ESTÁ ESCRITO – George Vandeman
28 VENCENDO OS ABUSOS CONJUGAIS
33 A VERDADE SOBRE AS CURAS MEDIÚNICAS
34 BRINQUEDOS DE UM ANJO CAÍDO
40 QUANDO AS FERIDAS NÃO SE CURAM
45 O QUE EU GOSTO NOS LUTERANOS
46 O QUE EU GOSTO NOS BATISTAS
47 O QUE EU GOSTO NOS METODISTAS
48 O QUE EU GOSTO NOS CARIÁTICOS
49 O QUE EU GOSTO NOS CATÓLICOS
26
A VIDA NO GELO E NO FOGO
George Vandeman
Descendo duas milhas (quanto é em km????
é 3,2 km) nas profundezas escuras do oceano, onde a visão é inútil e o sangue
corre frio em águas congelantes; lá onde chaminés no assoalho do mar cospem
vapor superaquecido, você encontrará pequenos sobreviventes.
Provavelmente você já ouviu o ditado:
"Quando a vida fica difícil, a dificuldade nos impulsiona."
Agora voamos descobrir onde a vida é
mais difícil. Vamos imaginar uma viagem aos piores lugares da Terra para se
viver e conhecer alguns de seus mais surpreendentes habitantes. Nesse processo,
vamos parender algo muito valioso sobre sobrevivência e como nós, seres
humanos, podemos resistir ao fogo e ao gelo.
Comecemos com um lugar que muito poucos
seres humanos jamais visitaram: o assoalho marinho. Sabemos tanto sobre a
superfície da lua quanto sabemos obre essa região proibida. Recentemente,
porém, cientistas em submarinos especiais de pesquisa, projetados para descer a
2600 metros ou mais, descobriram criaturas minúsculas que simplesmente não
deveriam estar lá. Os submarinos desceram até profundos buracos e reentrâncias
do fundo do oceano. Esses buracos são como chaminés abertas que continuamente
cospem água superaquecida, apresentando temperaturas extremamente altas. São
chamadas de "chaminés negras"e liberam calor do interior derretido e
não habitável da Terra. Registrou-se nas chaminés, temperaturas acima de 300
graus Celsius. Nesse calor, os cientistas consideravam a existência de vida tal
como a conhecemos, inconcebível. Qualquer criatura morreria instantaneamente,
suas proteínas e DNA simplesmente se desmanchariam, suas enzimas derreteriam.
Cientistas que estudam Vênus, por
exemplo, descartaram a possibilidade de vida naquele planeta devido a
temperaturas semelhantes. Mas agora, dois cientistas oceanográficos descobriram
recentemente, colônias resistentes, as quais concluíram ser bactérias vivendo
nessa água recuperada diretamente dessas chaminés profundas. Quando esses
organismos são vedados em câmaras pressurizadas, trazidas à superfície e
aquecidos a 250 graus Celsius, eles não apenas sobrevivem, como também se
reproduzem. Só serão mortos se os resfriarmos e sua temperatura for abaixada em
água fervente.
Em um microscópio eletrônico, essas
criaturas se parecem com bactérias normais, tendo a mesma estrutura básica, mas
o que mais surpreende é que elas conseguem viver e prosperar no que acaba sendo
um inferno quentíssimo e de alta pressão.
Esses organismos são sobreviventes que
inspiram admiração. Mas apresentam um problema desconsertante para a Teoria da
Evolução.
Se bactérias como essas são ancestrais
de organismos atuais mais complexos, como seus descendentes teriam aprendido a
se resfriar? Como, por exemplo, um organismo que vive num buraco de fogo
ardente no fundo do oceano, se adaptaria à vida na água do mar poucos
centímetros a sua volta?
É difícil imaginar qualquer transição
lenta e gradual. Eles passam de temperaturas inimaginavelmente altas, nas
chaminés negras, à água extremamente gélida à sua vola. É muito mais fácil
vermos aqui a engenhosidade do Criador que, de alguma forma, deu a essas
bactérias a capacidade de se adaptarem e sobreviverem no que parece ser um
ambiente hostil. Afinal, o Deus da Escritura, uma vez capacitou três hebreus de
fé a sobreviverem ao forno feroz do rei Nabucodonosor.
Sab, eu veno algo muito encorajador
nessas bactérias no fundo do mar. Elas me falam sobre o Criador. Elas me dizem
que Deus pode me ajudar a sobreviver a qualquer coisa. Não há fogo tão quente
ao qual Ele não possa me ajudar a me adaptar e até prosperar nele.
No Antigo Testamento, Jó achava que
tinha caído num grande fogo. Sucessivas tragédias tinham-lhe tirado a riqueza,
a família e a saúde. Enquanto ele ficava sentado lamentando esses desastres e
esfregando os furúnculos dolorosos que cobriam seu corpo, sua esposa o
aconselhou a desistir, a amaldiçoar a Deus e morrer. Mas Jó lutou contra o
desespero, aproximou-se de seu Criador e acreditou que, de algum modo, Deus o
ajudaria nessa provação. Veja sua fé expressa no livro de Jó 23:10: "Mas
ele sabe o meu caminho: se ele me provasse sairia eu como o ouro."
Jó acreditava que nas mãos de Deus, até
algo terrível como o fogo produziria algo tão precioso como o ouro. Ele seria
refinado, não destruído pelo fogo.
Mais tarde, os eventos provaram que ele
tinha razão. No fim da história, vemos Jó abençoado com mais abundância do que
no começo. Ele também tinha experimentado um encontro com Deus que mudou sua
vida. Jó descobriu Deus como o Criador que se identifica como aquele que lançou
os alicerces da Terra, que abre um canal para as torrentes de chuva em terras
áridas e sedentas, que alimenta os leões famintos, que mantém as constelações
em suas posições, que faz a águia voar alto e o falcão alçar vôo. Isto está no
Antigo Testamento e demonstra sua criação ao longo dele.
Esse Criador pode nos ajudar no fogo por
muitos meios diferentes. Veja os pinheiros, por exemplo. Alguns pinheiros até
encontram um meio inteligente de sobreviver a incêndios florestais freqüentes.
Os pinheiros adultos são protegidos devido a sua casca espessa e porque sua
alta copa de folhas verdes está acima das chamas. Mas como eles atingem tal
altura intactos?
Isso ocorre porque mudas verdes de
pinheiros desenvolvem escamas externas que as protegem do fogo e que, quando
queimadas, deixam as plantas ilesas. As mudas pequenas podem permanecer no
estágio de relva de 6 a 12 anos, consegukndo superar um incêndio florestal após
o outro; e de repente, quase que como um adolescente humano, elas têm um grande
surto de crescimento. Os pinheiros lançam para cima suas folhas valiosas, bem
acima da zona de fogo.
Você acha que a natureza descobriu por
acaso essa solução engenhosa para um problema crônico? Eu seriamente duvido. Eu
vejo de novo provas de um Criador que pode nos ajudar a sobreviver num ambiente
hbostil, que pode retirar ouro do fogo.
De incêndios florestais e "chaminés
negras" no fundo do mar, vamos analisar os áridos e congelados picos de
montanhas no Ártico. Lá exploradores ousados encontram plantas muito
resistentes chamadas líquens, crescendo nas fendas de rochas porosas. Em alguns
lugares, os líquens podem se agarrar diretamente à superfície da pedra,
normalmente cavando em sua superfície com ácidos e depois crescendo nos buracos
que foram abertos. Os líquens podem sobreviver até quando permanecem congelados
a maior parte do ano.
Normalmente, restringem seu período de
crescimento diário a apenas uma ou duas horas. Então, um líquen pode levar 25
anos para atingir o diâmetro de apenas uma polegada (quanto é???) Mas eles
podemficar agarrados a essa inóspita tundra durante um tempo incrivelmente
longo. A velhice, para esses sobreviventes ousados, pode chegar a 4.500 anos.
Falando do inóspito, o que dizer dos desertos onde o solo vira areia e onde as
chuvas anuais chegam a não mais que
poucos milímetros?
Bem, para solucionar o problema crônico
da água, várias plantas são equipadas com ferramentas para armazenar a água da
chuva. O campeão de armazenamento de água provavelmente é o cactus saguaro. Ele
dissemina raízes rasas por uma área grande a fim de sugar o máximo de umidade
possível. Um saguaro de 10 metros de altura pode espalhar raízes por uma áres
de 30 metros de diâmetro e pode sobreviver o ano inteiro com apenas duas
chuvas, preservando cuidadosamente a água.
Quer nos picos de montanhas congeladas
ou nas areias escaldantes do deserto, Deus tem seus sobreviventes inteligentes.
Sabe, Eke faz a vida florescer onde menos se espera.
Você já sentiu como se estivesse andando
em um deserto pod algum tempo, talvez quase desfalecido, sem meios visíveis de
apoio emocional? Tenha fé. Há esperança até mesmo nesse clima devastador.
Escute o que Isaías diz que acontece quando Deus aparece em cena: "Águas
arrebentarão no deserto e ribeiros no ermo. E a terra seca se transformará em
tanques e a terra sedenta em mananciais de águas." Isaías 35:6 e 7.
Que imagem! Ela nos lembra a vez em que
Deus concedeu a Moisés autoridade para mandar que a água jorrasse de uma rocha
no deserto. Essa fonte milagrosa impediu que milhares de israelitas morressem
de sede. A areia escaldante realmente se tornou um tanque de água pura e fresca
e a Bíblia promete que algo muito semelhante pode acontecer a cada um de nós
independente do nosso ambiente e da nossa situação.
Esta é uma maravilhosa promessa do
próprio Jesus, registrada em João 7:38: "Quem crer em mim, como diz a
Escritura, co seu interior fluirão rios de água viva."
Jesus Cristo, através de Seu Espírito,
pode criar recursos interiores. Rios de água viva que nos permitem prosperar em
qualquer situação. Você acha difícil de crer nisso? As suas dificuldades atuais
parecem tão opressoras que bloqueiam qualquer esperança de sobreviver, muito
menos de prosperar? Pois lembre-se do cactus saguaro espalhando suas raízes,
prosperando no deserto e sobrevivendo muito bem, com apenas duas breves chuvas
em 365 dias. Seu incrível sistema de raízes lhe permite puxar rios de água viva
de um solo ressecado. A substância que dá vida continua a fluir sob um so
escaldante, entende?
Sim, Deus é capaz. O nosso Criador é
bastante criativo. Tem muitos recursos que nos permitem sobreviver a qualquer
coisa, e assim prosperar em qualquer ambiente: chaminés negra, picos de
montanhas congeladas, desertos ressecados... e quanto à escuridão que você acha
tão desagradável? Pois Deus tem criaturas Suas que encontram um lar habitável
no cenário noturno também.
Há corujas que deslizam silenciosas,
deslocando-se acima das copas das árvores e com seus enormes olhos sensíveis à
procura de roedores farfalhando no meio das folhas. E claro, os morcegos, que
podem não ser as criaturas mais atraentes para seres humanos, mas temos que
admirar sua capacidade de voar, caçar, acasalar e até criar os filhotes em
cavernas muito escuras. Seu equipamento de radar e instintos de vôo são tão
avnaçados que lhes permitem passar voando por um ventilador ligado, incólumes.
Mas um outro animal, mais que todos,
torna a escuridão alegre: é o curioso esquilo voador da América do Norte. Essas
pequenas criaturas, com pele espessa e sedosa, sobem e descem de árvores, abrem
suas capas de vôo e se jogam dos galhos. O tempo todo brincando uns com os
outros e conversando ao longo das horas de escuridão. Seus sons alegres quase
nos parecem risos.
Ted Williams, um homem que estudou esses
esquilos durante anos, uma vez escreveu o seguinte sobre seu vôo: "Eles se
movem pelo céu violeta como as folhas do carvalho ao vento, às vezes executando
voltas de 90 graus, evoluções laterais, espirais descendentes ou apenas se
jogando diretamente dos galhos superiores."
Esses lindos esquilos noturnos, esquilos
voadores, parecem incrivelmente brincalhões. Mesmo quando ocupados catando
nozes para o inverno, eles param para brincar com uma noz com suas patas. Podem
a qualquer minuto disparar velozes em pegas-pegas em terra, nas árvores e pelo
ar,
Com criaturas como essas, saltitando por
aí no breu da noite, a escuridão parece não ser tão desagradável. Sob a mão
criativa de Deus, até a floresta mais escura pode ceder uma nota de alegria.
Há uma garnatia semelhante sobre a
escuridão espiritual nas Escrituras. Veja como o apóstolo João descreve a
chegada de Cristo ao mundo: "A vida estava nele, e a vida era a luz dos
homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra
ela." João 1:4 e 5.
Por mais vasta que seja a noite à nossa
volta, ela não pode prevalecer à luz que Cristo nos dá. Esta é a promessa da
Bíblia.
Veja desta vez o que diz o apósolo
Paulo: "Porque Deus que disse: de trevas trsplandecerá luz, ele mesmo
resplandeceu em nossos corações, para a iluminação do conhecimento da glória de
Deus na face de Cristo." II Coríntios 4:6.
Quaisquer que sejam as circunstâncias,
por mais negra que pareça a nossa situação, temos um rosto amigo por perto: o
rosto do Senhor Jesus Cristo, e esse rosto ilumina o mundo.
Deixe-me contar sobre uma mulher que
viveu 28 anos em um dos ambientes mais inóspitos que eu posso imaginar. Eu a
conheci pessoalmente, conversei com ela, ri com ela, orei com ela.
Joan Herman passou o verão de 1946 num
acampamento "Quaker" na Pensilvânia, onde universitários trabalhavam
com mineiros e suas famílias. Estava tentando fazer uma comunidade cooperativa
para que o povo local não permanecesse completamente dependente de
inescrupulosos proprietários de minas.
Joan acordava cedo e trabalhava o dia
todo, ignorando os sintomas de gripe que nunca passavam. Finalmente, uma séria
dor nas costas fez com que parasse o trabalho para fazer um
"check-up". Os médicos descobriram que ela tinha uma pneumonia em curso
e pólio. Primeiro, não tinham certeza se Joan ia sobreviver. Ela conseguiu
resistir, mas a doença a deixou paralisada do pescoço para baixo. não podia
sequer respirar sozinha e teve que ser ligada a um pulmão de aço. Aquela mulher
jovem, ativa e vigorosa, agora dependia totalmente de outras pessoas.
Sempre que a tiravam do pulmão de aço
por curtos períodos, era como se ela estivesse debaixo d'água. Sensações de
pânico e terror quase tomavam conta dela. A maioria das pessoas com uma vida
pela frente, que de repente se visse confinadas a uma máquina, teriam desistido
e mergulhado em auto-piedade ou desespero, mas Joan Herman tinha uma coisa a
seu favor: uma relação pessoal com Deus, o mesmo Deus que faz o cactus saguaro
florescer no deserto, os líquens prosperarem na tundra congelada e os esquilos
voadores rirem pela noite.
A primeira coisa que Joan fez foi
aprender a virar páginas com a língua, para que pudesse ler a Bíblia colocada à
sua frente. Sua prioridade era manter aquela comunicação diária com seu Cristo
e Senhor. Ela lutou muito contra a doença, trabalhando duro, até que conseguiu
finalmente mexer o dedão do pé. Joan considerou isso como um pequeno triunfo.
Ela disse: "O Senhor me deu esperança." Ele falou com ela através de
uma promessa: "Buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça e todas essas
coisas vos serão acrescentadas."
Para ela, "todas essas coisas"
significavam força, coragem, capacidade de respirar e conversar por períodos
mais longos sem o pulmão de aço.
Joan fez alguns progressos, pois estava
determinada a superar sua doença assim como tinha superado outros desafios em
sua vida. Aí, ela sofreu outro golpe: foi abatida pela pneumonia de novo, e
ficou completamente confinada ao pulmão de aço.
Depois de todo o trabalho, ela tinha que
começar tudo de novo. A tentação de se entregar ao desespero era forte. De novo
Joam seguiu em outra direção. Ela disse: "Eu não conseguiria sozinha.
precisava do Senhor. O Espírito Santo de Deus me mostrou a necessidade de
auto-disciplina. Descobri que minhas palavras e pensamentos tinha um efeito
direto sobre minha força física e minha vontade de ir adiante, de viver e de me
superar."
Então ela se esforçava a uma rotina
regular e diária, lendo a Bíblia em uma hora fixa.
Joan Herman se esforçava para se vestir
e ficar ao ar livre o máximo que agüentasse, alimentava-se das coisas certas.
Ela não apenas lia a Bíblia, como também livros sobre a natureza e biografias
de pessoas cujas vidas tinham tido um propósito.
Joan explicava: "Os livros que eu
lia e os pensamentos que eu nutria tendiam a ser construtivos e bonitos. Tinha
que ser assim. Eu não podia fazer diferente, senão teria perecido na escuridão
à minha volta.
Joan Herman continuou a trabalhar duro
para reduzir o tempo que tinha que passar no pulmão de aço. Um respirador
toráxico portátil a ajudou grandemente. Seu maior desejo era ser útil a outras
pessoas. Então ela prendia os dedos em volta de uma caneta e rabiscava letras
várias vezes, até que pôde escrever de novo. Começou então a mandar cartas
alegres para conhecidos e a ajudar a educar crianças deficientes.
Com o tempo, ela estabeleceu uma
organização chamada "Novos Horizontes", uma área de recreação para
adultos deficientes e seus amigos. Também publicava um boletim de Novos
Horizontes enviando-os a assinantes em diversos países.
Joan nunca se livrou completamente do
pulmão de aço, infelizmente. Tinha que voltar a ele periodicamente para
"recarregar as baterias", dizia ela. Mas esta mulher conseguiu se
libertar de seu ambiente hostil. Ela floresceu como cidadã útil, mesmo em um
pulmão de aço.
Veja como ela descreveu sua experiência:
"Como uma paciente a longo prazo, eu aprendi muito sobre bons cuidados.
Posso partilhar experiências nesses anos. Minha vida se abriu, é muito mais
abundante e minha apreciação por meu Pai Celestial e seu amor por nós cresce
sem parar."
Pouco antes da morte de Joan, em 1975,
um outro amigo, Mark Finley, disse: "Não se consegue falar com a Joan sem
se falar ou pelo menos ouvi-la falar de sua fé em Deus e de seu agradecimento
por suas bênçãos. Porque era nisso que Joan pensava. Isso fluía continuamente
como uma fonte pura."
Sim, uma água viva fluindo de dentro.
Essa é a promessa que se tornou real na vida de uma mulher ligada a um pulmão
de aço por 28 anos. Essa é a promessa que pode se tornar real na sua vida. Não
importa que figo você está atravessando. Não importa em que deserto você está
passando. Não importa a dureza e a dificuldade do ambiente, Deus pode ajudá-lo
a prosperar nele. Ele tem os recursos. Você pode recebê-los através de uma
relação pessoal com Jesus Cristo, assim como Joan Herman.
Espero que você faça uma profissão de fé
àquele que não só fez você, como também morreu para salvá-lo. Pode confiar
nele. Ele faz a vida florescer nos lugares menos prováveis.
27
VENCENDO O ALCOOLISMO
George Vandeman
– Papai esteve bebendo de novo hoje.
Tudo estava muito bem aqui até que ele chegou
tropeçando pela porta. Eu estava ao telefone com o Tito. Papai veio e
berrou que se eu não desligasse o telefone, ele me mataria. Dá pra acreditar?
Fiquei completamente morta de vergonha. O Tito desligou. Acho que ele ficou com
medo. Eu também fiquei com medo. Agora tô zangada. Papai é realmente um idiota
e a mamãe não faz nada. A vida tá uma droga! Parece que estou vivendo no inferno!
Não vejo a hora de fazer 18 anos e sair desse lugar... ou talvez eu devesse
fugir hoje à noite.
Dez milhões de americanos são alcoólatras, assim nos dizem as
estatísticas. Só isso já seria triste se apenas a vida do alcoólatra fosse
destruída. Mas as famílias também sofrem. Esposas são maltratadas, ignoradas e
traídas. As crianças perdem uma das necessidades básicas da vida: um pai
carinhoso e amoroso.
Você sabia que de cada três americanos um é parente próximo de um
alcoólatra? Graças a Deus, muita coisa é feita para ajudar os alcoólatras. Mas
essa ajuda aos alcoólatras, ajuda às vítimas de um lar com alcoolismo?
Talvez muitos não tenham consciência que estão vivendo com um
alcoólatra. As pessoas que bebem não precisam se arrastar pela sarjeta para se
qualificarem como alcoólatras. Elas podem até ser profissionais bem sucedidos,
advogados, médicos, executivos, até mesmo pastores, padres e rabinos. O que
eles têm em comum com os beberrões da rua é que eles não conseguem controlar
sua bebedeira.
Claro que qualquer consumo de álcool pode ser perigoso. Todos sabem que
mesmo alguns poucos drinques podem causar acidentes nas estradas ou liberar
nossas restrições morais numa noite de tentação. Mas os alcoólatras têm um
problema em especial. Eles não bebem unicamente porque têm prazer nisso, o que
acontece é que eles simplesmente não conseguem mais parar. Eles costumavam
tomar uma taça de vinho nos feriados ou às vezes no jantar, talvez uma cerveja
durante o jogo de futebol. Depois começaram a beber mais freqüentemente, talvez
buscando um alívio para a dor num momento de crise ou para o estresse do
dia-a-dia. Aos poucos o vício mortal se desenvolve. Quando menos esperam, se
tornam alcoólatras. Cruzam o limite do beber por prazer e passam a beber por
necessidade.
Os alcoólatras geralmente são desonestos consigo mesmo e com os outros.
Eles se convencem de que não têm problemas, de que podem parar de beber quando
quiserem. Também se tornam mestres em manipular os outros para manter seu
hábito e ainda viver em seu ambiente.
Infelizmente, a família dos alcoólatras geralmente ajudam-no a manter
esta mentira ao compartilharem com sua negação da realidade. Os psicólogos
chamam isso de "possibilitar" ou "facilitar" o vício.
No livro: Love is a Choice: Recovery for Codependent Relationships,
temos a história de Claudia Black, uma pioneira na pesquisa desta área. Claudia
era bem nova, três anos talvez, quando ela acordou um dia e encontrou seu pai
bêbado e inconsciente no jardim de sua casa. Apavorada, ela correu e disse para
sua mãe:
– Mamãe! Papai está caído lá fora! Aconteceu alguma coisa!
Calmamente, sua mãe respondeu:
– Não querida, não aconteceu nada. Papai está acampando.
Claudia lembra claramente de ter concordado com essa afirmação naquela
pouca idade:
– Sim, papai está acampando.
Desta forma, ainda criança, ela aprendeu a viver uma realidade terrível:
negar sua realidade, distorcer tudo e dizer:
– Não, as coisas não são tão ruins e terríveis quanto parecem ser. Na
verdade está tudo bem.
"Papai está acampando!?" Por que esta compulsão de negar uma
realidade tão óbvia como o alcoolismo?
Bem, para começar, negar o vício ajuda todo mundo a manter um certo
senso de normalidade, de estabilidade. Iludir-se dizendo que está tudo bem,
também diminui a responsabilidade de confrontar uma ameaça crescente em casa.
E, além disso, quem é que quer a vizinhança toda sabendo que tem um viciado na
família? Isto seria uma vergonha! Então todo mundo finge que está tudo bem. A
família continua seus afazeres de sempre, enquanto papai vai “acampar”.
Estes familiares têm três regras básicas
que os deixam viver sua mentira e evitam lidar com o vício de um ente
querido: não falam, não confiam, não sentem. Não falam sobre o problema; não
confiam em ninguém para lhe ajudar; não lidam com seus próprios sentimentos de
vergonha, raiva, medo e desespero.
Que maneira triste de se viver! Mas é assim que milhões de pessoas
sobrevivem a presença do alcoolismo em sua família.
Como é que quebramos esta ligação com um ambiente de alcoolismo? Bem, o
primeiro passo é parar de negar a realidade. Papai não está acampando, ele tem
um problema terrível que está destruindo sua vida e acabando com sua família.
Papai precisa de ajuda agora!
Eu me lembro da experiência de um homem que chamarei de João. Seus
colegas de trabalho notaram que ele bebia muito quando almoçava fora com os
clientes. Seu desempenho foi prejudicado mas ninguém se esforçou de verdade
para ajudá-lo. Sua esposa, Carla, sabia que ele parava num bar a caminho de
casa e quando ela reclamava, ele negava terminantemente que tivesse problemas
com a bebida. Carla, sem conseguir convencer João a mudar seu comportamento,
desistiu e acabou até colaborando com seus hábitos alcoólicos.
Quando o João estava bêbado demais para ir a um jantar, Carla mentia
contando aos amigos que ele precisava trabalhar até tarde. Ela despistava as
perguntas de seus filhos e os mandava para a cama antes que seu pai chegasse
tropeçando. Muitas vezes ela jogava fora toda sua vodca, apesar de saber que
ele iria até a esquina e compraria outra garrafa. Além de repreendê-lo de vez
em quando, ela não fez mais nada para ajudá-lo com seu problema.
O que ela poderia fazer? Bem, a primeira coisa que a Carla poderia fazer
para ajudar João seria procurar ajuda para si mesma. O estresse de conviver com
um alcoólatra havia acabado completamente com seus nervos. Toda a raiva e o
ressentimento que ela reprimia lhe feriam interiormente. Ela perdera sua
auto-estima após anos de comportamento vergonhoso de João, que ainda conseguia
fazê-la se sentir culpada. Carla era um fracasso emocional e espiritual. Antes
de ajudar João, ela precisava resolver seus próprios problemas.
Carla encontrou a ajuda da qual precisava no "Al-anon", uma organização sem fins
lucrativos para as famílias de alcoólatras. O "Al-anon" tem um
programa eficaz de aconselhamento onde, as pessoas que estão aprendendo a
superar um ambiente com o alcoolismo, compartilham seus conselhos e seus
testemunhos de sucesso e fracasso. Há
muito apoio emocional nas reuniões do "Al-anon", do tipo que
incentiva os membros de famílias de alcoólatras a tomarem alguma atitude em vez
de ficarem sentados sentindo pena de si mesmo.
No "Al-anon", Carla aprendeu a não implicar, brigar ou
envergonhar seu marido por causa de sua bebedeira. Estes métodos nunca
funcionam. Ela também parou de mentir por ele quando ele perdia seus compromissos
e parou de salvá-lo após seus ataques de mau comportamento. Ela começou a
praticar o "amor-forte", dando a João todo o apoio que ele precisava
sem se deixar ser manipulada.
Embora o "Al-anon" não tenha nenhuma orientação religiosa, a
aceitação e a dependência de Deus formam um elemento vital no programa.
Ali, Carla conheceu algumas mulheres
cristãs que a chamaram para seu grupo de orações. E foi nesse grupo que ela
descobriu que precisava, mais do que de qualquer outra coisa, de um
relacionamento pessoal com Jesus Cristo.
Carla havia transformado João no senhor de sua vida ao depositar nele
toda sua esperança e seus sonhos. Ela dependia dele emocionalmente, e sofria
muito toda vez que ele não cumpria suas promessas. Ela aprendeu a depender mais
das promessas na Palavra de Deus. Ela gostava particularmente dos salmos.
Especialmente do salmo 62: "Ó minha alma,
espera somente em Deus, porque
dele vem a minha esperança. Só ele é a minha rocha e a minha salvação; é a
minha defesa; não serei abalado. Em Deus está a minha salvação e a minha
glória; a rocha da minha fortaleza, e o meu refúgio estão em Deus" (Salmos
62:5-7).
É muito bom ter o apoio emocional de um cônjuge amoroso, mas nossa
esperança definitiva deve estar apenas em Deus. Nenhum ser humano pode dar esta
base sólida como um rocha.
Carla finalmente aceitou Jesus como aquele Amigo que nunca falha. Ele se
tornou o centro de sua vida. Ela criou o hábito de acordar cedo todos os dias
para ler a Bíblia e orar. E então encontrou forças para sobreviver e crescer em
meio às muitas dificuldades de um ambiente com alcoolismo.
Sim, quando unimos nossa vontade com a força de Deus, podemos fazer tudo
através de Cristo. A nova fé em Deus de Carla curou maravilhosamente suas
emoções agredidas. Finalmente ela se sentiu pronta para ajudar João e usou uma
estratégia radical, freqüentemente recomendada por conselheiros, como a única
esperança de romper a barreira da negação, atrás da qual os alcoólatras
escondem seu vício.
Ela funciona assim: um encontro é marcado com todas as pessoas
importantes na vida do alcoólatra – cônjuge, filhos, pais, colegas de trabalho
e supervisores, melhores amigos e o pastor – sem dar nenhum aviso prévio ao
alcoólatra. Todos se encontram num local e numa hora marcada para um difícil
mas amável confronto. A reunião deve ser presidida por alguém treinado e
experiente. Aí, um por um em volta do círculo, irá explicar como o alcoólatra tem se magoado e aos outros também. Ninguém
condena aquele que quer ajuda, mas o grupo se recusa a ser manipulado ou a
ouvir mentiras. Durante um encontro como este, o cônjuge-vítima poderá ameaçar
uma separação, no casamento a não ser que o alcoólatra concorde em ser ajudado.
O supervisor do encontro poderá fazer ameaças contínuas para motivar a
cooperação dele. No lado positivo, tanto o cônjuge quanto o patrão, junto com
todas as outras pessoas, oferecem apoio e dedicação sinceros, se o alcoólatra
resolver enfrentar sua realidade. Naturalmente uma reunião como esta é dolorosa
e emotiva. Às vezes o alcoólatra fica zangado e vai embora. Geralmente, no
entanto, ele ou ela irá ceder e concordará em entrar num programa de
tratamento. Fará uma promessa específica quanto ao que será feito para procurar
ajuda e ao que irá acontecer em breve.
Bem, é claro que um encontro crítico como este tem que ser planejado e
conduzido cuidadosamente. É especialmente importante a liderança de alguém que
seja treinado e experiente. O pessoal do "Al-anon" está bem equipado
para auxiliar num confronto de "amor-forte" para salvar um ente
querido alcoólatra. Você pode encontrar a sede local do "Al-anon" no catálogo telefônico.
Além do "Al-anon", também existe o "Al-ateen", um grupo de
apoio para filhos adolescentes de alcoólatras. Se você tiver dificuldades de
contactar tanto o "Al-anon" quanto o "Al-ateen", procure os
"Alcoólicos Anônimos", ou simplesmente os "AA" no catálogo
telefônico. Esta organização existe em todo o Brasil e eles poderão lhe ajudar.
Fico muito feliz em poder informar que a intervenção no caso do João foi
bem sucedida e ele está se saindo muito bem. Mas você poderá estar questionando
se foi correto Carla ameaçar seu marido com a separação se ele não quisesse
ajuda para seu alcoolismo.
Para começar, você entende que ninguém falou em divórcio. A Bíblia
permite o divórcio mas em condições que envolva infidelidade sexual, e mesmo
assim o casamento muitas vezes pode ser salvo. Em outros casos, como quando um
alcoólatra se recusa a procurar ajuda, a solidão de uma separação pode ser uma
influência positiva para mudar o comportamento. Um tempo a sós para pensar pode
ser o remédio necessário para o alcoólatra se convencer de que ele não pode
continuar destruindo sua família. Lembre-se de que o objetivo primordial de uma
separação é preservar a unidade familiar.
Agora uma última palavra sobre o João. Ele resolveu ser um marido e pai
responsável e respeitável, mesmo após ter cometido muitos erros em sua vida.
Carla aprendeu a perdoar toda a dor que ele causou à família, não porque ele
merecesse piedade, mas porque Deus aceita todos os pecadores arrependidos
apesar de todos os erros. E isso levanta uma questão importante: o alcoolismo é
um pecado? Ou apenas uma doença? Será que é pecado e doença?
Não há dúvida de que muitos têm uma fraqueza genética pelo alcoolismo,
mas todos nós sofremos com compulsões ou predisposições para pecar de um jeito
ou outro. E toda vez que nós nos entregamos à essas fraquezas temos que arcar
com as conseqüências. Veja isso: pode parecer doloroso dizer para nosso ente
querido que ele é vítima indefesa de uma fraqueza que não pode controlar. Mas
na verdade isto não é nada bom para ele, e não é verdade. Você já viu os
anúncios na televisão muitas vezes advertindo os viciados para procurarem
ajuda. É claro que um vício pode ser evitado, não é como uma doença na qual não
se tem nenhuma dúvida em procurar ajuda. Os alcoólatras não são vítimas
indefesas, do mesmo modo que as pessoas que eles afetam o são. Então, graças à
Deus, os alcoólatras podem viver sem uma garrafa, meu amigo. Vamos
incentivá-los a mudar.
O poder de Jesus pode nos ajudar a superar todos os desafios da vida.
Lembra-se da história que Cristo contou sobre o filho pródigo? Aquele jovem
abandonou seu pai e saiu de casa para uma terra distante onde viveu loucamente.
Finalmente, a Bíblia diz, ele "se encontrou". Em outras palavras, ele
enfrentou sua situação. E então tomou sua decisão: "Levantar-me-ei, e irei
ter com meu pai, e dir-lhe-ei: pai, pequei contra o céu e perante ti" (S.
Lucas 15:18).
Chega de brincadeira. Chega de desculpas. O pródigo se responsabilizou
pelo seu comportamento e o chamou de pecado. E então ele fez algo a respeito,
ele tomou uma atitude e foi para casa. O pai correu para receber seu filho
arrependido, perdoando-o completamente quando disse: "porque este meu
filho estava morto, e reviveu, estava perdido, e foi achado" (S. Lucas
15:24).
Observe que o filho estava perdido, espiritualmente perdido, não apenas
doente, mas perdido para sempre. Graças à Deus, no entanto, depois que o filho
enfrentou seu comportamento de viciado e voltou para a casa de seu pai, ele
estava vivo e seguro.
Deixe-me contar uma história que realmente me tocou. Está naquele
best-seller clássico do Dr. James Dobson, "O Amor Precisa Ser Forte".
Paul Powers havia sido uma vítima de maus-tratos infantis. Tanto sua mãe quanto
seu pai eram alcoólatras. Quando ele tinha sete anos de idade, sua mãe chegou
de uma festa bêbada e caiu na neve bem em frente a sua casa. Ela pegou
pneumonia e ficou fatalmente doente. Numa tarde ela chamou Paul para seu leito.
Ele chegou a tempo de vê-la morrer. O garoto saiu correndo chorando para contar
ao pai bêbado o que havia acontecido:
– Cala a boca! – o pai gritou, e empurrou o menino – garotos não choram
como bebezinhos.
O homem enfurecido quebrou o nariz de seu filho, machucou duas costelas
e quebrou alguns de seus dentes.
Este foi apenas o começo de vários anos de violência para aquela pobre
criança orfã de mãe. Aos 12 anos de idade, Paul saiu desse ambiente de
alcoolismo e cometeu seu primeiro assassinato.
O juiz perguntou ao pai de Paul o que ele queria que fizessem com o
menino. Ele respondeu:
– Mande-o para o inferno!
Você pode imaginar! E o jovem Paul foi mandado para a cadeia com muita
raiva e ressentimento.
Cinco anos depois, alguém visitou a prisão com um filme do Billy Graham
e pela primeira vez, Paul conheceu a Jesus. O amor de Deus tocou seu coração e
o ganhou para o arrependimento.
Após ser libertado da prisão, Paul se casou com uma crente amiga e eles
iniciaram um pequeno serviço distribuindo filmes cristãos.
Infelizmente eles passaram por apertos financeiros. Quando chegou o
natal, eles tinham apenas 8 dólares para as compras. A esposa de Paul foi a uma
loja com aqueles poucos dólares e voltou para casa após gastar um pouco para
comprar papel de embrulho dourado. Paul ficou furioso com sua extravagância.
Enquanto os dois discutiam, sua filha de três anos mexeu na sacola de
compras e ficou feliz ao encontrar o papel dourado. Pegou-o, levou até a sala e
começou a cobrir uma caixa de sapatos.
Bem, quando Paul viu sua filha sentada no chão cortando o papel de embrulho, ele perdeu a
paciência de novo. Usando da mesma violência que ele havia sofrido quando era
uma criança, pegou a menina e bateu nela violentamente. Depois a mandou para o
quarto dela. Ela estava aos prantos.
No dia seguinte, quando a família fez a troca de presentes, a filha de
Paul correu atrás da árvore e pegou aquela caixa que ela havia embrulhado com o
papel dourado. Ela a entregou ao seu pai com um sorriso:
– Papai, este é para você.
Ele retirou o papel, levantou a tampa e olhou para a caixa vazia:
– Por que você me deu uma caixa vazia? – ele perguntou.
– Papai! – a pequenina protestou – a caixa não está vazia! Ela está
cheia de amor e beijos para você. Eu soprei um monte de beijos ai dentro para o
meu papai e também coloquei amor. E é para você!
Paul começou a chorar ao pegar aquela pequenina em seus braços. Ele
guardou sua caixa dourada durante anos ao lado da cama. Toda vez que se sentia
magoado ou desanimado, ele pegava um beijo imaginário de sua filha de dentro da
caixa. E então ele o colocava sobre seu rosto e dizia:
– Obrigado, Senhor.
Meu querido amigo, se você estiver tentando superar um ambiente de
alcoolismo, a experiência de Paul Powers poderá trazer esperança para seu
caminho. Ele pode reconstruir seu coração e seu lar, e Ele quer começar agora.
A MINHA PAZ TE DOU
Letra e música: Jader D. Santos
A minha paz te dou, mas não como o mundo
a dá.
Pois esta paz real, provém da fé, amigo.
É tão somente crer, que posso em ti
viver.
E a paz será contigo,
vida terás enfim.
Quem dessa paz precisa, não deve
duvidar.
Pois aceitando a Cristo já, Sua paz
alcançará.
A paz que Cristo traz é paz que
satizfaz.
Pois enche o coração de gozo e alegria.
Quem dessa paz provar, jamais esquecerá.
Busca essa paz, amigo.
Busca essa paz, irmão.
Podes ter paz, amigo.
Paz em teu coração
Gravado por "Arautos do Rei"
no MMLP nº 4401 de "A Voz da Profecia"
ORAÇÃO
Pai nosso, agradeço o poder vivo do
nosso Senhor Jesus Cristo. Poder para lidar com a dor e enfrentar a realidade.
Poder para superar todos os desafios que cruzam o meu caminho. Senhor,
transforma a minha vida, e transforma o meu lar. Em nome de Jesus Salvador, amém.
28
VENCENDO OS ABUSOS CONJUGAIS
George Vandeman
As surras começaram 10 meses depois do
casamento e durante os próximos 14 anos, Robert Tilsand aumentou os maus-tratos
sobre sua esposa e seus cinco filhos. Finalmente, numa tarde, Lucille Tisland
não suportou mais. Ela entrou no quarto onde seu marido estava cochilando,
caminhou até a cama, levantou o travesseiro e pegou a arma que Robert guardava
lá. Com as mãos trêmulas, ela mirou e puxou o gatilho. Ela o matou. A pacata
comunidade em Minnesota onde os Tilsand moravam ficou chocada. As amigas de
Lucille sempre a viram como uma cristã devota e seu marido, a quem ela matou,
era seu pastor.
Todo domingo, Robert Tilsand chegava ao púlpito para pregar e
hipnotizava sua congregação. Depois,
durante a semana, ele ameaçava sua família como um tirano cruel. Se ele não
gostasse da comida que sua esposa havia feito, ele jogava tudo no chão. Isso só
fazia com que sua esposa se sentisse magoada. Os danos verdadeiros advinham da
implacável agressão física por parte de Robert.
Com o passar dos anos, as surras se tornaram cada vez mais brutais. Um
dia Robert chegou em casa de muito mau humor. Ele avisou que ia dormir um
pouco:
– Quando eu acordar – ele disse à Lucille – eu vou te matar.
A convicção mortal em seus olhos convenceu Lucille de que ele falava
sério. Então ela resolveu salvar sua vida matando ele antes. Enquanto seu
torturador morria, Lucille levou os filhos para a casa de uma amiga. Depois
voltou para casa, chamou a polícia e esperou ser presa. As autoridades, é
claro, a culparam de homicídio, mas quando seu caso foi para o tribunal, em
março de 1984, um juri a absolveu depois de ouvir sua dramática história.
Assim como Lucille Tisland existem muitas mulheres que sofrem
maus-tratos. O FBI calcula que a cada 15 segundos alguém sofre algum tipo de
agressão. E nem todos estão aceitando a agressão passivamente, alguns, como
Lucille, estão revidando.
Todos os anos, de 800 a 1200 mulheres
matam o homem que as maltrata. A maioria sofre em silêncio, esperando
que algum dia os maus tratos acabem. Mas eles não acabam. Será que estas
mulheres devem entregar tudo para Deus e sofrer? Será que é isto que Deus quer?
Ou será que Ele quer que elas façam alguma coisa para fugir de seu marido?
Vamos procurar princípios para nos guiar no livro abençoado, a Bíblia.
