uma vida agitada.
Agradecer é como sorrir sempre e não mostrar o rosto carrancudo. Agradecer é
uma forma de suavizar as asperezas da luta pela vida e contribuir para que os
outros sintam o mesmo.
b)
Cortesia no lar.
Infelizmente,
há muitos que pensam que a cortesia só deve ser cultivada por elementos de fora
do círculo familiar. Há pessoas que são refinadas fora de casa, mas seu
comportamento com os membros da família é rude e descortês. No lar é onde
devemos exercer o ponto mais alto da nossa cortesia.
Não
podemos falhar na cortesia, desde que ela é filha do amor, e o apóstolo Paulo
diz que o amor nunca falha.
c) Cortesia
é servir
Servir é
um ato esplêndido, desde que traz mais alegria do que ser servido.
Quando
há um desastre nossa tendência é desaparecer para evitar complicações, porém,
esta não é uma atitude cristã. Há grande satisfação interna quando prestamos serviço
desinteressado.
Creio
que muitos já ouviram a interessante história que se segue com algumas
variantes:
Uma
senhora sonhou que fora dar um passeio no inferno e no céu. Visitando o
inferno, chegou à hora do jantar. Viu uma sala de ordem, com a mesa posta e a
comida bastante apetitosa. Notou, entretanto, uns talheres esquisitos. Tinham
cabos do tamanho da largura da mesa. Chegaram os inquilinos do maligno,
tristes, silenciosos, e sentaram-se para comer. Não conseguiram, entretanto,
manejar os talheres, pois os cabos os atrapalhavam. E, pouco depois, deixaram o
recinto com a mesma fome da entrada.
Nervosa,
pediu ao visitante para ir ver o céu. Era também a hora da refeição. Tudo na
mesa, como no inferno, mas os habitantes de lá, chegando, sorridentes e
comunicativos, usavam os próprios talheres para servirem os seus companheiros
da frente. Por isso eram longos os cabos.
No céu,
o moto é servir. Por que não fazemos da terra um céu?
Este
relato, embora fictício, ensina-nos uma sublime lição, não apenas do espírito
do serviço, mas também de profunda cortesia cristã.
Ações Reprováveis que uma Pessoa Cortês não Comete
1) Usar seu instrumento musical com tal volume que
prejudique os colegas, vizinhos, ou outras pessoas quaisquer.
2) Pedir livros ou outros objetos emprestados e não os
devolver.
3) Ler cartas ou documentos alheios.
4) Brincar com os talheres nas refeições e apoiar o
cotovelo na mesa.
5) Fazer ruído com a boca ao mastigar.
6) Descuidar da limpeza das unhas, dos dentes, dos
sapatos e das roupas.
7) Assobiar diante das pessoas de respeito.
8) Intrometer-se na conversa particular dos outros.
9) Tomar a frente dos superiores na entrada das
portas, num corredor ou numa escada.
10) Pisar descuidamente numa
sala de aula, na igreja e em outros lugares, em que as circunstâncias exijam
cuidado e consideração.
11) Espreguiçar-se em público.
12) Cortar as unhas e pentear o cabelo em público.
13) Ao passar por uma porta batê-la fortemente.
14) Segredar com os companheiros diante de pessoas de
respeito.
15) Espirrar em público. Se isto acontecer, ninguém
deve dizer: Saúde ou qualquer outra expressão de delicadeza, que já se tornou
passadiça.
16) Não abrir a porta do carro para que entre uma
senhora, e não fazer o mesmo quando ela dele sair.
17) Não cumprimentar as pessoas conhecidas que cruzam o
nosso caminho.
18) Deixar passar despercebida a data de aniversario das pessoas que nos são íntimas.
19) Gritar quando temos que tratar com os
circunstantes.
20) Usar expressões impróprias e gírias inconvenientes.
21) Nas refeições, quando há várias pessoas a mesa,
servir-se sem levar em consideração as demais.