Primeiramente, precisamos entender o que é agressão conjugal. Bem, a agressão
ocorre quando o cônjuge, geralmente a esposa, se torna a vítima de ataques
físicos, ameaças de violência, ou abuso emocional inclusive ridicularização e
comportamento humilhante. Era de se esperar que a convivência num ambiente
religioso fosse uma proteção contra o abuso. Mas infelizmente não é. Acredite
se quiser, e sinto muito por isso, mas alguns psicólogos afirmam que até 80%
das agressões ocorrem em lares religiosos. E mais um fato perturbador é que a
agressão no lar é tão comum que aproximadamente metade dos casais nos Estados
Unidos convivem com a violência em algum período do casamento. Nas épocas de
mais estresse, as pessoas podem até brigar muito, mas nada justifica uma
agressão. Alguns homens, quando não conseguem mais usar a lógica verbal, usam a
violência e batem em sua esposa. Independente da pressão que um homem possa
estar sofrendo, não há desculpa para
esta agressão. A violência no lar é inadmissível.
Muitos maridos reconhecem isto e têm muitos remorsos, prometendo nunca
mais bater em sua esposa. Às vezes conseguem, mas infelizmente a agressão se
torna uma ocorrência comum. O típico agressor não sai por aí como um monstro,
ou um criminoso perigoso. Ele pode ser seu médico favorito, ou aquele professor
charmoso, talvez até seu pastor querido, como Robert Tilsand.
Vamos fazer uma pergunta básica sobre a agressão conjugal: por que
homens que parecem ser maridos respeitáveis e responsáveis se tornam
agressores? Por que continuam batendo em sua esposa ano após ano?
Bem, para começar, por trás de todo aquele machismo, eles são,
basicamente, pessoas inseguras que acham que qualquer um que cruze seu caminho
é uma ameaça. Como o homem que eu chamarei de Ed, que batia em sua mulher,
Mary. Ed resistia a todas as sugestões ou idéias de Mary, achando que eram uma
ameaça a sua liderança:
– Pára de encher! – ele gritava.
Ele também brigava por causa de qualquer deslize dela, mesmo sendo
coisas sem nenhuma importância. Com este comportamento, porém, ele estava
tentando compensar seus próprios sentimentos de incompetência.
Você já percebeu que a insegurança de Ed o tornou muito ciumento? No
início do casamento, seu desejo pela atenção dela a fez se sentir desejada.
Mas, com o tempo, porém, ela se cansou das exigências contínuas dele e das
constantes suspeitas. Ed a acusou de estar tendo casos e esta infidelidade
imaginária era uma boa razão para ele bater nela.
Agressores, em parte devido a sua insegurança, têm necessidade de
controlar o ambiente. Robert Tilsand, por exemplo, era um manipulador clássico.
No início, sua atitude confiante e decidida fez Lucille se sentir segura. Ele
demonstrava ser um homem que sempre a apoiaria e a sustentaria. Depois de um tempo, no entanto, o controle
que ele exercia sobre ela se tornou sufocante. Ele não a deixava sair de casa
sem antes pedir permissão. Ele a fazia suplicar por dinheiro e controlava todos
seus gastos. Depois de um tempo ele chegou a exigir que ela o chamasse de
“senhor” ou “pastor”. Dá pra imaginar?
Uma das advertências favoritas dele era: “não cabe, cabe a você questionar. É
fazer ou morrer”.
Me obedeça ou morra? De onde vinha tanta arrogância? Como muitos homens
religiosos hipócritas, infelizmente Robert Tilsand também interpretou mal
certas passagens da Bíblia que instruem
às mulheres a serem submissas ao seu marido. Homens como ele, realmente
acreditam que o Senhor deseja que sua esposa sejam escrava. Será que é isto que
Deus deseja para o casamento? A Bíblia diz o seguinte: “Vós mulheres,
sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da
mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja; sendo ele próprio o salvador
do corpo. De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também
as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos.” (Efésios 5:22 a 24) E é aí
que muitos maridos param de ler. Eles
passam por cima do próximo versículo: “Vós, maridos, amai vossas mulheres, como
também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela...” (Efésios
5:25)
Sim, a Bíblia estabelece que o marido é o chefe do lar. Mas isto não faz
de sua esposa o capacho! De jeito nenhum. Maridos devem amar sua esposa da
mesma forma que Cristo ama Sua igreja. Jesus deu Sua vida por nós e é este tipo
de amor que a Bíblia diz que os maridos devem ter por sua esposa. É claro que
não é todo dia que o marido está disposto a dar a vida pela mulher para
protegê-la. Mas, todo dia, ele deve abandonar seu egoísmo e sua arrogância. Sua
teimosia e raiva devem morrer. E como isso é possível? O que pode transformar
um agressor num cônjuge carinhoso e amável?
Bem, não é fácil. Pra começar, ele precisa reconhecer que é um pecador.
Isto é básico, a agressão não é prova da liderança masculina, é uma traição
terrível do papel que Deus deu ao marido. É também um pecado mortal do qual
devemos nos arrepender ou nos perderemos para sempre.
Esta experiência de arrependimento é mais do que se tornar religioso.
Robert Tilsand, o pastor agressor, era um religioso. Todo tipo de terrorismo
internacional é realizado sob o pretexto de guerra santa. Este mundo não
precisa de mais religião, precisa do Senhor Jesus Cristo! E precisa dEle
pessoalmente! O amor que Jesus mostrou no Calvário pode amolecer qualquer
coração, por mais duro que seja. Mas precisamos contemplar a cruz. Precisamos
individualmente deixar que o amor do nosso Salvador derreta nosso coração
petrificado.
Uma vez que o amor de Deus tenha amolecido o coração do agressor, e ele
reconhecido o seu pecado, o que acontece?
O próximo passo deve ser o aconselhamento cristão com um profissionel
qualificado. O ex-agressor precisa reconhecer seu comportamento passado para
não repeti-lo no futuro.
A agressão é na verdade um ciclo de três estágios: o estágio da tensão,
tão conhecido por todas as mulheres maltratadas. Algum incidente desperta a
raiva do agressor. Ele fica com aquela expressão nos olhos, e mesmo sem
precisar dizer nada, dá para ver que lá vem tempestade. E aí entramos no
segundo estágio: a violência acontece. O terceiro estágio vem quando a
tempestade finalmente passa e toma conta do agressor um sentimento chamado
remorso. O leão feroz poderá de repente se tornar um cordeirinho. O agressor
pede mil desculpas. Às vezes até surpreende sua vítima com presentes. Ele
poderá se ajoelhar e jurar que nunca mais baterá nela. Infelizmente a
experiência mostra que todas estas promessas de melhora são promessas
momentâneas. As coisas não melhoram. O maltrato é um padrão de vida que
geralmente fica cada vez pior quando não há uma intervenção ou fuga. Então, a
vítima não deve permitir que seu torturador manipule suas emoções com
declarações de arrependimento, junto com lágrimas falsas. Ela deve insistir que
seu marido prove seu arrependimento se submetendo ao aconselhamento
profissional.
Um bom conselheiro irá pedir ao agressor que seja responsável e trate
dos problemas de que falamos, insegurança e pouco amor próprio. O marido
agressor deve aprender a resolver seu estresse sem usar a violência. Ele
precisa desenvolver habilidades de comunicação, para poder se expressar com
palavras e não com os punhos. A solução definitiva para o agressor, é claro, é
renascer, se entregar ao amor clemente, ao amor que cura, ao amor de Deus.
Agora vamos falar um pouco sobre a vítima da agressão. O que a fez se
envolver com um homem tão perigoso? E por que ela fica com ele ano após ano de
maus-tratos, sem fazer nada a respeito? Bem, muitas esposas enfrentam perigos e
até a morte se tentam fugir. Foi o que aconteceu com Lucille Tilsand antes dela
matar seu marido:
– Eu tinha medo de deixar o Robert porque ele havia dito que se eu o
deixasse ele me encontraria junto com os meninos, e só sobrariam pedaços.
Você pode imaginar como deve ter sido viver assim? Infelizmente, algumas
de vocês imaginam. Se for o caso, você deve ficar sabendo que: você não está
indefesa contra agressão do seu corpo, isto é crime em nossa sociedade. É
verdade que a polícia tem sido relutante em se envolver em briga de marido e
mulher, mas isto está mudando. E isto é ótimo. E tem mais, dados estatísticos
mostram que quando os agressores são denunciados a polícia, é menos provável
que continuem com a violência do que se ninguém os denunciar. Então, apesar das
ameaças de seu marido, a esposa maltratada está mais segura se ela o denunciar
a polícia.
Mas, e se o abuso continuar piorando mesmo depois da denúncia? Aí, para
proteger sua vida e das crianças envolvidas, ela precisa fugir da situação. Nos
tempos dos antigos hebreus, o Senhor estipulou que certos lugares seriam
reservados como santuários para onde, aqueles em perigo poderiam fugir: “e
estas cidades vos serão por refúgio do vingador...” (Números 35:12)
Estas antigas cidades de refúgio, eram feitas para que pessoas suspeitas
de terem cometido um assassinato pudessem fugir do ódio da família da vítima
até poderem ter um julgamento justo. Agora me diga, se um suspeito de
assassinato merecia um refúgio, uma família indefesa que sofre maus-tratos não
merece também? Graças a Deus, muitas comunidades e igrejas têm assegurado o
futuro de famílias maltratadas. Além da comida e de um local para dormir em
paz, estes abrigos oferecem serviços de aconselhamento, cuidados a criança,
assistência financeira e legal, e muitas vezes assistência médica também.
Muitas mulheres que sofrem maus-tratos não querem fugir com medo de não terem
um lugar para morar depois de sairem do abrigo temporário. Para prevenir isso,
já existem leis que protegem os direitos de propriedade e garantem a renda de
esposas que sofrem maus tratos.
Hoje em dia, a família que sofre maus tratos fica em sua casa e o
agressor é obrigado a sair. Este tipo de acordo deve ser feito por um tribunal
antes que a família deixe o abrigo provisório. Naturalmente, os agressores não
gostam de sair de sua casa para procurar outro lar, mas qualquer violação da
ordem judicial os torna sujeitos a prisão. Geralmente, isto basta para que
deixem sua família em paz.
Tenho um aviso importante para mulheres que foram maltratadas: não
fiquem muito animadas para receber o agressor de volta em casa antes que ele
tenha de fato mudado. Ele poderá lhe fazer milhões de promessas. Ele poderá lhe
manipular, lhe acusando de ser insensível por não aceitá-lo de volta
imediatamente. Exija que ele complete uma série de sessões de aconselhamento
que muitas vezes podem ser estipuladas pelo tribunal, e depois, se o
conselheiro afirmar que ele realmente mudou, você pode tentar aceitá-lo de
volta. Mas não se sacrifique. Diga ao cônjuge arrependido que as coisas jamais
poderão ser violentas de novo.
Já que falamos de sessões de aconselhamento, a esposa maltratada também precisa de ajuda
profissional. Uma mulher lamentou:
– Precisava de alguém com quem conversar e não sabia o que fazer!
Culpava-me pelo que estava acontecendo. Durante muitos anos me senti culpada,
envergonhada, confusa, e
inútil.
Finalmente, com a ajuda de Deus através de um aconselhamento cristão,
essa mulher aprendeu a lidar com seus conflitos internos. Seu conselheiro
também a ensinou a reconhecer os estágios do abuso para poder evitar a
violência. Ela aprendeu a evitar discussões, especialmente sobre certos
assuntos, quando seu marido demonstrava sinais de estresse. Seu conselheiro
também ensinou-lhe a nunca ridicularizar seu marido, nunca questionar sua
virilidade, ou compará-lo com outros homens. Pois isto iria apenas incentivar
os problemas.
Como já falei, não existe uma desculpa para a violência em nenhuma
hipótese. Mas as esposas podem evitar as situações tensas se souberem o que
fazer. Um conselheiro qualificado pode ajudar muito mesmo.
Existem outras razões para que as esposas tolerem tantas agressões, além
do medo, do perigo e da perda. Susan, por exemplo, se achava a salvadora do seu
marido agressor. Ela se convenceu de que com paciência e carinho ela poderia
transformá-lo. Não funcionou. Seu marido interpretou sua docilidade como
fraqueza, e isto apenas intensificou seu apetite pela violência.
Em outros casos, amigos bem intencionados, censuram a esposa maltratada
e acham que ela deve permanecer com seu marido para manter a família unida.
Freqüentemente interpretam mal a Bíblia quando ela diz que precisamos suportar
o sofrimento e carregar a cruz. Mas meu amigo, Deus nunca quis que mulheres e
crianças sofressem destruição física e emocional.
Se existir abuso em seu lar, a separação poderá ser a única saída pelo
menos temporariamente, talvez para
sempre. Muitas vezes esta é a única forma de ensinar ao agressor algumas lições
que ele jamais esquecerá. Os termos de uma separação legal podem garantir a
segurança financeira da família.
Certamente, a separação não é uma coisa simples. Mas nos casos onde o
cônjuge é agressivo, poderá ser a única opção sensata. Mas eu já reparei que
algumas esposas parecem estar viciadas em seu marido agressivo, como se não
conseguissem viver sem ele. No início, este tipo de lealdade poderá parecer uma
virtude, mas se pensarmos bem, surge uma pergunta: Será que Deus quer que um
adulto saudável e inteligente seja totalmente dependente de outra pessoa?
Pense sobre isso enquanto lê este convite do Senhor Jesus Cristo: “Vinde
a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e vos aliviarei. Tomai sobre
vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e
achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave, e o meu
fardo é leve.” (Mateus 11:28 a 30)
Que convite confortante do nosso Senhor Jesus Cristo! “Vinde a Mim,” Ele
diz. Qualquer que seja seu sofrimento, Jesus compreende sua situação. Ele sente
toda sua dor. E o nosso Senhor te oferece mais do que compaixão: "todo o
poder dos céus e da terra é meu". Jesus declarou isso e Ele não é abusivo
com todo este poder infinito. Ele é doce e suave, pronto para ajudar a ti e a
mim. Você vai confiar sua vida aos Seus cuidados? Eu lhe suplico para fazê-lo agora
mesmo.
NO OLHAR DE DEUS
Letra e Música: Phill Mchugh
Versão: Orlando Fonseca
Ascende aos céus humilde prece.
O frágil som vai pelo ar.
E apesar dos sons da terra
Deus escuta a voz.
Não é de alguém que se destaque
em sucessos contra o mal.
Mas vendo assim aquele pobre ser,
há amor no olhar de Deus.
No olhar de Deus não há perdidos;
no olhar de Deus há salvação,
e pessoas que são
assim como nós,
unidos na paz que nos vem
do olhar de Deus.
Um lar sem pai, crianças órfãs,
alguém que sai pra solidão,
e a vida vai sem lhes dar conta,
só Deus sente a dor.
Ao olhar, Deus vê a todos,
os seus males seu sofrer.
Podemos ver a compaixão no céu,
que vem do olhar de Deus
No olhar de Deus não há perdidos,
no olhar de Deus sempre há salvação.
Só há pessoas que são
assim como nós,
vivendo unidos na paz que nos vem,
do olhar de Deus.
Gravado por Eclair Ercole no LP 102 da
gravadora CBCR
ORAÇÃO
Pai nosso no Céu, agradeço por Jesus
nunca falhar. Qualquer que seja a minha dor ou luta, posso contar com a Sua
ajuda. Neste momento, confio a minha vida a Ti, em nome de Jesus Cristo,
amém.
29
VENCENDO OS ABUSOS SEXUAIS
George Vandeman
Não é fácil para mim contar a você o que
aconteceu com Laura. Não gostamos de falar sobre o problema da violência
sexual. Fazemos de conta que isso não acontece ao nosso redor... principalmente
entre famílias cristãs.
Quando Laura era bem pequena, seu pai raramente achava tempo para estar
com ela. Estava sempre ocupado. Muito ocupado assistindo o jogo na televisão
para levá-la ao parque. Muito ocupado lendo o jornal à noite para ajudá-la com
o dever da escola. Muito ocupado para praticamente tudo que tivesse algo a ver
com Laura. Ele nem assistia aos programas que ela apresentava na escola. Não
lhe dava qualquer tipo de atenção especial.
Quando Laura fez 13 anos, essa situação de repente mudou. Seu pai
começou a notá-la, fazendo-lhe elogios. Sem ter demonstrado afeto antes, agora
ele a abraçava muito. E quando se abraçavam, suas mãos começaram a tocá-la em
lugares que não deveriam tocar. Laura se sentia desconfortável quando isso
acontecia, assim como você e eu nos sentimos desconfortáveis hoje ao falar
sobre a tragédia da agressão sexual. Mas infelizmente milhares de mulheres são
vítimas da agressão sexual e talvez nunca se deram conta do que de fato sofrem.
Tentam esquecer o pesadelo, mas é como uma fotografia desbotada na carteira que
você carrega consigo o tempo todo. As tristes lembranças envenenam todos os
seus relacionamentos com homens, especialmente no casamento. Será que existe
alívio para essa dor do passado?
Uma recente matéria da revista do Los Angeles Times, colocou como artigo
de capa: "As Garotas do Papai", descrevendo um trágico encontro da
família com o incesto. Uma das filhas vítimas, hoje uma adulta, testemunhou
perante seu pai: "não confiava em ninguém até os 41 anos. Ela prosseguiu,
"teria sido melhor ter conhecido a vida do que ter de passar pelo que você
me forçou a passar. A vergonha e angústia me fizeram querer morrer. Sua irmã
acrescentou: "se tivesse que passar por tudo isso novamente, eu diria:
"não quero".
Só posso tentar imaginar a dor que essas mulheres passaram. E a agressão
sexual que sofreram é um problema muito comum em nossa sociedade. Não é de
admirar que ele agora esteja sendo amplamente discutido por todos. Para uma
solução de verdade, precisamos mais do que as idéias humanísticas tão bem
difundidas atualmente.
Quero agora apresentar a solução efetiva, centralizada em Cristo,
baseada na Palavra de Deus. Mas primeiro devemos entender mais sobre o problema
da violência sexual. Ele é muito mais amplo do que possamos imaginar.
Uma recente pesquisa indicou que 38% das mulheres entrevistadas tinham
sido sexualmente agredidas até os 18 anos de idade. Dá para acreditar? Quase quatro entre dez. E o mais chocante de
tudo, muitas que sofreram violência sexual culpam a si mesmas pelo que
aconteceu. Por favor, ouça com atenção. Não é apenas o contato físico sexual
forçado que constitui violência sexual. Uma garota pode ser agredida por um tio
aparentemente afetuoso que simplesmente não consegue afastar as mãos do corpo
dela.
Sabe, a agressão sexual não é necessariamente uma experiência dolorosa e
assustadora. Na verdade, ela nem sempre envolve contato físico. Pode ser uma
agressão verbal ou mesmo visual. Tal como despertar coisas do sexo, talvez um
comentário obsceno, ou olhar malicioso e prolongado. Qualquer tipo de atenção
sexual inadequada é agressão sexual. E de um adulto para com um menor, qualquer
tipo de atividade sexual, quer com resistência ou não, é um crime.
Eu venho me referindo a agressão sexual com mulheres, mas milhões de
homens também são vítimas. Mas o problema mais sério que temos é a agressão de
mulheres, tal como a experiência de Laura que estivemos comentando. Você
entende, é claro, que troquei o nome dela e as circunstâncias para proteger sua
privacidade.
Como mencionei, Laura sentia-se desconfortável com o seu pai
acariciando-a. Mesmo assim, depois de tantos anos sendo rejeitada, fazia bem
ter finalmente os braços de seu pai abraçando-a. Assim ela procurou não pensar
no que as mãos dele estavam fazendo.
Foi numa manhã durante as férias de verão que a agressão aconteceu. A
mãe de Laura tinha saído para fazer compras, e Laura estava em seu quarto se
vestindo. De repente, a porta abriu e o pai dela entrou. Ele sentou-se em sua
cama, sorrindo de modo estranho. Ele disse-lhe que sentia orgulho dela, que ela
era muito bonita. Aí ele a fez ter sexo com ele. Laura protestou, mas não iria
dizer "não" a seu pai. Ele não foi rude com ela, apenas insistente
pra que submetesse a suas investidas sexuais. Assim começaram cinco anos de
horrível incesto. O abuso era incansável, embora gentil, até suave. O pai de
Laura a adulava, tratando-a como sua amante. Ele lhe declarou que o
relacionamento deles significava mais para ele do que seu casamento. De fato,
ele disse que a única coisa que o mantinha em casa com sua mãe era esse chamado
"amor" que "compartilhavam". A princípio Laura sentia
repulsa ao pensar que estava tomando o lugar da mãe nos braços do pai. Mas com
o passar do tempo, ele a convenceu de que ela era uma heroína na família por
impedir que aquele lar se desfizesse. Ela começou a ver a si própria como uma
adulta, muito sábia para a idade. Após uns dois anos ela adquiriu uma grande
presunção, quase assumindo seu papel como rival secreta da mãe.
Tudo isso mudou quando ela chegou ao terceiro ano do segundo grau. Ela
estava em sua aula de educação sexual e o crime de incesto foi debatido. Só
então ela tomou consciência do relacionamento pervertido que mantinha com o seu
pai. Ela tentou convencê-lo a parar. Ele não quis. Ele disse que ela pertencia
a ele e que pretendia mantê-la. Quando Laura persistiu em seus protestos, seu
pai ameaçou destruir sua vida se ela revelasse o que ele chamava de o
"segredinho deles".
Laura sabia que podia mandar prendê-lo, mas tinha medo de com isso
tumultuar a vida de todo mundo. Pensou
em confidenciar à sua mãe ou à professora, mas acabou desistindo. Em vez disso,
imediatamente após a formatura no
colegial fugiu da prisão do incesto. Mas era muito tarde. Suas emoções estavam
arruinadas.
Laura casou-se rapidamente com um rapaz que mal conhecia, e, é claro, o
casamento durou pouco mais de um ano. O
divórcio aconteceu nesse curto período. Na esperança de reconstruir a vida,
Laura mudou-se para a capital do estado. Conseguiu um emprego bem remunerado
como recepcionista, o que lhe permitiu comprar roupas luxuosas e um belo carro
esporte. Laura teve um novo e dinâmico estilo de vida, mas isso não trouxe vida
nova para sua alma em pedaços. Não conseguia obter satisfação das coisas
materiais ou relacionamentos superficiais.
Em sua constante busca ela sentiu-se atraída pelas coisas espirituais.
Começou a assistir programas evangélicos na televisão. Um fim de semana ela
entrou em uma igreja, onde matriculou-se num curso bíblico semanal. Quando
Laura conheceu a Palavra de Deus, ela sentiu-se suja por dentro e culpada sobre
o que havia acontecido em seu lar.
Uma outra coisa a atribulava. Dois anos antes, ela tinha sido
engravidada pelo seu pai. Ele logo providenciou o aborto, e embora fosse
contra, Laura aceitou. Agora, tudo voltava a deprimi-la. Com o peso da culpa revolvendo
a lama de sua consciência, Laura passou a sentir-se mal sobre si mesma.
Arrependeu-se de freqüentar a igreja. Ela tivera esperança de encontrar o
conforto de Deus lá, mas agora sentiu-se sob a maldição dEle.
Laura ficou deprimida, queria se matar. Sabia que tinha que fazer alguma
coisa, ou falar com alguém. E munindo-se de coragem, ela pediu uma entrevista
com o pastor. Lá em seu gabinete ela contou em prantos toda a sua triste
história. Laura esperava que o homem de Deus a enxotasse ou pelo menos lhe
fizesse um sermão. Em vez disso, ele a ouviu com empatia, assegurando-lhe que
seu Pai celeste a amava, assim como sua nova família da igreja:
– Bem, laura, a primeira coisa que vou perguntar é se você tem outras
irmãs em casa a quem seu pai possa estar violentando?
– Não, sou a mais nova e minhas outras irmãs são todas casadas.
– Bem, você é... você entende que seu pai cometeu um crime contra você.
Você devia denunciá-lo. Não por questão de vingança mas, para proteger a si
mesma e também para ajudá-lo. Ele precisa de tratamento.
– Tem razão, pastor. Eu me culpo por esse relacionamento ter ido tão
longe.
– Um momento, Laura. Esse caso aconteceu principalmente por culpa de seu
pai. Ele o iniciou, ele o fez prosseguir, ele recusou-se a encerrá-lo.
– Eu sei, mas... o que ele fez a mim... eu me senti bem. Toda aquela
amizade e carícias, eu...
– Bem, Laura, do modo como nosso corpo foi criado, se certas partes
forem estimuladas, claro que nos sentiremos bem. Isso, é uma simples realidade
biológica.
– Isso faz sentido pastor, mas não consigo deixar de me culpar por
deixar que prosseguisse daquele modo. Depois de algum tempo, finalmente deixei
de resistir. Eu me achei cooperando com ele. Até aguardando por tais momentos.
Comecei a gostar do que fazíamos. Creio que não sou uma vítima inocente.
– Bem, Laura, não estou dizendo que você é totalmente inocente. Somos
todos pecadores. Culpados perante Deus, a Bíblia diz. De modo que você tem
mesmo alguma responsabilidade pelo que aconteceu durante todos estes anos,
neste relacionamento com seu pai. Bem, então, confesse diante de Deus ser uma
pecadora, e aí prossiga com a vida. Escute este trecho, da Bíblia: "Todos
nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho;
mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos". Jesus pagou o
preço, Laura, na cruz, Ele pagou por todos os nossos pecados. Agora podemos
ficar limpos diante de Deus.
– Isso é mesmo muito bom para ser verdade. Como Deus pode me perdoar
completamente se nem mesmo eu consigo me perdoar?
– Laura, quem lhe deu o direito de perdoar a si mesma, ou de condenar a
si mesma? Isso é algo que apenas Deus pode fazer como juiz de toda a Terra.
Está tentando assumir o lugar de Deus? Ou está tentando se colocar no lugar de
Deus?
– Eu nunca tinha pensado nisso desse modo.
– Note isto, aqui em Romanos
oito, trinta e três e trinta e quatro: "Quem intentará acusação sobre os
escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? Pois é Cristo
quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita
de Deus, e também intercede por nós". Deus é quem lhe justifica e perdoa.
Ninguém pode condená-la. Nem mesmo você tem o direito de se condenar.
– Tem razão, pastor. Obrigada. Essa passagem que o senhor leu, diz que
Jesus intercede por nós. Por que Ele faz isso se Deus não está querendo nos
condenar?
Uma boa pergunta, você não acha? Algo vital para se entender. E a Bíblia
não deixa dúvidas sobre isso. É o diabo que é o acusador das pessoas. O inimigo
de nossa alma tenta nos incriminar perante Deus dia e noite. Tenho certeza que
ele tem inveja por irmos para o céu, onde ele já viveu quando ainda era
Lúcifer, príncipe dos anjos. E assim ele nos acusa de não estarmos qualificados
para passar pelos portões celestiais. Mas, você dirá, somos indignos, não
somos? Como combateremos tais acusações do inimigo? "E eles o venceram
pelo sangue do cordeiro..." (Apocalipse 12:11)
Amigo, está vendo? É através do sangue de Jesus que você e eu vencemos
as acusações do diabo. No julgamento, Deus está do nosso lado contra o inimigo.
Ele indicou Jesus para assisti-lo, intercedendo em nossa defesa contra as
acusações de Satanás. Vamos investigar isto um pouco mais.
Para realmente entender este julgamento, devemos voltar ao antigo
sistema legal dos tempos do Velho Testamento. Na época, o sistema judiciário
hebreu diferia drasticamente do nosso. Para começar, lemos na enciclopédia
judaica que os "advogados eram desconhecidos na lei judaica." As
testemunhas do crime apresentavam queixa, e quem defendia o acusado? O juiz! A
lei hebraica requeria juízes para "pender sempre para o lado do acusado e
dar a ele a vantagem de cada possível dúvida." Somente quando vencido pelas
provas o juiz podia abandonar sua defesa do acusado e relutantemente pronunciar
a condenação. O juiz, obviamente, era mais do que um guardião neutro da
justiça. Ele tomava o lado do acusado e se colocava a favor da absolvição.
Deus como nosso juiz toma a nossa defesa. Mas Ele também tem que ser
justo, a despeito de querer nos perdoar.
Bem, certamente Ele não pode negar a acusação de que somos pecadores.
Mas no sangue vertido na cruz do Calvário, Ele tem a prova que precisa para nos
declarar inocentes. Assim, Ele anula as acusações de Satanás e nos garante a
segurança em Cristo que podemos desfrutar desde que o aceitemos.
Deus está do nosso lado, amigo. Estou alegre por isso, e sei que você
também está. Ele não só está do nosso lado durante o julgamento mas também está
do nosso lado aqui, dando-nos força dia a dia para obedecer a Sua vontade e
guardar os Seus mandamentos. Ele trará harmonia da confusão e nos dará vida em
Jesus.
Tudo isto o pastor explicou a laura naquele dia em seu gabinete.
–Isso parece maravilhoso, – ela lhe disse – se ao menos eu pudesse
recomeçar a vida, vivendo-a segundo Deus. Gostaria de ser virgem novamente.
O pastor respondeu:
– Tenho boas novas para você. Quando você aceita a Jesus, você é uma
virgem aos olhos de Deus. Ouça isto: "Assim que, se alguém está em cristo,
nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo."
(II Coríntios 5:17)
Você quer esse novo começo que Jesus tem para você? Bem, graças a Deus,
as boas novas são até melhores do que você pensa. Sabe, vida nova em Jesus
significa mais do que só um novo começo. A Bíblia diz: "e estais perfeitos
nele..." (Colossenses 2:10)
Quando você aceita Jesus, Deus não vê você como um bebê espiritual em
luta. Ele lhe vê você como um ser perfeito. Ele olha para você lá do céu e
sorri dizendo: "este é meu amado filho, em quem me comprazo."
Quero tirar toda a vantagem desta maravilhosa oportunidade em Cristo, e
sei que você também quer. Então, para
começar, confesse os seus pecados a
Deus. Reconheça que é um pecador. Aí, em
nome de Jesus, elimine qualquer sinal de culpa. Caso você ainda não se sinta
perdoado, não se preocupe. Você sabe que está perdoado porque Deus promete nos
aceitar quando vamos a Ele através de Cristo.
O pastor e Laura oraram juntos e ela aceitou Jesus como seu Salvador e
Senhor. Foi o começo de uma vida totalmente nova para ela. Não foi fácil. Durante os meses seguintes ela
teve muitas lutas. O pastor indicou um excelente psicólogo cristão que a ajudou
bastante em sua recuperação.
Essa é a história de Laura. Mas, e quanto a você... tem sido vítima de
agressão sexual? Precisa do amor restaurador de Jesus? Existe uma promessa
maravilhosa na Palavra de Deus: "Visto que temos um grande sumo sacerdote,
Jesus, filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa
confissão. Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das
nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.
Cheguemos pois com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar
misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno".
(Hebreus 4:14-16)
Pense nisso, em Jesus, Deus nos oferece misericórdia para perdoar nossos
pecados e deslizes. E mais... em Cristo temos a graça para nos ajudar em tempos
de necessidade. Sempre que tentados, não precisamos ser presas dos enganos do
diabo. Deus tem poder para nos impedir de voltar aos velhos caminhos de
fracasso e derrota.
Você notou algo interessante no texto que acabamos de ler, algo pessoal
para você? Ele diz que Jesus é nosso
grande sumo sacerdote. Isto abre a porta para um dos ensinamentos mais
vitais embora negligenciados na Bíblia. Sabe, Jesus é mais do que o Salvador do
Calvário no passado. Ele é seu Rei que virá num futuro breve. Neste momento Ele
está no santuário celestial servindo como seu intercessor. Continuamente Ele
lhe oferece o perdão, o conforto e a força de que precisa para ficar acima do
passado e realizar grandes maravilhas no futuro.
Uma palavra final. Não é fácil esquecer o sofrimento de uma violência
sexual. Mas lembre-se que o seu Senhor está com você a cada passo do caminho. A
experiência de recuperação de Laura pode também ser sua.
AO AMADO
Letra: Guilherme Kerr
Música: Sérgio Pimenta
Ao Amado de minh'alma cantarei.
fica bem cantar louvores a Jesus.
Como sóis de intensidade em plena luz,
tal a glória do Amado eu cantarei.
Ele é meu Amado, meu Salvador
Senhor da Vida e preferido meu.
Ele é luz que arde em resplendor.
É aquele que a Bíblia diz ser Deus.
Autor da vida, Cristo, meu Senhor.
Amado meu, pra sempre, Amado meu.
É Jesus razão maior de eu viver
De existir, de conhecer e prosseguir
sem jamais desanimar frente ao porvir;
de lutar, cansar, mas nunca esmorecer.
Gravado por Sonete no EELP-0194 do
Ministério "Está Escrito"
Oração
"Pai nosso, neste mundo de pecado e
dor, nós Te louvamos pela salvação. O que quer que tenha nos destruído no
passado, és capaz de restaurar e nos dar
esperança para o futuro. Neste momento confiamos a nós mesmos a Ti. Obrigado
por nos aceitares em Cristo. No nome Salvador de Jesus. Amém.
30
OPERAÇÃO ENGANO
George Vandeman
Alguns mistérios são facilmente
resolvidos. Outros nos assombram durante
décadas. Cada um de nós diz: Acontece algo aqui. E procuramos a resposta fácil.
Procuramos o óbvio. Mas às vezes somos enganados pelo óbvio. A culpa é mal
colocada e o inocente sofre. E aí um dia deparamos com uma pequena pista,
depois outra. As inconfundíveis marcas que nos levam, uma a uma, fio por fio ao
forte indício da verdade. E imaginamos por que somos tão lentos em descobrir "Operação Engano", que
estava lá o tempo todo.
Em 18 de Dezembro de 1912 foi anunciado
ao mundo que os restos de um fóssil humano primitivo havia sido encontrado em
um poço raso de cascalho perto da vila de Piltdown, no condado de Sussex. A
Inglaterra ficou orgulhosa pelo que os homens de Piltdown acreditavam ser o
mais antigo fóssil humano conhecido. Mas, 40 anos depois foi feito um outro
anúncio. Tinha sido tudo forjado. Um trabalho de pessoa ou pessoas
desconhecidas.
A mandíbula não era de um ser humano mas
de uma orangotango fêmea bem jovem, e seus dentes tinham sido limados ficando
assim bem claro que não pertenciam ao crânio. Os cientistas britânicos ficaram
corados. Charles Dawson o descobridor tornou-se o principal suspeito e como ele
havia falecido 37 anos antes, um monumento a ele foi prontamente removido.
Através dos anos vários outros foram
mencionados como possíveis suspeitos, mas Dawson continuou como o principal
deles. Mas houve um outro que andou lá em Piltdown durante as escavações. Era
um médico aposentado que conhecia bem a anatomia humana. Ele era químico e
muito interessado em geologia e arqueologia. E era um ávido colecionador de
fósseis. Mais do que isso, ele gostava de uma boa farsa. Gostava de aventuras.
Era um excelente escritor e sabia manipular as tramas mais complexas. E não era
difícil encontrar um motivo pois ele tinha uma rixa contra o sistema científico
britânico. Quem era ele? Nada além do que o Criador do Sherlock Holmes, Sir
Arthur Conan Doyle. E também tinha rixa
John Hattaway Winslow um escritor de nossa era viu-se envolvido na trilha do
grande detetive de ficção de nossos tempos. Sherlock Holmes, cujas bravuras
tornaram-se leitura obrigatória, para as forças policiais de diversas nações.
Bem, Winslow veio a público com suas
incríveis descobertas na edição de setembro de ciência 83. Creio que você
concorda que o caso contra Conan Doyle embora circunstancial é convincente ao
ponto de ser irresistível.
Sabe, Doyle morava a apenas dez
quilômetros do local das escavações, e parece que ele o visitou abertamente em
1912. Ali estava um médico, não mais clinicando, a esta altura desfrutando as
recompensas de um autor bem-sucedido. Ele era um prodigioso andarilho
acostumado a fazer grandes caminhadas. Duvida-se pouco de que ele não visitasse
com freqüência aquele lugar relativamente pouco vigiado. Passando perto dele
dando uma olhadinha para observar o andamento. Tudo que ele tinha a fazer era
observar os escavadores. A tarefa mais difícil, é claro, seria idealizar uma
criatura convincente. Manchando-a para a cor combinar com a cor do cascalho.
Cercá-la com os restos apropriados de fósseis e implementos. Tudo isso ele
tinha toda a possibilidade de conseguir. Como pode ter ele conseguido a
mandíbula de um orangotango? De um antigo vizinho que tinha voltado
recentemente da península de Malawi, e um desses museus acabara de comprar a
maior coleção de espécimes animais de bornéu.
Os orangotangos vivem somente em bornéu
e sumatra. Mas como poderia Doyle saber afilar os dentes, e torná-los parecidos
com dentes humanos? Bem, no início, como clínico médico ele morou em uma casa
que antes havia sido ocupada por um dentista. E ele encontrou ali um grande
número de moldes de mandíbulas humanas. Mas como ele, como ele conseguiu o
crânio certinho? Bem, ele também tinha um amigo que tinha uma coleção de
crânios humanos, vendidos com freqüência aos interessados.
Alguns dos fósseis, restos do mamífero
plantados pelo falsificador foram mais tarde identificados como vindos do
mediterrâneo e tinham visitados os locais mais prováveis. A época da sua viagem
era perfeita. Cada vez mais as pistas iam se encaixando como peças dum
quebra-cabeça. Mas, e quanto ao motivo? Por que ele tinha essa rixa contra o
meio científico? Nisto também as evidências são totalmente convincentes. Arthur
Conan Doyle não só era fascinado pela ciência, mas em sua velhice ele havia
passado a crer firmemente no espiritualismo. Por outro lado o cientista Edwin
Ray Lankester, era um dedicado evolucionista Darwiniano. Provavelmente um dos
mais fortes e teimosos defensores do evolucionismo. E ele não acreditava em
espiritualismo. Costumava ridicularizá-los, com ataques impiedosos.
Ele acreditava que o que estes faziam
era forjado. Queria desesperadamente pegá-los no ato. Com este propósito ele
assistiu uma sessão espírita em companhia do médium americano Henry Slade. Ele
era um destacado espírita britânico daquela época. Teria que haver comunicação
com os espíritos. Os espíritos psicografariam uma mensagem através de Slade.
Mas logo após Slade ter se apresentado às pessoas ali para demonstrar que não
havia farsa e antes de haver qualquer ruído de escrita, Lankester agarrou Slade
e descobriu a mensagem já de posse dele. Deste modo ficou comprovado a fraude.
Henry Slade deixou a Inglaterra o mais
rápido e silenciosamente possível. Doyle ficou muito aborrecido com essa
revelação, afirmando que não era justo condenar todos os espiritualistas por
causa de um caso de fraude. Doyle e Lankester não eram amigos. Seria uma grande
surpresa se Conan Doyle, mestre criador da ficção como era, demonstrasse algum
prazer, se viesse a provocar o mesmo tipo de embaraço à ciência britânica, como
Lankester causou aos espiritualistas.
Que motivo mais natural poderia haver?
Sim, a conexão conto de fadas, o elo que ligava Conan Doyle ao homem de
Piltdown era muito, muito forte. Mas meu amigo, existem outros elos, outros
laços, outras conexões que temos que explorar hoje. Alguns muito interessantes
e alguns muito importantes. Elos ligando dois opostos muitas vezes antagônicos
entre si. A evolução e o espiritualismo, um se considera a si mesmo ciência e o
outro se considera anti-científico.
Nos dias de Arthur Conan Doyle a teoria
da evolução tinha conseguido mais do que tudo, destruir a fé na Bíblia e no
próprio Deus. Mas isso deixou homens e mulheres à deriva no mar da chance sem
futuro, sem esperança. Para onde eles se voltaram? Voltaram-se aos milhares
para o mundo espírita, para as sessões, para os fenômenos psíquicos num esforço
para substituir o que haviam perdido.
Mas existe uma barreira muito forte
entre a evolução e o espiritismo pois ambos vem dos primórdios deste mundo.
Encontramos lá o início do espiritismo e suas promessas. Encontramos ele no
registro dos primeiros judeus um fenômeno psíquico para atrair audiência. É
verdade que não encontramos a teoria da evolução no livro de Gênesis mas
encontramos logo no primeiro versículo da Bíblia a afirmação clara de que Deus
é o Criador. E o texto é assim: Gênesis 1:1: "No princípio criou Deus os
céus e a terra." E é uma afirmação simples, que a teoria feita pelo homem
do nosso início neste planeta. Este é o âmago, o âmago da destruição dos
evolucionistas. Você já notou que o coro dos incrédulos na Bíblia estão em
geral preocupados com os primeiros capítulos de Gênesis? Você pode ver como a
evolução está ligada a este livro como um desafio aberto à credibilidade de
Deus.
No caso do espiritismo encontramos seu
começo no própria história da queda do homem, registrada no terceiro capítulo
da Bíblia. E lá Deus é abertamente desafiado em não ter dito a verdade. Ora eu
sei que a história da queda do homem é amplamente considerada uma espécie de
folclore. Um divertido folclore é claro. Alguém deu a idéia de que Eva detestou
a maçã. Deixando você curioso: Por que? Mas o fato de não haver nenhuma menção
de maçã no Gênesis, esta história é uma indicação de que pouca atenção temos
dado ao que aconteceu lá. Eu pergunto a você: Será que Gênesis 3 não é nenhum
folclore? Antes do primeiro espoucar dos canhões cósmicos de uma guerra
contínua e em escalada, Gênesis explica todas as coisas estranhas que estão
acontecendo hoje.
Imagine o impossível. Imagine que você
era um repórter cósmico designado para cobrir a criação do planeta terra. Para
ser uma testemunha ocular de tudo. Seria uma semana empolgante, acompanhar o
Criador e uma comitiva de anjos à medida que Ele se movesse pelas estrelas nos
corredores espaciais com galáxias e sóis brilhantes por todos os lados. E as
harpas dos anjos tocando nas alturas. Aí vocês alcançariam um local solitário
na borda do universo de Deus. Você O veria saindo do vazio e pronunciando palavras
cheias de todo o poder do infinito. O trovão em sua voz ressonando até mundos
distantes e de repente ali estava. Um instante onde antes não havia nada surge
um planeta das mãos do Criador, girando numa órbita perfeita. E você
assistindo, uma semana inteira espetacular, além das palavras. Se você usasse
os melhores adjetivos nem sequer se aproximaria da realidade.
Aí, numa tarde de sexta-feira, vinha a
obra-prima da criação da Deus, feita à Sua imagem, Adão e Eva. Você se
alegraria por receber permissão de continuar a cobrir os acontecimentos. Mas
tal perspectiva não era de todo brilhante, pois você sabia que nem tudo estava
certo no universo de Deus. Um dos anjos mais privilegiados de Deus, aquele
chamado Lúcifer ficou insatisfeito por nada. Parece que a sua própria beleza o
convenceu de que ele precisava ter o lugar de Deus. Ele estava muito zangado
pelo fato que o Filho de Deus é que seria aquele a dizer as palavras para que o
planeta terra existisse. Por que não Lúcifer? Por isso ele foi banido do céu.
Não havia outro jeito. E agora ele estava aqui.
Você se lembra como ele ficou furioso
quando viu a incrível beleza do planeta que Deus havia preparado para Adão e
Eva? Você o ouviu praguejando contra Deus e planejando tornar este planeta o Q.
G. da sua rebelião. O problema é que Deus tinha criado Adão e Eva com o poder
de escolha. Ele não queria que nenhum de seus súditos fossem robôs. Assim, esse
par feliz poderia se rebelar. Poderia acontecer. Isso seria um tragédia. Você
ouviu Deus falando com Adão. Você tomou notas. Ele disse mais ou menos isto: "Adão
, eu lhe dei o poder de escolher. Você não é um robô. Coloquei diante de você a
vida e a morte e espero que você seja responsável pela escolha que fizer.
Espero que você escolha a vida, mas a decisão é sua. E Deus disse a Adão: Eu
quero lhe dar a vida eterna. Este é o meu plano. Mas não vou lhe dar a
imortalidade até eu saber se poderei lhe confiar a vida que nunca termina. E
para testar a sua confiança eu vou colocar uma árvore no jardim, fora dos
limites. Apenas uma árvore. Se você comer do fruto dela você estará se
separando da fonte da vida. E como resultado, você morrerá. E isto não é uma
ameaça, Adão. Isto é apenas o resultado natural da rebelião. Espero que você
seja responsável, mas você deve escolher. Não posso escolher por você. E aí, de
acordo com o relato que você estava ouvindo, no dia em que Deus falou ao par
feliz sobre Lúcifer, ele disse que não iria permitir ao anjo caído que os
seguidores pelo jardim. Ele só poderia tentá-los se eles se aproximassem da
árvore proibida. Uma coisa justa. Adão e Eva conversaram a respeito e não
conseguiam imaginar uma coisa tão terrível como a rebelião contra o Criador que
eles amavam. Aí veio aquele dia fatal. Eva caminhava sozinha, imaginando também
por que Deus havia colocado aquela árvore fora dos limites. Ela não parecia
perigosa, era tão bonita quanto as outras árvores. A serpente estava sentada em
um de seus galhos comendo satisfeita um dos frutos. A serpente começou a
conversar com Eva. E ela sabia que as serpentes não tinham o dom da fala, mesmo
no jardim do Éden. Ela não sabia embora devesse saber que estava testemunhando
o primeiro fenômeno mediúnico da história
da terra. E era uma sessão à plena luz do dia, com a serpente atuando
como médium para o anjo caído. Ele assistia enquanto a serpente convidava a
mulher a comer, assegurando-lhe que não lhe faria mal algum. Afinal, a serpente
também não estava comendo? Você foi o único que desejou gritar para alertá-la.
Os anjos assistiam, Deus assistia, mas ninguém deveria interferir. Você
assistia horrorizado e sem fôlego ela estender a mão, pegar o fruto e comer.
Aí, como não sentiu nada ela estendeu o braço para o lindo fruto e o levou para
seu marido. Você jamais esquecerá a expressão de choque e terror no rosto de
Adão quando viu o que Eva tinha feito. Ele sabia que ela deveria morrer e não
suportou a idéia de perdê-la. Nem parou para pensar que Deus poderia criar
outra companheira para ele. Uma tão bonita quanto ela. Ela apenas correu e
deliberadamente, sabendo as consequências do seu ato, determinado de que se Eva
tinha que morrer ele morreria com ela. E o horror que a humanidade sentiu
naquele momento criou a idade das lágrimas. Bem, você não estava lá, eu não
estava lá. Não houve cobertura da imprensa. Não houve câmeras de televisão. Nem
entrevistas coletivas. Não é que a imprensa tenha sido afastada. Não existia
imprensa. Vamos ler o que a Bíblia nos diz. Primeiro, isto foi o que Deus disse
a Adão. Este foi o alerta feito com muito amor e preocupação. Gênesis 2,
versículos 16 e 17, na edição revista e corrigida diz: "E ordenou o Senhor
Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da
árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela
comeres, certamente morrerás." Isto foi uma ameaça? Não. É uma ameaça se
eu lhe disser que se você saltar da ponte Rio-Niterói você morrerá? É claro que não. Deus só estava dizendo a
Adão quais seriam as consequências da sua escolha errada. Mas a serpente
contradisse abertamente o que Deus tinha dito. Ouçam, Gênesis 3, versículos 4 e
5 "Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus
sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como
Deus, sabendo o bem e o mal. "A batalha agora estava aberta. O anjo caído
tinha chamado Deus de mentiroso. Com os seus súditos aparentando fazer o bem
ele faz esse mesmo desafio hoje a Deus. E milhões estão acreditando. Pensem
sobre isto por um momento: Se a queda do homem não foi planejada ou programada
pelo Criador, se sua queda não precisasse acontecer, então vamos supor que a
esposa de Adão em lugar de travar um diálogo com a serpente tivesse dado meia
volta no local, ao som da fala da serpente e batido o primeiro record mundial
na corrida de volta para a companhia segura do seu marido. Ó se apenas a
história da Gênesis pudesse ser reescrita. Que tal isto: "Deus é
todo-poderoso."Nada é difícil demais para ele." Aquela conversa entre
Eva e a serpente só levou alguns segundos. A decisão de Adão levou fração de
segundos. O tempo estava sob o controle do seu criador. Por que ele não poderia
apagar aquele breve segmento de tempo da história? Fechando-o como se não
tivesse acontecido? O destino da raça humana deveria depender da decisão de uma
única hora? Mas, não. Um Deus de amor e de integridade jamais aceitaria tal
manipulação de eventos. Ele jamais nos enganaria sobre coisas que haviam
acontecido anteriormente.
A trágica história da queda do homem não
pode ser apagada. Não pode ser reescrita. Aconteceu exatamente como o livro de
Gênesis nos conta. A mulher viu a serpente falando e ouviu. Ela acreditou e o
crer foi o inimigo. Você percebe o forte elo existente entre o engano e a
morte? Freqüentemente uma pessoa engana outra por algum bom propósito, mas não
o anjo caído. Ele engana muitas mulheres com apenas uma coisa em mente:
destrui-las totalmente. Quando lança o seu engano está lançando a morte. Morte
da qual não há recuperação; nem ressurreição. E você ficará surpreso em ver o
pacote atraente que ele usa.
A despeito da interminável variação, a
constante troca de rótulos e a mentirosa armadilha dos presentes, a estratégia
do anjo caído, e seu exército invisível de anjos transformados em demônios
continuam as mesmas usadas no jardim do Éden. Eles usam disfarces, eles usam os
médiuns, eles usam fenômenos psíquicos para chamar a atenção e nos expulsar do
jardim. Eles desafiam a integridade de Deus. Eles insinuam que Deus está
escondendo o que é bom. Prometem que você nunca morrerá, não importa como você
viva. Eles prometem que a rebelião deixará você num estágio igual ao de Deus.
Estas são as características da filosofia do grande enganador. Lembre-se das
palavras dele: "Certamente não morrereis... e sereis como Deus." Olho
neles, não importa como os encontre. Não importa quão inteligentemente eles
falem. Eles deixam um alerta. Lúcifer esteve aqui. Sim, com a continuação desta
série especial de programas você ficará totalmente chocado quando vir o que
está acontecendo. Esta geração infelizmente é uma presa fácil para qualquer
coisa sensacional, qualquer coisa sobrenatural, qualquer pacote que venha
completo e com milagres. A nossa geração adora mágica. Ela é fascinada pelo
desconhecido, pelo invisível. Poderes, poderes piramidais. Com todas novidades.
Milhões estão dizendo: divirta-nos, empolgue-nos, mostre-nos mágica, deixe-nos
extasiados com o sobrenatural, excite nossas mentes, mistifique-nos,
enfeitice-nos, arrebata nossos sentidos, faça-nos flutuar, prometa-nos fama e
fortuna e o céu também e seguiremos você a qualquer lugar.
A geração honrada com a presença pessoal
de Jesus não era de modo algum como a nossa. Estava constantemente exigindo:
mostre-nos um sinal de que você é aquele que afirma ser. Ilumine o céu à
meia-noite. Suba ao pináculo do templo. Mate com um raio os romanos. Dê-nos um
sinal. Mas Jesus jamais confundiu mágica com poder. Ele não veio para manipular
as mentes, mas para transformá-las ao perigo dos pecadores. Ele não veio para
tomar o trono mas para ser crucificado. Não para ser um rei mas um sacrifício.
Ele disse àqueles que exigiam saber a Sua identidade: "Quando levantardes
o Filho do homem, então conhecereis quem Eu sou." João 8:28.
Quando me levantarem, quando me
crucificarem, quando escarnecerem, zombarem e rirem de mim. Quando pregarem
cravos em minhas mãos, quando me pendurarem entre o céu e a terra numa
desprezível cruz romana. Desafiem-me a descer dela se puder. Quando me deixarem
morrer sem sequer um gole de água fresca aí saberão quem eu sou. Sim, quando O
penduraram naquela cruz eles souberam. O ladrão na cruz ao lado dEle sabia quem
Ele era. O centurião romano sabia, os inimigos de Jesus também sabiam. O
impiedoso Caifás e Pilatos. Muitos homens afastaram-se daquela cruz com a
consciência torturada. Mão sujas por terem se juntado à turba e crucificado o
próprio Filho de Deus. Eu creio que esta nossa geração recebeu um sinal. O
sinal de Filho de Deus morrendo em seu lugar. Não existe um sinal maior. Você
terá que decidir agora se deseja mágica ou perdão. Se você quer um mágico ou um
Salvador. Não existe momento melhor que agora, de tomar essa decisão, amigo.
Oremos. Meu querido Pai, sentimos o
poderoso empuxo da cruz de Jesus Cristo nosso Senhor. Nos agarramos a essa cruz
a começar com este primeiro programa da série. Aceitamos livremente o homem que
lá morreu como nosso Salvador. Que ninguém encerre esta meia hora sem ter
descoberto a disposição dele em nos aceitar quando pedirmos. Em seu precioso
nome oramos. Amém.
31
BRINCANDO COM A MORTE
George Vandeman
Existe algum tipo de telefone mediúnico pelo qual podemos nos comunicar
com o mundo que não se vê? Existe sim. Mas, quem está do outro lado da linha? É
o Tio João? Ou a Tia Suely? Ou será o serviço de atendimento mediúnico? Os que
ligam ficariam chocados se soubessem quem é que atende o telefone. Será mesmo
seguro ficar assim brincando com a morte?
Uma lenda diz que, nas ruas de Bagdá, um mercador mandou seu servo ao
mercado mas este voltou logo. Tremendo e muito agitado, ele disse ao seu
mestre:
– Lá no mercado, fui empurrado por uma mulher na multidão. E quando me
voltei para ela, vi que era a morte que me empurrara. Ela olhou para mim e fez
um gesto ameaçador. Mestre, por favor me empreste o seu cavalo. Eu quero fugir
rápido para evitá-la. Cavalgarei até Samara e lá me esconderei. A morte não me
encontrará.
O mercador lhe emprestou o cavalo e o servo saiu galopando, deixando
atrás de si uma nuvem de poeira. Um pouco mais tarde o próprio mercador foi até
o mercado e viu a morte no meio da multidão. Ele disse a ela:
– Por que você assustou meu servo esta manhã? Por que você fez um gesto
ameaçador?
– Ora, aquilo não foi um gesto ameaçador – disse a morte. – Foi apenas
um gesto de surpresa. Fiquei atônita ao vê-lo neste lugar, pois tenho um
encontro com ele esta noite, em Samara.
Isso é apenas uma lenda saída das ruas de Bagdá, mas retrata o fatalismo
que está atingindo inúmeras mentes. Milhares de indivíduos frustrados decidiram
que este mundo cansado, com todos seus habitantes, tem um encontro com o anjo
da morte, com asas enormes e energia atômica para nos levar para a destruição.
Assim, tentamos esquecer e passamos longas horas em busca de prazer e
lucro. Ficamos apaixonados pela terra das brincadeiras. Protestamos pelo que
está acontecendo, é claro. E nos rebelamos contra o futuro que aparentemente
não podemos controlar. Porém, cedo ou tarde, mesmo em um mercado apinhado de
gente, o homem é empurrado pelo anjo da morte, rudemente lembrado da sua
presença. E o que mais ele pode fazer? Iniciar uma fuga louca para Samara na
esperança de encontrar um lugar para se esconder? Alguma barreira atrás da qual
a morte se esqueça de procurar?
Devido ao que Jesus fez no Calvário, a morte um dia será destruída. Mas,
enquanto isso, a morte continua solta. E este planeta é o cemitério do
Universo. Um lugar onde todo mundo morre.
Uma criancinha da Irlanda do Norte viu seu pai morrer, baleado na frente
de casa. Noite após noite, depois daquela terrível tragédia, o pequeno David
gritava quando revivia aqueles momentos horríveis em seus sonhos. Toda noite,
ele se ajoelhava junto à sua cama e
dizia:
– Por favor, Deus, o papai não pode voltar do céu, somente por um
minuto, para que eu possa vê-lo? Não ficarei com ele. Eu o deixarei voltar.
Por que Deus não atendeu à oração daquele garotinho? Há alguma razão? Deus não se importa? É claro que Ele
Se importa. Creio que há uma razão para isso. Creio também que o inimigo de
todos nós, que gosta de enganar e destruir, se aproveitaria, com prazer, das
lágrimas do pequeno David para fingir responder à oração.
Centenas de vezes demonstrando compaixão falsa, o anjo caído
aparentemente traz de volta um ente querido, apenas por um minuto, para que
possa ser visto e até tocado. Mas, e se for tudo uma farsa cruel? E se aquele
nosso inimigo impiedoso estiver apenas se aproveitando da nossa solidão, de
nossas lágrimas, usando a tristeza para nos emboscar? Devemos crer que o Senhor
Jesus Cristo é maravilhoso, é o Salvador. Mas se acreditamos numa fraude, essa
fé estará colocada sobre o inimigo.
Há uma experiência que aconteceu na Escócia. Durante a guerra, Cindy foi
informada que o seu marido desaparecera em combate. Muitos meses se passaram e
pareceu que ele havia realmente morrido. Amigos sugeriam que ela tentasse
contatá-lo pelo espiritismo. Ela achou que assim talvez encontrasse conforto.
Repetidas vezes, ela fez contado com o espírito que acreditava ser o do seu
marido. A voz, ela tinha certeza, era a do seu amado. A aparência era também a
do seu marido. Várias vezes, eles conversaram sobre muitas coisas.
Um dia, meses depois, seu marido entrou pela porta da frente, vivo e com
saúde. Ele não havia morrido, nem se ferira. Não é de se admirar que aquela
mulher tenha se revoltado com todas as religiões. Que farsa impiedosa!
Existem golpes, fraudes e enganos no
mundo mediúnico. Mas não se engane, existe mais perigo do que se acredita em
meio a esses golpes, fraudes e enganos. Jesus nos alertou com relação à esta
época: "Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão
grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os
escolhidos..." São Mateus 24:24
Desde que a morte surgiu friamente neste planeta, ela tem sido um
mistério. Todo mundo morre, portanto é natural que queiramos saber o que
acontece do outro lado dessa experiência final. Mas, em nossa era, o popular
interesse pela morte está se aproximando da obsessão. Existem aulas sobre a
morte e o ato de morrer,e até manuais sobre como morrer.
Numa matéria em uma faculdade, acredite ou não, a morte é um dos temas
principais. Certo dia, foi trazido um caixão para a sala de aula e os alunos
deitaram-se dentro dele. Morrer, cada vez mais, é tratado como uma aventura, um
romance. Mas, esse apego com a morte me preocupa porque isso pode tornar-se não
apenas uma obsessão mas um envolvimento; um apego ao anjo caído que é o autor
da morte.
Esta geração, como as anteriores, continua a fazer brincadeiras
perigosas com a morte. E, em nossa era, algo novo foi adicionado. Agora, somos
bombardeados com histórias daqueles que dizem ter experimentado pessoalmente a
morte e voltaram para nos contar tudo a respeito.
Você já ouviu os relatos, todos estranhamente familiares. As pessoas
deixam os seus corpos e vagam por túneis longos e escuros. Em seguida, descem
ladeiras com grama, voam e não querem mais voltar para os seus corpos. E mais
importante que tudo, essas pessoas não têm mais medo da morte e não crêem mais
na Bíblia. Elas pensam que encontraram uma fonte melhor de informação.
Essas pessoas morreram realmente ou elas quase morreram? Evidentemente,
não estavam irreversivelmente mortas, pois todas foram ressuscitadas. Sem
dúvida, essa experiência foi apenas o mau funcionamento de uma mente quase
morta.
Existem muitas experiências similares na literatura. Mas se essas
histórias representam apenas a detonação errada de uma mente perto da morte,
como é que centenas de mentes estão detonando quase todas na mesma direção?
Alguma coisa estranha está acontecento. Será possível que alguma força externa,
alguma entidade inteligente e altamente motivada teria assumido o controle
dessas mentes? Se sim, quem seria o suspeito? Quem estaria tão motivado a fazer
isso?
Alguns dizem que essas experiências provam que existe vida após a morte,
mas será que as pessoas envolvidas morrem de fato? Alguns dizem que os relatos
provam que a Bíblia é verdadeira, mas como podem servir de apoio à Bíblia se
estão em desacordo total com ela? De que modo estão em desacordo?
A Bíblia diz: "Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os
mortos não sabem coisa nenhuma."
Eclesiastes 9:5. E mais: "Até o seu amor, o seu ódio, e a sua inveja
já pereceram..." Eclesiastes 9:6.
Ainda existe uma afirmação igualmente forte que encontramos: "Não confieis
em príncipes nem em filhos de homens, em quem não há salvação. Sai-lhes o
espírito, e eles tornam-se em sua terra, naquele mesmo dia perecem os seus
pensamentos." Salmo 146:3 e 4
De acordo com a Palavra de Deus, o morto não sabe nada. Seus pensamentos
perecem. Certamente não podemos nos comunicar com quem sabe nada e não pode
pensar. A Bíblia diz que os mortos dormem tranqüilamente em seus túmulos até a
ressurreição, quando Jesus os chamar à vida. Por que precisaríamos de uma
ressurreição, se isso não fosse verdade? Eles não sabem o que está acontecendo
com os que continuam vivos.
Conforme a Bíblia, não vamos ter
a recompensa após a morte, um de cada vez. Nosso Senhor planejou para que
possamos ir todos juntos quando Ele retornar. A ressurreição é a esperança do
cristão. O apóstolo Paulo escreve: "Porque o mesmo Senhor descerá do Céu
com alarido e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram
em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos
arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e
assim estaremos sempre com o Senhor." I Tessalonicenses 4:16 e 17
Que reunião! Os amigos separados pela morte estarão juntos de novo, para
nunca mais se separar. As criancinhas serão carregadas dos túmulos por anjos e
colocadas nos braços de suas mães.
Você queria que fosse de outro modo? Você se contentaria com uma ladeira
com gramado? Notou que, segundo os recentes relatos, todo mundo tem a mesma
recompensa? Não importa como tenha vivido. É deste modo que é ensinado em todo
o espiritismo. Será que todas as pessoas irão para o mesmo lugar? Não haverá
julgamento para determinar qual será a recompensa do homem?
Já percebeu que ninguém que diz ter passado pela morte jamais viu Deus
ou Jesus naqueles túneis? Mas existe um ser de luz lá. Nos relatos, dizem haver
um ser de luz que ri dos nossos pecados. Jesus iria rir dos pecados, se foram
eles que O crucificaram? Você pode
calcular quem pode ser esse ser de luz?
"E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo
de luz." II Coríntios 11:14. Sabe de quem é essa filosofia que corre
velozmente através disso tudo? Você percebe "A Operação Engano"? Nota
que isso tudo está ligado às palavras da serpente no Jardim do Éden:
"Certamente não morrereis." Foi o que o anjo caído disse. E ele ainda
diz isso de outros modos. Agora, ele usa a ciência.
Milhares que nunca participaram de uma sessão espírita caem na rede. E
essas experiências não têm provado nada exceto que Satanás, assim como a Bíblia
diz, está furioso porque ele sabe que o seu tempo é curto. O espiritismo está
se espalhando pelo mundo e somente aqueles que conhecem a Bíblia e se agarram a
ela escaparão. "Certamente não morrereis", disse a serpente. Todos os
centros espíritas ruiriam da noite para o dia se esse falso conceito não fosse
tão prontamente aceito por homens e mulheres. Mas vozes em toda parte ecoam
essas palavras e milhões acreditam na mentira.
Existe apenas mais um passo nessa epidemia de busca a estágios
alternativos da consciência que estão por aí. Existe a idéia da energia
universal que flui através do homem, tornando-o possuidor de poder divino, fazendo-o
parte de Deus. Lembre-se: "E sereis como Deus." Se a conexão com as
forças psíquicas, captando a energia universal, faz do homem um Deus, por que
haveria necessidade de um Salvador? Por que seria preciso o arrependimento?
Vê quanto essas idéias são perigosas? Mas isso é exatamente o que
Satanás quer. Ele sabe que ele próprio está perdido e está disposto a levar
consigo toda a raça humana para a destruição, se puder. É por isso que ele está
dizendo a esta geração que a morte não é tão ruim, afinal; que não há nada a
temer; que ninguém morre de fato. É por isso que ele diz a todos que o escutam
que não há julgamento; que os bons e os maus irão todos para o mesmo lugar,
independente de como viveram. Ele está iludindo homens e mulheres com falsas
esperanças, mas ninguém poderá escapar da morte apegando- se a ela e chamando-a
de amiga.
Você estará satisfeito se o futuro for
um pouco de grama através de um longo túnel escuro? Você quer um futuro que não
tem lugar para Deus ou Jesus? Que espécie de paraíso seria, se todos os
assassinos, estupradores e loucos estivessem lá para aterrorizar a eternidade?
Você não prefere o Céu que Jesus preparou, onde o pecado e a morte, a tristeza
e as lágrimas serão banidos para sempre? Um lugar iluminado pela glória emanada por Deus. Uma cidade com
portões, ruas e lares fabulosos, onde você poderá ver Jesus face a face, e será
companheiro dos anjos, onde amigos e entes queridos jamais se separarão. E há
muito mais: flores que nunca murcham, folhas que nunca caem, belezas
indescritíveis, viagens espaciais aos outros mundos, intermináveis
oportunidades para explorar e entender a vasta criação de Deus. Nada que possa
contribuir para a sua felicidade será omitido. Esse é o Céu que Lúcifer perdeu.
Esse é o lar que ele nunca terá, que nunca mais voltará a ser dele. É por isso
que ele se esforçará tanto para que você jamais venha a experimentá-lo. Ele irá diminuí-lo,
subestimá-lo, ridicularizá- lo, depreciá-lo, mentir sobre ele.
Mas a escolha é sua. Você não tem que perdê- lo. Hoje seus dias podem
parecer difíceis. Pode parecer que a longa noite de lágrimas e tristezas jamais
acabará. Pronta e rapidamente tudo mudará. Pense como será respirar o frescor
da manhã e saber que isso não mais acabará. De repente, é o Céu, é Jesus, é o
lar. Pense sobre aquele lar. Pense nele com freqüência. Deixe-o encher a sua
mente. Deixe-o dar a você algo pelo que viver. O Salvador quer que você o
tenha. Agora mesmo Ele está lhe chamando. Chamando-o para Ele. Por que não
aceitar o Seu chamado?
32
FALSIFICAÇÕES MEDIÚNICAS
George Vandeman
Dinheiro não dá em árvore, mas dá em
certas máquinas impressoras. Porém, existe outra coisa a ser evitada e muito
mais perigosa do que falsificar dinheiro. É falsificar pessoas, profetas,
falsificar anjos e deuses. Falsificar a verdade é o mesmo que mentir.
Nuvens negras pairavam sobre Lhasa, a
misteriosa cidade proibida do Tibete. O ano era 1855. O Dalai-Lama estava
morto. Acreditava-se que um heremita mongol havia colocado veneno na taça de
chá do líder, mas o heremita fugiu e alguém devia ser punido.
Tarde da noite no salão do templo em
Potala, o palácio de mil cômodos do Dalai-Lama, realizou-se uma sessão
mediúnica. O oráculo, o profeta do governo do Tibete, ia invocar os deuses para
saber quem havia matado o seu supremo Lama. Tempu-Gergan, o abastado e
respeitado ministro das finanças, estava nervoso ao lado do grupo. Ele tinha
sido avisado naquela tarde que poderia ser apontado como o culpado. Ele sabia
que não era improvável, pois ainda recentemente havia acusado o oráculo de não
ser confiável. O oráculo iria perder essa oportunidade de vingança?
Estava tudo pronto. O oráculo sentou-se
em seu trono usando as roupas cerimoniais. Em sua cabeça havia um elmo maciço
de ouro e prata, com cinco crânios humanos encrustrados. O Sumo-Lama jogou
incenso no rosto do vidente. Atrás dele, um coro de sacerdotes cantava de modo
estranho. De frente para o oráculo, o buda vivo que entoava uma assustadora
ladainha, convocava o espírito de três cabeças e seis braços para que se
apossasse do vidente.
– Venha, oh poderoso Pehar, diga-nos
quem matou o Dalai-Lama.
Tempu estava se sentindo sufocado. Ele
queria gritar, mas seus olhos hipnotizados continuavam olhando o oráculo. A
face do oráculo já havia sofrido uma aterradora mudança. Já não era mais o
rosto de um sacerdote. Era a face enganosa de Pehar. O oráculo estava agora
totalmente possuído pelo demônio.
Tempu permanecia impassível, mas suando.
A terra parecia sumir debaixo dele enquanto olhava por detrás da pilastra.
– Eu vejo uma taça dourada com o demônio
dançando sobre ela – murmurou o oráculo. – Há um estranho sacerdote oferecendo
a taça ao Dalai-Lama. Ele está usando o chapéu pontiagudo e os trajes
especiais.
Ele estava descrevendo o mongol, mas a
voz do demônio prosseguiu:
– Eu vejo sacos de ouro e prata ao redor
do santíssimo. Uma mão oferece a prata ao estranho sacerdote. A face, não
consigo ver a face. Sim está surgindo.
Tempu sabia por instinto que seu nome
seria mencionado. Ele saiu correndo porta afora e desceu o corredor de saída,
parando por um instante em um pequeno cômodo. Ali, livrou-se de seus ricos
brocados e disfarçou-se em camponês peregrino, mas já podia ouvir as vozes num
crescendo: Tempu-Gergan é o homem, prendam-no. Ele quis sair correndo como
louco, mas teria que parecer um pobre peregrino. Aquela escadaria não terminava
nunca?
Finalmente viu-se fora do prédio e rumou
para o muro da cidade. Aí ouviu um grito atrás de si.
– Bloqueiem a escadaria. Ninguém deve
sair do palácio.
Ele acabara de escapar. Fugiu a tempo.
Em silêncio, pulou o muro onde um criado fiel o aguardava com dois cavalos. Ele
tinha escapado, mas nunca mais poderia ver Lhasa, a sua amada cidade. Um homem
inocente iria passar o resto de seus dias no exílio. Tudo por causa de um
sacerdote não confiável, ajudado por demônios mentirosos.
Você pode dizer: "Ora, eu jamais
assistiria a uma sessão espírita, ou teria alguma coisa a ver com demônios, portanto estou a salvo." Não
tenha tanta certeza. Os ventos estão soprando do Oriente, com muita força. A
fascinação do Ocidente pelo misticismo oriental não pode mais ser considerada
um fato passageiro.
As tradições dos cultos orientais são
filtradas através do secularismo ocidental para que pareçam menos perigosas,
mas existem, estão aqui e vieram para ficar. Uma filosofia basicamente oculta,
recém-rotulada e não reconhecida por muitos vem impregnando a nossa sociedade:
a meditação transcendental tem sido ensinada em nossas escolas como ciência.
Tornou-se popular falar sobre vidas passadas e carma. O culto oriental, como
quase todas as falsas religiões, é um evangelho de salvação pelas obras. É o
homem salvando-se a si mesmo.
A meditação oriental não é uma ciência,
é uma religião. Apesar das afirmações feitas em contrário, é hinduísmo
vedântico. Sua iniciação é uma cerimônia religiosa. Seus mantras estão
relacionados a divindades hindus e seu objetivo é atingir o estado de realização
do deus hindu, para reconhecer o nosso verdadeiro eu como divino.
A reencarnação com seu carma é uma cruel
falsificação da cruz do Calvário. É o homem dizendo a Deus: "Não preciso
de um Salvador. Pagarei pelos meus próprios pecados, mesmo que leve mil vidas
para isso." Você não ouve nisso o eco das palavras da serpente?
"Certamente não morrereis." e "sereis como Deus"?
"A Operação Engano" é muito
bem disfarçada. O misticismo oriental é um enigma com demônios. Enigma com
demônios? Sim. Deuteronômio 32:16 e 17 diz: "Com deuses estranhos o
provocaram a zelos; com abominações o irritaram. Sacrifícios ofereceram aos
diabos, não a Deus; aos deuses que não conheceram, novos deuses que vieram há
pouco, dos quais não se estremeceram vossos pais."
Já parou para pensar como é que pessoas,
século após século, podem se curvar a deuses de madeira ou pedra, que não
conseguem pensar? Você atribui isso ao atraso do Oriente? Não, nem tudo é
atraso. O poder desses deuses orientais não está na madeira ou na pedra. Não
está nos ídolos em si. Não é a sua figura o que inspira medo. São os demônios
que neles habitam. Vejam o que o apóstolo Paulo diz em I Coríntios 10:19 e 20:
"Mas que digo? Que o ídolo é alguma coisa? ou que o sacrificado ao ídolo é
alguma coisa? Antes digo que as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam
aos demônios, e não a Deus. E não quero que sejais participantes com os
demônios."
Podemos entrar na fogueira do Oriente e
não sermos queimados? Podemos tomar para nós o que parece inofensivo, e
fecharmos os olhos para o satanismo, o sacrifício humano, a possessão do
demônio, e tudo o mais? Parece haver um desejo pela morte em ação no misticismo
oriental. Existem deuses-demônios que ficam no portão da morte e orientam os
adoradores a entrar. Como a serpente no Éden, eles fazem da morte a porta para
o futuro, a porta para se tornar um deus.
Que farsa cruel! O anjo caído esgotou
todos os seus recursos no Oriente? Não. Ele não está limitado a uma caixinha
preta de ferramentas e uma ou duas sacolas. Ele tem um supermercado inteiro de
ofertas místicas desconhecidas, sem rótulos, embrulhadas para presente, apenas
aguardando os fregueses que pensam que estão a salvo porque nunca assistiram a
uma sessão espírita! Você precisa ficar bem atento para evitar cair na teia que
o inimigo está tecendo ao redor de todo este planeta!
Desde que o anjo caído passou a se
aproximar da raça humana no Jardim do Éden, ele está engajado numa corrida
desesperada pela mente de homens e mulheres. Ele não tem deixado nenhuma mente
inexplorada ou não investigada. O rock and roll? Inofensivo, dirá você. Apenas
barulhento. Mas Bob Larson, um amigo meu, ex-participante de grupo de rock e
compositor, tem uma opinião diferente: " A música rock é a agência que
Satanás está usando para controlar esta geração. Eu já vi muitos jovens nos
concertos de heavy metal entrar em estados alterados de consciência e se
tornarem controlados por espíritos."
Ele destaca que não existe diferença
entre os movimentos repetitivos dos pajés, dançarinos das tribos e as danças
dos adolescentes de hoje. Ambos têm o mesmo ritmo hipnótico, a mesma possessão
do demônio. Bob Larson me disse:
– Uma das histórias mais estranhas que
ouvi foi relatada por um grande amigo meu. Por várias semanas, ele se
aconselhou com um garoto de 16 anos que dizia se comunicar com espíritos do
mal. Um dia, o garoto pediu para meu amigo sintonizar o rádio numa emissora de
rock. Enquanto eles ouviam, o adolescente foi citando a letra antes do cantor
do disco revelá-la ao cantar a música, uma letra que ele nunca tinha ouvido
antes. Quando perguntado como conseguiu fazer aquilo, o garoto de 16 anos
respondeu que os espíritos que eram seus amigos tinham inspirado aquela canção.
Ele também explicou que, quando usava drogas, podia ouvir esses espíritos
cantarem algumas das muitas canções que mais tarde ele ouviria de grupos de
metaleiros.
O que você acha disso? O anjo caído
vende suas mercadorias por todos os lados, sob milhares de rótulos falsos. E se
o que essas mercadorias são de fato, fosse exposto, ele criaria milhares de
outras alternativas. Tenha uma coisa em mente: ele não seria tão bem-sucedido
se não estivesse oferecendo o que esta geração quer.
Esta geração, por exemplo, não quer a
responsabilidade que surge quando se crê em um Criador. Ela prefere encontrar
sua origem em algum mar antigo, em algum acidente cósmico, ou nos astronautas
de Von Daniken. Ora, Von Daniken pode não saber arrazoar de forma lógica ou
consistente, mas ele sabe fundir os fatos para formar as suas teorias mutantes
e sempre contraditórias. Ele sabe vender livros!
A verdade é que a sociedade liberal de
hoje está aberta para qualquer alternativa ao relato da criação em Gênesis.
Milhões preferem obter orientação nas estrelas, em lugar de orientar a vida
através do único guia seguro: a Palavra de Deus. E Isto a despeito da total não
confiabilidade dos horóscopos.
Um estatístico francês chamado Michel
Gauquelin vem colocando a astrologia à prova por mais de 20 anos. Em uma
ocasião, ele colocou um anúncio em um jornal oferecendo horóscopos
personalizados grátis. Cento e cinqüenta pessoas responderam. Ele enviou um horóscopo idêntico para cada
pessoa que o solicitou e perguntou se ele se encaixava em seu perfil. Noventa e
quatro por cento afirmaram ter se reconhecido nele. Esse, porém, era o
horóscopo do assassino Dr. Marcel Petiot!
Bem, o nosso Senhor não tem algo melhor
para nós do que isso? Eu creio que sim. Eis o que Ele diz em Salmo 32:8 :
"Instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei
com os Meus olhos."
O que poderia ser melhor que isso? Não
seremos guiados pelas estrelas, mas o nosso Senhor, Aquele que fez as estrelas,
é Quem irá nos guiar. Mas veja agora o que Ele diz em Isaías 47:13 e 14:
"Que os seus astrólogos se apresentem e a ajudem! Eles estudam o céu e
ficam olhando para as estrelas a fim de dizerem, todos os meses, o que vai
acontecer com você. Pois eles são como a palha; o fogo os destruirá, e eles não
poderão se salvar." (BLH).
A astrologia é coisa antiga. Nosso
Senhor não quer que sejamos enganados. Ele não quer que sejamos iludidos pelo
inimigo. Ele não quer que saiamos da trilha e nos percamos. É por isso que Ele
proíbe expressamente que Seu povo se envolva com o oculto. Deuteronômio 18:10 a
12 é bem explícito: "Entre ti se não achará quem faça passar pelo fogo o
seu filho ou a sua filha, nem advinhador (leitores de sorte), nem
prognosticador (astrólogos), nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador de
encantamentos (hipnotistas), nem quem consulte um espírito adivinhante (médium
que recebe um espírito ou um espírito guia), nem mágico, nem quem consulte os
mortos: pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao senhor..."
Deus não quer que o Seu povo seja
enganado e atraído para a rede do diabo! Entretanto, justamente as coisas que
Deus tem proibido estão aumentando em popularidade a cada dia. O inimigo está
determinado a destruir todos que puder. Ele destruiria toda a raça humana agora
mesmo se Deus permitisse. Ele se delicia com a violência e a guerra. Ele adora
ver multidões de pessoas varridas pela morte repentina sem chance de se
arrepender. Para fazer toda esta destruição, ele usará todo mecanismo ou
disfarce que puder, todo engano que puder, toda mentira que puder. Ele fica
exultante quando homens e mulheres pensam que ele não existe, ou quando o
imaginam como um monstro horrível com cascos e chifres, pois tais idéias os
deixam completamente despreparados para encontrá-lo quando fingir ser um anjo
de luz.
O ódio do anjo caído por Deus e
especialmente por Jesus não conhece limites. Ele está determinado a falsificar
tudo que seja verdade. Ele tem falsificado a vida futura e tem distorcido os
fatos sobre a morte. Satanás é um grande personificador e tem milhões de
ajudantes invisíveis.
Lembre-se que eles são os anjos caídos,
com inteligência de anjos e poder sobrenatural intacto. Eles têm milhares de
anos de experiência em trabalho de engano. Eles nos observam, sabem tudo sobre
nós e iludem a muitos com informações desconhecidas aos seres humanos, mas
familiares aos demônios. Eles personificam pessoas mortas, pessoas vivas e se
fazem passar por seres de outros planetas. Ao final, vão tentar falsificar a
segunda vinda do nosso Senhor e o próprio Satanás personificará a Jesus. É o
que a Bíblia diz. E quase todos se curvarão a ele.
Você percebe o que se passa no mundo
invisível? Nossa única segurança é nos agarrarmos firmes à palavra de Deus e
deixar o Senhor Jesus nos conduzir através do final dos tempos tão minado pelo
engano!
"Ao pé da cruz de Cristo, feliz
desejo estar,
Repouso ter à sombra ali, e então a
paz gozar;
Um lar feliz no ermo achar, e aqui
na vida o amor;
Alívio à dor e graça há aos pés do
meu Senhor."
33
A VERDADE SOBRE AS CURAS
MEDIÚNICAS
George Vandeman
Você se importa com quem o cura? Você
viajaria qualquer distância, pagaria qualquer preço para voltar a ficar bom,
não importa quem estendesse a mão curativa? Você dirá: "Ora, eu quero
viver! Pouco importa quem me cure." Mas não se importar pode ser perigoso,
até fatal.
Tenho dois artigos de jornais. Um,
datado de 11 de janeiro de l978 e recortado do San Francisco Chronicle, com o
título: "Os Céticos do Poder da Mente Denominam a Superstição." E
diz: "Se você suspeita que os OVNIs podem ser reais... se você pensa que o
Triângulo das Bermudas é um lugar perigoso... se você acredita na leitura da mente... telepatia ou percepção
extra-sensorial... se você atende a qualquer dessas crenças, e parece haver
milhões de pessoas que fazem isso. Bem, existem alguns cientistas e estudiosos
que estão muito preocupados com você. Eles acham que você está sendo enganado e
vêem o aumento do culto e do oculto como uma doença do nosso tempo. Para eles,
a questão é ciência versus superstição."
Somente pouco mais de seis anos depois,
em 3 de abril de 1984, o Tribune de Oakland, jornal do outro lado da baía de
São Francisco, publicou um extenso artigo intitulado: "Os Videntes se
Apóiam na Ciência." O artigo vai até a segunda página e continua no dia
seguinte. Trata-se de um artigo que pode ser resumido nestas poucas palavras:
"Se a parapsicologia funciona, por que não usá-la?"
Será que estamos a ponto de testemunhar
o casamento dos fenômenos psíquicos com a ciência? É possível. Você sabia que a
Universidade John F. Kennedy, em Orinda, pouco além das montanhas de Oakland,
criou um departamento de parapsicologia?
A parapsicologia tem desejado o tempo
todo ser reconhecida como uma ciência, e por essa razão tem mantido em segredo
os seus laços com o oculto. Todavia, sua mais forte evidência vem dos médiuns
e, sem eles, ela ruiria.