Em
Meditações Matinais de 15 de março de 1964, encontramos estes salutares
conselhos para os jovens:
"Uma pessoa jovem cederá alegremente aos
desejos de seus pais. Responderá sempre com respeito aos mais velhos. Deixará
os de mais idade passarem-lhe adiante numa porta. Agradecerá a qualquer favor
recebido. Cederá seu lugar a uma senhora, ao idoso e ao enfermo numa condução
pública".
"A cortesia não diz naturalmente respeito só
aos jovens. Os pais e todos os de mais idade devem
dar um digno exemplo em seu procedimento nesse sentido. Os pais e mães devem
mostrar sempre cortesia um com o outro e para com os filhos".
O Espírito de Profecia e a Cortesia
Já
citamos alguns pensamentos, mas das páginas inspiradas respigamos mais estas jóias preciosas:
"Sede corteses é uma ordem bíblica. Tratai com
civilidade a todos".
R.H. 26/04/1887
"O cristianismo tornará o homem um cavalheiro.
Somos a aquisição do sangue de Cristo, e devemos representá-lo, seguir o seu
modelo. E ele era cortês, mesmo com os seus perseguidores. O verdadeiro
seguidor de Jesus manifestará o mesmo espírito manso e abnegado, que assinalou
a vida de seu senhor". R.H. 29/04/1884
"Se nos humilhássemos perante Deus, e fôssemos
bondosos e corteses e compassivos e piedosos, haveria uma centena de conversões
à verdade onde agora há apenas uma." Beneficência Social, pág. 86
"Um cristão bondoso, cortês, é o mais poderoso
argumento que se pode apresentar em favor do cristianismo." Obreiros
Evangélicos, pág. 118
Em nossa
sociedade há uma polidez formal, onde muitos são corteses quando são tratados
com cortesia, mas a cortesia cristã vai além, porque nos diz que devemos tratar
a todos da mesma maneira, conhecidos e desconhecidos, amigos ou inimigos, pois
professamos seguir a Cristo e Ele assim o fez.
Provas de Cortesia Cristã
1)
Ceder o lugar a uma senhora ou moça no trem, ônibus, igreja ou qualquer
reunião; especialmente, senhora é idosa, gestante ou doente.
2)
Deixar as senhoras, moças, passarem à frente ao entrar ou sair em um
aposento ou passagem estreita. Em todas as ocasiões é recomendável dar sempre a
preferência aos outros.
3)
Descer na frente e tomar pela mão a esposa, noiva, namorada, irmã,
filha, mãe, ou qualquer parente próximo do sexo feminino, para ajudar a descer
de uma condução.
4)
Esperar que os mais velhos e as visitas se tem, à mesa, na hora da
refeição, esperando que os outros se sirvam primeiro.
5)
Respeitar sempre o direito alheio. Nunca passar na frente dos outros na
fila.
6)
Apanhar cortesmente e devolver algo que tenha caído das mãos do nosso
interlocutor.
7)
Cumprimentar os conhecidos com respeito, consideração e com um sorriso
amigo.
8)
Ser bom ouvinte, tomando interesse na conversação, mesmo quando não seja
do nosso interesse. Ser ouvinte atento ao que prega ou que leciona.
9)
Ser pontual aos compromissos, encontros marcados, contratos ou reuniões
de qualquer espécie onde somos esperados.
10)
Nunca brincar para humilhar aos outros, mas sempre pronunciar palavras
que agradem e os faça felizes.
11)
Falar apenas de coisas positivas a respeito de outras pessoas. Em vez de
censurar as faltas alheias devemos indicar o caminho certo a seguir.
12)
Evitar gabar-nos ou elogiar-nos. Elogio em boca própria é vitupério.
13)
Respeitar os superiores como desejamos o respeito dos inferiores.
Respeitar os inferiores como desejamos o respeito dos superiores.
14)
Oferecer lugar no carro a pessoas conhecidas, que vão na mesma direção.
15)
Limpar bem os sapatos ao entrar em qualquer casa, edifício ou igreja.
16)
Ceder o lado do passeio, junto às casas, quando vier em sentido
contrário uma senhora, um ancião, uma criança ou um carregador.