A parapsicologia é o estudo dos
fenômenos ocultos e não se consegue aprofundar no estudo desses fenômenos sem
entrar na cura mediúnica de alguma forma. Quase todos os médiuns espíritas tem
alguma habilidade de cura. As várias formas de cura mediúnica são, na verdade,
uma subdivisão da parapsicologia.
Ora, ciência e parapsicologia, ciência e
o oculto, medicina ocidental e cura mediúnica, não queriam ter ligação uma com
a outra. Mas as coisas estão mudando a despeito do fato de a parapsicologia
ainda se considerar uma ciência. Mais e mais médicos estão apoiando a cura
psíquica ou mediúnica. A porta está sendo aberta aos poucos até para a
bruxaria.
Grande parte dos 1.500 membros da
academia de parapsicologia e medicina é composta de médicos, que dão grande
parte de sua atenção às pesquisas e curas mediúnicas. Seu presidente, Dr.
Robert A. Bradley, é um médium. Ele é o inventor do método Bradley de parto
natural, que diz ter sido uma idéia recebida de um de seus espíritos. O
propósito principal da academia é integrar a ciência e a medicina ao oculto.
Na Grã-Bretanha, a Federação Mundial dos
Curandeiros, com nove mil membros, recebeu autorização do governo para tratar
pacientes em 1.500 hospitais no país. Essa mesma federação, composta em grande
parte de médiuns assumidos, tem fornecido a colaboração de seus membros à
Organização das Nações Unidas.
Dizem que o ex-astronauta, Edgar
Mitchell, um entusiasta da parapsicologia, está se esforçando para integrar a
cura mediúnica à medicina tradicional. Ele crê que "os curandeiros
mediúnicos" podem se tornar adjuntos valiosos nos staffs dos hospitais,
nos consultórios e nas clínicas gerais.
Parece haver algo de estranho nesse
entusiasmo, pois ele mesmo diz que os poderes da metodologia mediúnica
"podem ser tão perigosos quanto a energia atômica".
Alguns doutores em medicina estão
atualmente encaminhando seus pacientes aos médiuns e ocultistas. Há homens como
o Dr. Robert Leichtman, por exemplo, que é médico, médium e pesquisador
psíquico. Ele diagnostica os pacientes sem vê-los, e admite receber seus
diagnósticos do mundo dos espíritos, mas a fama de suas habilidades tem se
espalhado rápido entre seus colegas médicos. Por isso, também ele diagnostica
várias centenas de casos por ano para eles, com uma precisão acima de 90 por
cento. Podemos citar casos e mais casos.
É do conhecimento público que a Dra.
Elisabeth Kluber-Ross, a famosa autoridade a respeito da morte, está
profundamente envolvida com o oculto, juntamente com seu sócio e amigo, Dr.
Raymond Moody, autor do "best-seller" Vida após a Vida. Consta que
Kluber-Ross tem cinco espíritos. Salem é o seu preferido.
Sim, as coisas estão mudando. A ciência
e a parapsicologia estão pondo de lado as suas diferenças, e a hipnose é agora
assunto do dia-a-dia. "Mas espere", dirá você. "O que há de
errado com a hipnose? Ela não tem qualquer ligação com o oculto, tem?"
Bem, você decide.
Você já ouviu falar em mesmerismo e
magnetismo animal, tão populares no século passado? O transe mesmérico e o
espírita são um só. Cada fenômeno oculto encontrado no mesmerismo é encontrado
na moderna hipnose. Ambos são espirítas, embora Anton Mesmer, como os
parapsicólogos de hoje, preferia identificá-lo com a ciência. Em essência, o
hipnotismo moderno é mesmerismo.
Na corrida de Satanás pelo controle da
mente dos homens, da vontade e da consciência, é muito natural que o hipnotismo
seja um de seus instrumentos preferidos. Ele sabe que a hipnose é uma estrada
direta até a mente, e quando uma mente se rende a outra, mesmo que para um
propósito aparentemente bom, ele ou um de seus ajudantes podem entrar e assumir
o controle.
A porta está aberta. Jamais esqueça que
a consciência opera através da mente. Quando a mente está dominada, a
consciência também está. Jamais esqueça que, quando a mente tem uma brecha,
quando a fechadura é arrombada, nunca mais tornará a ser forte e o problema é
que ler rótulos não ajuda muito, pois a hipnose pode se esgueirar sob um rótulo
de aparência inofensiva como "Relaxamento Científico".
Você já ouviu falar no Controle Silva da
Mente? Ou da agora extinta dinâmica da mente? Cursos como esses prometiam às
pessoas quase tudo. Uma garota insistia: "Além de descobrir que você pode
fazer tudo o que quiser, que você é a razão de tudo, também descobre que não
pode mais ficar triste e nem mesmo deprimido." Não é de admirar que as
pessoas se inscrevam! Mas o Dr. Elmer Green, um destacado crítico que até já
debateu com um desses grupos na televisão, destaca que muitas dessas
organizações "ministram um programa de quatro dias de intensa educação
hipnótica para fazer as coisas que elas demonstram".
Você sabe agora por que Salomão, o
sábio, nos dá este conselho? "Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o
teu coração (ou seja, a sua mente) porque dele procedem as saídas da
vida." Provérbios 4:23.
E quanto à ioga? Você dirá: "Eu
faço ioga, mas isso é apenas um meio de relaxar o corpo e a mente. Não se trata
de hinduísmo e não há demônios envolvidos. Portanto, é totalmente segura."
Tem certeza? O objetivo da ioga, diz o pesquisador John Weldon, é "que os
dedicados à ioga percebam que ela tem a ver com Brahma, o mais elevado e
impessoal deus hindu".
Os exercícios físicos são designados
para preparar a pessoa a receber essa idéia em sua mente e em seu corpo. Ele
diz: "A ioga é puro ocultismo e a meditação é o princípio operador da
ioga."
Minhas próprias pesquisas nos últimos 25
anos, tanto na Inglaterra como na América, me levaram a crer que existem
tremendos riscos na prática da ioga, pois um simples erro pode produzir
insanidade ou morte repentina. O poder demoníaco nunca está distante.
Jesus passou grande parte do Seu tempo
curando. Ele passou mais tempo curando do que pregando. Sua compaixão pelo
sofrimento humano desconhece fronteiras. Ele não queria que ninguém sofresse.
Você não acha óbvio que o inimigo, o anjo caído que está a fim de destruir tudo
o que puder, daria a maior prioridade à falsificação da cura? Acredite, ele não
perde uma chance!
A cura mediúnica está se tornando mais
popular a cada dia. Ninguém quer morrer e, quando a vida está ameaçada, homens
e mulheres vão a qualquer lugar. Eles pagam qualquer preço pela promessa de
ficar bons novamente.
Existem diagnosticadores mediúnicos que
seguem os passos de Edgar Cayce, que foi o primeiro a desenvolver o diagnóstico
pela hipnose. Alguns curandeiros obtêm uma precisão próxima da de Cayce. Alguns
deles nunca vêem seus pacientes. Outros usam um objeto, como uma vareta ou um
pêndulo, em seu diagnóstico, mas o poder não está no objeto; está no operador.
O grau de sucesso é proporcional ao grau de envolvimento do curandeiro com o
mundo espírita, com o oculto. Muitos deles sabem que os espíritos fazem a cura,
mas nem todos querem se identificar como demônio. Eles dizem que a cura vem de
seu eu superior.
Você sabia que o próprio Cayce passou a
ficar mais preocupado com a natureza da força que operava através dele? Chegou
uma época em que ele tinha dúvidas de seus poderes e dizia suspeito: "O
diabo podia estar me tentando a fazer seu trabalho operando através de mim
quando eu estava presunçoso demais para achar que Deus havia me dado poderes
especiais." Cayce, assim como muitos outros, caiu na cilada. Ele não
conseguiu ludibriar nem deter as forças que trabalhavam através dele.
Há uma coisa muito interessante com
relação às receitas mediúnicas. Algumas delas contém idéias simples,
inofensivas e antiquadas. Outras prescrevem drogas mais recentes, a despeito do
curandeiro não ter qualquer curso de medicina, e não saber sequer ler. Ele pode
estar simplesmente repetindo o que uma voz está lhe dizendo. Pense sobre isto:
algumas dessas receitas mediúnicas podem não funcionar se receitadas por um
médico sem vínculo com o oculto e algumas delas podem ser perigosas se
receitadas por um médico não mediúnico, mas totalmente inofensivas se
receitadas por um curandeiro do oculto.
Certa vez, uma potente droga foi
receitada em uma quantidade que mataria uma dúzia de pessoas. Evidentemente, o
paciente do curandeiro não sofreu coisa alguma. Tenha em mente que muitas vezes
um diagnóstico mediúnico está errado. Aí perde-se tempo e verdadeiros danos são
causados. Mesmo quando a cura aparente acontece, geralmente é temporária.
Muitas vezes, a doença é simplesmente transferida para outra parte do corpo ou,
pior, para a mente!
Seja lá o que se diga, existem curas. O
sobrenatural está em ação. Existem inegavelmente milagres de cura. Se você está
doente, mesmo em estágio terminal, existem lugares para onde pode ir e ser
curado. Porém, você está disposto a pagar o preço? E sabe qual é esse preço?
Uma paciente apareceu à porta de uma
curandeira que vinha fazendo afirmações bombásticas por um anúncio de jornal.
Ela disse à curandeira que seu médico havia diagnosticado nela uma grave doença
no sangue, provavelmente leucemia. A curandeira replicou:
– Eu não sou médica. Eu trato com a
mente e uso hipnose. A medicina não tem a cura para leucemia, mas nós temos
curado leucemia. Temos curado câncer.
Ela explicou o método que iria usar:
– Empreste-me a sua mente para remover
toda a sujeira e deixá-la funcionando adequadamente.
Ela explicou que a mente tinha que ser
posta num estado passivo através da hipnose para que pudesse ser limpa de todo
o lixo. A mente então purificaria o sangue e o corpo iria funcionar como
deveria.
A paciente, na verdade, era uma policial
que havia gravado secretamente a conversa. A curandeira foi presa mais tarde.
"Empreste-me a sua mente", havia dito ela. Existem lugares onde você
pode ir e ser curado, mas o preço da
cura é a rendição da sua mente. Você está disposto a pagar um preço tão alto?
Está disposto a se vender para o mundo dos espíritos, para o inimigo do Senhor
Jesus Cristo?
Alguns, apesar de claramente alertados,
estão prontos a fazer essa tão temerosa troca. Veja o que o cirurgião mediúnico
Edivaldo declarou. Ele disse: "Se o diabo pode aliviar a dor, abrir um
estômago e remover uma úlcera, eu prefiro o diabo."
Confesso que algum tempo atrás eu
acreditava que todas as cirurgias mediúnicas eram fraudes, realizadas por mãos
ágeis, mas sei muito mais agora. Muitas delas são realmente fraudes, talvez a
maioria, mas nem todas o são. Algumas são assustadoramente sobrenaturais. A
maioria dos cirurgiões mediúnicos é de
centros espíritas do Brasil e das Filipinas.
A cirurgia mediúnica é feita sob
péssimas condições de higiene e, muitas vezes, com facas sujas ou enferrujadas
como instrumentos. Nenhuma anestesia é usada e o cirurgião presta pouca atenção
ao seu trabalho. Isso ocorre porque um espírito está ali. Todos os curandeiros
sabem disso e admitem abertamente que nada poderiam fazer sem os espíritos.
A cirurgia, o diagnóstico e a cura
espíritas estão indo para outros países como Austrália, Canadá e Estados
Unidos. Essa é a cura que você quer? Você está disposto a pagar o preço de uma
escravidão ao oculto da qual somente o Senhor
Jesus Cristo poderá libertá-lo?
Atualmente, ouvimos muito a respeito da
medicina holística e o conceito de tratar a pessoa como um todo, do
envolvimento do paciente em seu próprio tratamento, da medicina preventiva,
etc. Isso tudo é muito bom. Jesus tratava a pessoa como um todo e durante
muitos anos antes de se ouvir falar em medicina holística, o lema e o alvo da
Faculdade de Medicina da Universidade em Loma Linda, CA, tem sido: "Tornar
o Homem Completo".
Os Adventistas do Sétimo Dia têm
promovido há muito tempo esse conceito. Porém, com a medicina holística que tem
sido vendida hoje, é preciso ter cuidado. É preciso discernimento. Temos que
saber distinguir entre o que é seguro e o que não é. Algumas das ciladas da
cura mediúnica já foram filtradas dentro da medicina holística e algumas coisas
boas estão em má companhia agora.
Vejamos o biofeedback, por exemplo. Sem
dúvida não há nada errado com a máquina, com as funções de um corpo, mas o
problema é que muitos dos operadores de feedback estão envolvidos com o oculto.
De fato, a pesquisa do Dr. Elmer Green
indica que a percepção extra-sensorial e os fenômenos paranormais às vezes
ocorrem em todos os tipos de experimentos de biofeedback, a despeito de não
serem os objetivos do treinamento. Qual o tamanho da influência do misticismo
oriental e do oculto no movimento da saúde holística? É assustador. Parece que
o movimento como um todo está dominado, controlado por filosofias completamente
incompatíveis com o cristianismo, e mesmo assim continua crescendo.
Quase todas as técnicas holísticas estão
repletas de implicações sutis, ou não tão sutis, que têm a sua origem no
oculto. Muitas dessas técnicas são designadas para produzir estados alterados
de consciência. É evidente que muitos praticantes holísticos dependem de
estados de transe ou de outros estados alterados de consciência para fazer seus
tratamentos funcionarem. As energias que eles buscam receber e passar aos seus
pacientes são as mesmas velhas energias do oriente - perigosas ao extremo!
Ao que parece, poucos centros holísticos
por todo o mundo escaparam do envolvimento com o oculto. A literatura deles
revela isso. É só olhar. Os cursos que eles ministram denunciam isso.
Calcula-se que provavelmente 80 a 90 por cento das palestras feitas a respeito
da saúde holística apóiam o oculto de um modo ou de outro. Você pode ver que o
médico a quem cofiamos nossas consultas, nosso tratamento de saúde, torna-se
vitalmente importante.
Sem dúvida, seria injusto presumir que
um médico está individualmente envolvido com o oculto só porque muitos de seus
colegas estão. Por outro lado, chegou o momento de extrema cautela.
Ora, você pode estar dizendo: "Tudo
isso é muito assustador." Mas enquanto você não se conscientizar que os
anjos do mal estão ao nosso redor num mundo invisível, e que estão batalhando
pelo controle de nossa mente, não terá entendido. É mais do que apenas
assustador. Esses agentes de satanás, se puderem, desviarão nossa mente, porão
em desordem e atormetarão nosso corpo, destruirão nossa saúde, nossos bens e
nossa vida. Eles tentarão usar tudo de bom e de ruim para conseguirem a nossa
total destruição! Por outro lado, o Senhor Jesus fará tudo o que puder para nos
salvar. Ele é mais forte que o inimigo e mandará todos os anjos do Céu em nosso
socorro, mas não nos deixará ficar sob o poder do inimigo contra a nossa
vontade. Temos que pedir essa ajuda. Ela não nos será negada.
Você e eu, neste exato momento, com
nossa própria permissão, estamos sob o controle de um poder ou de outro, mas a
escolha é nossa!
Maravilhoso Jesus! O que temos aprendido
sobre o inimigo apenas nos faz amar mais a Jesus, pois a beleza do Seu caráter,
em contraste, se destaca como uma estrela brilhante contra a noite escura! Você
está deixando cada ataque inimigo aproximá-lo mais do Salvador e aprofundar o
seu relacionamento com Ele? Espero que sim, pois somente em Suas mãos qualquer
um de nós está seguro.
só
porque muitos de seus colegas estão.
34
BRINQUEDOS DE UM ANJO CAÍDO
George Vandeman
O que são essas luzes misteriosas que
correm como bailarinos cósmicos através do céu, à noite? piscam nas telas do
radar da mente para em seguida desaparecer; nos deslumbram com a sua
tecnologia, nos iludem com o seu mistério, nos assustam com os seus intrincados
truques, seguindo-nos, enganando-nos, convencendo-nos e nos deixando na mão.
Não identificadas e perigosas, o que são elas? Serão brinquedos de algum
engraçadinho cósmico? Ou será que as pessoas são os brinquedos? Brinquedos de
um anjo caído, para que brinque por algum tempo e em seguida jogue fora!
O que são essas estranhas coisas que
ficam para cima e para baixo, feito ioiôs iluminados sobre as montanhas e as
rodovias, os aeroportos e as cidades, desafiando até o restrito espaço aéreo,
se escondendo quando apontamos um holofote poderoso em sua direção, e
geralmente nos pregando sustos enormes? Dizem que a Companhia Rand, o fabuloso
"tanque-pensante", foi solicitada uma vez para colocar os dados dos
OVNIs em um computador e travar uma guerra imaginária com essas ilusórias
entidades. Como os computadores não conheciam a origem nem a tecnologia dos
OVNIs, ou como atacar as suas bases, aconselharam a rendição.
Podemos dizer que os OVNIs são reais?
Não, não importa se eles existem ou não. Alguma coisa muito real está
acontecendo a milhões de pessoas e isso é o que importa. A questão não é se os
discos voadores existem ou não, mas algo está acontecendo.
As pessoas são envolvidas com alguma
coisa, quer seja real ou irreal. Elas estão deixando a vida mudar
completamente, estão esquentando a cabeça, perdendo o juízo, tudo por causa dos
OVNIs. Precisamos parar de discutir se elas os estão vendo ou não, se estão
viajando neles ou não, se estão dizendo a verdade ou não; e tentar descobrir,
se pudermos, a fonte desse fenômeno.
Não estaremos sendo ingênuos se
reconhecermos que algo está acontecendo. O ingênuo é aquele que fecha os olhos
e os ouvidos, e se recusa a admitir que alguma coisa errada está acontecendo.
Chegamos a um ponto em que não é seguro enfiar a cabeça na areia, se nos
preocuparmos de fato com nossa cabeça. Algo está acontecendo e não lucraremos
nada tentando dizer a pilotos experimentados que o planeta Vênus está girando
entre eles e a Terra. Nada conseguiremos dizendo a um piloto que a esquadrilha
de naves superiluminadas que executaram manobras incrivelmente difíceis em alta
velocidade, assustadoramente próxima ao avião dele, não passava de balões
soltos por alguns adolescentes. Sempre que o desmentido se tornar ridículo, ele
apenas age como um bumerangue que destrói rapidamente a credibilidade daquele
que desmente.
Na democracia americana, só existem duas
opções: podemos ser democratas ou republicanos. Ocorre o mesmo com os discos
voadores. Parece que temos apenas duas opções, duas escolhas. Essas estranhas
naves são ilusões ou são extraterrestres; uma coisa ou outra. Mas não acredito
que estamos limitados a apenas duas possíveis explicações.
A Bíblia fala de um exército de
entidades inteligentes que pode facilmente estar por trás de todo o fenômeno.
Ouça o que as Escrituras dizem em Apocalipse 12:7 a 9: "E houve batalha no
Céu, Miguel (Cristo) e os Seus anjos batalhavam contra o dragão (Satanás) e
batalhava o dragão e os seus anjos; mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar
se achou nos Céus. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente,
chamada o diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na
terra, e os seus anjos foram lançados com ele."
O versículo três diz que um terço dos
anjos do Céu ficaram do lado de Satanás em sua rebelião sem sentido, e foram
banidos para a Terra com ele. São muitos
anjos. Anjos transformados em demônios!
Não quero ser dogmático e dizer que
Satanás é a fonte do fenômeno dos OVNIs. Não sei o que são. Eles podem ser uma
nave militar secreta, alguma nave espiã por controle remoto ou bola de luz, ou
alguma coisa que ainda não pensamos. Mas, sem dúvida, existe uma montanha de
evidências que mostram que Satanás e seus demônios ajudantes são os principais
suspeitos.
Temos um grande número de inteligências
extraterrestres que estão operando agora na Terra. Elas têm a vantagem de
poderem trabalhar invisivelmente, escondidas de todos nós e, embora banidas
para o nosso planeta, ainda têm a mente brilhante dos anjos. Sabem mais sobre
tecnologia do que os homens jamais sonharam e têm poder sobrenatural dentro dos
limites que Deus estabeleceu.
Jesus nos alertou que no final dos
tempos o planeta ficaria repleto de falsos profetas e falsos milagres. Ele
disse em São Mateus 24:24: "Porque surgirão falsos cristos e falsos
profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora,
enganariam até os escolhidos."
"Se possível fora, enganariam até
os escolhidos." Por isso, os milagres têm funcionado. E agora o livro de
Apocalipse no verso 14 diz: "Porque são espíritos de demônios, que fazem
prodígios..."
Em Apocalipse 13:13 e 14, lemos: "E
faz grandes sinais, de maneira que até fogo faz descer do Céu à Terra, à vista
dos homens e engana os que habitam na Terra com sinais que lhe foi permitido
que fizesse."
Você já ouviu isso antes? Observe como
essas palavras são descritivas. Fala de um agente de Satanás. Note que não diz:
"sinais que tenta fazer" ou "sinais que finge fazer". Diz
"sinais que lhe foi permitido que fizesse" e esses milagres têm o
propósito de enganar aqueles que habitam a Terra.
É bom podermos esclarecer bem essas
coisas antes de prosseguirmos. O anjo caído, com seu exército de demônios, está
bem equipado para engendrar um fenômeno como o que estamos discutindo.
Quer os discos voadores existam ou não,
milhões de pessoas estão envolvidas com eles e estão sendo atingidas. Elas
estão fazendo deles uma religião e, quer Satanás esteja originando o fenômeno
ou não, ele certamente está explorando a situação ao máximo!
Muitas tentativas têm sido feitas para
explicar as visões de discos, atribuindo-as a causas naturais. Há anos, eles
culpam a Lua, a inversão de temperatura, refrações de luz, pássaros
migratórios, nuvens, miragens, estrelas, gás do pântano, bolas de relâmpagos.
Mas existem padrões nas visões que logo descartam tais explicações e indicam
que algum tipo de inteligência está por trás dos OVNIs.
Em inúmeros casos, os discos scos
voadores são avistados em áreas isoladas e tarde da noite, sugerindo que
preferem manter sua atividade em segredo, e geralmente são vistos nas noites de
quarta e de sábado.
Será que os fenômenos conhecem nossos
calendários e relógios? Não, alguma inteligência deve estar envolvida e não é
preciso muita coisa para ver que o fenômeno não é natural, mas sobrenatural.
Esses fenômenos são realmente
sensacionais. Afinal, desde o encontro no Jardim do Éden, esta tem sido a área
de ataque preferida e mais bem-sucedida do inimigo. Ignorar é o mesmo que dizer
a Satanás: "Olha, você fica aí dentro dos limites do sensacional e não o
incomodaremos." Isso dá ao anjo caído e seus ajudantes alguma vantagem.
Já ouviu falar em poltergeist? Fantasmas barulhentos. Sabia que quase
sempre, quando há uma onda de OVNIs sendo avistada, há também uma onda de
atividades de poltergeist?
O estudo interminável dos OVNIs
avistados não é muito produtivo. Existem livros cheios deles e livros com
mensagens que supostamente vieram deles, mas são repetitivos e tremendamente
entendiantes. É muito melhor estudar as pessoas que avistam essas coisas. As
pessoas são mais importantes. Essas pessoas, de todos os tipos, todas as
profissões, inclusive de pilotos e policiais, não estão mentindo. Mas podem ser
vítimas de mentiras, quando descrevem o que viram, o que aconteceu e o que lhes
foi dito do modo mais sincero possível.
Coisas estranhas acontecem às pessoas
que vêem essas coisas estarrecedoras no céu. Suas vidas tornam-se uma série de
experiências bizarras. Seus telefones e televisão ficam descontrolados, rádios
tocam sem terem sido ligados; fortes dores de cabeça, náuseas e perda de
apetite são comuns. Elas são atormentadas por pesadelos e vêem aparições
assustadoras. Poltergeists invadem seus lares; elas recebem estranhos
visitantes, estranhos telefonemas; misteriosos carros pretos podem aparecer e
desaparecer repentinamente. E quanto mais assustadas elas se tornam, mais
aumentam as manifestações.
Logo após o primeiro contato, a
personalidade pode começar a se deteriorar. Paranóia, esquizofrenia e até
suicídio têm ocorrido, mas isso não quer dizer que a pessoa que vê um OVNI é
louca. Mas, se o envolvimento não for interrompido, ele ou ela pode ser levado
à loucura pelo fenômeno.
Você sabia que os sintomas
experimentados pelos que contatam OVNIs, são os mesmos das possesses do
demônio? Mexer com OVNIs pode ser extremamente perigoso. Até pesquisadores
sérios correm grandes riscos. O conflito entre Cristo e Satanás não é folclore,
é real. Os demônios são reais e traiçoeiros. Estamos lidando com inteligências
que são capazes de alterar a percepção e produzir estados paranormais de
consciência. Elas são capazes de alterar o senso de realidade do observador. Poderosas
imagens são projetadas na mente com o propósito de alterar as crenças do
indivíduo, fazendo dele um instrumento do sistema do engano. Isso talvez
explique os relatos dos que são raptados e levados a bordo de um OVNI. Parece
que a hipnose pode detonar o relato de uma experiência de rapto em quase
qualquer pessoa, isto é, qualquer pessoa desinformada e imprudente o bastante
para submeter a mente a outra pessoa.
Não estamos falando apenas em hipnose,
mas em implante de pensamento. A pessoa se lembra do que a entidade que
controla a sua mente quiser que ela se lembre. É provável que esses contatados
jamais estiveram a bordo de um disco voador. Lembre-se que essas entidades são
capazes de manipular a mente e induzir a um estado de transe. Se você pudesse
encontrar um contatado no momento de sua experiência de rapto, você iria vê-lo
em pé, rígido na calçada. Ele não foi a parte alguma. O que aconteceu com ele
aconteceu somente em sua mente. Foi implantado ali. Vê quão perigoso pode ser
qualquer envolvimento com discos voadores?
Vamos refletir sobre a experiência de
rapto. Você pode dizer: "Se nunca aconteceu, como pode ser perigosa?"
Mas nada é mais perigoso do que o que acontece na mente. O indivíduo pensa que
ocorreu o rapto e toda a sua vida pode mudar por essa distorção da realidade.
E, é claro, essa é a única finalidade do fenômeno. O verdadeiro objetivo é
alterar a crença e o comportamento, e fazer do "raptado" um
instrumento do sistema enganador.
Bem, as misteriosas máquinas voadoras
estão realmente no céu? Elas estão quando os demônios querem que estejam. Os
OVNIs vão para onde e quando eles quiserem. Eles seguem alegremente seu
caminho, nos deslumbrando com seu comportamento inconsistente, nos espantando
com suas manobras ilusórias, nos levando à loucura com suas brincadeiras
cruéis. O sábio é aquele que conhece, ou pelo menos suspeita, quem são eles e
os deixa para lá!
Talvez estejamos prontos agora para a
pergunta: os OVNIs existem afinal? Evidentemente, não são como um livro, uma
casa ou um avião, mas o fenômeno certamente existe.
John Keel, após quatro anos investigando
OVNIs, em tempo integral, sem férias, concluiu que existem dois tipos de
objetos voadores. Eles podem ser chamados de naves suaves e naves rígidas.
Os objetos suaves são luminosos, mudam
de forma e cor, se dividem, aparecem e desaparecem diante dos seus olhos, sem
qualquer explicação. Esses são os mais numerosos e evidentes fenômenos reais.
Eles só podem ser explicados como manifestações do poder do demônio. Nenhuma
outra explicação faz sentido ou se encaixa aos fatos. Testemunhas, repetidas
vezes, têm confidenciado a John Keel: "Eu não creio que aquela coisa que
eu vi seja mecânica. Tenho a distinta impressão que estava vivo!"
Existem também as naves rígidas -
objetos sólidos que são com freqüência ou ocasionalmente vistos. Elas, às
vezes, deixam marcas na terra quando caem. Em vôo, elas freqüentemente soltam
pedaços de metal. John Keel acredita que esses OVNIs metálicos, aparentemente
rígidos, são manipulações temporárias de matéria e energia. Essas manifestações
são feitas por alguns momentos de uso ou talvez algumas horas, provavelmente
para tentar provar que são reais ou apenas para confundir. E, em outras
palavras, são materializações como as que são vistas no espiritismo, onde
freqüentemente ocorre o mesmo com cinzeiros, apoiadores de livros, trompetes,
etc. E os disconautas desmaterializam a nave.
Os paralelos entre o espiritismo e os
fenômenos dos OVNIs, entre a atividade demoníaca e a atividade dos OVNIs, são
assustadores. Médiuns entram em transe, espíritos atravessam portas fechadas,
entidades de OVNIs parecem voar para dentro de suas naves, andar ou flutuar em
sentido lateral. Em todos os campos, os seres humanos e objetos não-humanos são
transportados sem meios visíveis. OVNIs e entidades demoníacas conseguem
assumir a forma dos seres humanos, e freqüentemente o fazem.
Os devotos do espiritismo recebem
mensagens supostamente de parentes falecidos. Os seguidores dos OVNIs recebem
telefonemas de seres do espaço e mensagens que são mentalmente detectadas. E
vêem monstros e aparições.
O hipnotismo alcança livremente essas
áreas. As farsas são comuns. Os demônios são grandes mentirosos. Assim como as
entidades dos OVNIs, os médiuns são possuídos, controlados e manipulados. Eles
se tornam não apenas repórteres, mas microfones. Existe alguma dúvida de que
poderes que operam nos salões escuros podem estar também pilotando seus
brinquedos cósmicos?
A pessoa que se torna envolvida com
OVNIs corre grande perigo, mas a pessoa que nega a existência do fenômeno pode
estar em perigo ainda maior por estar despreparada para o encontro pessoal que
pode muito bem estar reservado para ela. Negar a realidade do mundo invisível é
ser engolido por ela!
O que essas entidades enganosas querem?
Qual é o propósito de toda essa propaganda? Ao que tudo isso conduz? Com
certeza, é algo bem maior do que você pensa. O que estamos testemunhando não é
a guerra nuclear. Esse exército de enganadores não está se preparando para
matar uma mosca. Eles têm uma verdadeira extravagância em mente! Satanás e seus
demônios adorariam mais que tudo nos destruir agora mesmo. Mas, sem a permissão
de Deus para pulverizar a raça humana, eles se contentarão em transformar em
brinquedos os desinformados e os irrequietos.
Esteja certo que Satanás não ama nem
mesmo os seus aliados. Ele brincará com eles por um pouco, fará jogos
maquiavélicos, alimentará suas tolices, rirá dos seus problemas e os lançará
fora como papel de bala sem utilidade. Mas nenhum de nós é brinquedo para
Jesus. Para Ele, temos um valor infinito. O valor de uma alma jamais pode ser
calculado a não ser que O vejamos na luta pela redenção da humanidade. Vê-Lo
caminhando firmemente, com Seus olhos no Calvário, jamais olhando para o lado,
jamais dando meia-volta, porque você estava perdido e o único modo de salvá-lo
seria morrer em seu lugar. Vê-Lo num combate face a face com o inimigo,
conquistando para você a vitória que jamais seria sua sem Ele! Vê-Lo no
Getsêmani, chegando ao limite máximo de sua resistência, tão tentado que Ele
teria morrido ali mesmo, no jardim, se não tivesse sido enviado um anjo para
sustentá-Lo. Vê-Lo atravessar aquela terrível provação enquanto Seus amigos
mais próximos dormiam. Vê-Lo na cruz, com apenas a oração de um ladrão para animá-Lo.
Não ouvimos nenhuma outra oração naquele
dia, exceto a dEle. Por que Ele não desceu da cruz e chamou uma legião de anjos
para tirá-Lo daquele pesadelo cruel do Gólgota? Por que não desistiu quando
parecia que ninguém queria mesmo ser salvo? Ele sabia que, em algum lugar,
alguns aceitariam o sacrifício. E Ele estava pronto a morrer se apenas um
pudesse ser salvo deste planeta condenado.
Quem quer que seja você, onde quer que
esteja, o que quer que tenha feito, por maior que possa ser a sua culpa, Ele
quer perdoá-lo. Ele quer ser o seu Salvador, quer ser seu amigo. Seu
relacionamento com Ele pode ser tão íntimo, tão real, tão duradouro como se
você fosse o único no mundo a precisar do Seu amor e cuidado! Para Jesus, você
jamais será um brinquedo. Para Ele, você será sempre um tesouro precioso. Ele
jamais se cansará de você nem o jogará fora. Ele será seu amigo para sempre se
você desejar!
35
O TIGRE ATRÁS DA PORTA
George Vandeman
Suponhamos que você tivesse acabado de
comprar uma revista em sua banca preferida e encontrasse estas predições: Blackout em toda a nação em breve. Queda de
avião em Phoenix na próxima segunda-feira. Desastre em rio, breve, no sul, com
grande número de vítimas fatais. Dentro de 30 dias Hollywood será abalada por
um suicídio. Grande terremoto no sul da Califórnia. Algumas dessas predições
são mais prováveis de serem cumpridas com maior precisão do que outras? Se sim,
por quê?
Era 15 de dezembro de 1967. Assistir
Lyndon Johnson acender as luzes da árvore de Natal não chegava a ser uma
experiência interessante. Muitas das pessoas que viram pela televisão devem ter
reagido com um "e daí?", mas não aqueles que tinham ouvido a
predição!
Aquele tinha sido um grande ano de
predições mediúnicas. Uma após a outra, as profecias chegavam através de
médiuns e videntes, astrólogos e psicógrafos, leitores de bolas de cristal e
pessoas que entravam em contato com OVNIs. Algumas das predições falharam, mas
outras se realizaram com precisão suficiente para deixar uma porção de pessoas
nervosas. Pelo menos, todos concordavam em que alguma coisa grande e
catastrófica iria acontecer.
De acordo com a profecia, quando Lyndon
Johnson apertasse o botão haveria falta de energia em toda a nação! E assim,
grudados em seus televisores, as pessoas assistiam de fôlego preso. Quando as
luzes da árvore de Natal acendessem, as luzes de toda a nação se apagariam?
Bem, o presidente apertou o botão. As luzes da árvore se acenderam e nada
aconteceu. Mas trinta segundos depois chegou a voz de um locutor sobre o ruído
da multidão: "Interrompemos este programa para uma notícia especial. Uma
ponte, pressionada pelo trânsito da hora do rush, acaba de ruir em Gallipolis,
Ohio. daqui a pouco, mais detalhes." A ponte em Gallipolis, Ohio, só podia
ser a ponte de 214 metros, a Silver Bridge, que ligava Gallipolis a Point
Pleasant, Virgínia Ocidental.
Point Pleasant durante exatamente 13
meses tinha sido alvo de alguns acontecimentos muito estranhos. Mais de cem
pessoas tinham quase morrido de susto de um monstro enorme de olhos vermelhos e
brilhantes. A notícia saiu nos jornais. O monstro tinha a forma de um homem,
medindo uns três metros, com enormes asas dobradas. Eles o chamaram de
Homem-Traça, mas isso não foi tudo.
Pessoas tinham visto OVNIs o verão todo;
havia uma dúzia de testemunhas. Estranhos homens de preto pareciam desconhecer
a área ou até mesmo o planeta. Homens cujas solas dos sapatos estavam
totalmente limpas após caminharem pela lama e cujas feições eram estranhamente
semelhantes. Homens que usavam roupas leves em pleno inverno e que falavam como
vitrolas em rotação acelerada. Havia também Indrid Cold, um ser que se dizia
vir do planeta Lanulos. Ele dirigia um fusca preto e às vezes, uma espaçonave.
Era generoso em suas informações estranhas e irrelevantes.
Havia os automóveis pretos que
desapareciam sempre que eram perseguidos. Nenhum computador conseguia
identificar as placas desses automóveis. E os estranhos telefonemas, os
fotógrafos fantasmas, os aparelhos de TV que ficavam malucos. Para alguns
moradores em Point Pleasant, tudo parecia estar ficando maluco. Mas nem o
Homem-Traça nem Indrid Cold nem qualquer das entidades dos OVNIs jamais disse
uma palavra sobre o desastre da ponte. E ele aconteceu!
Alguns daqueles que tinham visto o
Homem-Traça, ou que tinham participado de alguma outra experiência bizarra
durante aquele ano, afundaram com a ponte. Outros foram chamados pela morte
pouco tempo depois. Alguns se divorciaram e outros sofreram colapso nervoso e
ficaram longos períodos hospitalizados. Uns cometeram suicídio.
Doze discos estavam sobre Point Pleasant
na hora em que a ponte desabou. Uns homens de aparência estranha, usando
sapatos leves no frio, foram vistos escalando a ponte dois dias antes. Haveria
alguma ligação? Mas se as estranhas entidades sabiam do futuro desastre, ou até
participaram dele, por que não alertaram Point Pleasant?
Podíamos fazer a mesma pergunta com
relação a Jonestown. Com todas as predições de vários videntes, como é que não
fomos alertados que aquele horrível suicídio-massacre iria acontecer? Acho que
não será difícil encontrar a resposta a essa pergunta quando entendermos um
pouco mais sobre essas predições mediúnicas.
Você sabia que seis videntes diferentes
predisseram a captura de Patty Hearst com incrível precisão? E, é claro, você
se lembra que as mortes dos irmãos Kennedy e Martin Luther King foram preditas
repetidas vezes em diversas partes do mundo?
Curiosamente, predições como essas, seja
quem for o profeta e onde quer que a predição seja feita, parecem estar vindo
de uma fonte comum. Evidentemente, existe um sindicato da predição operando em
algum lugar! As mesmas predições são fornecidas muitas vezes através de
inúmeros videntes diferentes e são reveladas através de médiuns e videntes,
místicos e astrólogos, psicógrafos e leitores de bolas de cristal, e pessoas
ligadas a OVNIs. Estão todos claramente sintonizados na mesma fonte.
Entidades de OVNIs e de espíritos fazem
parte desse mesmo gigantesco sistema. O elo é inegável. De fato, a comunicação
que ocorre entre um médium e o mundo dos espíritos, na experiência dos que vêem
a morte de perto, entre os que testemunham OVNIs, entre os médiuns curandeiros
e seus espíritos médicos, em todos esses, os comunicadores do outro lado, o
mundo não visto, são os mesmos espíritos do mal, os mesmos anjos caídos, os
mesmos demônios. Eles estão simplesmente adaptando o que têm a dizer ao seu auditório
em particular.
As predições mediúnicas são com
freqüência ditas de modo idêntico, independente do canal através do qual se
comunicaram. Isso é verdade por todo o país e por todo o mundo. As mensagens
são muitas vezes até redigidas do mesmo jeito, seja qual for o idioma usado!
Só podemos concluir que as predições
mediúnicas têm uma fonte em comum e, se essa fonte é de fato o próprio Satanás,
não é difícil de entender por que desastres como o da Silver Bridge e Jonestown
não foram preditos. Pois Satanás adora
catástrofes e quanto mais vidas ele destruir, mais contente fica.
As predições de 1967 incluíam uma grande
falha de energia, Nova York deslizaria para dentro do mar, o assassinato do
Papa Paulo IV, quedas de aviões, uma grande falha na energia atingindo toda a
nação, um desastre no rio Ohio, o desaparecimento do primeiro ministro da
Austrália e explosões em Moscou. Todas essas predições não se cumpriram. Não
houve falha na energia em toda a nação, o Papa Paulo IV não foi assassinado nem
Manhattan deslizou para dentro do mar. Também não houve desastre em nenhum
local no rio Ohio.
Algumas predições se realizam, outras
não. Em geral, as menores são na verdade as mais precisas. As realmente
grandes, como Manhattan deslizando para o mar, são menos prováveis de serem precisas. Por quê? Essas
entidades mediúnicas conhecem o futuro ou não conhecem? Por que esse gigantesco
sindicato das predições não acerta sempre, se conhece o futuro? A resposta é
que as entidades não conhecem o futuro. Só Deus conhece o futuro e, quando Ele
o revela através dos seus profetas, eles sempre estão certos, não apenas
algumas das vezes.
As entidades que comandam o sindicato
das profecias não conhecem o futuro, mas conhecem seus próprios planos. Eles
certamente têm uma agenda do futuro que eles pretendem seguir, se puderem! Deus
os restringe e permite que cheguem até um certo ponto.
Mas dentro dos limites estabelecidos por
Deus, eles podem engendrar muitos desastres. É uma simples questão de arranjar
o desmoronamento de uma ponte velha. Eles podem derrubar aviões se Deus não os
impedir. Eles acertam com freqüência sobre casamentos e divórcios, porque
conseguem ouvir as conversas mais privativas. Eles estão presentes nos cômodos
bem trancados onde os crimes são planejados. E mentes sob o controle dos
demônios podem muitas vezes ser influenciadas a executar assassinatos. Mas empurrar Manhattan ou a Califórnia para
dentro do mar é demais para o anjo caído e seus ajudantes. Nada de tamanha
conseqüência acontecerá a menos que Deus o permita.
Entendeu por que as predições dos
videntes geralmente são ligadas a casamentos, divórcios, queda de aviões,
assassinatos, etc.? O anjo caído prediz o que ele pensa que pode ter boa chance
de acontecer. Mas a marcha declarada da profecia que você encontra na Bíblia,
afetando nações e o mundo, e penetrando o futuro com uma precisão que nunca
falha, é simplesmente demais para esses impostores!
Mas espere! Algumas vezes eles predizem
coisas grandes como o fim do mundo, não é mesmo? Sim, predizem. Por exemplo,
veja o caso do Dr. Charles A. Laughead. Ele pertencia ao staff médico da
Universidade do Estado de Michigan quando começou a comunicação com entidades
que afirmavam ser do espaço sideral. Isso foi em 1954.
Um número de profecias menores foram
passadas a ele e essas se realizaram. Aí veio aquela grande: o mundo ia acabar
em 21 de dezembro de 1954. A América do Norte ia se dividir ao meio, e a Costa
Atlântica iria afundar no mar. França, Inglaterra e Rússia teriam o mesmo
destino, mas algumas pessoas escolhidas seriam salvas por espaçonaves.
O Dr. Laughead e seus amigos estavam tão
impressionados com a precisão das predições anteriores que levaram esta última
muito a sério. Ele fez sóbrias declarações à imprensa, e em 21 de dezembro eles
se reuniram num jardim para esperar pelo resgate. Tinham sido avisados para não
usarem nada de metal. Por isso eles descartaram fivelas de cintos e colchetes,
canetas e isqueiros, e esperaram.
Isso tem acontecido inúmeras vezes.
Homens e mulheres tornam-se envolvidos. Eles se convencem pela precisão de
algumas predições. As entidades os enchem de promessas e aí os conduzem pela
estrada da ruína. Empregos são perdidos, carreiras sacrificadas, famílias
divididas, saúde destruída. Eles se escondem e ficam olhando para as paredes e
o embaraço, a vergonha e a frustração com freqüência levam ao suicídio, a
loucura e à morte. É assim que o jogo é travado.
As entidades arquitetam o cumprimento de
algumas predições menores. Quando os homens e mulheres estão convencidos que as
entidades sabem tudo sobre o futuro, elas entram com uma das grandes. E deixam
seus fiéis seguidores esperando espaçonaves no topo de uma colina. Isso tem
sido chamado de "a profecia do tigre atrás da porta".
E isso não é tudo. As pessoas que estão
assistindo são atingidas também. Elas vêem essas grandes predições falharem
repetidas vezes e aí decidem não se interessar por nenhuma profecia, mesmo as
profecias bíblicas. E esse é um engano perigoso!
Por que as pessoas se deixam induzir por
golpes mediúnicos? Uma razão é que elas não sabem o que a Bíblia ensina, embora
pudessem saber. Ou sabem, mas rejeitam.
O apóstolo nos diz que muitas pessoas
serão fatalmente enganadas por rejeitarem a verdade. II Tessalonissenses 2:10 e
11: "...perecem porque não receberam o amor da verdade para se salvarem, e
por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira."
Isso não significa que Deus origina o
engano. Quando homens e mulheres recusam a verdade, Deus permite que sejam
dominados pelas poderosas mentiras de Satanás. Eles não estão mais sob a Sua
proteção.
A segunda razão das pessoas serem
seduzidas é porque crêem que tudo que é sobrenatural é de Deus, e nada pode
estar mais longe da verdade. Veja isto: "A esse cuja vinda é segundo a
eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira."
II Tessalonissenses 2:9. A obra de Satanás nos últimos dias incluirá todos os
tipos de milagres falsos. E se insistirmos em pensar que todos esses milagres
vêm de Deus, não teremos a menor chance!
A terceira razão das pessoas serem
induzidas é que elas são relaxadas com a sua segurança. Há pessoas que fazem de
seus lares fortalezas com trincos e travas. Elas querem se proteger contra o
estrangulador da colina e o assassino da estrada e o estuprador da rua 7 e
todos os demais, mas deixam os demônios entrarem em suas casas. Demônios
disfarçados em entes queridos, espíritos de médicos ou coisas desse tipo,
deixando-os assumir o controle de sua vida sem sequer questionar sua identidade
ou confiabilidade. Isso é relaxamento!
E a quarta razão pela qual as pessoas
são induzidas é que acham as coisas ensinadas pelos demônios mais atraentes do
que a verdade. O apóstolo Paulo escreveu em I Timóteo 4:ll: "Mas o
Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé,
dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios."
Eles acham a verdade desinteressante
porque ela exige um compromisso. Em contraste, acham excitante pensar que estão
se comunicando com entes queridos falecidos ou povo do espaço. E os
ensinamentos dos demônios não fazem exigências a eles, a não ser entregar a
mente e ter uma vida de servidão, mas eles descobrem isso tarde demais!
O que os demônios ensinam? Quais são as
doutrinas do diabo? Não seria bom revê-las? O espiritismo ensina:
1. Que é possível se comunicar com os
mortos.
2. Que o homem não morrerá, é imortal.
3. Que o homem pode se tornar igual a Deus
e existe divindade dentro de cada ser
humano.
4. Que não haverá um julgamento futuro.
5. Que na morte todos irão para o mesmo
lugar, independente do modo como tenham vivido.
6. Que em vidas futuras haverá
oportunidade para corrigir os erros feitos nesta vida.
Aí estão, as marcas da operação engano,
dos ensinamentos do anjo caído. Fáceis de reconhecer, se estivermos alerta.
Bem, o que anjo caído tem em mente? Onde toda a sua propaganda irá dar?
Em maio de 1967, um homem chamado Knud
Weiking, na Dinamarca, começou a receber uma série de mensagens telepáticas que
incluiam várias profecias que se realizaram. Foi-lhe dito para construir um
abrigo anti-bombas isolado com chumbo e preparar-se para o holocausto no dia 24
de dezembro. Ele o fez. Ele e seus amigos conseguiram completar o abrigo de
trinta mil dólares dentro de três semanas. Em 24 de dezembro, eles se trancaram
em seu abrigo anti-bombas e esperaram.
O grupo dinamarquês não estava sozinho
em sua apreensão com relação a 24 de dezembro. Médiuns, sensitivos e
contactadores de OVNIs por todo o mundo estavam recebendo mensagens idênticas.
Alguma coisa sem precedentes ia acontecer naquela data. À meia-noite, uma
grande luz iria aparecer no céu e aquele seria o fim. Depois de 24 de dezembro
ter passado, a imprensa americana ridicularizou o grupo dinamarquês por ter
caído nessa. Mas, Knud Weiking tinha uma explicação. Ele disse que tinha
recebido esta mensagem: "Eu disse a vocês dois mil anos atrás que seria
dado um tempo e mesmo assim eu não viria. Se você tivesse lido a Bíblia com
mais atenção, teria posto em mente a história do noivo que não veio como era
esperado. Estejam atentos para não serem encontrados sem óleo em suas lâmpadas.
Já disse que virei de repente e que virei em breve."
É isso o que o anjo caído pretende. Ele
tem em mente forjar uma segunda vida, antes da verdadeira. Ele pretende parecer
com Cristo, rodeado de anjos. Eles estão fazendo alguns ensaios para ver como
está funcionando a rede. É para isso que as entidades dos OVNIs vêm ensaiando.
Para o maior dos golpes.
Você se lembra do Dr. Laughead e seus
seguidores esperando o fim do mundo? E já ouviu falar daquelas 20 pessoas que
desapareceram de uma cidade em Oregon porque foi prometido a elas uma viagem em
disco voador para um mundo melhor? Tem havido outros golpes e haverá mais
ainda. Porém, o que estamos testemunhando e o que está acontecendo por trás das
cenas envolve bem mais que OVNIs. São as entidades. É tudo espiritismo. É o
mundo oculto! É possível que os OVNIs não desempenhem nenhum papel na
falsificação de Cristo em sua segunda vinda. Isso não sei, mas sei como Cristo
será personificado. E não me surpreenderia se os OVNIs estivessem envolvivos de
algum modo.
É difícil entender por que o inimigo
arquitetaria todo esse condicionamento de milhões de pessoas se não
pretendesse aproveitar e transformar o
interesse popular pelos extraterrestes em proveito próprio. O anjo caído está
nesse jogo da personificação há milhares de anos. Ele tem personificado gente
morta, gente viva e gente do espaço. Você não acha que ele tentará o grande
golpe? Você não acha que ele
personificará Jesus também? Ele está querendo que todos o adorem. Essa é a
grande jogada traiçoeira que ele está
tramando.
Ellen White, cujos escritos têm as
marcas da verdadeira inspiração, descreve a personificação de Cristo como se
ela fosse uma testemunha ocular. Lemos em O Grande Conflito, na página 629:
"Como ato culminante no grande drama do engano, o próprio Satanás
personificará Cristo. A igreja tem há muito tempo professado considerar o
advento do Salvador como a realização de suas esperanças. Assim, o grande
enganador fará parecer que Cristo veio. Em várias partes da Terra, Satanás se
manifestará entre os homens como um ser majestoso, com brilho deslumbrante,
assemelhando-se à descrição do Filho de Deus dada por S. João no Apocalipse. A
glória que o cerca não é excedida por coisa alguma que os olhos mortais já
tenham contemplado. Ressoa nos ares a aclamação de triunfo: `Cristo veio!
Cristo veio!' O povo se prostra em adoração diante dele, enquanto este ergue as
mãos e sobre eles pronuncia uma bênção,
assim como Cristo abençoava seus discípulos quando esteve na Terra. Sua voz é
meiga e branda, cheia de melodia. Em tom manso e compassivo apresenta algumas
das mesmas verdades celestiais e cheias de graça que o Salvador proferia; cura
as moléstias do povo, e então, em seu pretenso caráter de Cristo, alega ter
mudado a lei de Deus... É este o poderoso engano, quase invencível."
Percebe o que vem por aí? Vê para onde o
mundo está sendo conduzido? Percebe o monstruoso golpe para o qual milhões
estão sendo sutilmente condicionados? O chefe rebelde pode deixar alguns de
seus ajudantes brincarem de Salvador agora, nos ensaios, mas quando o grande
golpe for pra valer, esteja certo que ele não deixará o papel principal para
outros. Ele mesmo o fará. É ele quem quer ser adorado. E conseguirá. Quase o
mundo todo se inclinará para um Satanás disfarçado, parecendo ser o Cristo.
Francis Gary Powers, abatido sobre a
Rússia no incidente do U-2, sobreviveu a tudo, mas anos depois ele estava
pilotando um helicóptero de jornalismo de uma TV em Los Angeles. Foi um ano com
muitos incêndios. Ele e seu cinegrafista estavam cobrindo o grande incêndio em
Santa Barbara. Sobrevoando entre os Canyons, tão entusiasmados estavam com as
fantásticas imagens que haviam colhido para o noticiário das cinco horas
daquele dia, tão empolgados, que acabaram se esquecendo do combustível de seu
próprio helicóptero. Eles caíram em um campo arado a três quilômetros do
aeroporto e ambos morreram!
Nunca foi tão importante estar atento ao
que o anjo caído está fazendo. Estar desinformado é correr perigo, mas não
seria uma tragédia se não ficássemos tão distraídos, observando os estranhos
incêndios hipnóticos do inimigo e nos esquecêssemos de nosso próprio
relacionamento com Jesus Cristo, a fonte de todo o poder.
Estamos tão perto do aeroporto, tão
perto do nosso pouso final. Seria tolice cairmos agora. Nossa única segurança é
estarmos alerta ao anjo caído, mas em constante comunhão com nosso Senhor Jesus
Cristo.
36
O FINAL ESPETACULAR
George Vandeman
Deus deve gostar do espetacular. Ele
espalha tintas pelo céu noturno e cria a beleza que vemos. Transforma o mar em
cristal para refletir as cores fortes e maravilhosas do Seu trono. Ele constrói
ruas de ouro em lugar de asfalto. Ele chama o vento com um toque do relâmpago e
os sons do trovão para servir como Sua orquestra. Ele tem mais galáxias do que
qualquer computador pode contar. Mas as coisas mais espetaculares que Ele criou
foram os dias e o coração humano. Em seguida, Ele começou a planejar o final
espetacular do que chamamos de tempo.
Era 14 de junho de 1975. Murray e Roslyn
Hughes, oito e seis anos respectivamente, estavam nos bancos de trás do avião,
descalços e com os cintos de segurança. De repente o avião caiu numa parte
distante na Austrália. Eles não se
machucaram, mas seu pai ficou inconsciente no banco do piloto, e sua mãe ficou
presa na cabine. Murray não conseguia esquecer o desespero na voz de sua mãe
quando gritou: "Pegue Roslyn e vão buscar socorro! Não parem para
nada." As crianças não conseguiram
achar os sapatos e por isso foram embora sem eles. Durante 12 horas, eles
caminharam descalços por aquelas encostas cheias de cobras, sem olhar para
trás, pensando apenas em seus pais feridos e sangrando lá no alto, naquela
floresta coberta pelo nevoeiro. Por várias vezes, eles oraram: "Oh, Deus,
dá-nos coragem!"
Um fazendeiro os avistou num pasto, a
onze quilômetros dos destroços. Ele disse: "Eram apenas bebês. Eu mal pude
acreditar quando os vi por lá. Estavam tremendo de frio, suas roupas estavam em
farrapos. E estavam muito arranhados e seus pés sangrando. A garotinha foi
corajosa", disse o fazendeiro, "agarrada a uma bolsinha com uma
escova e um pente dentro. O menino aproximou-se e me disse para conseguir
socorro para sua mãe e seu pai. Ele é o garoto mais valente que eu já conheci.
Seus pés estavam muito cortados, mas ele não quis descansar. Ele só tinha um
pensamento na cabeça: obter ajuda para os seus pais."
O organizador do grupo de resgate disse:
"Vocês podem pensar que 12 horas não é muito tempo, mas esse é um dos
territórios mais difíceis que existe. A floresta é densa e o mato é cheio de
cobras mortíferas e aranhas venenosas. Não creio que aquelas duas crianças
poderiam resistir por mais tempo lá."
Roslyn falou sobre seu sofrimento. Ela
disse: "Mamãe nos disse para sermos
valentes e buscarmos socorro." O nevoeiro era forte e não conseguíamos ver
para onde estávamos indo. As árvores tinham grandes raízes acima da terra e eu
ficava tropeçando nelas. O terreno era acidentado. Mamãe tinha dito para
tirarmos os sapatos no avião para ficarmos mais confortáveis, assim quando o
avião caiu não conseguimos encontrá-los. Os pés doíam quando andávamos por lá.
Havia pedras ásperas e machucavam os meus dedos." E continuou:
"Estávamos muito assustados. Ouvíamos bichos rastejando ao nosso redor.
Uma vez, ouvimos esse ruído muito alto num mato bem perto da gente. Eu gritei.
Murray foi bem valente. Ele me abraçou e me disse: 'não se preocupe, não vou
deixar que nada lhe aconteça.'"
Murray disse: "Eu também estava
muito assustado, mas não queria que Roslyn soubesse. Fiquei pensando na mamãe e
no papai e como tínhamos que obter ajuda. Eu nunca havia andando tanto. A pior
parte, é claro, foi estarmos sem sapatos. De vez em quando, Roslyn parava e
chorava. Às vezes, eu deixava ela se deitar um pouquinho." O grupo de
resgate chegou tarde e Murray lamentou: "Eu gostaria de poder dizer à
minha mãe e meu pai que tentamos o máximo."
Que semelhança com o que Jesus fez! As
pessoas que Ele criou, num planeta também feito por Ele, estavam em perigo. Sem
ajuda, não iriam sobreviver. E Ele disse: "Eu vou, Pai." E o Pai
disse: "Vá, Filho. E não pare por nada!" Ele deixou sua coroa para
trás e não parou para nada. Ele só conseguia pensar em encontrar socorro, achar
um meio de salvar você e eu. Várias vezes, Ele orou: "Pai, Me dê
coragem!" E assim, Ele veio para Belém!
Quando tinha 12 anos, visitou o
magnífico templo e lá, pela primeira vez, viu os sacerdotes ofertando cordeiros
inocentes no altar. Ele ficou fascinado com o que viu. Havia alguma coisa
misteriosa sobre aquilo tudo. Alguma coisa que parecia estar ligada à Sua
própria vida. Aí, de repente, entendeu: Ele próprio iria ser o cordeiro; Ele
próprio iria ser o sacrifício inocente pelos pecados dos homens; Ele próprio
era o caminho para salvar a humanidade perdida. Por isso, Ele teve que vir! E
assim Ele seguiu até o Calvário.
Ele só conseguia pensar nos homens e
mulheres que estavam perdidos. Ele tinha que prosseguir, pois Ele era o
cordeiro. Agora, temos uma opção quanto ao final da história. Pode terminar com
você e eu mortos na cabine de um avião destroçado ou pode terminar no resgate
mais espetacular de todos os tempos, se quisermos. E quando tudo terminar,
quando o último homem tiver feito sua escolha, e quando milhões tiverem
escolhido afundarem com este planeta, pareço ouvir o Salvador dizendo:
"Pai, Eu gostaria de poder dizer a eles que tentei o máximo."
É possível que estejamos confusos sobre
o que é realmente espetacular. A cruz do Calvário é o evento mais espetacular
de todos os tempos. Ela é a incrível prova de Deus perante o tribunal do
Universo. É seu irrefutável argumento às acusações daqueles que disseram que
Jesus não se importava com a humanidade.
Se você quer o espetacular, não terá que
esperar muito. Deus logo lhe dará algo assim. Deus está deixando Satanás fazer
seus milagres primeiro. Depois Deus fará os dEle. E os de Satanás, em
comparação aos de Deus, vão parecer truques bobos!
Não existem palavras para descrever o
dia em que Deus assumir tudo. Nossos potentes megatons vão parecer pipocas
quando Deus tomar os assuntos da Terra em Suas mãos. E Satanás só poderá ficar
de lado assistindo, impotente, maravilhado, e, é claro, apavorado!
O anjo caído pode, com os seus
brinquedos, parar alguns motores, mas Deus pode parar a História! Satanás pode
fazer as bússolas girarem, mas Deus pode desafiar a gravidade e elevar o Seu
povo até o céu, levando-o para o lar! Os OVNIs de Satanás podem chamuscar um
pedaço de terra, mas Deus pode fazer montanhas fumegarem com a Sua presença!
Satanás pode trazer fogo do céu para enganar os homens, mas Deus, com fogo,
pode destruir a Terra e fazê-la novamente nova. Satanás pode imprimir uma
imagem misteriosa em um pedacinho de filme, mas Deus pode imprimir Sua própria
imagem nos corações humanos. Satanás pode fazer a personalidade se deteriorar,
mas Deus pode renovar os homens.
Vidas transformadas é o maior de todos
os milagres! A vida do cristão confiante é uma constante espetacular. É uma
sucessão de milagres, e o relógio de Deus é absolutamente preciso. Ele nunca se
atrasa. Nenhuma emergência O pega de surpresa! Não temos que nos preocupar com
o momento de Deus agir. Repetidas vezes tem sido demonstrado que Sua
providência pode atuar seguramente sob circunstâncias tão precárias que o mais
leve vento poderia tirar um viajante de sua rota, onde somente uma palavra não
dita, um assunto aparentemente trivial negligenciado, poderiam bloquear o plano
divino. Como é que eu sei? Porque tenho visto. Você não gostaria de estar
assistindo ao dia em que Deus surgiu no espaço e ordenou que o mundo existisse?
Ele só pronunciou a palavra e tudo passou a existir.
Gosto do modo colorido como o Dr.
Shadrack Meschack Lockridge o pinta. Veja: "Apoiado sobre o nada, Ele
alcançou onde nada havia para ser alcançado e pegou alguma coisa de onde nada
havia para ser pego, e pendurou algo sobre o nada e ordenou que ali ficasse...
Sobre o nada Ele tomou o martelo de Sua própria vontade e golpeou a bigorna de
Sua onipotência e quando fagulhas saltaram, Ele as tomou na ponta de Seus dedos
e as arremessou ao espaço, adornando, assim, o céu com estrelas!"
Bem, de qualquer modo que Deus tenha
feito, foi espetacular sem dúvida! E houve também o dilúvio dos dias de Noé.
Nada do que já experimentamos pode nos qualificar para entender o que
aconteceu. Espetacular? Eu diria que sim. Água vindo das nuvens em gigantescas
cataratas. Água esguichando de dentro da terra, relâmpagos rasgando o céu,
montanhas subindo e caindo, vento, fogo e vulcões. Maremotos, a terra rachada,
retorcida e revolvida de um modo impossível de se descrever. Um espetáculo
negativo que deixou apenas oito pessoas com vida!
Você e eu podemos ter poltronas
especiais no final espetacular da História: a volta de Jesus à Terra. Mas isso
não seria correto porque não haverá nenhuma poltrona especial. Não haverá
nenhum expectador porque todos os homens, mulheres e crianças estarão
envolvidos pessoalmente, e a natureza do envolvimento depende de cada
indivíduo!
Note a impressionante descrição que
Ellen White fez do dia da volta de Jesus: "É a meia-noite que Deus
manifesta o Seu poder para o livramento de Seu povo. O sol aparece
resplandecendo em sua força. Sinais e maravilhas se seguem em rápida sucessão. Os
ímpios contemplam a cena com terror e espanto, enquanto os justos vêem com
solene alegria os sinais de seu livramento. Tudo na natureza parece desviado de seu curso. As correntes de
água deixam de fluir. Nuvens negras e pesadas sobem e chocam-se umas nas outras.
Em meio dos céus agitados, acha-se um
espaço claro de glória indescritível, donde vem a glória de Deus como o som de
muitas águas, dizendo: `Está feito.' Essa voz abala os céus e a terra. Há um
grande terremoto, tão grande. O firmamento parece abrir-se e fechar-se. A
glória do trono de Deus dir-se-ia atravessar a atmosfera. As montanhas
agitam-se como a cana ao vento, e anfratuosas rochas são espalhadas por todos
os lados. Há um estrondo como de uma tempestade a sobrevir. O mar é açoitado
com fúria. Ouve-se o sibilar do furacão,
semelhante à voz de demônios na missão de destruir. A terra inteira se levanta,
dilatando-se como as ondas do mar. Sua superfície está a quebrar-se. Seu
próprio fundamento parece ceder. Cadeias de montanhas estão a soçobrar.
Desaparecem ilhas habitadas. Os portos marítimos que pela iniquidade, se
tornaram como Sodoma, são tragados pelas águas enfurecidas... Grandes pedras de
saraiva, cada uma "do peso de um talento," estão a fazer sua obra de
destruição. As mais orgulhosas cidades da Terra são derribadas... relâmpagos
terríveis estalam dos céus, envolvendo a terra num lençol de chamas. Por sobre
o estrondo medonho do trovão, vozes misteriosas e terríveis declaram a sorte
dos ímpios... os que pouco antes eram tão descuidados, tão jactanciosos e
desafiadores, acham-se agora vencidos pela consternação, e a estremecer de
medo. Ouve-se o seu pranto, acima do som dos
elementos. Demônios reconhecem a
divindade de Cristo, e tremem diante de Seu poder, enquanto homens estão
suplicando misericórdia e rastejando em
abjeto terror... por uma fenda nas nuvens, fulgura uma estrela cujo brilho
aumenta quadruplicadamente em contraste com as trevas. Fala de esperança e
alegria aos fiéis, mas de severidade e ira aos transgressores da lei de Deus.
...Surge logo no oriente uma pequena nuvem negra, aproximadamente da metade do
tamanho da mão de um homem. É a nuvem que rodeia o Salvador, e que, a
distância, parece estar envolta em trevas. O povo de Deus sabe ser esse o sinal
do Filho do Homem. Em solene silêncio fitam-na enquanto se aproxima da terra,
mais e mais brilhante e gloriosa, até se tornar grande nuvem branca, mostrando
na base uma glória semelhante ao fogo consumidor e encimada pelo arco-íris do
concerto. Jesus, na nuvem, avança como poderoso vencedor... com antífonas de
melodia celestial, os santos anjos, em vasta e inumerável multidão,
acompanham-No em Seu avanço...nenhuma pena humana pode descrever esta cena,
mente alguma mortal é apta para conceber seu esplendor." O grande conflito. Páginas 642 - 646.
Uma cena espetacular, sem palavras que a
descrevam! Mas a cruz do Calvário é mais espetacular ainda do que a volta de
Jesus a Terra. Sua volta a este planeta pode ser entendida. O Calvário jamais.
Não inteiramente, não pelos homens, não pelos anjos, não pelos residentes dos
mundos caídos.
Calvário! O dia mais trágico de toda a
História. Homens pregando o Criador na cruz! Mas foi também um dia de grande
júbilo. Os homens não sabiam o que estava acontecendo naquele dia, mas os anjos
sabiam. Quando eles ouviram o Filho de Deus clamar da cruz "Está
consumado!", sabiam seu significado para todo o Universo. Jesus havia
chegado à linha final e caído morto ao cruzá-la. Mas ele conseguiu chegar, sem
pecar uma só vez. Nenhuma tentação, nenhum teste de sua fé ou de sua paciência,
nenhum truque do inimigo, deixou a mais leve mancha sobre Ele. Ele foi um Salvador perfeito! Mas os homens que Ele veio
salvar não quiseram ser salvos!
Que tragédia escandalosa teria sido se
Murray e Roslyn tivessem enfrentado aquela escarpa traiçoeira como fizeram, e o
grupo de resgate tivesse chegado até seus pais a tempo e estes lhe dissessem
que não queriam ser resgatados. Depois de tudo que havia custado para tornar
possível o resgate! E isso é o que alguns de nós estamos fazendo ao nosso
Senhor. Ele sofreu infinitamente mais que aquelas duas crianças. Ele andou por
territórios infestados de serpentes por 33 anos e foi para o lar de Seu pai com
as mãos e os pés feridos pela eternidade devido à ousada tentativa de resgate.
Vamos dizer-Lhe que não queremos ser
resgatados depois de tudo? Trinta e três anos! E Ele nunca voltou atrás. Às
vezes, Ele estava cansado, desmaiando, tão exausto, tão esmagado por tudo que
os anjos O deixaram descansar por uns momentos em seus braços. Mas Ele
continuava pensando em você e em mim. E tinha que prosseguir. Ele era o
Cordeiro de Deus. E tinha um compromisso com uma rude cruz nos arredores de
Jerusalém. Uma cruz que deveria ter sido sua e minha! É perfeitamente seguro
deixar Jesus dominar o seu coração.
37
COMO É DEUS
George Vandeman
Todos nós ficamos imaginando a respeito
dAquele que está ao leme da nave cósmica, Aquele que fez os mundos e mantém as
estrelas em suas órbitas e sabe até mesmo quando um pardal cai. Como é Deus?
Você sabe? Alguém pode saber? Ou Deus é um mistério tão hermético que você não
tem condição de entender? Como você pode adorar, amar e confiar num mistério,
num estranho que você não conhece? É esse seu dilema?
Muitas idéias sobre Deus estão sendo
difundidas hoje em dia. Algumas verdadeiras e algumas inventadas. Será possível
que não lhe tenham dito a verdade sobre Deus? Talvez você deva conhecê-la.
Você já notou quão rapidamente os
problemas da vida diminuem de tamanho quando você olha para as estrelas em uma
noite clara? Harry Golden escreveu uma peça com o título "Por que eu nunca
recrimino uma garçonete." Ele diz: "Eu tenho uma norma contra
registrar queixas em um restaurante." Por que? Porque ele sabe que existem
pelo menos quatro bilhões de sóis na Via Láctea, que é apenas uma galáxia. Ele
prossegue descrevendo os incalculáveis números, as velocidades incríveis, as
incompreensíveis distâncias no grande cosmos que revolve sobre nossa cabeça. Aí
ele lembra que, mesmo dentro do alcance de nossos maiores telescópios existem
pelo menos cem milhões de galáxias separadas, iguais à nossa Via Láctea. E que,
quanto mais avançarmos no espaço com os telescópios, mais espessas tornam-se as
galáxias.
E ele conclui: "Quando você pensa
em tudo isso, chega a ser tolice importar-se pelo fato de a garçonete ter
trazido um prato de feijão em vez de uma laranja."
Oh! Sim, o céu à noite pode fazer nossos
problemas parecerem bastante triviais. E nós também. E quanto ao Deus que está
lá em cima guiando todas essas estrelas? De que jeito Ele é? Ele sabe que
estamos aqui? Ele Se importa com o que acontece conosco? O que Ele está
pensando quando olha para baixo lá do topo do céu?
Por mais que possamos dizer ou
descrever, por mais que possamos expressar, por mais que tentemos disfarçar,
esta é a grande pergunta em nossa mente. Como é Deus? O que pensa Ele com
relação a este planeta pecador?
Tom Branden, em seu delicioso livro
"Oito é Demais", nos fala sobre a ocasião em que ficou tão frustrado
com sua família de adolescentes imprevisíveis, que simplesmente desistiu de ser
pai. Temporariamente, é claro. Mas Deus alguma vez sentiu-se assim? Será que
Ele fica cansado com nossa indiferença, esgotado com nossa rebelião, frustrado
com nossas tolas fugas, que sente vontade de desistir de Sua função? E se Ele
nos abandonasse qualquer dia desses e nos deixasse girando sozinhos para a destruição?
E se Ele já fez isso? Precisamos saber, porque, como podemos confiar num Deus
que não conhecemos, num Deus estranho para nós? Como podemos enfrentar o futuro
com alguma paz de espírito?
Por mais surpreendente que possa
parecer, lemos o seguinte no livro de Jó, provavelmente o primeiro livro da
Bíblia a ser escrito. Jó 22:21: "Une-te pois a ele, e tem paz, e assim te
sobrevirá o bem."
O que você acha disso? O único modo de
encontrar paz de espírito é unindo-se a Deus, para saber como Ele é.
Milhões hoje estão buscando
desesperadamente paz de espírito; estão se voltando para a astrologia, para as
religiões orientais, qualquer lugar, toda parte. Evidentemente, entretanto, se
eles se unissem a Deus, encerrariam suas buscas. Mas você diz: Pastor Vandeman,
eu pensei que não poderíamos entender a Deus. A Bíblia não diz que as coisas
secretas pertencem a Ele?
Sim ela diz, mas vamos ler essa passagem
em Deuteronômio 29:29, que diz: "As coisas encobertas são para o Senhor
nosso Deus; porém as reveladas são para" ...observe... para quem?
..."para nós e para nossos filhos."
Sim, algumas coisas sobre Deus são
mantidas em segredo, não são para nós entendermos. Mas muitas coisas sobre Deus
são reveladas. É possível que não tenhamos nos preocupado com as coisas que são
reveladas, com as coisas que nos dizem como é Deus? Será que dispensamos a
revelação, junto com o mistério? É verdade que muita coisa sobre Deus é um
mistério, mas seria Ele Deus, se pudéssemos trazê-Lo a nosso nível, se
pudéssemos colocá-Lo dentro da caixinha do nosso cérebro?
Veja, amigo, se você pode ler um livro
de física e entender tudo nele, é razoável concluir que sua compreensão do
assunto está à altura do físico que o escreveu? Se pudéssemos entender tudo
sobre Deus, se pudéssemos entender tudo na Bíblia, se nossa mente pudesse
captar tudo, então como poderia Deus ser superior a nós? Queremos um Deus com
nossa estatura? Poderíamos confiar em um Deus com a mesma sabedoria nossa? Isto
não é um pouco ridículo para mentes que Deus criou, colocá-Lo em julgamento e
rejeitá-Lo por não conseguirmos entender tudo sobre Ele?
Vemos o fogo em um trovão e chamamos de
eletricidade; mas não entendemos. Não entendemos como as nuvens recebem aquelas
cargas. Nem mesmo entendemos como um ovo de passarinho choca. Então, seria
alguma surpresa que muita coisa sobre Deus seja um mistério? Seria surpresa nós
não conseguirmos entender como Deus já existia antes de todas as coisas, como
Deus pode ser três pessoas e ao mesmo tempo uma pessoa, ou como o Filho de Deus
pode ter vindo à terra e nascido de uma virgem?
Ouçam, o amor e a fé fazem par com o
mistério. A razão não tem que deixar de existir. Ela pode ajoelhar-se em
reverência perante aquilo que ela não entende.
Oh, amigo, precisamos descer de nosso
pedestal e parar de tentar trazer Deus para nosso nível, onde podemos
manipulá-Lo. Precisamos parar de nos preocupar com o mistério e encontrar paz
de espírito no que a Bíblia nos revela sobre Deus.
Infelizmente, o que Deus nos tem dito
sobre Si mesmo tem sido embaçado e tornado confuso pelos termos teológicos que
nos afastam com medo. Palavras como onipotente, onisciente, onipresente e
imutável. Mas você sabe de uma coisa? Essas palavras não têm a finalidade de
nos assustar. Essas palavras, se nós as traduzirmos para termos simples que
possamos entender, nos dariam uma tremenda paz de espírito. Por exemplo: a
primeira palavra que eu mencionei: ONIPOTENTE. Isso apenas quer dizer que Deus
é Todo-Poderoso, que tem todo o poder. Não existe nenhum poder, nenhum grau de
poder que Deus não tenha. Deus disse de modo simples quando disse a Jeremias.
(Jeremias 32:27). Deixemos a palavra de Deus falar. Ela esclarecerá muitas
coisas. "Eis que eu sou o Senhor, o Deus de todos os viventes; acaso
haveria coisa demasiadamente maravilhosa para mim?"
Nada é demasiadamente maravilhoso para
Deus. Você não gosta disso? Não lhe traz paz de espírito saber que Deus não vai
deparar com nada que não possa resolver no universo ou em sua vida pessoal? Se
Ele pôde criar o mundo, Ele deve ser capaz de resolver tudo o que possa surgir
em sua vida ou na minha, você não acha?
Dizem-nos que Deus é ONISCIENTE. Não
deixe que isso assuste você. Só quer dizer que Deus sabe tudo. Ele conhece
tudo. Até mesmo o próprio futuro. Isaías 46:9 e 10. Que confiança! Vejam:
"... eu sou Deus e não há outro semelhante a mim; que anuncio o fim desde
o princípio e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam."
Isso não lhe dá paz de espírito? Isso
não lhe dá confiança? Deus sabe tudo sobre o futuro. Se houver alguma coisa no
futuro que precisamos saber, Ele nos dirá. Sabemos disso porque Ele disse
àquele profeta menor do Antigo Testamento chamado Amós. Capítulo 3:7:
"Certamente o Senhor Jeová não fará coisa alguma sem ter revelado o seu
segredo aos seus servos, os profetas."
E por que ele diz aos profetas? Para que
eles digam a nós.
Bem, existe a IMUTABILIDADE de Deus.
Esta palavra simplesmente quer dizer que Deus nnão muda. Ele será sempre o
mesmo. Ele não pode mudar para melhor porque já é perfeitamente santo,
perfeitamente justo e perfeitamente bom. E Ele não poderia mudar para pior,
porque se o fizesse deixaria de ser Deus. Diz Deus em Malaquias 3:6:
"Porque eu, o Senhor, não mudo."
Lemos também em Hebreus 13:8. A Bíblia
está repleta disso. Viu só? Nós só precisamos estudá-la mais. Jesus Cristo é o
mesmo ontem, hoje e eternamente,
Não é maravilhoso? Você alguma vez já
imaginou o que havia por trás destas palavras difíceis? Deus nunca muda, Ele
não é suscetível a mau humor. Ele não se compromete. Ele nunca é levado ou
persuadido a fazer uma coisa imprudente. Não temos que nos preocupar em como
Ele estará amanhã.
Então dizemos que Deus é ONIPRESENTE.
Onipresente, e isso é claro, significa que Deus, por Seu Espírito, está em
todos os lugares ao mesmo tempo. Jesus disse, e está registrado em Mateus
28:20: "... e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação
dos séculos."
Você não gosta disso? Nunca está
sozinho. Deus está ali do nosso lado quando precisamos dEle. Não temos que ser
incluídos na lista de espera. Sabemos como elas são. Não somos colocados de
lado porque Ele saiu para cuidar de uma galáxia em algum lugar. Não caímos de
joelhos em uma emergência para descobrir que Ele tem dezessete mil pessoas na
frente para serem atendidas. Não! Ele está sempre com você, dando total
atenção, como se você foesse a única pessoa a existir. Não consegue entender
isso? Bem, nem eu, mas graças a Deus por isso. O que me diz?
Bem, agora chegamos ao que parece ser a
mais simples de todas as declarações sobre Deus. O apóstolo João diz em três
palavras. I João 4:8: "Deus é amor."
A mais simples de todas? Não, a mais
complexa de todas, a mais difícil de entender. João não disse: "Deus é
amoroso." Muitas pessoas podem ser amorosas. Ele não disse: "Deus
exercita o amor." Muitas pessoas fazem isso, às vezes. Ele disse:
"Deus é amor." Amor no absoluto. Não existe nenhum outro assim, tão
amoroso. Seria impossível ser mais amoroso.
Você já notou que cada um desses
atributos de Deus, dessas características de Deus está no absoluto? Poder
absoluto, sabedoria absoluta, amor absoluto. Tão poderoso que seria impossível
ter mais poder. Tão sábio que seria impossível ser mais sábio. Tão amoroso que
seria impossível ter mais amor. Percebe o que isso quer dizer? Se Ele tem poder
absoluto, sabedoria absoluta e amor absoluto, então nós temos segurança
absoluta ao confiarmos nEle. O apóstolo Paulo diz o que está registrado em
Romanos 8:28: "E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o
bem daqueles que amam a Deus..."
O que temos a temer? Sabemos que Deus
pode nos conduzir, por mais misterioso que possa parecer no momento, por mais
difícil que possa ser de entender, podemos ter total confiança em Sua direção.
Deus nunca comente um erro. Se o que Ele faz por nós é a coisa mais amorosa
possível, o que mais podemos querer? Pense sobre isto assim: Por Deus ser
Todo-Amoroso, Ele quer que tenhamos o melhor. Por Ele ser Todo-Sábio, Ele sabe
o que é melhor. E por Ele ser Todo-Poderoso, Ele é capaz de realizar isso.
Deus é amor. Levará toda a eternidade
para se entender um Deus assim, mas é preciso apenas um momento para confiar
nEle. É preciso apenas um momento para descobrir a paz de espírito que advém
quando apenas começamos a conhecê-Lo.
O homem, por sua rebelião, separou-se de
Deus. O feliz relacionamento foi quebrado. Deus queria restaurá-lo. Século após
século Ele tentou. Mas como os homens iriam entender como era Deus? Palavras e
mensagens através dos profetas e anjos não eram suficientes. Assim, Deus mandou
Jesus mostrar como é Deus. Por isso é que Ele veio. Veja-O andando vila após
vila, curando todos os enfermos. Ouça-O dizendo à mulher, cujos acusadores a
haviam arrastado até Sua presença: "Eu também não te condeno. Vai e não
peques mais." Veja-O fazendo uma longa viagem porque sabe que uma mulher
de uma nação estrangeira queria que sua filha fosse curada. Veja Jesus
alimentando as pessoas que tinham fome. Maravilhe-se com Sua paciência com os
doze homens que queriam, todos eles, ser os maiores. Fique embevecido ao vê-Lo
lavando os pés daquele que iria traí-Lo. Veja-O orando no jardim, esmagado com
o peso de um mundo culpado. Veja-O tentado a chamar legiões de anjos para
retirá-Lo deste planeta hostil. Veja Jesus grandemente tentado a descer da cruz
e mostrar a todos quem Ele era. Veja-O finalmente, permanecer lá até o final,
até Sua obra estar consumada, porque Ele lembrou-Se de você, lembrou-Se de mim.
Assim é Deus.
Amigo, você entende um pouquinho mais a
respeito de Deus após estes breves momentos? Nenhum outro conhecimento nos traz
tamanha paz de espírito.
Um professor, no fim do ano letivo, na
prova final, fez esta última pergunta: "Diga uma coisa, do que você
aprendeu este ano, o que permanecerá em sua mente nos próximos cinco
anos?" Um jovem estudante respondeu a esta pergunta com uma única palavra:
"Você!"
Bem, um dia, muito breve, todos
enfrentaremos a prova final. E se Deus nos perguntar: "Diga uma coisa: o
que aprenderam que permanecerá com vocês para sempre?" Espero que cada um
de nós responda: "Tu, Senhor! Tu, Senhor!"
38
O ÚLTIMO SINAL
Pr. George Vandeman
Mal podíamos acreditar que estava
acontecendo. Após sete décadas de opressão comunista, a liberdade surge por
toda a Rússia. Uma a uma, as antigas repúblicas soviéticas vêm se livrando de
seus aguilhões. Mentes ponderadas no mundo inteiro têm pensado: Será que algum
tipo de profecia estaria se cumprindo? Tudo começou na Polônia, no início dos
anos oitenta. Liderados por Lech Walesa, os membros do Sindicato Anticomunistas
Solidariedade rebelaram-se contra seus opressores. Ano a ano eles foram ficando
cada vez mais fortes. A Solidariedade voltou a agir durante a greve de 1988 nos
estaleiros Gdansk. Breve, a Polônia teria, pela primeira vez, seu
primeiro-ministro não-comunista desde o fim da Segunda Guerra Mundial. De
Varsóvia, o fogo pela liberdade se espalhou por toda a Europa Oriental.