17)
Quando quisermos falar a uma pessoa na rua, cheguemos bem perto,
evitando assim chamá-la pelo nome em voz alta, ou apontando-a com o dedo.
18)
Agradecer sempre às pessoas, que nos prestarem favores, ou tiverem
alguma distinção para conosco.
Conclusão
"A
polidez é a flor da humanidade. Quem não é polido, não é suficientemente
humano". Joseph Joubert
Oxalá o
mundo possa ver nos jovens adventistas, mesmo nas horas mais adversas de sua
vida, a verdadeira cortesia, que brota do coração daqueles que amam realmente a
Cristo.
Nota:
Resenha de temas, apresentados diversas vezes, no Instituto Adventista de
Ensino.
13
SINCERIDADE
O dicionário assim definirá esta palavra: qualidade
do que é sincero, lisura de caráter, franqueza, boa fé. É o contrário do
fingimento e da hipocrisia.
Ser sincero é agir sem a intenção de enganar; é não
disfarçar o seu procedimento. É ser puro, cordial, franco, verdadeiro, leal.
Os etimologistas não são unânimes quanto ao
significado original da palavra. A maioria aceita que vem do latim "sine cera", isto é, sem cera. A explicação mais comum,
é que esta expressão era usada pelos fabricantes de móveis, para afiançar que
eles não tinham usado a cera, para encobrir os defeitos da madeira. Outros
declaram, que a cera era usada pelos antigos para se mascararem, ou transformar
o rosto. Estar sem cera ou ser sincero, significava que a pessoa mostrava o seu
rosto como era na realidade, e não como uma figura emprestada.
O estudioso de palavras – Walde – põe de lado a
interpretação do latim sine cera,
apresentando uma explicação que não merece nenhuma consideração.
O nosso mundo se caracteriza pela artificialidade,
pelo engano e pelo subterfúgio. Se não cuidarmos, somos ludibriados em muitas
das coisas que compramos. Há pessoas que sabem mentir com tanta naturalidade,
que dão a impressão de estarem dizendo a mais santa das verdades. O ser humano,
possuído do espírito do enriquecimento fácil, fascinado pelo interesse da
grandeza e do predomínio, vale-se, muitas vezes, da insinceridade, da
hipocrisia para alcançar bens materiais e uma boa posição social.
Muitas vezes o sorriso artificial e a lisonja, são
usados para encobrir a hipocrisia do coração, a cobiça e a inveja que estão
imperando no seu ser. Quantas vezes o elogio é apenas usado para alcançar
propósitos condenados. Pessoas de duas caras são encontradas em todas as camadas
sociais, fazendo com que o ambiente fique carregado de dúvidas e incertezas.
Não devemos pensar que este comportamento seja
característico da sociedade hodierna, pois a história nos comprova, que desde
os tempos mais remotos, o homem tem mantido esta mesma atitude reprovável. A
confirmação nós a temos lendo o que declarou o profeta Jeremias há mais de
2.500 anos.
"Guardai-vos
cada um do seu amigo, e de irmão nenhum vos fieis; porque todo irmão não faz
mais do que enganar, e todo amigo anda caluniando". Jer. 9:4.
Se este comportamento era uma triste realidade nos
tempos do Velho Testamento, hoje, temos que concluir que a arte de enganar é
uma realidade especializada. Salomão em um de seus sábios e profundos conceitos
declarou: "Melhor é o pobre que anda na sua sinceridade, do que o perverso
de lábios e tolo". Prov. 19:1.
Andar em sinceridade é uma das mais belas, raras e
dignas das virtudes. Não devia ser a nossa oração, pedir a Deus que nos ajude a
cultivar este notável atributo?
Em outras passagens o sábio rei de Israel exalta esta nobre qualidade:
"Quem
anda em sinceridade, anda seguro, mas o que perverte os seus caminhos será
conhecido". Prov. 10:9.
"Pela
bênção dos sinceros se exalta a cidade, mas pela boca dos ímpios é
derribada". Prov. 11:11.
Se todos andassem em sinceridade, quanto mais fácil
e agradável seria a vida, mas infelizmente, a hipocrisia é uma realidade que se
alastrou pelo mundo trazendo-nos infelicidade e tristeza.
Como Deus tratará os sinceros e os insinceros? Os
sinceros receberão a bênção da salvação, mas os insinceros serão duramente
castigados. "O que anda sinceramente salvar-se-á, mas o perverso em seus
caminhos cairá logo". Prov. 28:18.
Sinceridade
em o Novo Testamento
O termo grego correspondente ao nosso sinceridade é
– eilicrinéia, e para o adjetivo sincero eles usam v – eilicrines.
O substantivo aparece no grego do Novo Testamento
apenas três vezes, sendo usado por Paulo em I Cor. 5:8 e II Cor. 1:12 e 2:17;
enquanto o adjetivo é usado apenas duas vezes: Filip. 1:10 e II Ped. 3:1.
Existem outros vocábulos gregos neotestamentários, que podem ser traduzidos por
sinceridade, como nos atestam as palavras haploteti e afthersia em Efésios 6:5 e 24.
A palavra grega eilicrinéia significa claridade,
veracidade, sinceridade. Outros estudiosos a definem com o significado de
transparência, ausência de dolo, de fraude, que não visa enganar, mas sim
pureza de intenções.
A maioria dos comentaristas do Novo Testamento
atestam que a palavra grega – eilicrinéia, nos seus elementos constitutivos significa – o
que pode ser julgado à luz do sol.
Outros a derivam da raiz do verbo – eilisso que significa revirar, fazer voltar e a explicam
como aquilo que é separado ou peneirado por ser sacudido como em uma peneira.
Em favor desta etimologia está sua associação no grego clássico com diferentes
palavras significando não misturado, puro. Ver Word Studies in the New
Testament, Vol. I, pág. 703.
Acho mais aceitável a primeira explicação, ou seja
o processo de declarar imaculada alguma coisa, após ser examinada à luz do sol.
Conclusão
Nossa petição a Deus devia ser para que nos ajude a
ser sinceros em nosso pensar, falar e agir, para termos o privilégio, de na Sua
vinda, sermos cidadãos daquele reino, onde habitarão os que cultivarem esta e
outras virtudes cardeais do cristianismo.
14
Quanta coisa bela se tem escrito em homenagem a
essa virtude! A imaginação genial de notáveis artistas, conseguiu criar
símbolos expressivos e eloqüentes, para representar
os benefícios mais salientes que a esperança produz no coração humano.
O gênio de Olavo Bilac, numa página brilhante,
expõe e analisa todo esse simbolismo. Rememoremos os conceitos que ele
magistralmente enuncia.
"A
esperança é sempre agradável. Para sublinhar tal característico, os artistas a
têm representado por uma jovem de fisionomia serena e compostura graciosa. Puseram-lhe na fronte uma coroa de flores em botão; elas
figuram as aspirações que tendem a desabrochar em esplêndidas realidades.
Colocaram-lhe na mão direita um lírio, emblema de candura, ou uma flor de
lótus, insígnia da ilusão. Representam-na ainda por uma estatueta de vitória,
símbolo do triunfo infalível reservado aos que sabem esperar: ou por uma
colmeia coroada de abelhas revoantes, figurando assim
a abundância que terão os que não desesperam.
"A
iconografia cristã deu-lhe outro símbolo mais expressivo talvez do que todos os
outros – uma âncora. Realmente, e com a esperança que ancoramos no mar raivoso
da vida. A excelsa virtude é ainda representada pela cor verde que nas searas
precede, promissoriamente, as fartas colheitas."