Multidões revoltadas pelas ruas de Praga exigiam liberdade ou morte, assim como
o bravo povo da Hungria e da Bulgária. Aí veio também a Alemanha. De repente,
milhares de berlinenses orientais estavam cruzando o muro. Que surpresa foi
aquilo! Estarrecidos, os guardas da fronteira, treinados para atirar, só
conseguiam acenar para eles. Berlinenses ocidentais recebiam de braços abertos
seus visitantes inesperados. Estranho se abraçando calorosamente e misturando
suas lágrimas, lembra-se? Parentes há muito separados encontrando-se novamente.
Incrível, mas verdadeiro, o muro de Berlim não existia mais. Até a Romênia e a
Albânia livraram-se de suas algemas do comunismo. Finalmente veio a incrível
libertação da União Soviética. Ninguém, nem mesmo o observador mais otimista em
assuntos mundiais teriam imaginado tanta mudança em tão pouco tempo. O que
estava acontecendo? Por que o comunismo ruiu? O povo estava cansado da pobreza
e da paralisia econômica. Eles queriam liberdade política, sem dúvida, mas além
do aspecto político estava o anseio pela realidade espiritual, algo em que
acreditar. Na verdade, alguém em quem acreditar. Um Deus para amá-los,
salvá-los e guiar seu destino. Por trás das cenas, nosso Pai Celeste tem
realizado o Seu propósito divino. Você sabia que Ele está cumprindo uma
promessa que fez há muito tempo? Uma promessa que tem que ser cumprida antes do
final dos tempos, antes de Jesus voltar? Pouco antes de deixar este planeta,
Jesus fez diversas predições concernentes aos eventos do futuro do mundo, todas
elas tornando-se realidade hoje. Em Mateus 24:7 e 8, lemos: "Porquanto se
levantará nação contra nação e reino contra reino e haverá fomes e pestes e
terremotos em vários lugares. Mas todas estas coisas são o princípio de
dores." Guerras, fomes, terremotos! Sem dúvida, temos muitas dessas
calamidades, mas Cristo continuou nos versículos 11 a 13: "E surgirão
muitos falsos profetas e enganarão a muitos. E por se multiplicar a iniqüidade,
o amor de muitos esfriará. Mas aquele que perseverar até o fim será
salvo." Sim, muitas coisas ruins iriam acontecer no final dos tempos,
disse Jesus. Isso certamente tem acontecido. Mas entre todas as coisas ruins
algo bom iria acontecer por todo o mundo, algo maravilhoso conforme afirma o versículo
15: "E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo em testemunho
a todas as gentes e então virá o fim". Aí teremos o último sinal que
introduzirá o fim do mundo. O Evangelho de Jesus Cristo será pregado por todo
este planeta, até por trás da antiga cortina de ferro, e isso é o que vemos
acontecendo hoje. Mesmo em meio a todo o turbilhão político na Europa Oriental,
o surgimento e a queda de governos, Deus tem aberto portas para que Seu
Evangelho seja proclamado ao mundo inteiro. Somente então Jesus poderá voltar.
Você e eu temos um papel vital nesse cenário. Todos os cristãos sinceros, de
qualquer denominação, devem levar a sério e ordem de Cristo partilhar o
Evangelho. A igreja que eu represento, os Adventistas do Sétimo Dia, está
levando a sério sua responsabilidade. Meu grande amigo Paul Harvey disse à sua
audiência nacional que os Adventistas estão bem à frente daqueles que proclamam
as profecias do breve retorno de Cristo. Você conhece os Adventistas do Sétimo
Dia? Nosso nome é tirado de duas verdades básicas sobre Jesus. Adventistas,
refere-se à crença de que Jesus virá em breve. Qualquer pessoa que crer nisso é
um adventista, basicamente. "Sétimo dia" é para que todos saibam que
observamos o dia que honra a Cristo como Criador e Redentor, de modo que o nome
"Adventista do Sétimo Dia" proclama a verdade sobre Jesus, verdade
desprezada que precisava ser recuperada para completar a reforma protestante.
Portanto, esta grande verdade que tem sido desprezada através dos séculos é o
ensinamento da segunda vinda de Jesus. Voltando aos dias dos apóstolos, esta
era a obsessão ardente daqueles primeiros cristãos. De fato, o apóstolo Paulo
proclamou a volta de Cristo como sua "abençoada esperança" e com o
passar dos séculos, o segundo advento de Jesus parecia quase esquecido. Aí,
chegou o ano de 1840. Homens e mulheres de várias denominações em todo o mundo
e até crianças começaram a proclamar que Jesus breve retornaria e interromperia
a vida como conhecemos aqui no planeta Terra. O Movimento Adventista na América
do Norte foi liderado, a princípio, por um pastor leigo batista, chamado
Guilherme Miller. Ele era um patriota americano, um capitão na guerra de 1812.
Ele era um cético declarado que ridicularizava a religião. Mas então
experimentou uma conversão dramática e tornou-se pastor batista. Milhares de
pessoas de todas as classes reuniam-se para ouvi-lo pregar. Miller aprendeu
através de estudos que Jesus, agora seu amigo e salvador, tinha prometido
retornar a Terra. Tal convicção o impressionou tanto que ele sentiu a
responsabilidade de espalhar as boas novas a respeito da breve vinda de Cristo.
Mesmo não sendo um orador treinado, sua consciência continuava a lhe dizer:
"Vá e diga ao mundo". E foi exatamente isso que ele decidiu fazer. Assim,
um reavivamento ocorreu de uma extremidade à outra do leste dos Estados Unidos.
Embora os Adventistas Mileritas ficassem desapontados pelo Senhor não aparecer
quando eles O esperavam, nem todos perderam a esperança. Estudos adicionais
convenceram alguns deles que Cristo viria realmente em breve. Desses estudiosos
da Bíblia, surgiu a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Muito antes, porém,
existiu um movimento religioso que tinha sofrido uma grande decepção
semelhante: a própria Igreja Cristã. Quando Jesus morreu na cruz, Seus
discípulos se sentiram esmagados, confusos e praticamente derrotados. A
zombaria dos incrédulos soava em seus ouvidos enquanto pranteavam. Lucas 24:21
diz: "Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a
Israel". Embora a expectativa dos discípulos tenha falhado, Deus
continuava com eles. Ele os conduziu o tempo todo e planejou um futuro
brilhante para o movimento cristão. Do mesmo modo, os Adventistas foram
conduzidos por Deus durante seu grande desapontamento. Apesar de muitos ficarem
desanimados e desistirem da abençoada esperança, outros se tornaram ainda mais
convencidos de que Deus os estava conduzindo e tinha plano para o seu futuro.
Assim, durante o último século e meio, congregações Adventistas do Sétimo Dia
se espalharam em quase duzentos países ao redor do mundo. Você sabia que os
Adventistas estão agora entre os grupos cristãos de crescimento mais rápido?
Quase 2 mil seguidores se unem à igreja a cada dia. Isso dá uma média de 750
mil a cada ano entrando para essa família de crentes. O número de membros no
mundo é de quase 7 milhões. Existem muitas boas razões pelas quais tantos
cristãos estão com a atenção voltada para os Adventistas. Eles crêem que esse
grupo conseguiu ajuntar preciosas gemas de luz - as verdades desprezadas dos
séculos. Primeiramente, a fé em Cristo dos Luteranos, e também o batismo por
imersão dos Batistas. O interesse no crescimento cristão e o viver pleno do
Espírito dos Metodistas e Carismáticos. O respeito pela moralidade dos
Católicos e o sábado, defendido por nossos ancestrais Judeus e guardado por
Jesus e os apóstolos. Todas essas verdades os Adventistas reuniram num corpo de
crença. Deus tem abençoado essa família de crentes. Os Adventistas administram
mais de 600 hospitais e instituições médicas em todo o mundo. O Centro Médico
da Universidade de Loma Linda tem sido um líder em transplantes de corações em
crianças e agora, o centro de Terapia com Raios Próton para tratamento do
câncer. Como serviço à comunidade, também oferecemos seminários para deixar de
fumar, cursos para perda de peso bem como aulas sobre cozinha vegetariana.
Através da ADRA, Agência de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais, nossa
Igreja atende imediatamente às catástrofes em qualquer parte do mundo com
alimentos, roupas e suprimentos médicos. Muitas congregações locais possuem
Centros de Serviço Comunitário operados por voluntários que ajudam os famintos
e os desabrigados em sua recuperação. Os Adventistas crêem na educação cristã
também, mantendo 5 mil escolas elementares e secundárias em todo o mundo e mais
de noventa faculdades e universidades. Também apresentamos o Evangelho através
do ar com o programa de rádio "A Voz da Profecia" e o programa de TV
"Estilo de Vida em Revista" (Lifestyle Magazine). O programa
"Está Escrito" aplica os ensinos bíblicos aos assuntos contemporâneos
e às necessidades humanas. Para os telespectadores americanos negros, temos o
programa "Breath of Life" (Sopro de Vida) e para os milhões de
americanos hispânicos temos o programa de rádio "La Voz de La
Esperanza" (A Voz da Esperança). Todos esses ministérios estão reunidos no
Centro Adventista de Comunicações em Newbury Park, Califórnia. Através da
Estação Adventista de Rádio Mundial KSDA, localizada na Ilha de Guam, no
Pacífico, nossa Igreja transmite o Evangelho para a Ásia. Dia a dia nossa
transmissão cristã em ondas curtas penetra funda na China, atingindo milhões de
almas oprimidas e ávidas. No sul da Europa, a Rádio Adventista Mundial está
preparada para se estender, em nome de Jesus Cristo, ao Oriente Médio e às
massas islâmicas. Muitos povos do mundo podem agora ouvir ou ver um programa
Adventista. Desde 1956 este programa, "Está Escrito", tem tido o
privilégio de ser um dos mais assistidos programas evangelísticos. Nesses
últimos anos, o "Está Escrito" tem sido assistido pelos europeus que
falam inglês de vinte e duas nações através do supercanal. Pesquisas revelam
que nossa média de audiência é de pessoas com 30 anos. A transmissão pelo
supercanal torna o programa disponível à cerca de 24 milhões de lares,
aproximadamente 50 milhões de pessoas, com o total aumentando sempre. Não faz
muito tempo eu estava entrando num avião da Singapore Airlines quando um
funcionário do aeroporto exclamou: "Pastor Vandeman, eu o vi domingo
passado em Roma, Itália". Ele não me viu pessoalmente, é claro, e sim no
programa. Recentemente em Washington, DC, conheci um jovem alto, diplomata da
Holanda que me disse: "Eu o assisti, Pr. Vandeman, domingo passado na
Holanda e eis o que o senhor disse..." É emocionante poder partilhar a
proclamação do Evangelho nestes últimos dias ao redor do mundo. Há apenas um
ano, quando visitamos a Rússia pela primeira vez para preparar as minisséries
"Os Camaradas em Cristo", foram recebidos no Q.G. nacional da
Televisão Soviética. Fomos convidados a aparecer ao vivo em "Boa Noite
Moscou", o programa popular das noites de sábado, assistido por 20 milhões
de russos todas as semanas. Após uma agradável meia hora junta quando exibimos
porções dos programas "Está Escrito" traduzidos em russo, imagine
como me senti quando o apresentador Sergei pediu para eu abrir o coração aos
telespectadores. Eu disse: "Vocês têm sido inundados com novas idéias,
novas oportunidades, novos desafios, nova liberdade. E estão tentando se
ajustar a elas e tirar o máximo de vantagens delas. A este povo maravilhoso eu
gostaria de dizer que em todos os seus planos para o futuro, por favor, levem
em consideração as reinvindicações de Cristo, e assim encerro. Muito
obrigado." Aquela crescente amizade com Sergei fez com que o programa
"Está Escrito" seja apresentado hoje, na televisão russa, de forma
regular e em âmbito nacional. Este programa, em rede, alcança mais de 280
milhões de pessoas famintas espiritualmente. Algumas de nossas experiências
mais emocionantes vêm do que antes era a União Soviética. Em Moscou, um dos
chefes principais da televisão russa levou-me à sua sala nos Escritórios
Centrais. Ele olhou com sinceridade em meus olhos e me informou sua convicção
pessoal: "O senhor foi convidado para ser a voz moral para o meu
país". Este é um pensamento solene. São palavras solenes que trazem
perturbação, bem como uma convicção desafiadora. Nossa equipe de produção vem
trabalhando além do horário normal para adaptar o nosso programa para aquela
grande terra. Gostaria que você pudesse ter estado comigo em Moscou
recentemente, na cruzada evangelística realizada pelo meu amigo Mark Finley.
Veja o que o próprio Mark conta sobre esse trabalho: "Venha comigo a
Moscou. Deus miraculosamente abriu as portas da liberdade para a proclamação do
Evangelho. Durante o mês de julho tive o privilégio de realizar uma série de
encontros evangelísticos no pavilhão Plahaov de Moscou, com capacidade para mil
pessoas sentadas. Para nossa total surpresa, cerca de 2 mil pessoas lotaram o
local para a apresentação da abertura intitulada "Encarando o Futuro com
Confiança". Havia pessoas em pé nos corredores e outras aglomeradas nas
portas. Muitas até sentaram-se no chão e centenas mais ficaram na rua tentando
entrar. A única saída foi programar duas sessões idênticas cada noite, uma às
cinco da tarde e outra às sete da noite. "Imagine nossa surpresa quando
chegamos ao pavilhão às três horas e já havia longas filas tentando entrar duas
horas antes. O auditório ficou totalmente lotado com cerca de 3 mil pessoas.
Quando oferecemos ao auditório Bíblias grátis se eles completassem um curso
bíblico de 20 lições, rapidamente se esgotaram as 3 mil Bíblias. Cerca de 55
mil lições bíblicas completas nos foram devolvidas em três semanas. Nossas
reuniões se tornaram tão populares em Moscou que o programa noturno de TV
chamado Boa Noite Moscou, assim como o programa para toda a União Soviética,
Manhã, divulgaram os encontros evangelísticos. Especialistas da TV soviética
estimaram que cerca de 35 milhões de pessoas ouviram o apelo para aceitarem a
Jesus Cristo como salvador, transmitido ao vivo durante o noticiário noturno.
Em 27 de julho, cerca de 3.500 pessoas se reuniram junto a um lindo lago em
Moscou. "Milagrosamente, o governo comunista, pela primeira vez em 50
anos, deu permissão para batismos ao ar livre num magnífico parque em Moscou.
Dez ônibus trouxeram os candidatos ao batismo até o local. Foi uma das maiores
alegrias da minha vida participar do batismo de mais de 500 pessoas naquele
bonito lago. "As palavras de Jesus: "e este evangelho do reino será
pregado em todo o mundo como testemunho a todas as nações", estão se
cumprindo diante de nossos olhos. Regimes despóticos têm sido banidos,
presidentes autoritários têm sido afastados e nosso Deus soberano está
marchando através do mundo, abrindo portas para a proclamação do
Evangelho." O sábado do batismo foi um dos mais belos dias da minha vida.
Foi emocionante! Câmeras de televisão russa gravaram a cena. Desde aquele dia
eu posso lhe assegurar que os trajes batismais têm imergido naquele lago
repetidas vezes. O povo russo está faminto pela verdade bíblica e não só eles,
mas pelo mundo inteiro as pessoas estão buscando esperança e socorro em Cristo.
Vamos atravessar o Atlântico e ir até o Brasil por um momento. Agradeço a Deus
que no Brasil o programa "Está Escrito" está sendo transmitido por
cerca de 127 emissoras de televisão. Músicos brasileiros, cantando em português
- os Arautos do Rei, Sonete, Fernando, Alessandra Samadello e Eclair, têm sido
editados nos programas originais. O programa agora está disponível para mais de
40 milhões de pessoas. Outras partes no grande continente da América do Sul
também estão se abrindo. Na América do Norte, nos Estados Unidos e no Canadá, o
Senhor continua a expandir o nosso alcance como tem feito nos últimos 36 anos.
As respostas às ofertas semanais do programa, pedidos de orações ou outros
pedidos são o tempo todo apresentadas. Por isso louvamos a Deus, autor de todas
as bênçãos. Embora o "Está Escrito" atinja multidões, só alcançamos
as pessoas uma a uma. Nossa audiência é composta de telespectadores
individuais, com necessidades individuais. Cada pessoa que assiste a esse
programa é preciosa a Deus. Você também é precioso para mim. Jamais esqueça
disso. Amigo, sejam quais forem as circunstâncias, tenha coragem. Jesus está
disposto e em condição de ajudar você. Se confiar a sua vida a Ele, Ele
perdoará seus pecados e também o ajudará a superar qualquer situação, por mais
difícil que seja. Você pode honrá-Lo e guardar Seus mandamentos neste mundo de
pecado. O Cristo vivo é o poder que você precisa para ser o tipo de cônjuge, o
tipo de pai, o tipo de amigo que deseja ser. Peço que aceite esse poder do
Salvador agora mesmo. Jesus está voltando. Onde você estará naquele dia? Estará
entre os fiéis a Deus? Desejo que você faça a escolha certa
39
LUTANDO PARA ACERTAR
George Vandeman
Você já parou alguma vez para pensar no que realmente acontece no
casamento? Não apenas o que os vizinhos vêem, não apenas o que se diz aos
colegas de trabalho, mas o que acontece de fato.
Após os votos diante do altar e as tradicionais fotos para o álbum, após
o bolo, os salgados e o tilintar das taças terem acabado, que tipo de pressões
forçam os laços do matrimônio?
Imagine um diálogo bastante familiar. João e Helena estão contando a
alguns amigos detalhes sobre uma recente viagem de férias:
– E logo atrás do Grand Canyon, vimos uma pequena loja de cerâmica
indígena – diz João.
A esposa de João interrompe:
– Não, querido, isso foi lá em Colorado.
– Como em Colorado? – replica João indignado.
– Nós já levávamos a cerâmica quando vimos o Grand Canyon – explica
Helena.
– Mas você não se lembra de todas aquelas lojinhas no Novo México,
Helena?
– Sim, querido, mas compramos a cerâmica em Colorado.
E o diálogo prossegue:
– Tenho certeza que foi no Arizona.
– Não, João, foi em Pueblo, Colorado.
Esse diálogo lhe parece familiar? Talvez você conheça um João e uma
Helena, ou Jorge e Gláucia; ou Rui e Anita. Talvez o diálogo tenha ocorrido em
sua casa.
A discussão sobre quem está certo tem origem em uma porção de coisas:
"quem deixou a luz do banheiro acesa ontem à noite", ou "quem
esqueceu de botar o lixo lá fora". A discussão sobre quem está certo
parece ocorrer o tempo todo. Afinal, é bastante humano querer estar certo. Mas
infelizmente, quando isso ocorre, significa querer provar que o outro está
errado.
Em toda a interação no casamento, logicamente, existem diferenças de
opiniões, pois são muitas as experiências compartilhadas, responsabilidades
divididas e expectativas não ditas. O problema é que, com freqüência,
discutimos mais do que apenas nossas opiniões. O certo ou errado não resolvem
totalmente a questão. Quando lutamos para estar certos, estamos tentando
proteger nossos valores como pessoa.
Pouco importa se a cerâmica foi comprada no Arizona ou Colorado, o ego
de duas pessoas é que está em jogo. Deixar a luz do banheiro acesa não é um
grande desastre, mas pode se tornar a fagulha que acenderá o fogo de uma briga.
Certa vez, uma moça recebeu um cartão bastante singular. Quando aberto,
ele tocava a música: "Deixe-me chamá-la de meu amor", alimentado por
uma pequena bateria escondida na capa. Porém, a moça deixou o cartão cair atrás
de uma cômoda muito pesada e não conseguiu tirá-lo de lá. Assim, o cartão ficou
tocando "Deixe-me chamá-la de meu amor" durante alguns dias.
Os casamentos às vezes têm um problema parecido: podem se transformar
numa ladainha entediante. Nossa necessidade de carinho acaba se transformando
em lamentação.
Estar apaixonado não muda o fato de que somos humanos. Ainda queremos e
precisamos estar certos. Muitos bons casamentos afundam em
"briguinhas" triviais na tentativa frustrada de saber quem está com a
razão. Muitos casais aprendem a viver com isso. A luta competitiva, a luta para
estar certo, é aceita como um fato da vida de casado.
Mas esse atrito pode ser evitado em seu casamento. O conflito não tem
que ser a regra. Existe saída até para as brigas crônicas.
Uma das verdades centrais da Palavra de Deus coloca todas as nossas
discussões na perspectiva exata. Temos que aprender a olhar o relacionamento
conjugal como olhamos nossa situação com Deus.
O Novo Testamento mostra que o modo como Deus nos salva pode nos ensinar
a crescer no processo do relacionamento. A salvação é freqüentemente descrita
como um veredito de inocência que Deus concede ao indefeso pecador.
Nosso ponto de partida, como cristãos, é que estamos errados,
inteiramente imperfeitos. A Palavra de Deus é bastante clara nesse ponto. Paulo
diz em Romanos 3:23: "Porque todos pecaram, e destituídos estão da glória
de Deus."
Todos estamos diante de Deus, um ser sagrado. Perante Sua justiça, nossa
bondade parece trapos sujos. Deus é o único que está cem por cento certo, cem
por cento das vezes. A interminável luta do homem para estar certo, ou seja
para se justificar, é uma causa perdida. Nossas disputas sobre quem está certo
quem é o culpado são brigas sem sentido em uma guerra que já está perdida.
Há poucos anos, um velho soldado japonês foi capturado em uma das ilhas
do Extremo Oriente. Esse homem havia perdido há muito tempo o contato com sua
unidade de guerrilha. Mas, muito dedicado, ele continuava com sua luta militar
anos após a trégua. Ele não sabia que a guerra havia acabado.
Esta é a primeira coisa da qual precisamos nos conscientizar: a guerra
terminou. Diante de Deus estamos errados. Esse fato elimina a necessidade de se
discutir sobre quem está certo, destrói a idéia de que devemos competir por uma
quantidade limitada de exatidão e aniquila o conceito de que se um cônjuge
estiver certo, o outro tem de estar errado.
Os casais com esta atitude geralmente experimentam o que pode ser
chamado de "casamento gangorra". Na gangorra, cada parceiro tenta
abaixar o outro para que ele mesmo possa subir. Essa é uma brincadeira de
criança, freqüentemente usada por adultos.
Por outro lado, a salvação de Deus mostra que ambos devem começar no
mesmo lado da gangorra. Diante de Deus, marido e mulher estão no mesmo nível.
Sua bondade própria não lhes adiciona força. Não pode levantá-los. Um pode
vencer uma discussão, mas ambos não saem do lugar; continuam balançando na
gangorra.
Reconhecer o erro, entretanto, não é razão para desespero. Na verdade, é
o primeiro passo para encontrar a exatidão e a segurança. Jesus morreu
especificamente pelos pecadores. Eles são os únicos que precisam do perdão.
Deus nos convida para irmos até Ele baseados nisto: precisamos confessar nossos
erros para receber o Seu perdão. Quando colocamos nosso destino em Cristo,
somos considerados certos ou justificados. Em Efésios 1:6, Paulo relaciona
todas as coisas maravilhosas que Deus faz aos crentes e entre elas, está o
seguinte: "Ele (é Deus, o Pai) nos fez agradáveis a si no amado."
Quem é o amado? Jesus Cristo! Você e eu somos agradáveis em Cristo. E,
por causa dessa divina aceitação, podemos admitir alegremente que estamos
errados, porque também estamos seguros. Não ficamos mais sob pressão para
insistir nas questões do "estou certo".
Um pastor me contou uma vez sobre um problema que tinha. Um homem
chamado Gilson, que parecia adorar criticar, jogava a maior parte de suas
críticas sobre o pastor e por isso tornara-se uma pessoa bem desagradável na
congregação. Um dia, Gilson escreveu uma carta longa e revoltada enumerando
suas queixas.
Quando o pastor a leu, ficou chocado com a lista de acusações. Ele sabia
que tinha uma boa resposta para cada uma delas, sabia que podia fazer o homem
engolir todas aquelas calúnias. Mas o pastor começou orar a respeito e decidiu
agir de maneira bastante diferente. Ele enviou uma breve carta ao Gilson
contendo apenas cinco palavras: "Por favor, ore por mim." Essa foi a
única resposta à longa lista de acusações de Gilson.
As poucas palavras da carta do pastor puseram fim a todas as críticas. A
raiva esfriou e os dois homens, por incrível que pareça, se tornaram bons
amigos.
"Por favor, ore por mim." Não é confortador? Que maravilha
seria se essa atitude caracterizasse o casamento!
Deus vê todas as nossas fraquezas e ainda nos considera Seus filhos.
Assim fica mais fácil nos tornarmos vulneráveis perante os outros. Se eu posso
admitir meus erros perante o Deus Todo-poderoso, também posso admiti-los diante
da minha esposa. Além disso, provavelmente, tenha sido eu mesmo quem
"deixou a luz do banheiro acesa".
Quando recebemos a salvação de Deus, um tipo de justiça totalmente novo
é estabelecido. Adquirimos nova identidade. E essa nova justiça nos qualifica a
partilhar de uma bênção maior de Deus – a de ter um Advogado, um Defensor,
Jesus Cristo.
O apóstolo Paulo considerava suas credenciais da posição elevada como
lixo comparadas ao valor de sua justificação conseguida através da graça. Ele
insistia através de suas cartas que essa era a única justiça que importava.
Os textos das Escrituras descrevem esse tipo especial de justiça de
vários modos. Para o apóstolo João era como ser adotado. Ele exclamou
maravilhado que somos chamados "filhos de Deus".
Pedro nos descreveu como sendo "redimidos" pelo sangue de
Cristo. Ele chamou de crentes as pessoas reivindicadas por Deus como Suas.
Paulo falou dos fiéis como "pessoas
em Cristo", totalmente identificadas com Ele.
Jesus descreveu uma vez aqueles que nEle crêem, como "ovelhas"
que pertenciam a um bom pastor. Ninguém poderia tirar essas ovelhas das mãos do
pastor.
Todas essas descrições nos mostram um maravilhoso senso de posse. Os
crentes estão nas mãos de Deus. Eles sentem uma profunda segurança. Eles sabem
onde estão pisando.
Quando passamos a entender o tipo de aceitação de Deus não sentimos
necessidade de recorrer à expressão: "eu não disse?" Apesar de alguns
fazerem questão de estarem certos, não temos que lutar por uma posição de
superioridade no casamento. Já desfrutamos de uma posição privilegiada em
Cristo e isso nos satisfaz. Em vez de estarmos ruidosamente errados, podemos
estar silenciosamente certos.
Ficar revoltado ou furioso para provar um ponto de vista somente indica
que perdemos nossa verdadeira posição. Por que nos defendermos desesperadamente quando temos um
Advogado tão competente, Jesus Cristo?
Lutar para estar certo, como guerrear pela paz, é uma contradição.
Próximo do final do Seu ministério, Jesus foi repetidamente tentado a
entrar nessa luta para estar certo. Foi uma provação terrível. Começou na noite
de sexta-feira no Jardim do Getsêmani. Uma multidão correu até Jesus e Seus
discípulos com tochas, açoites e espadas, e exigiu ver Jesus de Nazaré. Ora,
Jesus podia ter aniquilado aquela multidão num instante, mas, em vez disso,
respondeu calmamente:
– Sou Eu.
Na corte de Caifás, Jesus ouviu pacientemente os informantes subornados
testemunharem contra Ele, mas não disse uma palavra para contradizê-los. Jesus
não precisava lutar para estar certo.
A multidão arrastou Jesus até o salão de julgamentos de Pilatos. Os
sacerdotes enraivecidos apresentaram uma acusação após outra contra o humilde
Rabi. Mas, para surpresa de Pilatos, Ele nada respondeu.
Pilatos O enviou aos seu superior. O corrupto imperador Herodes O
interrogou detidamente. Os sacerdotes voltaram a humilhá-Lo e mais uma vez
Jesus ficou em silêncio.
A multidão levou o Prisioneiro de volta ao governador romano. Dessa vez,
Pilatos levou Jesus a um canto e O interrogou em particular. Mas Jesus não
apresentou qualquer defesa. Ele nada disse sobre Seus acusadores hipócritas.
Então, o Salvador foi pendurado na cruz em agonia. Aqueles sacerdotes e
escribas O rodearam como animais predadores. Zombaram de sua vítima agonizante.
Chegaram a gritar:
– Ele salvou a outros, mas não consegue salvar a Si mesmo.
Mesmo assim, Jesus não revidou. Permaneceu em silêncio diante de Seus
acusadores até o fim, sem se defender. Jesus não precisava lutar para estar
certo.
Nós também não precisamos lutar, porque temos uma posição segura em
Jesus Cristo. Temos uma fonte divina de aceitação. Podemos estar ruidosamente
errados ou silenciosamente certos.
Vamos ver como isso tudo pode ser aplicado às discórdias no casamento. O
assunto de nossa salvação é muito importante, entretanto, alguns fatos da vida
devem ser discutidos. Qualquer que seja nossa posição com Deus, alguém tem que
"levar o lixo para fora".
Portanto, o que marido e mulher devem fazer no meio de uma briga?
Admitir suas queixas e erros em lugar de lutarem para estar certos. Em primeiro
lugar, uma profunda consciência de nossa posição com Deus muda a natureza de
nossas disputas. Elas não precisam mais ser tentativas disfarçadas para obter
segurança. Podemos resolver os verdadeiros problemas agora.
Podemos também começar a entender a necessidade de um mediador. Podemos
necessitar de uma terceira pessoa em nossos desacordos conjugais. Em vez de
duas pessoas fazerem reivindicações conflitantes de estarem certas, duas
pessoas erradas procuram a justiça de Deus. Podemos focalizar nosso debate na
direção de Cristo. Somente Deus tem a perspectiva apropriada. Só Ele pode dar
uma solução justa ao problema.
Uma escritora cristã recentemente descobriu as características que as
famílias saudáveis têm em comum. Ela buscou os especialistas, entrevistando
mais de quinhentos professores, pastores e conselheiros que trabalham com
famílias. Você sabe o que esses profissionais pensavam ser a característica
mais importante de uma família saudável? Comunicação e atenção foram as campeãs
da lista.
Quando marido e mulher ouvem juntos a Cristo, e um ao outro, a
verdadeira comunicação se desenvolve naturalmente. No silêncio submisso, é mais
fácil ouvir o que a outra pessoa está realmente dizendo. Ficamos mais atentos a
suas necessidades. E, quando focalizamos as necessidades um do outro, nós
paramos de competir.
Aqueles quinhentos professores enfatizaram um outro traço de uma família
saudável. Em segundo lugar, em suas qualidades importantes, vinha o
"afirmar e apoiar um ao outro".
Como podemos fazer isso acontecer? Bem, quando aceitamos a graça de
Deus, somos motivados a estender Sua graça a nosso cônjuge. Deus é nosso melhor
exemplo de afirmação e apoio. Nosso Salvador não precisa tripudiar sobre nossas
fraquezas. A Bíblia diz que Ele esconde nossos pecados no fundo do mar.
E quanto mais percebemos como Deus concede Sua graça sobre nós, mais
conseguimos expressar aquele amor que não mantém um arquivo dos erros e que
cobre uma multidão de pecados.
Certo dia, Carlos ia de carro para o trabalho. De repente, uma mulher
bateu em seu carro e amassou o pára-choque. Os dois carros pararam. A mulher
olhou para o estrago e começou a chorar. Ela admitiu ser a culpada. O carro
dela era novo. Tinha saído da agência há dois dias. Como é que ela iria
explicar isso ao marido?
Carlos foi simpático com ela, mas também sabia que era melhor trocarem
os cartões das seguradoras e números das apólices.
Assim, muito relutante, a mulher abriu o porta-luvas e o primeiro papel
que caiu de lá continha uma mensagem, numa letra firme e
masculina. Ela leu estas palavras:
"Em caso de acidente, lembre-se querida: é você que eu amo, não o
carro."
A extensa graça de Deus pode existir em qualquer relacionamento. Nosso
Deus está sempre pronto para nos ajudar a conhecer nosso potencial para o bem.
Por que não nos concentramos no potencial para o bem em nosso cônjuge?
Quando tropeçamos e caímos na vida cristã, Deus continua afirmando nosso
valor. E esse fato pode nos ajudar a afirmar o valor interior de nosso marido
ou esposa, mesmo quando eles estão do lado errado da discussão.
Existe tanto potencial para encorajamento, para a verdadeira comunicação
no casamento! É uma pena desperdiçarmos palavras em discussões para estarmos um
pouco certos.
Sherry Cryder esteve em coma por vários meses. Tendo sofrido um grave
ferimento na cabeça em um acidente de carro, ela não conseguia responder a
ninguém nem reagir a nada. Sherry tinha um marido que a amava. Ela estava
grávida de nove meses.
As contrações de parto começaram. Sherry foi levada para a sala de
partos e ainda em estado de coma, deu à luz a um saudável garoto de três
quilos, com ótima saúde.
Após o parto, uma enfermeira trouxe-lhe o menino do berçário. Os olhos
de Sherry estavam abertos e, embora não se notasse nenhum movimento, eles
pareciam seguir a enfermeira através do quarto. O marido de Sherry olhava-a
atentamente, enquanto a enfermeira colocava o bebê ao seu lado.
O marido de Sherry procurou algum meio de expressar sua alegria e sentir
a dela, mas Sherry não podia falar, nem se mexer. Aparentemente, nem mesmo
ouvir.
Entretanto, quando ele inclinou-se perto dela, desesperado para
comunicar-se com sua esposa, ele percebeu algo. Embora fraco, ele viu um
sorriso no rosto de Sherry.
Será que apreciamos o dom da comunicação que Deus nos dá no casamento?
As palavras de incentivo, os gestos que dão lugar à riqueza da bondade, ao
afeto e à compreensão? Será que sabemos que maravilha é ser capaz de ouvir os
pensamentos íntimos do outro e de expressar nossos próprios a ouvidos atentos?
Não vamos perder isso tudo na luta para estar certos. Vamos, em lugar
disso, entender a graça de Deus. A salvação dEle consegue unir marido e mulher
num terreno comum e nos capacita a dizer, como o apóstolo Paulo: "Eu não
os condeno. Vocês estão em meu coração para morrermos juntos ou vivermos
juntos."
Oração
Pai, obrigado porque a guerra terminou.
Obrigado por eu não precisar mais que lutar para estar certo. Quero, Senhor, me
concentrar em um novo tipo de justiça. Obrigado pelo precioso dom da
comunicação. Ajuda-me a dizer as palavras certas, aquelas que trazem a cura a
qualquer relacionamento. Quero me comprometer a trazer a paz de Cristo a meu
lar todos os dias. Em seu nome eu peço, amém.
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conhecimento da Bíblia,
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40
QUANDO AS FERIDAS NÃO SE CURAM
George Vandeman
Quando as criancinhas caem e arranham o
joelho, geralmente têm a mamãe por perto, pronta com um "band-aid" e
um beijo para tornar tudo melhor. As adolescentes, quando abandonadas pelo
namoradinho, podem contar com uma amiga de confiança, talvez para aliviar as
horas de solidão e após o casamento, muitas pessoas acham algum meio adequado
de tratar das feridas e desapontamentos ocasionais da idade adulta.
Mas, e quanto as feridas que os "band-aids" e as palavras de
conforto simplesmente não alcançam? E quanto aos traumas emocionais que deixam
cicatrizes bem dentro de nós? O que fazemos quando as feridas simplesmente se
recusam a curar?
Lori, uma menina de 3 anos, estava brincando, um dia, diante da sua casa
num subúrbio de Denver. Um rapaz chegou de carro, parou no meio fio e atraiu a
criança para dentro do carro. Pouco depois a mãe de Lori notou que a criança
havia desaparecido.
Ela começou a procurar, a princípio calmamente, depois nervosamente, sua
filha desaparecida. A polícia foi informada,
o alerta foi espalhado por
toda a cidade. Lori sumiu sem deixar
sinal.
Após alguns dias, um grupo de observadores de pássaros que escalava uma
montanha no parque a quarenta minutos da casa de Lori, parou no caminho e ouviu
uma criança chorando.
Eles seguiram o choro fraco e chegaram a uma privada externa. Ao abrirem
a porta, eles olharam para o poço e viram algo de que jamais se esqueceriam.
Uma criança em pé nos dejetos, tremendo, quase nua.
─ O que está fazendo aqui? ─ eles perguntaram. ─ Estou em casa, respondeu a pequena
Lori. ─ Eu moro aqui.
Aquela garotinha de 3 anos tinha sido sexualmente abusada. Lori foi
levada para os seus pais, que choravam. Salva, afinal, nos braços da mãe, mas a
ferida ficaria. Lori foi um caso isolado? Infelizmente não.
Vivemos num mundo cheio de cicatrizes. As crianças têm agora que encarar
novos e terríveis fatos da vida.
Não faz muito tempo, uma senhora de aspecto calmo, fundadora de um
jardim da infância em Los Angeles, foi presa. As autoridades descobriram que
ela e outros membros da direção haviam molestado cerca de 40 crianças no curso
de uma década. Durante anos a direção da escola vinha intimidando os seus
alunos para não falarem, trucidando pequenos animais diante deles. Mas
finalmente, com a ajuda de alguns conselheiros
treinados, algumas das crianças conseguiram contar suas histórias de terror, de
intimidação e abusos.
São muitas as histórias de abusos assim.
Descobrimos, chocados, que o criminoso é muitas vezes um parente ou
amigo da família, traindo a confiança de uma criança inocente.
Ouvimos também inacreditáveis relatos de crianças brutalizadas pelos
pais, crianças abandonadas, trancadas, deixadas sozinhas e indefesas,
adolescentes seqüestrados por psiquiatras; e crianças-prostitutas andando pelas
ruas de nossas grandes cidades.
Nosso mundo é, por causa de tudo isso, um mundo cheio de feridas. Não é
de admirar que tantos sofram de traumas diversos. E estes são apenas os traumas
mais sensacionais que ferem tão profundamente as pessoas. Muitos de nós temos
tido um passado menos que perfeito e muitos de nós sofremos algumas cicatrizes
escondidas, feridas secretas que nunca saram.
Muitas coisas podem deixar marcas: um pai que jamais pôde aceitar a
nossa atuação; nós que nunca fomos bons o bastante; colegas de classe que nos
atormentavam impiedosamente em uma certa idade vulnerável; um amigo que nos
traiu numa hora de necessidade ou um velho pecado que nos vive perturbando a
alma.
Quando os traumas do nosso passado
produzem cicatrizes emocionais, nossa auto-estima fica ferida, sentimo-nos
incapacitados e tentamos compensar essa falta através de inúmeras maneiras bem
prejudiciais.
Muitos de nós tentamos esconder nossas feridas; fingimos que elas
simplesmente não existem. É muito difícil aceitar o fato de que algo terrível,
algo muito injusto aconteceu conosco, mas as cicatrizes, embora escondidas,
ainda podem prejudicar nossa vida e ao fugir delas, ficamos enroscados em
desvios emocionais. Alguns começam a pensar no subconsciente: "Devo ter
feito algo terrível para merecer tal tragédia." Assim, um terrível senso
de culpa se desenvolve, levando-nos a dizer: "Ninguém jamais poderá me
amar. Tudo o que eu faço acaba errado."
Feridas escondidas às vezes levam as pessoas a um falso perfeccionismo.
Em um esforço constante para serem boas, tentam desesperadamente agradar aos
outros o tempo todo, mas parecem jamais conseguir isso, elas nunca se sentem
suficientemente boas; jamais encontram descanso. Feridas escondidas podem
tornar as pessoas supersensíveis também.
Elas uma vez procuraram a aprovação e o amor e foram muito machucadas, e
ao sentirem esta ferida interna tornam-se supersensíveis a outras dores. Alguns
andam por aí com a sensibilidade à
flor da pele. Outros encobrem sua
sensibilidade com uma aparência austera. Tenho visto isso repetidas vezes. Em
ambos os casos, a verdadeira ferida permanece escondida, incurada,
infeccionada. Feridas escondidas podem deixar as pessoas com medo. A certa altura,
no passado, elas se tornaram vítimas. Tal experiência as convenceram de que na
verdade não podem controlar o que acontece com elas e assim, permanecem
vítimas.
Os temores forçam as pessoas a se desviarem. Elas vêem a vida passar por
trás da barreira de suas feridas escondidas. Se você foi muito ferido, você
pode achar que nada pode penetrar essa barreira e que nada pode desfazer os
danos emocionais que você sofreu. Você pode pensar que os traumas do passado o
perseguirão para sempre, mas eu creio, sinceramente, que existe cura genuína
para as feridas profundas. Existe um meio de lidarmos com nossas emoções
atingidas, nossa auto-estima ferida.
Há medidas que podemos tomar, através da graça de Deus, para recuperar o
controle de nossa vida. Ora, Deus quer que sejamos discípulos, não simplesmente
vítimas. Temos que lidar com o problema de modo justo, temos que estar prontos
a ficar face a face com a ferida escondida.
Por exemplo: João havia se escondido a vida toda, sempre com medo
de tentar alguma
coisa,
sempre com medo de ofender alguém.