Para Bilac a esperança é sempre um bem. Sustentou
ele essa tese afirmando que os bandeirantes, impelidos pela esperança de
encontrar tesouros, percorreram regiões imensas do país e não acharam o que
desejavam. Em certo sentido a expectativa pulverizou-se. No entanto, ela foi um
bem, porquanto novas terras se descobriram e alargou-se o domínio do Brasil no
continente. Tinha, pois, alguma razão o famoso poeta, mas existe um conceito
diametralmente oposto ao dele:
"Terrível coisa é a esperança". Esta
frase é de Júlio Ribeiro no livro Padre Belchior de Pontes, pág. 307. Onde
está a razão? Com ele ou com Olavo Bilac? Com ambos. A discrepância entre eles
é apenas aparente, pois a esperança pode ser um grande bem ou um terrível mal.
Os exemplos em que ela esplende como verdadeiros
bens são inumeráveis. Não precisamos, por isso mesmo, a eles referir-nos.
Apontemos, então, os casos em que ela, em vez de elevar os homens,
transforma-os em vítimas infelizes.
Imaginemos o indivíduo numa banca de jogo. É alta
noite. Ele está perdendo consideravelmente, mas continua sempre a jogar. Se lhe
perguntarmos que é que o sustenta nessa faina desastrada e comprometedora, ele
responderá infalivelmente que é a esperança de reaver o que já perdeu. Esse
elemento traiçoeiro é que o acorrenta ao posto em que ele se desgraça.
Ela é que alimenta o vício. Se houvesse um processo
mágico para eliminar o elemento esperança da alma de todos quantos estão
perdendo fortunas no jogo, eles ficariam curados do vício.
Essa esperança ilusória (do enriquecimento fácil) é
a principal responsável pela derrocada dos que aniquilam seus haveres nos
cassinos, e entre nós os jogadores na loteria federal, esportiva, na loto e no
clandestino jogo do bicho.
Ademais, tem sido a conselheira irrefletida e
enganosa, de muitos condutores de homens que movimentaram exércitos para
sonhadas conquistas, mas na tentativa de realizá-las, sacrificaram a mocidade e
a riqueza da Pátria. Fatos como esses se têm repetido na História. E, como a
humanidade se esquece facilmente das lições que recebe, é bem provável que as
vítimas das esperanças falsas continuem a existir no decorrer dos séculos.
Ao estar redigindo este artigo para publicá-lo,
junho de 1982, estamos assistindo à frustrada esperança do governo argentino de
manter seu domínio sobre as Malvinas no Atlântico Sul. A vaidosa esperança de Galtieri trouxe a desesperança para muitas famílias da
Pátria irmã, que perderam seus queridos filhos numa batalha inglória.
Mas há uma outra esperança, acalentada por milhões
de brasileiros na disputa da copa da Espanha, desejosos de que os nossos
jogadores triunfem sobre todas as seleções, chegando ao tetracampeonato.
Miguel Rizzo em
seu livro As Três Virtudes, págs. 67
e 68 depois de apresentar vários casos de esperanças malfadadas ele conclui com
acerto:
"Que terrível coisa é a esperança!
"Voltemos ao seu simbolismo. Depois das
considerações que aqui ficam expostas, se tivéssemos de representá-la por uma
estátua, o que mais nos interessaria, não seria nem a atitude, nem o colorido e
nem outros elementos de maior ou de menor importância na representação, mas
sim, sobremodo, o pedestal. Deva ser ele sólido, granítico, maciço e
inabalável, porque afinal de contas, o que de mais importância há na avaliação
da esperança é o fundamento em que ela se levanta.
"Uma esperança desfeita tem reflexos
acabrunhadores na vida. Grande é o número de personalidades que se esmagam,
quando sofrem experiência desse tipo. Ora, a esperança não se limita a
alentar-nos no mundo: ela se projeta, magnífica e luminosa para o Além. Se uma
esperança desfeita aqui na terra tem efeitos tão deprimentes, que se poderia
dizer da que se pulverizasse precisamente nos umbrais da eternidade? Por todos
os motivos, pois, cuidar dos fundamentos da esperança é um sinal de sabedoria,
de prudência e de visão esclarecida".
Nota: Este tema foi baseado, especialmente, no
livro de Miguel Rizzo, As Três Virtudes.