Falava num tom que mal se ouvia; algo o estava prendendo, sem dúvida. Ele finalmente obteve ajuda
através
de um ótimo casamento. Cercado em casa
por cristãos que o amavam e o apoiavam, ele conseguiu partilhar algumas
lembranças dolorosas.
Quando João era menino, sua mãe havia sofrido um colapso nervoso. Logo
depois disso ele ouviu os vizinhos murmurando: "Sabe por que ela teve o
colapso? Foi por causa daquele garotinho, seguindo-a o tempo todo, agarrado no
seu avental."
Este é um fardo muito pesado para uma criança carregar. Imagine ouvir as
pessoas dizendo: "Você é a causa do colapso nervoso de sua mãe. Você é a
causa da sua invalidez."
Todos esses anos João vinha sofrendo intimamente por uma acusação
injusta. Ele vinha tentando compensar o tremendo erro que pensava ter cometido,
mas quando João partilhou seu problema com esse grupo, o fardo foi aliviado.
Quando ele contou sua dolorosa história, experimentou alívio e aceitação pela
primeira vez em anos. João teve que encarar aquela ferida escondida. Ele teve
que dizer: "Sim, aconteceu. Sim, foi extremamente injusto, mas vou passar
por cima dessa acusação falsa. Eu vou dizer adeus a ela."
Quando conseguimos enfrentar nossas feridas escondidas, precisamos
também enfrentar algo
mais: nossa responsabilidade. Deixe-me
explicar: Não somos responsáveis por nossos traumas do passado. Não, não somos
culpados por termos sido machucados. Mas somos responsáveis pela nossa reação à
ferida. Podemos assumir o controle de nossa reação.
Deixe-me relatar a experiência de Josefina. Essa jovem profundamente
perturbada insistia com todos os seus médicos afirmando que não era filha de
seu pai. Ela tinha certeza absoluta disso. Bem, as evidências provavam o
contrário, mas nada conseguia convencer Josefina. Aí, um médico cristão começou
a orientá-la. Ele descobriu que anos antes, essa mulher havia sido maltratada
por seu pai e havia se rebelado contra sua rigidez. Gentilmente, esse médico
tentou levá-la a uma reação mais saudável para com seu passado infeliz. Foi uma
luta dura.
Josefina teve muita dificuldade para aceitar um homem violento como o
pai, mas após muita oração e orientação ela passou a perceber que sua negativa
somente piorava as feridas. Ela descobriu um novo companheirismo com Deus e
conseguiu finalmente reconciliar-se com seu pai.
Sabe, temos que decidir se queremos realmente nos recuperar de nossas
feridas. Queremos assumir o comando de nossa reação ao passado? Temos que
responder à pergunta que Jesus fez ao paralítico, deitado junto ao tanque de
Betesda: "Você quer ser
curado?" Jesus não perguntou:
"Você quer ficar aqui deitado falando sobre o seu problema?" ou
"Você quer se queixar do modo injusto como a vida lhe tem tratado?"
Não, o Salvador simplesmente perguntou: "Você quer ser curado?"
Bem, chegamos agora a um passo muito importante, quando aceitamos a
responsabilidade por nossa reação à ferida. Temos que aprender a perdoar
àqueles que nos feriram e isso não é fácil. Humanamente falando, é impossível.
Toda a nossa vida vimos tentando cobrar uma dívida. Alguém nos deve pela
terrível mágoa que sofremos. No subconsciente esperamos que a pessoa pague.
Um cristão estudioso achou-se reagindo com ira violenta nos momentos
mais inesperados. Ele não conseguia entender. O homem lia as Escrituras, orava,
mesmo assim não conseguia dominar o problema. Finalmente, fez uma visita a um
psicólogo cristão. Ele começou a lembrar-se de incidentes da infância na
escola, nos esportes. Lembrou-se de como tinha sido desastrado, cada recreio
era uma agonia para ele. Os garotos maiores zombavam dele e outros riam do seu
modo esquisito. Agora, anos mais tarde, aquelas cenas estavam vívidas em sua
mente. Conseguia se lembrar do rosto e do nome de cada um dos que o
atormentavam. Sem dúvida, essa era a razão da sua ira. Assim, foi conduzido a
um simples exercício: Ele disse o nome de cada um dos antigos
colegas e os colocou sob o perdão de
Deus. "Eu peço perdão para José, para Sônia", e assim por diante.
Isso foi doloroso, mas, através da oração, aquele homem achou a graça para o
perdão verdadeiro e aos poucos Deus curou aquelas feridas do seu coração.
Jesus ensinou que devemos perdoar uns aos outros assim como Ele nos tem
perdoado. Cristo perdoa inteiramente, sem reservas. O perdão irrestrito abre o
nosso coração para a cura, entende? Assim, podemos levar nossos sentimentos a
Deus. Nossos sentimentos de zanga, humilhação, vergonha, sentimentos que não
nos atrevemos a confessar antes. Podemos levar esses sentimentos a Deus, porque
Ele é o que cura as feridas. Foi Ele quem chorou com o coração e a alma no chão
frio do Getsêmani. Ele é o que foi ferido pelas nossas transgressões,
lembra-se? Machucado por nossas iniqüidades, rejeitado por Seu próprio povo.
Foi Ele quem teve que suportar zombarias quando pendurado sozinho na cruz.
Qualquer imagem escura que manche sua memória, Ele entenderá. Ele já viu imagens
mais escuras. Qualquer trauma doloroso que continue a persegui-lo, Ele
suportará.
Ele nasceu para sofrer. Compartilhe aquela ferida secreta com o Pai
celeste, o curador das feridas, que simpatiza com a sua fraqueza. Quando você
compartilhar sua dor, Ele partilhará sua graça curativa e você poderá aceitar a
lembrança dEle, o 58 VOCÊ É
retrato de quem você é realmente.
Sabe, Deus tem muito a dizer sobre quem nós somos realmente. Ouça a
exclamação do apóstolo João: "Vede que grande amor nos tem concedido o Pai
ao ponto de sermos chamados filhos de Deus." I João 3:1. De fato, somos
filhos de Deus.
Pode você agradecer a Deus por Ele aceitá-lo como Seu filho? Isso tem de
tornar-se real. Diga, expresse gratidão a Deus, por Ele ter aceito você como
Seu filho. Não importa o quanto você tenha sido machucado no passado. Agora,
hoje, seu Pai celeste lhe dá uma nova identidade. Pense naqueles indivíduos
feridos da Bíblia que receberam uma nova identidade do seu Senhor.
Jacó era um trapaceiro; um homem que roubou a herança de seu próprio
irmão, mas Deus deu a ele uma nova identidade. Jacó tornou-se Israel, o pai de
muitas nações. Depois Davi carregou dentro de si a ferida de um terrível pecado
contra Bate-Seba e Urias, o marido dela. Mas pelo arrependimento, ele encontrou
nova identidade, como um homem segundo o coração de Deus.
O ladrão na cruz trazia muitas feridas. A vida toda desperdiçada no
crime; um coração cheio de arrependimento, mas uma palavra do Salvador fez dele
uma nova pessoa e o libertou do horrível passado que tinha. Agora, estava
pronto para o paraíso. O apóstolo Paulo sentiu-se uma vez perseguido pelos
rostos daqueles que ele havia tão
zelosamente perseguido. Ele lutou contra
o próprio Cristo, mas um dia na estrada de Damasco Jesus deu ao perseguidor uma
nova identidade: Paulo, o apóstolo aos gentios. Esse mesmo Paulo nos diz que
como cristãos "nos fez agradáveis a si no amado." Efésios 1:6.
Você se lembra de outra ocasião em que a palavra "amado" foi
usada nas Escrituras? No batismo de Cristo, o Pai disse: "Este é o meu
filho amado em quem me comprazo." O Pai se comprazia em seu filho amado.
Mas veja, é exatamente desta forma que também somos queridos. Somos aceitos no
Amado.
Em Cristo, apesar das nossas feias feridas, mesmo quando revelamos
aquelas emoções escuras e secretas, nós somos aceitos no Amado. Quando nos
sintonizamos nesta verdade e a pedimos para nós, adquirimos uma imagem própria
orientada por Deus, e a verdadeira cura interior pode começar. Podemos ter sido
programados para nos diminuirmos. Vozes antigas podem estar nos dizendo que não
temos valor, não somos dignos, mas Deus pode reformar esses padrões doentios.
Leia as boas-novas em Romanos 12:2: "E não vos conformeis com este mundo,
mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento."
Quando você for surpreendido voltando-se para aquele velho padrão,
tratando da velha ferida, aceitando aquele velho sentimento de inutilidade,
pare. Cobre a promessa de Deus de renovar sua mente.
Ligue-se aos novos fatos. Você é escolhido como filho do Pai Celeste. Você é
aceito no Amado.
Alguns anos atrás, uma moça holandesa chamada Corrie Ten Boom decidiu
visitar sua antiga cidade natal: a pacata cidadezinha de Haarlem. Corrie tinha
estado fora só alguns anos, mas esses anos passados num campo de concentração
nazista haviam parecido uma eternidade para ela.
Certa noite, bem tarde, ela chegou à sua antiga rua, caminhou em frente
das velhas casas conhecidas e na escuridão espiou por uma janela da loja do
relojoeiro, onde seu pai havia trabalhado. Ela correu suas mãos pela porta e
ficou ouvindo no escuro. Corrie lembrou-se das vozes de sua irmã, do pai e das
vozes de muitos amigos. Todos já mortos, vítimas do holocausto nazista. As
paredes para as quais ela olhava não eram mais um lar.
Corrie foi dominada pelas horríveis lembranças do campo de concentração.
Ela tinha visto o pior que os homens podem fazer uns com os outros. Ela sabia
que muitos jamais se recuperariam das feridas deixadas por aquela experiência.
Assim, ali sozinha na noite, Corrie pensou no que o futuro lhe estaria
reservando. Quando, de repente, o carrilhão de uma igreja começou a tocar uma
conhecida música, Corrie caminhou até a rua
e parou para
olhar a silhueta da catedral que se
projetava contra o céu escuro e emoldurado por incontáveis estrelas
cintilantes.
Ela se lembrou das palavras de Jesus encontradas em Mateus 28:20:
"Eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos
séculos." Corrie ficou ali parada por muito tempo até que o carrilhão tocou
de novo; e desta vez o hino "Castelo Forte é nosso Deus" soou pela
noite. Sim, concluiu Corrie: "Eu tenho um lar nos braços eternos do meu
Pai celeste. Eu tenho segurança."
Ali na rua ela agradeceu a Deus por lembrar-lhe a Sua graça. Corrie
jamais seria presa por velhas feridas. Agora ela estava livre.
Amigo, todos nós podemos nos livrar do passado. Todos nós podemos
renovar nossa mente quando virmos realmente que somos aceitos no Amado. E
lembre-se: o Filho Amado também é o curador das feridas e Ele sempre será.
Após a ressurreição de Cristo, Ele apareceu aos Seus discípulos no
cenáculo. Jesus possuía um novo corpo glorificado. Ele já havia aparecido no
Céu perante o Pai. Todavia, este Senhor ressurreto mostrou aos discípulos as
mãos com profundas feridas e um enorme ferimento no lado. Um Salvador
glorificado, ressurreto, ainda trazendo feridas. Por quê? Porque o que
aconteceu no Calvário jamais será esquecido.
Eu creio que
Cristo levará para
sempre as
feridas do trauma da cruz. A lembrança
daquele sofrimento ficará com Ele toda a eternidade. Mas amigo, as feridas não
são feias. No Céu não vira- remos o rosto para elas. Elas falam do grande
sacrifício de Cristo por nós. Elas simbolizam eloqüentemente o mais belo ato de
amor do universo; o ato mais bonito que o universo já conheceu. Nós também não
podemos apagar nossas feridas nem fingir que elas não aconteceram. Mas o amor
de Deus pode transformá-las. Sua graça pode fazer uma nova identidade de nossas
velhas feridas.
O passado pode ter sido escuro, mas podemos ouvir Sua canção soando na
noite. Sua segurança virá e podemos saber disso hoje, agora mesmo. Nós temos um
lar naqueles braços eternos.
41
O OUTRO LADO DA AFLIÇÃO
George Vandeman
Quando o doutor chegou, encontrou Irma num terrível estado de desespero,
estava tremendamente agitada e ninguém conseguia acalmá-la. Ela correu para seu
quarto, surda aos apelos da família, jogou-se em cima da cama e começou a
xingar em voz alta. O doutor conseguiu dizer-lhe que tinha vindo para ajudá-la,
mas Irma ficou em pé e gritou:
– Eu não preciso de médico, não estou doente. Tragam de volta a minha
filha, a minha garotinha!
Irma acabara de entrar para o mundo escuro e desordenado da aflição e
dentro desse mundo as pessoas se questionam constantemente se existe uma saída.
Ninguém quer ser um bom perdedor, especialmente quando a perda é um ente
querido. Entretanto, perdas acontecem. Trágicos acidentes levam suas vítimas; o
câncer e doenças cardíacas atacam inesperadamente.
No mundo agitado de hoje, repleto de isolamento e de famílias
fragmentadas, é difícil encontrar apoio. Existem poucos ombros onde chorar. A
perda de um ente querido geralmente provoca dezenas de emoções insuportáveis. A
princípio, o choque adormece todos os sentimentos. Então a dor começa a atacar.
Às vezes desabafamos com raiva, sem saber por quê. Os amigos acham difícil de
se aproximar. O humor muda com extrema rapidez, deixando alguns pranteadores no
isolamento. Um homem confessou:
– Existe uma espécie de cobertor invisível entre mim e o mundo.
A permanência solitária e confusa muitas vezes traz a depressão. Cuidar
das tarefas mais simples torna-se um fardo cansativo. Alguns se sentem
aprisionados por temores generalizados e uma vaga sensação de culpa, e então
perguntam: "Por que sobrevivi?" E imaginam: "Sou eu, de alguma
forma, responsável por esta terrível perda?"
Freqüentemente aqueles que passam por uma aflição pensam que Deus os
abandonou. Eles saem em busca de conforto e só encontram portas aparentemente
fechadas diante de si. Às vezes perguntam: "por que Deus parece tão
ausente num momento de dificuldade?"
Parece, às vezes, que a coisa mais difícil de suportar é o
"conforto" daqueles que chegam com boas intenções. Num funeral alguém
pode dizer:
– Sabe, a morte é só uma porta. A morte, na verdade, não existe para o
cristão.
Mas como ela existe naquele momento! Ela importa para você que acabou de
perder a coisa mais querida em sua vida.
Outros talvez tentem confortá-lo dizendo:
– Seu filho está dormindo com Deus.
Mas você não quer seu filho com Deus, você o quer desesperadamente de
volta.
Amigos chegam e o elogiam por suportar tão bem a perda. Eles dizem que
tal coragem e fé são admiráveis. No entanto, seu exterior sólido, é apenas uma
máscara. Você está dormente ou revoltado demais para chorar e quer gritar:
– Não! Eu não estou suportando bem essa dor!
Então os amigos chegam com os conselhos:
– Procure esquecer e você irá superar.
E o seu maior temor é vir a esquecer! Você está tentando lembrar de tudo
o que puder. Porque no turbilhão emocional da dor, até as lembranças familiares
confundem-se na cabeça.
Outros dizem para você se manter ocupado, não parar para pensar. Isso só
piora as coisas, pois você já está se esforçando para realizar as tarefas mais
simples. Mais trabalho só aumentará a sua desorientação.
Verdadeiros confortadores são raros. Às vezes, simplesmente preferimos
chorar sozinhos. A infelicidade pode gostar de companhia, mas certamente não
atrai nenhuma.
Eu também tenho tido aflições em minha vida. Já conheci a tristeza da
tragédia, mas graças a Deus, não tive que prantear sozinho. Em primeiro lugar,
porque conheço Alguém que chora comigo. O profeta Isaías O descreve como
"... homem de dores e que sabe o que é padecer" (Isaías 53:3). Este é
o Cristo, Aquele que bradou na cruz: "... Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste?" (Mateus 27:46).
Esse grito desesperado engloba todos os nossos gritos e aflições; de
Adão e Eva chorando pela morte de Abel, até a mãe libanesa de hoje chorando por
sua criança morta por uma bomba terrorista.
Jesus entende o desespero da dor. E creio que Ele também nos deu
recursos para que suportemos a aflição e nos recuperemos do desespero. Certos
passos que podemos tomar impedem que a dor se transforme em amargura. Podemos
crescer através de nossa tristeza. Podemos alcançar o outro lado.
Todos nós temos capacidades diferentes para lidar com a perda, da mesma
forma como alguns suportam dores físicas melhor que outros. A aflição nunca é
exatamente igual para duas pessoas. Ela depende do tipo de relacionamento que
tivemos com o ente querido que se foi.
Todos precisamos entender, porém, que a aflição é um processo saudável,
normal. Não é uma doença nem uma neurose. Prantear é um modo de colocar nossa
vida novamente em sintonia.
O primeiro passo para o pranto sem desespero é expressar nossos
sentimentos. O choque poderá nos manter em silêncio nos primeiros dias após uma
perda traumática, mas a dormência passa e as emoções começam a chegar.
Precisamos de uma saída; encontrar alguém que ouça sem julgar, que entenda sem
tentar dar uma porção de conselhos.
Nos tempos bíblicos, as pessoas podiam expressar sua dor de modo muito
dramático. Elas rasgavam suas roupas, punham cinzas sobre sua cabeça e
vestiam-se de sacos. Seu pranto e choro eram aceitos como uma reação normal de
tristeza. Hoje tendemos a enfatizar um pranto quieto e controlado. Mas
precisamos de um meio para expressar a dor da perda.
Quando o sr. Kay recebeu um telegrama da marinha informando que seu
filho havia desaparecido em combate, aceitou a notícia firmemente. Embora o sr.
Kay idolatrasse seu filho, não se descontrolou nem demonstrou qualquer emoção
visível. Os amigos comentaram sobre o modo forte como ele suportou a tragédia.
No entanto, o sr. Kay, que tinha uma empresa muito bem sucedida, começou a
fazer investimentos imprudentes e descuidados. Começou a se enterrar em livros
sobre guerra e tornou-se obcecado em descobrir tudo que pudesse sobre guerra.
Ele insistia em que os membros da família ficassem por perto, mas ele jamais
partilhava seus sentimentos com eles. O sr. Kay tornou-se cada vez mais
irritado e amargurado.
Finalmente, as emoções acumuladas lhe causaram uma grave doença. O sr.
Kay não havia conseguido lidar diretamente com a sua aflição, de modo que ela
se manifestou em outro problema. Ele precisava desesperadamente partilhar essa
dor que estava dando nós dentro dele.
Em seu sermão da montanha, Jesus apresentou esta bem-aventurança:
"Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados" (Mateus
5:4).
Chorar traz conforto. Aqueles que se recusam a encarar sua perda e
compartilhar sua dor com outros, não podem ser adequadamente confortados.
Agora, neste primeiro passo do desabafo, não podemos esperar louvar a
Deus pela tragédia. Às vezes, pessoas bem intencionadas dizem aos amigos
aflitos:
– Bem, afinal, foi a vontade de Deus. É tudo para o melhor.
A morte e a separação, porém, não parecem ser para o melhor. No doloroso
choque que se segue a uma perda repentina, só vemos escuridão. Não podemos
divisar nenhuma estrela no céu escuro. Sentimos que Deus não está lá, que Ele
nos abandonou. Sabe, tal sentimento é legítimo. Lembre-se do brado do coração
em pranto de Jesus na cruz: "Por que me desamparaste?"
A morte e a tragédia atacam precisamente porque vivemos num mundo
afastado de Deus. O mal governa soberano por aqui. A morte não se parece com a
vontade de Deus. A morte é um mal.
Agora, Deus promete transformar o mal em bem. Ele não nos abandonou, bem
como não abandonou Seu Filho em sofrimento. Deus pode converter a amargura em
bênção.
A princípio não conseguimos ver isso. Na verdade, quase nunca
enxergamos. O mundo está coberto com a tristeza de nossa aflição. No princípio,
não podemos ver. É normal chorarmos o mal da morte. É normal compartilharmos
nossa aflição pelo mal da separação.
Após extravasar nossos sentimentos, começamos um período de adaptação.
Isto pode levar muitos meses. Temos que nos adaptar a um lar onde o ente
querido está faltando. Tantas coisa nos fazem lembrar da pessoa que deveria
estar ali. Andamos por um caminho conhecido e não sentimos a mão que costumava
segurar a nossa. No final da tarde, inconscientemente ainda ouvimos os seus
passos junto à porta. Acordamos na noite, estendemos a mão e encontramos um
travesseiro vazio.
Adaptação significa que temos que cuidar dos detalhes da vida de outro
jeito. Durante os períodos de "stress", é melhor simplificarmos nosso
estilo de vida. A ajuda de amigos e vizinhos pode ser vital durante este
período.
Margô estava ser preparando para ir para casa e estar com sua mãe.
Vários membros da sua família haviam morrido num desastre de carro. A terrível
notícia chegou quando Margô, seu marido e os filhos preparavam-se para mudar
para um outro estado. A casa estava um caos. Margô ia ter que se preparar para
o funeral. Era uma tarefa difícil achar as roupas certas para todos no meio das
caixas e malas. Enquanto ela andava de um lado para o outro na casa, a
campainha tocou. Era um vizinho:
– Eu vim engraxar os seus sapatos – disse ele.
Margô não entendeu. Então o vizinho explicou:
– Quando meu pai morreu, levei horas para engraxar os sapatos das
crianças para o funeral. Por isso vim ajudar.
O vizinho ajeitou-se no chão da cozinha, lavou, engraxou e lustrou todos
os sapatos da casa. Observando-o concentrar-se quietinho em sua tarefa, Margô
foi levada a concatenar suas idéias e iniciar os preparativos.
Mais tarde, quando Margô voltava com as roupas lavadas, o vizinho tinha
ido embora, mas enfileirados junto à parede estavam todos os sapatos,
brilhando, impecáveis.
Sim, atos de bondade podem fazer grande diferença quando passamos pelo
difícil período de adaptação na perda de um parente. Quando amigos ligam e
perguntam:
– Há alguma coisa em que eu possa ajudar?
É difícil para a pessoa responder. Muito melhor são as ofertas para
tarefas específicas:
– Deixe-me cuidar das crianças esta noite.
Ou:
– Posso ir ao mercado para você esta semana?
Após adaptarmo-nos a uma perda e termos começado a realizar de novo as
tarefas básicas, podemos iniciar o processo de renovação. Podemos participar
mais ativamente da nossa cura ao direcionarmos nossas emoções e energias para
novos canais.
Você pode começar fazendo uma lista de seus dons pessoais. Que dons ou
habilidades você tem que podem ser desenvolvidos? Escreva alguns alvos de curto
prazo para si mesmo. Como você pode colocar isto em prática?
Arlene sempre foi muito dependente do marido. Quando ele morreu, ela
temeu nem sequer conseguir sobreviver. Em conversa com outros, Arlene passou a
acreditar que era uma pessoa de recursos. Decidiu aprender a dirigir um
automóvel e começou a procurar emprego fora de casa. Dentro de seis meses,
Arlene já tinha uma carteira de motorista e um emprego. Agora, ela podia
começar a lidar com suas emoções e energias.
Isto é importante porque uma perda trágica sempre atinge nossa
auto-estima e resulta numa sensação de letargia e inutilidade. Entretanto,
avaliar nossos dons pessoais e traçar alvos de curto prazo, nos ajudarão a
superar esses problemas.
A certa altura você pode precisar fazer alguma coisa boa para si mesmo,
para voltar ao trilho, especialmente se a depressão começar a aumentar. Uma
nova roupa, um novo penteado, sair com um amigo, levar as crianças à praia.
Essas coisas podem nos impelir para fora da auto-piedade. Tudo isso também
ajuda a manter a própria identidade.
Alguns meses após perder o marido, Helen Raley decidiu fazer uma viagem
à pequena cidade do Texas, onde ela cresceu. Helen passou de carro pela
conhecida praça da cidade, pelo ginásio, pela tecelagem e pelos trilhos da
ferrovia foi até a fazenda. Ela encontrou uma velha amiga e conversaram sobre
os lugares que costumavam brincar quando crianças. Helen subiu a colina onde
seus pais foram enterrados e de lá olhou para o conhecido vale verdejante, o
rio brilhante e as árvores familiares. Quantas recordações... Lembrou-se de
todo o amor, dignidade e trabalho duro que fizeram parte de sua família.
Helen passou a entender melhor quem ela
era, e foi capaz de ir adiante e construir uma vida produtiva. Percebeu que
Deus ainda tinha planos para ela.
Quando recuperamos o senso do nosso valor aos olhos de Deus, podemos nos
relacionar melhor com o valor da pessoa que perdemos. Ela foi embora, mas suas
boas obras, suas boas qualidades, viverão para sempre. Podemos ser gratos por
isso, não podemos? Podemos começar a agradecer a Deus por isso.
A esta altura, podemos começar a dizer com o salmista: "Por que
estás abatida, ó minha alma? Espera em Deus porque ainda o louvarei, a ele, meu
auxílio e Deus meu" (Salmos 42:5).
Sobre sua aflição pela perda da esposa, C.S. Lewis escreveu este lindo
trecho: "Agradecer é o modo de amar que sempre tem algum elemento de
alegria em si. Agradeça na devida ordem: a Deus como o doador, a ela como o
presente. Será que o agradecimento por si só não nos traz alegria, mesmo na
ausência dela?"
Sim, o agradecimento mantém o ente amado em perspectiva. Assim, deixamos
as lembranças mórbidas em troca das memórias agradáveis.
As boas qualidades de um ente perdido podem ser uma força motivadora em
nossa vida, se a usarmos corretamente. Alguns idolatram o falecido e tentam
viver de acordo com os desejos imaginários do ente querido. Eles, de fato,
substituem a vida do falecido por sua própria.
Isto, no final, é prejudicial. Torna-se uma armadilha. Lembre-se que
Deus tem um plano para você, individualmente. Sua vontade é o única guia válido
para a nossa vida. O que os entes queridos podem fazer, é servir como exemplos
que inspirem.
Frank Deford ficou arrasado com a morte de sua filha. O nome dela era
Alexandra. A fibrose cística havia tirado sua vida aos oito anos de idade.
Alguns meses após o funeral, surgiu a questão da adoção. Talvez os Defords
pudessem adotar outra garota. Chris, o filho deles, achou uma ótima idéia,
porém Frank, o pai, estava relutante. Havendo muitas crianças necessitadas, um
lar seria certamente uma boa coisa, mas
Frank não conseguia aceitar trazer para casa uma estranha para tomar o lugar de
Alexandra. Parecia uma grande injustiça. Ninguém poderia substituí-la em seu
lar.
Numa noite, a esposa de Frank comentou:
– Sabe, se quiséssemos adotar um bebê, provavelmente não conseguiríamos
um na América. Ele teria que vir de um país bem distante.
Sim, Frank entendeu isso. Sua esposa continuou:
– Você se lembra da oração de Alexandra, a parte que ela mesma criou e
dizia todas as noites?
Sim, Frank lembrava-se. Sua filha sempre orava assim:
– Deus, cuide por favor da nossa pátria, e traga algumas pessoas pobres
para cá.
Lágrimas vieram aos olhos de Frank. Agora ele entendia. Adotar outra
menina não substituiria Alexandra. Simplesmente responderia a oração dela.
Em poucos meses os Defords recebiam em seu lar uma preciosa menina órfã
das Filipinas.
Agora eles podia reconstruir a vida. O idealismo de uma criança os havia
levado a agir. Frank depois escreveu: "Tivemos que começar de novo e
seguir daquele ponto. Muito obrigado, Alexandra, porque temos muito que
trabalhar desde que você surgiu em nossa vida."
O que temos recebido dos entes queridos que se foram nos dá "mais
com que trabalhar". É trágico se nos deixamos aprisionar numa devoção
mórbida aos falecidos. Isso seria uma traição da vida que eles compartilharam
conosco. Podemos construir bem melhor uma vida frutífera, inspirados em seus
ideais.
Muitas pessoas perguntam quanto tempo leva para se recuperar da aflição.
Quando podemos finalmente enxugar nossas lágrima? Bem, psicólogos nos dizem que
o período de pranto varia muito de pessoa para pessoa. Podemos ficar atentos
porém, a um sinal de alerta, ou seja, a fase de aflição dura em geral mais de
sete meses.
Muitos daqueles que pranteiam passam por períodos de choque, revolta,
confusão e depressão. Atravessamos a nossa aflição de um estágio para o outro.
No entanto se, por exemplo, alguém ainda estiver em choque quatro meses após a
tragédia, alguma coisa está muito errada. Se a depressão prosseguir por mais de
um ano, precisamos fazer um tratamento.
Nada é de fato fácil no processo da aflição. Começamos e paramos;
experimentamos paz e depois uma repentina crise de amargura, mas aos poucos,
iremos progredindo. A fase das fortes lembranças começa a ceder; a face
anuviada da natureza se ilumina e começamos a ouvir os pássaros de novo e a
ouvir novamente o convite de Cristo: "Vinde a Mim, todos os que estão
cansados e oprimidos" (Mateus
11:28).
Aos poucos descobrimos que Ele de fato é o "Deus do conforto"
(II Cor. 1:3,4). Eu Quero assegurar a você que o conforto de Deus não é vulgar,
eu sei.
Eu não perdi minha esposa, mas perdemos um bebezinho. Em toda nossa
família, aconteceram duas mortes trágicas e repentinas. Ao partilhar o conforto
de Deus, eu vi a Sua cura. Nós tivemos grande necessidade da cura de Deus
pessoalmente. Eu sei o que é perder alguém que significa tudo para nós. Você
investe suas esperanças e seus sonhos, sua própria vida em outra vida preciosa.
Você vê a pessoa desabrochar e crescer. Então, de repente, sem explicação, ela
se vai. Você estende a mão para tocar o ente querido mas não tem nada ali. Você
pede, você implora, mas não há reposta.
Foi apenas naquela terrível escuridão, naquele vazio doloroso que eu
conheci de fato o conforto de Deus, porque somente ali alguém pode achar a
"comunhão dos sofrimentos de Cristo." Sim, a Bíblia nos diz que
podemos ter comunhão íntima com Cristo em seus sofrimentos. Nossos momentos de
aflição podem nos ajudar a entender a profundidade do amor de Cristo. Eles
constroem em nós uma compaixão mais profunda e uma compreensão das necessidades
dos outros.
Existe dor na aflição? Sim. Escuridão, momentos de desespero? Sim. É
tudo sem sentido e um desperdício? Não. Não com o Deus de todo o conforto. Do
sofrimento Ele tira um novo propósito; em nosso momento de tristeza Ele chega
bem próximo. Este Deus pode nos mostrar o outro lado da aflição.
Desejo que cada um de vocês venha conhecer este Deus de todo conforto, o
"Homem familiarizado com o sofrimento". Você não quer partilhar seu
sofrimento com Ele agora?
ORAÇÃO
Meu Pai, por compreender minha profunda
dor, muito obrigado. Obrigado por me ajudar a atravessar meus períodos de
aflição. Dá-me paciência para esperar o desdobramento do Seu propósito.
Obrigado pelo Seu conforto agora e pela maravilhosa esperança que me dás para o
futuro. No nome do salvador de Jesus, amém.
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conhecimento da Bíblia,
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42
VOCÊ É INSUBSTITUÍVEL
George Vandeman
Claude Monet, o gênio da pintura, nos
ensinou a ver o mundo sob uma luz totalmente diferente. O jogo de luz e cor de
suas telas abalou o mundo da arte de sua época. Suas exposições provocavam uma
confusa mistura de choque, ofensa e admiração. Com o tempo, o mundo passaria a
considerá-lo um pintor singularmente inspirado. Mas os olhos talentosos de
Claude Monet não conseguiram ver uma coisa fundamental: uma garota chamada
Camille. Ela provou ser a única parta insubstituível da sua inspiração.
No século XIX, em Paris, a Academia de
Belas Artes era todo-poderosa. Para os artistas, a estrada do sucesso era
através dos professores da Academia, que ensinavam pintura no estilo aprovado:
correto, acabado e sem vida. Os alunos talentosos poderiam, um dia, exibir suas
obras no salão da Academia. Somente lá, um pintor conseguia a atenção dos
críticos e, eventualmente, a admissão na Academia.
Claude Monet, entretanto, não aceitava
seguir essa estrada. Monet tinha que pintar o que seus olhos viam diretamente
da Natureza. Ele queria captar a vida das coisas, a interação da luz e da cor e
as formas em uma impressão momentânea.
Um dos motivos preferidos dele era
Camille, uma linda e graciosa modelo. Sua admiração por ela transformou-se em
amor e, então, eles se casaram.
Monet havia se tornado um líder do
movimento da nova arte chamada Impressionismo. No entanto, ele não conseguia
vender sua obra. Quando exibia pinturas nas galerias as pessoas apenas riam. Os
críticos eram sarcásticos e comentavam: "Até papel de parede é mais bem
acabado que isso."
Monet e Camille passaram por muita
privação, mas ela nunca se queixou. Camille acreditava no sonho do seu marido.
Através de preocupações, decepções e sofrimentos, Monet continuou a produzir
suas telas vivas e brilhantes.
Camille havia se tornado o centro de sua
arte. Ela aparece em muitas das suas pinturas nos campos, alta e imponente, nos
jardins, na praia e com seu filho Jean.
Mas o fato de suportar tanta privação
teve seu preço. A saúde de Camille sofreu com isso. Monet ficou desesperado.
Ela precisava melhorar. Mas como? Ele não se dispunha a parar de pintar e
procurar outro trabalho. Monet sentia-se tremendamente culpado, mas sua
obsessão o fez prosseguir.
Após o nascimento de seu segundo filho,
a doença veio mais forte na vida de Camille. Agora eles sabiam que ela
contraíra tuberculose. Monet continuou febrilmente a pintar, esperando, apesar
de tudo, o reconhecimento. Sem dúvida, alguém reconheceria sua obra, em breve
seus quadros seriam vendidos e eles poderiam se instalar em um bairro mais
confortável e tudo ficaria bem.
Mas o reconhecimento não veio a tempo.
Em 1879 a tuberculose ceifou a vida de Camille. Monet ainda estava com o
estúdio cheio de quadros por vender. Camille jamais se queixou. Ela sempre
apoiou o marido e sua obra, mas por isso, morreu.
Além dela, mais alguma coisa se perdeu,
embora Monet a princípio não reconhecesse. Como disse um biógrafo: "Com a
morte de Camille, seus olhos maravilhosos perderam sua mais poderosa força
criativa. Todo o calor, a humanidade e o sentimento profundo de suas pinturas
vinham indiretamente dela."
Alguns anos depois, o reconhecimento
finalmente chegou. O público começou a aceitar o Impressionismo. Os quadros de
Monet começaram a ser vendidos, sua reputação cresceu e finalmente ele estava
vencendo como artista mas... sem Camille.
Monet estava vendendo suas pinturas mais
antigas, mas tinha dificuldades com as novas obras. Ele escreveu: "Tenho
raspado todas as minhas telas recentes. Sinto-me angustiado."
Monet tinha perdido a única parte
insubstituível de sua inspiração. Havia razões para ele ficar amargurado, mas
talvez ele também tivesse razões para reconsiderar. Monet tinha sacrificado sua
esposa pela arte. Aí, descobriu que não poderia existir nenhuma arte
significativa sem ela. Os perspicazes olhos de Monet não tinham percebido que a
própria Camille era sua arte. Se ele tivesse se dedicado a cuidar melhor dela,
teria preservado muito mais a sua própria arte.
Sua admirável busca da excelência na
arte não havia incluído o esforço para ser excelente no lar, a raiz da sua
inspiração.
Muitos de nós temos problemas similares.
Não é fácil equilibrar os desafios de nossa missão. Nem sempre vemos claramente
o que é de fato insubstituível.
Jaime, por exemplo, teve sorte de fazer
tal descoberta antes que fosse tarde demais. Trabalhava como operador de TV e
era freqüentemente chamado para ajudar a gravar eventos especiais. Jaime tinha
orgulho do seu trabalho e entendia muito bem das minúcias do funcionamento do
videoteipe.
Uma ocasião, o Sindicato de Jaime e a
Companhia em que ele trabalhava não chegaram a um acordo sobre salários. O
Sindicato convocou uma greve e Jaime, juntamente com o resto dos funcionários,
faltou ao trabalho. A greve se prolongou e a Companhia não pareceu tão disposta
a ceder. Aí, Jaime soube que havia sido substituído. Isso foi um grande choque,
alguém havia preenchido sua vaga e, o que era pior, a Companhia continuou
produzindo programas exatamente como antes.
Jaime havia se tornado dispensável.
Completamente desanimado ele vagava sem rumo por toda a casa. Durante esse
período de depressão, a família de Jaime ficou ao seu lado. Ela o confortou e o
encorajou. Foi aí que ele começou a se ver sob um novo prisma. Ele olhou de
novo para aqueles que dependiam dele no dia-a-dia, sua esposa e filhos, e
concluiu que havia uma função na vida que só ele poderia preencher. Havia um
lugar onde ele sempre seria insubstituível.
Na família, se Jaime, como marido e pai,
entrasse em greve, jamais seria encontrado outro substituto. ninguém mais
conseguiria ter o mesmo relacionamento que ele desfrutava com a sua esposa e
com os filhos. Bem, Jaime eventualmente voltou a trabalhar e continuou sua
carreira produtiva na televisão, mas nunca mais colocou sua segurança em seu
cargo. Ele descobriu onde era verdadeiramente insubstituível.
Você já fez essa descoberta? Tem se
dedicado ao desempenho de sua função insubstituível? A luta pela promoção tem
mais prioridade do que o cuidado da sua esposa ou do seu esposo?
Eu sei que todos nós falamos que nossa
família é muito mais importante. Isso é fácil de dizer. Mas pergunte isto a si
mesmo: Quando uma decisão tem de ser tomada entre uma exigência do trabalho e
uma exigência do lar, com que freqüência você escolhe o lar? Provavelmente
poucas vezes. Eu sei disso, acredite em mim.
Nós, os pastores, somos com freqüência
os piores nisso. Tão ocupados tentando salvar o mundo lá fora que nos
esquecemos daqueles que estão mais próximos de nós.
O Deus da Bíblia, entretanto, tem uma
visão diferente do assunto. Ele valoriza mais o que freqüentemente desprezamos.
Deus demonstra isso de um modo muito lindo num pequeno livro chamado Rute. No
início dessa história do Antigo Testamento encontramos três viúvas percorrendo
a longa estrada de Moabe para Judá, onde a comida era mais farta. Mas, enquanto
andava pela estrada poeirenta, Noemi começou a pensar: Rute e Orfa, ambas
moabitas, jamais conseguiriam se casar em Judá. Sendo estrangeiras, elas não seriam
inteiramente aceitas. Portanto, seria melhor que as garotas ficassem em Moabe.
Assim, noemi parou e disse-lhes: "Voltem para casa." Mas Rute e Orfa
responderam: "Iremos com você para seu povo." Afinal, elas eram tudo
o que restara para aquela velha senhora. Como iria ela sobreviver sozinha?
Noemi, entretanto, insistiu. Finalmente, Orfa abraçou sua sogra e despediu-se
com lágrimas nos olhos. Mas Rute não conseguiu ir embora. Sua dedicação era
muito forte. Aquela jovem fez uma memorável promessa encontrada no primeiro
capítulo desse pequeno livro: "Aonde quer que fores, irei eu e onde quer
que pousares, ali pousarei eu: o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu
Deus. Onde quer que morreres, morrerei eu." Rute 1:16 e 17. Lindas
palavras. Eu não conheço uma lealdade mais eloqüente.
Rute entendeu sua única função
insubstituível. Ela se comprometeu com o único laço familiar que restava.
Apenas duas pessoas frágeis, agarradas uma à outra na longa estrada para Judá.
Você talvez pense que elas iriam ser insignificantes na vastidão da história
bíblica, mas Deus enfatizou a história delas. Rute desempenha um papel especial
na revelação de Deus.
O livro é, na verdade, o ponto de
exclamação de Deus no final de um outro livro chamado Juízes.
Juízes narra uma história muito triste
das repetidas apostasias de Israel. De tempos em tempos após uma grande
libertação, Israel retornava para Deus, mas logo já estava correndo atrás dos
ídolos de seus vizinhos. Os israelitas não conseguiam decidir-se de uma vez em
favor do Deus verdadeiro. Rute foi a resposta de Deus para todo aquele triste
período. Que contraste essa garota pagã provê para o procedimento erradio de
Israel! Deus não precisou pregar um longo sermão sobre lealdade após os
decepcionantes atos de Israel na era dos Juízes. Ele apenas contou essa linda
história de uma garota e sua sogra. Isso é o que realmente importa, diz Deus.
Reis e guerreiros podem surgir e
desaparecer, nações passam por prosperidade e desastre, mas este tipo de
relacionamento leal é o que importa, afinal. Rute valorizou, acima de tudo, uma
função que ninguém mais poderia realizar. Como resultado, ela se tornou um dos
grandes sinais de Deus na História.
Seu casamento pode ser mais um dos
lindos sinais de Deus. Paulo nos diz que o relacionamento entre marido e mulher
tipifica o relacionamento entre Cristo e Sua Igreja. O mundo deve ver no
carinho, consideração e respeito em nossa vida no lar uma imagem do amor de
Cristo por Seu povo.
Nada em nosso trabalho, nada em nossa
carreira, pode prover essa imagem. Nem todo o "marketing", propaganda
e técnica de venda do mundo podem provê-la. Somente a qualidade do nosso
relacionamento matrimonial pode refletir o que Deus quer dizer. Temos uma
função insubstituível a desempenhar. Deus quer que sobressaiamos em nosso
relacionamento no lar. Isso faz parte de nossa vocação. Não pode ser separada
de nossa missão na vida. Se sacrificarmos nossa família por nossa missão,
descobriremos, como o pintor Monet, que não temos mais nenhuma missão.
Excelência em nosso relacionamento
familiar... Quão poucos de nós a buscam! As pressões do mundo nos levam
constantemente a divorciar nossa vocação para o trabalho da vocação para o lar.
Recentemente, centenas de profissionais
acadêmicos se reuniram para homenagear um homem que havia recebido o Prêmio
Nobel de Ciência. Durante as cerimônias preliminares, sua esposa aguardava nos
bastidores com as esposas de outros homenageados. A esposa do ganhador do
Prêmio Nobel não parecia muito entusiasmada e as outras mulheres lhe
perguntaram a razão.
- Como posso ser feliz com um marido
desses? - disse ela e começou a descrever uma vida no lar bastante patética.
Imediatamente, as outras mulheres
disseram:
- Ora, esta é exatamente a minha
história.
Todas tinham a mesma experiência de
abandono e desprezo. Enquanto os "flashs" espocavam no palco e os
dignitários faziam seus admiráveis discursos, uma história bem diferente era
revelada nos bastidores. As esposas dos dezenove homenageados só podiam
descrever uma infelicidade comum. Destacar-se no trabalho e falhar no lar, é um
"status quo" que a palavra de Deus não tolera.
Nossa missão na vida é um tecido sem
defeitos. Se não pudermos refletir a Cristo em nossa vida no lar, que adianta
tentarmos promovê-Lo em nosso trabalho? Cada um de nós pode ir além no
relacionamento matrimonial.
A colunista Judith Viorst descobriu
estas gemas de excelência no casamento. Elas mostram que atos de amor em forma
de atenção nem sempre são dramáticos. Não existem bandas tocando nem multidões
aplaudindo. São os atos silenciosos, considerados e graciosos que tornam as
famílias grandes. A excelência começa com o compromisso de se dedicar tempo.
Elza e Estêvão estavam discutindo no
café da manhã, bem cedo, num dia de semana. Sua acirrada discussão continuou
enquanto Estêvão escovava os dentes e se vestia para ir ao trabalho. Ele estava
saindo porta afora quando Elza gritou:
- Como é que você pode simplesmente sair
assim? Ainda não resolvemos nada.
Estêvão olhou para a esposa por um
instante. Ele era um executivo ambicioso e supermotivado. Mas parou, foi ao
telefone e cancelou todos os compromissos daquele dia. Elza ficou muito
comovida. Ele dissera com isso, que o relacionamento deles significava mais do
que suas urgentes reuniões de negócios.
Depois de nos comprometermos a investir
tempo em nossa função familiar, podemos começar procurar novos modos de
expressar nosso amor.
Júlia conseguiu fazer uma torta de
chocolate com creme, mas quando ia de carro para a festa, o casal percebeu pelo
cheiro que o creme estava queimado. Júlia começou a temer que sua torta fosse
intragável. Bem, a torta foi para junto dos outros pratos que já estavam na
mesa. Júlia cortou-a e ofereceu um pedaço ao marido. Pela expressão horrível do
seu rosto ela percebeu que a torta estava um desastre. Mas Márcio pegou a torta
e disse ao grupo que, já que havia ali tantas sobremesas e sendo que aquela torta
era a sua preferida (ele estava brincando, é claro!), iria comê-la toda
sozinho. Márcio sentou-se num canto aquela noite, comendo corajosamente a torta
e esmagando os pedaços que não conseguiu engolir. Ninguém jamais soube quão
ruim ela havia ficado.
O que é verdade nos negócios também é
verdade no casamento: nada é melhor do que o sucesso.
A consideração cria mais consideração.
Quando você reserva tempo para produzir um bom relacionamento no lar, descobre
que as oportunidades para ser especial se multiplicam.
José achou uma oportunidade dessas. Em
uma noite muito fria, ele foi ao andar superior da casa e aquece os lençóis
para a esposa, passando-os a ferro.
Fábio foi proibido de ficar com sua
apavorada esposa durante o parto do seu primeiro filho, mas conseguiu entrar na
sala de parto disfarçado de enfermeiro.
Essas pessoas descobriram meios de ir
além na única função que nenhum outro pode preencher. Seus atos de consideração
demonstraram o amor de Cristo. Eles são sinais de Deus em nosso mundo.
A casa de Ângela e Davi incendiou-se por
completo logo após o sexto aniversário de casamento. Logo que lhes foi
permitido examinar os restos queimados, a primeira atitude de Ângela foi
procurar seus preciosos álbuns de fotografias. Quando ela foi dizer a Davi que
as fotografias estavam intactas, encontrou-o de joelhos entre as cinzas,
colocando com cuidado em uma caixa suas cartas dos tempos de namoro. Naquele
momento, Ângela percebeu o quanto eles significavam um para o outro. No meio da
sua maior tragédia, o primeiro pensamento deles não foi para as perdas
materiais mas para o que poderia ter sido a perda dos sonhos do passado.
Ângela e Davi entendiam bem o que era
insubstituível. Eles estavam entre os felizardos que lutam para preservar o que
realmente importa.
Como está indo você em sua função
insubstituível? Quando nosso mundo se transformar em cinzas, não vamos olhar
para trás e dizer: "Eu gostaria de ter passado mais tempo no
escritório." Mas vamos apenas olhar para a qualidade de nossos relacionamentos
pessoais. Nossas maiores alegrias e tristezas estarão concentradas nas pessoas
de nosso círculo familiar, as quais temos atingido para o bem ou para o mal.
Discussões e Soluções
É interessante notar que as brigas de
casais parecem seguir os mesmos velhos padrões. Há, porém, maneiras de acabar
com isso.
Todo casamento, até mesmo aquele que
parece feito no Céu, tem seus pontos de conflito. São diferenças que aparecem,
interesses que colidem, opiniões que divergem. A despeito de nossas baladas
românticas, duas personalidades não se fundem uma na outra automaticamente:
existem muitas manobras envolvendo a união marital, ajustes que levam tempo e
reflexão.
Neste capítulo, eu gostaria de lhe
mostrar como podemos tornar nossas discordâncias no casamento mais produtivas,
como podemos criar algo positivo de nossas diferenças em vez de usá-las um
contra o outro. Em suma, podemos aprender a dialogar e iremos obter ajuda de
uma fonte inesperada: o relacionamento de Jesus com Seus discípulos.
Existe um alvo muito importante que,
como casal, precisamos ter ekm mente quando quisermos solucinar diferenças, e
este é ficarmos concentrados nas soluções. Todas as nossas discussões devem
visar ao encontro de uma solução para o problema. Muitas vezes uma outra coisa
está sendo o centro: a acusação.
As brigas se tornam uma disputa para ver
quem pode achar mais coisas para culpar o outro. As acusações são mortíferas.
Condenam qualquer diálogo ao fracasso. Soluções é o que procuramos.
Existem três coisas vitais que nos
ajudarão a ficar concentrados nas soluções. Você pode concentrar-se na solução
simplesmente ouvindo. Muitas discussões tornam-se insuportáveis porque o marido
e a esposa não ouvem o que o outro está dizendo. E não são apenas palavras que
ficam sem ser ouvidas, as emoções também são ignoradas. As pessoas precisam ter
seus sentimentos ouvidos.
Laura, na sala de estar, tenta, sem
conseguir, ler uma revista. Seu olhar vai, de minuto em minuto, da janela para
o relógio, do relógio para a janela.
Breno entra com a pasta na mão, enquanto
Laura, sem levantar os olhos, demonstra sua irritação.
- Cheguei - dize Breno, tentando ser
amigável, sem obter resposta.
Finalmente irritada, Laura replica:
- São onze e meia.
- Eu sei, fiquei retido no escritório.
Laura explode:
- Mas você poderia ter ligado!
- Tivemos uma emergência, está bem?
- Apenas um simples telefonema.
- Fiquei preso no computador, eu não
podia.
- Sabe, às vezes, acho que você não se
importa.
- Ah, ótimo! Eu não acredito!
- Estou sentada aqui há três horas.
- Laura, eu estava na sala do computador
com o chefe grudado no meu calcanhar.
- Você não tem a menor idéia de como é
esperar, não é?
- Eu não pude ligar. Você não está sendo
justa.
Laura está realmente irritada. Ela ficou
esperando nervosa e ansiosamente durante horas e está tentando colocar tudo
para fora. Mas a reação de Breno é revidar. É como fogo no capim que precisa
ser apagado. Sentindo-se ameaçado, em vez de ouvir, Breno lança-se em sua
própria defesa. Não percebe que Laura só precisa expressar o quanto está
aborrecida. Ela precisa ser ouvida e compreendida pelo marido.
Os fatos relacionados com o motivo do
atraso de Breno não são tão importantes quanto as emoções de Laura.
Acredite ou não, o ouvir é um dos
maiores solucionadores de problemas que conhecemos. Não é apenas um primeiro
passo para qualquer outra coisa. As pessoas precisam ser ouvidas. E o ouvir
atende a essa necessidade, resolve um problema. Breno pode amenizar a irritação
de sua esposa, não através da tentativa de mostrar o quanto ela é irracional,
mas simplesmente deixando-a expressar o que sente. Ela não percebe que as
explicações do marido são uma tentativa de dizer que ele se importa. Ela está
preocupada em culpar, por isso não consegue notar a preocupação dele. Vamos ver
o que aconteceria se Laura e Breno de fato ouvissem.
- Cheguei - diz Breno tentando ser
gentil, não obtendo resposta.
Finalmente, irritada, Laura diz:
- São onze e meia!
- Eu sei, fiquei preso no escritório.
Breno senta-se e olha para ela
- Está chateada por ter esperado esse
tempo todo?
- Mas você poderia ter ligado.
- Tivemos uma emergência, fiquei preso
na sala do computador com o chefe grudado no meu calcanhar. Querida, lamento
ter deixado você preocupada - disse Breno, sentando-se junto dela.
- Eu me senti muito mal tendo que ficar
três horas esperando você. Teria sido um grande alívio ter notícias suas.
- Eu devia ter achado um meio de ligar.
Eu posso entender por que está zangada. Laura, eu me preocupo com os seus
sentimentos, mesmo que eu não demonstre bem isso.
Laura continuou com os olhos bauxos.
Esboçando um sorriso, meneou a cabeça concordando e perguntou:
- Está com fome?
Aí estão duas pessoas, uma ouvindo a
outra. Breno ouve a necessidade que sua esposa tem de apoio emocional e Laura
ouve a preocupação do marido. O mais importante é que Laura expresse seus
sentimentos sem atacar o marido e que Breno tome conhecimento desses
sentimentos sem se colocar na defensiva. Ouvir soluciona problemas, mas leva
tempo. A grande maioria de nossas discordâncias não são tão complicadas, nós só
precisamos conversar e ouvir, gastar tempo, se for necessário. Isso é uma coisa
que admiro em Jesus: o modo como Ele reservava tempo para ouvir.
Um dos fatos mais importantes no
relacionamento de Jesus com Seus discípulos é simplesmente que Ele esteve ao
lado deles continuamente durante três anos. Veja como Marcos descreve o chamado
dos doze: "E nomeou doze para que estivessem com Ele e o smandasse a
pregar." Marcos 3:14.
Esta foi a estratégia do Salvador para
mudar o mundo. Derramar Sua vida em doze homens. Você pode pensar que etá
pressionado pelo tempo, mas, por favor, considere Cristo. Ele teve três anos
para alterar o curso da História, corrigir milhares de anos de conceitos
errados sobre Deus e criar uma Igreja que permanecesse firme até o final dos
tempos.
Ele poderia ter usado cada instante
desse período com uma sofisticada organização e contínuos discursos públicos.
Em vez disso, Seus dias foram usados para o treinamento de doze homens. Andou
com eles pelas estradas da Galiléia. Comeu com eles, estava lá para responder
às suas perguntas e conduzir seus pensamentos para coisas elevadas.
Jesus separou tempo. Em Seu
relacionamento com os discípulos, Ele nos mostra o elemento essencial para nos
concentrarmos na solução do que concerne à vida de casado: dedicar tempo para
ouvir.
Há uma outra grande diferença entre
concentrar-se na solução e concentrar-se na acusação com argumentos. E é
perguntar. Sim, apenas perguntando. Quando temos uma necessidade que não está
sendo atendida por nosso cônjuge, muitas vezes, nós acusamos em vez de
perguntar. O debate se desvia para todos os tipos de queixas em vez de
centralizar-se no que é realmente necessário.
Vamos observar a segunda parte da
discussão de Breno e Laura e tentar descobrir a necessidade que está por trás
das acusações de Laura.
- Não pude ligar. Você não está sendo
justa.
- Está bem - disse Laura - vamos falar
sobre justiça. É justo você supor que eu vá cuidar de tudo toda vez que você
tiver um problema no serviço? Eu preparo as refeições, busco as crianças e as
ajudo no dever da escola. Eu também tenho um emprego, mas parece que ele não
existe para você. É como se eu não existisse.
- O que você quer que eu faça, afinal de
contas?
- E quando você chega em casa vai direto
à TV, pega o jornal e se esquece de sua família.
- Bem, se você quer falar sobre o que
eu...
- Mas quando seus colegas de esporte
chegam, aí sim, há tanta coisa para dizer. De repente, você fica todo falante.
O que deseja Laura? Quer que seu marido
fale com ela. É isso. Que a trate como um ser humano digno. Mas, em vez de
perguntar, ela acusa. E as acusações sempre nos impedem de obter as soluções.
Uma das mais conhecidas promessas que
Jesus fez a Seus discípulos é a encontrada em Lucas 11:9 e é bastante clara:
"Pedi, e dar-ss-vos-á, buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á."
Ora, é claro que nesse versículo Jesus
estava Se referindo primeiramente à oração, mas creio que o mesmo princípio se
aplica muito bem ao casamento.
Vejamos o que aconteceria a Breno e
Laura se, após ouvir, eles perguntassem em vez de se acusarem.
- breno, eu acho que você pensa que eu
devo cuidar de tudo quando você tem um problema no trabalho. Preparo a comida,
busco as crianças e as ajudo no dever escolar. Mas eu também tenho um emprego.
Breno pensa por um momento:
- Talvez tenha razão, mas o que posso
fazer? Não posso deixar meu emprego.
- Bem, o que eu quero dizer é que eu
gostaria que você conversasse mais. Isto é, conversasse mais quando chega em
casa em lugar de apenas ver TV ou ler jornal.
- É que eu chego tão cansado que só
quero relaxar.
- Seria tão bom se, algumas vezes, nós
pudéssemos relaxar juntos, apenas conversando.
- Acho que tenho andado muito distante
ultimamente, com tanta pressão no serviço.
- Eu preciso sentir que faço parte da
sua vida.
Breno responde rapidamente:
- Você faz! Mas acho que precisao
demonstrar melhor isso.
Ela coloca-lhe a mão no ombro.
Perguntar soluciona problemas. Você tem
alguma necessidade que não está sendo satisfeita sem seu casamento? Não acuse,
pergunte. Poderá surpreender-se com a resposta.
Agora estamos prontos para examinar o
elemento final para que possamos nos concentrar na solução dos problemas
matrimoniais. Após termos ouvido e perguntado, em nossas divergências como
casal, nós precisamos fazer uma coisa mais: envolver-nos. Essa é a fase de
negociação de uma discussão. Faz parte do processo do dar e receber que
qualquer relacionamento saudável requer. Infelizmente, o termo
"envolver-se" deixa, muitas vezes, um sabor ruim em nossa boca.
Faz-nos pensar em fraqueza, em ceder, mas na verdade, exige bastante firmeza de
caráter.
Vamos examinar outra vez a discussão de
Breno e Laura e como atingiu um clímax desagradável.
- Você sempre tem tempo para o esporte,
mas nunca tem tempo para conversar comigo.
- Voc6e sempre tem tempo para os
"shoppings".
- Ah, sim, uma vez ou outra eu arranjo
coragem para ir ao "shopping", depois de trabalhar e cuidar de você e
das crianças o dia inteiro.
- O esporte é um jeito de eu relxar
depois de trabalhar a semana toda.
- E tem que ser oito horas todos os
domingos?
- Não são oito horas.
- Qual foi a última vez que você fez
algo com sua família em lugar de ir jogar com os amigos?
- Ouça, eu trabalho durante a semana
toda. Eu tiro apenas um dia para me divertir um pouco. Isso não é pedir demais.
- Não vou ficar sentada em casa sozinha
com as crianças, nem mais um domingo assistindo a filmes antigos na televisão.
- Você não cede um milímetro, não é?
- Como você pode dizer isso? Você é quem
não quer ceder nada! - diz Laura, quase gritando.
Laura e Breno acreditavam que cada um
tinha razão para se irritar com a inabilidade do outro em ver o seu ponto de
vista. Mas é claro, quase nunca estamos cem por cento certos ou errados.
Existem sempre os dois lados, mesmo para aquilo que parece líquido e certo.
Mais uma vez temos que fazer uma escolha
essencial entre culpar a outra pessoa e achar a solução. Tem que ser uma coisa
ou outra. Se quisermos chegar a algum lugar temos que parar de tentar saber
quem está errado e começar a procurar o que é certo para ambos.
Voltemos ao caso de Laura e Breno e
verifiquemos o que eles poderiam fazer com um pouco de envolvimento.
- O esporte é o jeito de eu relaxar
depois de trabalhar a semana inteira.
- E ir ao "shopping" é o jeito
que eu tenho de relaxar. Mas acho que precisamos fazer alguma coisa em relação
aos domingos, como família.
- O que você sugere? Eu detestaria abrir
mão do esporte.
- Bem, eu acho que bola todos os
domingos é um exagero. Acho que precisamos passar algum tempo com as crianças
também no domingo.
- Hummm... que tal domingo sim, domingo
não?...
- Abriria mão do esporte, semana sim,
semana não?
- Bem, quatorze dias não é muito tempo
para ficar sem jogar bola.
- ótimo. Então promente nunca mais
reclamar do jogo.
- Nunca?
- Talvez de vez em quando, só um
pouquinho.
Ambos riem.
Amigo, o envolvimento não nos faz sentir
mal se ouvirmos uns aos outros e fizermos perguntas sem culpar nem acusar.
Podemos negociar com boa disposição. O envolvimento cria soluções, a base é
muito simples.
Às vezes ficamos num beco sem saída
tentando livrar nosso lado, não querendo ser o primeiro a ceder.
Sabe qual é a melhor maneira de fazer
seu cônjuge mudar? É mudando você mesmo. Tome a iniciativa, dê o primeiro
passo. Isso pode fazer toda a diferença. Os discípulos de Cristo ficaram num
beco sem saída. Nenhum deles queria ceder e ser humilde.
Os doze apóstolos haviam se reunido para
celebrar a páscoa com o seu Mestre. Era costume, em tais ocasiões, um criado
lavar os pés empoeirados dos convidados, mas não havia nenhum criado presente e
nenhum dos discípulos queria assumir essa função. Eles estavam discutindo sobre
quem dentre eles deveria ocupar a posição mais elevada no reino de Cristo. A
mente deles estava nos privilégios executivos, não no serviço de criados.
Assim, eles sentaram-se olhando uns para os outros, esperando que alguém cedesse.
Aí, Jesus praticou uma ação
extraordinária, conforme relara o apóstolo João em seu livro maravilhoso:
"Levantou-se da ceia, tirou o manto e tomando uma toalha, cingiu-se com
ela. Depois deitou água na bacia e passou a lavar os pés aos discípulos."
João 13:4 e 5.
O Mestre tornou-Se servo: Ele lavou os
pés dos discípulos. E, por isso, aqueles discípulos nunca mais seriam os
mesmos. Jamais voltariam a discutir a respeito de posições.
Que exemplo digno da nossa apreciação!
Especialmente em nosso casamento. A próxima vez que você tiver medo de se
humilhar, e ser o primeiro a ceder, lembre-se de que Jesus lavou os pés dos
discípulos.
Sabe, Jesus é mais do que um simples
exemplo ao mostrar-nos como ter bom relacionamento. Ele é também nossa maior
fonte: é Ele quem nos dá a segurança tão essencial no casamento. Sabendo que
Ele morreu por nós, como Senhor, temos o maravilhosos senso de segurança.
As pessoas inseguras brigam para vencer.
As pessoas inseguras são compelidas a acusar. Mas aquelas que têm uma fonte
segura de amor, têm condição de ouvir, têm condição de perguntar, têm condição
de se envolver.
Por que não apóia seu casamento na
segurança que apenas Cristo pode dar? Um lar onde Cristo é honrado como
Salvador e Senhor está construído sobre rocha sólida. Firme seus pés sobre essa
Rocha agora mesmo.
43
PARTINDO O PÃO JUNTOS
George Vandeman
Tudo começou como parte de uma simples refeição; uma família reunida
para cear e ter uma boa conversa. Uma refeição que tocou os mais profundos
laços humanos, e foi usada para reunir as pessoas. Mas aí algo aconteceu. A
refeição tornou-se o tema de apaixonados debates. Foram traçados limites e
ameaças foram feitas. Finalmente, sangue foi derramado. Por incrível que
pareça, terríveis guerras já surgiram por causa desta refeição.
O imperador Charles tinha as tropas de prontidão. Seus grandes exércitos
do sagrado Império Romano estavam prontos para atacar a Saxônia, uma província
alemã. Lá, os príncipes leais aos reformadores protestantes esperavam
ansiosamente. Milhares de soldados da Itália também estavam reunidos. Estavam
prontos para invadir as verdes colinas da Alemanha e esmagar o coração da
reforma. Era uma época de perigos. Martinho Lutero, seu amigo Melanchton, e
outros reformadores estavam tentando desesperadamente elaborar um acordo de
paz. Eles queriam evitar a guerra, mas também queriam preservar a verdade da
"justificação pela fé". Melanchton, o negociador, estava disposto a
fazer alguma concessão. A Ceia do Senhor ou sagrada comunhão era uma questão
chave. A igreja medieval tinha lhe transformado num elaborado ritual.
Melanchton e seus colegas não se opunham à essa cerimônia, se pudessem
continuar pregando suas descobertas bíblicas. Era uma posição precária para se
assumir. Mas, ante a ameaça de guerra e destruição total, foi o melhor que
Melanchton pôde fazer.
Outros, entretanto, não queriam saber de celebrar a Ceia do Senhor à
maneira antiga. Entre eles estava um febril entusiasta chamado Flacius. Ele
destacou corretamente que havia uma conexão próxima entre ritual e doutrina. E
ele foi além. Flacius chamou aqueles que cederam na observância da Ceia do
Senhor de tratantes, subservientes, samaritanos e traidores. Ele concentrou
suas piores ofensas sobre Melanchton. Flacius distorceu a posição de
Melanchton, rotulando-o de apóstata e convocou todos os bons cristãos a
evitarem o contágio de suas idéias leprosas.
Bem, o conflito aumentou. As pessoas tomaram partidos. As igrejas se dividiram. Os exércitos se reuniram. E a
Europa se preparou para a guerra. Basicamente porque as pessoas não chegavam a
um acordo sobre o modo certo de partirem juntos o pão.
Na história dos conflitos religiosos, esta é uma das maiores ironias. A
Ceia do Senhor, a comunhão, tornou-se um ponto de separação. Ela estava muito
afastada de suas origens simples. Quando os cristãos da igreja primitiva se
reuniam para "partir o pão",
eles desfrutavam uma refeição normal, chamada de "festa-ágape".
Ágape, a palavra grega para amor, foi o primeiro nome dado ao serviço da
comunhão. Ela refletia a profunda comunhão que eles experimentavam. A
festa-ágape era acompanhada de leitura bíblica, pregação e oração. Culminava
com os atos formais da Ceia do Senhor. Esta passou a ser chamada de
"eucaristia". Ora, eucaristia é uma palavra grega que significa
"ação de graça". Quando os primeiros cristãos tomavam o pão e o vinho
como o corpo e o sangue do Senhor, estavam, acima de tudo, dando graças pelo
sacrifício de Cristo.
O ágape e a eucaristia. Amor e ação de graça. Estas qualidades
distinguiram os primeiros serviços da comunhão. A Ceia do Senhor originalmente
era um simples meio de comunhão e lembrança. Mas aos poucos as coisas mudaram,
e a festa-ágape foi desaparecendo. Uma celebração mais formal da eucaristia foi
entrando. Surgiram idéias supersticiosas sobre o que o pão e o vinho poderiam
fazer. Alguns ensinaram que os sacramentos eram, por si próprios, conferidores
de graças. E os teólogos começaram a analisar as palavras de Jesus: "Meu
corpo, Meu sangue". Finalmente definiram e criaram algumas sutilezas.
Surgiram frases como "presença real": enfatizando a substância e a
transubstanciação. Pelo final da idade média, a comunhão havia se tornado um
ritual extravagante. O pão e o vinho eram venerados como um sacrifício feito a
Deus. Os leigos foram proibidos de beber do cálice, por medo de que parte do
vinho sagrado pudesse derramar. Os reformadores quiseram simplificar os
sacramentos, mas mesmo eles se perderam no meio de tantas controvérsias. E
tragicamente as controvérsias aumentaram a sanguinolência.
John Hus condenou certas práticas supersticiosas da igreja medieval. Ele
cria que os leigos, não os sacerdotes, deveriam beber do cálice da comunhão.
Bem, os comentários de John Hus não foram apreciados e ele foi queimado numa
estaca.
John Wycliffe se opôs à idéia da comunhão como um sacrifício feito a
Deus. Após a morte de Wycliffe, um concílio da igreja o condenou por heresia e
fez seu corpo ser removido do terreno sagrado. Alguns dos últimos reformadores
não foram muito tolerantes.
John Knox, por exemplo, condenou a observância da eucaristia pela igreja
como idolatria. Ele a comparou aos cultos dos vizinhos pagãos de Israel. Em
seus momentos mais apaixonados, Knox afirmou ser "o sangue dos abomináveis
idólatras" para "aplacar a ira de Deus".
Imagine! A Ceia do Senhor teve uma trágica e longa história que alguns
de nós talvez desconheçamos. O mais trágico de tudo é o fato que através de
todo o debate e toda controvérsia sobre estes emblemas, nós temos perdido o
objetivo, temos perdido seu real objetivo. Todas as nossas categorizações e
sutilezas passam por cima da essência do serviço da comunhão.
Nos dias de Paulo, a Ceia do Senhor tinha se tornado uma questão
divisória para a igreja em Corinto: "Porventura o cálice da bênção que
abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é a
comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, embora muitos, somos unicamente um
pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão" (I Cor. 10:16 e
17).
Aqueles que participam da comunhão se tornam parte de Cristo e se tornam
um corpo de crentes. Amigo, não somos chamados para analisar e classificar.
Somos chamados para aceitar com ações de graça o sacrifício de Cristo por nós.
Isso nos coloca no mesmo nível dos outros cristãos. É trágico que através da
história tenhamos perdido o objetivo. Colocamos o pão e o vinho sob um
microscópio. Temos debatido sobre a substância, a essência e a presença,
reduzindo a comunhão a uma química. Não é essa a finalidade da Ceia do Senhor.
Sua finalidade é nos unir com humildade para aceitarmos pela fé o maravilhoso
mistério da salvação que temos através de Cristo.
Infelizmente alguns têm usado o serviço da comunhão para excluir em vez
de unir. A instrução do apóstolo Paulo à igreja em Corinto com relação à Ceia
do Senhor é muitas vezes usada fora do contexto. Note, Paulo alertou:
"Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria
condenação, não discernindo o corpo do Senhor" (I Cor. 11:29).
Alguns interpretam isto como uma definição especial do sacramento da
Ceia. Eles crêem que não podem partilhar a comunhão com ninguém que não vê o
pão e o vinho precisamente do mesmo modo que eles. Novamente, limites são
traçados e certos crentes excluídos. Mas parece evidente pelo capítulo como um
todo que Paulo tinha algo bem diferente em mente.
Os coríntios haviam transformado a festa-ágape em uma ocasião para a
glutonaria. Os crentes estavam na verdade se embebedando na mesa da comunhão.
Era contra esse espírito irreverente e carnal que Paulo estava advertindo. Ele
estava dizendo, de fato:
– Não venham para encher a boca, venham para reconhecer o corpo do
Senhor, venham para reconhecer a Cristo.
Certa ocasião, dois discípulos caminhavam pela estrada para Emaús. O
Mestre havia sido crucificado. Estavam sem esperanças. Aí, um estranho
aproximou-se. Esse homem começou a falar de certas profecias messiânicas do
Velho Testamento. Os dois discípulos estavam fascinados. Convidaram o estranho
para cear com eles. Assim que o Homem deu graças e partiu o pão, a bíblia diz
assim: "Então se lhes abriram os olhos, e o reconheceram..." (Lucas
24:31).
Era Jesus! Seu Senhor! Vivo de novo. Alguns versos adiante Lucas
enfatiza esse fato: "... Como fora por eles reconhecido no partir do
pão" (Lucas 24:35).
Eles reconheceram o Senhor que lhes tinha dado a última Ceia poucos dias
antes. Não é essa a finalidade do serviço da comunhão? Reconhecer Jesus. Ver a
maravilha do Seu sacrifício em nosso favor?
Sabe, a Bíblia não dá nenhuma instrução detalhada sobre a natureza exata
do pão e do vinho da comunhão. Onde os estudiosos e teólogos tem despejado
volumes, as Escrituras pouco mencionam. Mas temos alguma instrução clara quanto
ao serviço. E esta vem do próprio Jesus. Paulo cita Jesus na última Ceia como
tendo dito isto: "... Fazei isto em memória de mim" (I Cor. 11:24).
Em memória de mim. Temos que lembrar de Jesus. Não se pede para nos
concentrarmos nos emblemas da comunhão. Não somos incentivados a debater sobre
a cerimônia. Não nos é requerido sondar a precisa mecânica do sacramento. Só
nos é requerido uma coisa: lembrar de Jesus.
Isso tem sido tão incrivelmente difícil de fazer através dos tempos!
Temos nos equivocado totalmente. Todo o pó e fumaça do conflito religioso têm
obscurecido o Cristo da nossa comunhão. Não tinha que ser desse jeito. De fato,
Cristo, logo no princípio, nos deu um meio de evitar todo conflito que tem
afetado a cristandade através dos séculos. É uma parte da última Ceia. Talvez
um meio que você não tenha ouvido falar. Um meio que muitos de nós desprezamos.
E eu creio que pode nos ajudar a reconquistar a essência da verdadeira
eucaristia. Um jovem chamado Eddie Fischer ajudará a explicar o que quero
dizer.
Na primavera de 1977, ele embarcou em uma longa viagem. Ele havia
decidido viajar de uma pequena vila na Guatemala até o seu lar na Pennsylvania.
Quase 6.500 quilômetros a pé. Era uma caminhada em prol da água. Eddie estava
levantando dinheiro para construir um poço desesperadamente necessário para a
Vila de Rabinal. Ele havia trabalhado lá como participante de uma equipe
voluntária de ajuda. Eddie Fischer estava atraindo a atenção para os
necessitados de Rabinal com sua caminhada.
Durante o caminho, ele falou a muitas igrejas e grupos cívicos.
Departamentos de jornalismo de TVs o receberam nas grandes cidades. Compareceu
a vários shows de entrevistas. Eddie conheceu muitas pessoas maravilhosas
durante sua viagem. Mas uma mulher destacou-se entre todas.
Ele a conheceu no final de uma caminhada no meio das lavouras de milho
de Illinois. Ela e seu marido tinham oferecido sua hospitalidade naquela noite.
Sua velha casa na fazenda era grande, com uma acolhedora aparência de lar. Era
um casal de meia idade de aparência sóbria. Mas ofereceu alegremente ao cansado
Eddie uma confortável cadeira na sala de estar. A esposa foi depressa pegar
água fresca para ele.
Mais tarde, ela apareceu usando um avental. Eddie de imediato pensou que
aquela senhora tão digna destoava com aquele traje. Havia uma toalha pendurada
no braço dela e ela carregava uma pequena bacia com água. Eddie quase desmaiou
quando ela lhe perguntou com seu leve sotaque alemão:
– Posso lavar seus pés?
Embaraçado, Eddie disse qualquer coisa sobre tomar um banho mais tarde.
Mas a mulher sorriu e lhe assegurou que eles com freqüência lavavam os pés dos
hóspedes. Era uma coisa que Jesus havia feito para os discípulos. Ela insistiu
que queria lavar os pés de Eddie como um ato de serviço e amor por um irmão
cristão. Eddie relutantemente cedeu. Ele começou a tirar as botinas, mas a
mulher ajoelhou-se rápido e desatou os cadarços. Ela retirou as mal cheirosas
meias e botinas e, sorrindo candidamente, começou a lavar aqueles sofridos pés.
As suaves mãos da mulher deixaram Eddie mais a vontade. Muitas pessoas tinham
oferecido ajuda ao seu projeto pela água, mas ninguém havia respondido com
tamanho espírito de humildade e amor. Eddie teve que engolir o nó na garganta.
Mais tarde, ele lembrou: "o que aconteceu comigo naquele lar... mudou
minha atitude quanto à minha caminhada".
Antes, ele tinha visto a "caminhada pela água" como seu
projeto, seu sacrifício. Toda a atenção da mídia tinha lhe colocado em um
pedestal. Mas agora ele se sentia parte de algo maior, parte de muitos cristãos
que estavam se dando sem esperar reconhecimento.
Durante uma certa festa da páscoa, os discípulos de Jesus também estavam
em um pedestal. Eles estavam imaginando que iriam ocupar posições chave no
futuro Reino de Deus. Eles sabiam que eram privilegiados, mas ficaram
imaginando quem entre eles seria o mais privilegiado, quem ocuparia as
cobiçadas posições à direita e à esquerda de Jesus. Os discípulos estavam
discutindo sobre isso quando se reuniram no cenáculo para a Ceia da páscoa.
Logo todos notaram que não havia nenhum criado presente para lavar os pés de
todos, como era costume naqueles dias. Quem realizaria a tarefa? Nenhum dos
discípulos queria descer do seu pedestal. Mas enquanto se entreolhavam pouco a
vontade, Jesus tirou sua túnica, enrolou uma tolha na cintura, derramou água
numa bacia, e começou a lavar os pés dos seus discípulos.
Os doze assistiram chocados, em silêncio... Que vergonha! Seu Mestre,
aquele que veio do Pai, estava fazendo o trabalho de um escravo. Esta bela
expressão de humildade de Cristo derreteu o orgulhoso coração dos discípulos.
Eles perceberam que faziam parte de algo maior, de algo mais importante do que
a ambição individual.
Agora os doze estavam prontos para participar da última Ceia. Agora o
pão e o vinho poderiam realmente uni-los. Todos ficaram no mesmo nível. Todos
precisando ser lavados pelo mesmo Mestre. Todos redimidos pelo mesmo corpo
partido e sangue vertido. A cerimônia do lava-pés precedeu ao serviço da
comunhão.
Como os discípulos precisavam disso! Quanto nós precisamos de uma
experiência similar hoje! Com todo o nosso orgulho e nossa pose temos perdido
completamente o objetivo. Se ao menos
lavássemos os pés uns dos outros através dos tempos, em lugar de ficar brigando
com relação à química dos sacramentos...
Por favor, lembre-se de que só podemos tomar estes emblemas do Reino
como criancinhas. Só podemos aceitar o pão e o vinho pela fé. Só podemos
agradecer humildemente a Deus pelas maravilhas do sacrifício de Cristo. Pessoas
que têm se humilhado perante as outras podem fazer isso. Pessoas prontas a lavar os pés das outras não
são tão rápidas em brigar ou excluir.
Cristo pretendia que sua última Ceia nos unisse, nos juntasse,
tornando-nos um corpo, através da comunhão. Ele deseja que reconheçamos a Ele e
o Seu amor para nos salvar. Todos nós obtemos a mesma posição quando participamos
do pão e do vinho, com o coração humilde. Todos nós ajoelhamos juntos e unidos.
Esta é uma velha e linda figura espiritual.
Amigo, esta é a beleza simples que devemos recuperar em nossa
observância da Santa Ceia. Podemos celebrá-la no espírito de lavar os pés uns
dos outros? Faria uma grande diferença se puséssemos de lado todos os pedestais,
todas as nossas teorias banais. Vamos aceitar o pão e o vinho com humildade, fé
e ações de graça. E acima de tudo, com nosso rosto voltado para Jesus Cristo.
Aquele que nos lembra: "fazei isto em memória de Mim".
Espero que o verdadeiro sentido da Ceia do Senhor tenha ficado claro
para você. Deus quer ver Seus filhos unidos em amor e assim preparados
espiritualmente para, um dia, encontrarmos com Ele nos céus.
PERTO DE DEUS, LONGE DO MAL
Letra e música: Williams Costa Jr
Mais perto de Ti, Senhor;
mais longe de Satanás.
Mais perto do Lar de amor;
mais longe do mundo mau.
Dá-me forças pra prosseguir,
pra perto de Ti.
Dá-me forças pra me afastar
do tentador.
Mais perto do Santo;
mais longe da corrupção.
Mais perto do Gólgota;
mais longe de Nazaré.
Dá-me forças pra prosseguir,
pra perto de Ti.
Dá-me forças pra me afastar
do tentador.
Mais perto da igreja;
mais longe do vil viver.
Mais perto da oração;
mais longe da tentação.
Dá-me forças pra prosseguir,
pra perto de Ti.
Dá-me forças pra me afastar
do tentador.
Gravado por Arautos do Rei no MMLP 4801
de "A Voz da Profecia"
ORAÇÃO
Pai celeste, obrigado, de todo o coração
pelo corpo de Jesus partido na cruz e pelo sangue vertido por minha salvação.
Passarei a eternidade explorando as riquezas da redenção que Tu tornaste
possível. Mas por ora, ajuda-me a celebrá-la humildemente, não presunçosamente.
Humilhe o meu orgulho, cure minhas brigas. Fixe os meus olhos em Jesus. E que
através de minha adoração eu possa lembrar dEle e dEle somente. Amém.
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LUTANDO CONTRA A GARRAFA
George Vandeman
Harold lembrava-se dos homens que tinha
visto baleados no exterior e concluiu que iria fazer uma tremenda sujeira no
quarto. Assim, segurando cuidadosamente a sua espingarda Hemington 12, caminhou
pelo corredor até o banheiro. Ele estava tentando desesperadamente fugir das
suas promessas quebradas, de sua teia de mentiras; tentando fugir da mágoa dos
olhos de suas filhas. Ele havia decidido que essa era a única fuga da garrafa.
Harold entrou na banheira, deitou-se e apontou o cano da espingarda para a
boca.
Quando Harold Hughes tomou seu primeiro drinque, era um adolescente
tímido. O álcool da bebida queimou sua garganta, todavia, o fez sentir como se
estivesse andando no ar. De repente, conseguia falar com as garotas, sentia-se
confiante, tornando-se a alegria da festa. Harold descobriu também que queria
três drinques para cada drinque que seus amigos pediam. Alguma coisa dentro
dele o instava a continuar. Ele lembrou-se de sua mãe dizendo:
– Harold, eu creio que Deus tem alguma coisa especial para você. Você
tem que se manter apto para isso.
O filho fez promessas, mas não conseguia parar de sair com seus colegas.
Harold ganhou uma bolsa para estudar Engenharia Aeronáutica na
Universidade de Iowa. Mas após um ano, desistiu e casou-se com uma garota de
lindos cabelos chamada Eva. Eles eram felizes quando Harold não estava bebendo.
Nessa ocasião, Gessi, irmão de Harold, morreu num acidente de carro. Ele
passou a beber mais... para esquecer. Durante a Segunda Guerra Mundial, Harold
serviu na infantaria em sangrentas campanhas no norte da África e Itália. Tinha
mais ainda para esquecer. Quando voltou para casa, para Eva e suas duas
filhinhas, Harold tornou-se gerente de uma transportadora e estava indo muito
bem. Entretanto, seu trabalho muitas vezes o prendia até tarde e ele ficava
bebendo com seus clientes. Quando Eva tentou falar com ele sobre o vício da
bebida, Harold ficou zangado. Quando sóbrio, ele notava as olheiras profundas
nos olhos de Eva, e suas
filhinhas às vezes escondiam-se no
armário, quando ele vinha para casa.
Finalmente, Eva e as crianças saíram de casa. Harold viu-se obrigado a
fazer uma promessa solene. Ele jurou, diante de um juiz, que não tocaria em
bebidas alcoólicas durante um ano.
Algumas semanas depois, Harold viajou para uma reunião de caminhoneiros
em Ames, Iowa. Uma manhã, ele acordou num hotel em Des Moines. Não tinha a
menor idéia de como havia chegado ali. Uma placa luminosa piscava do lado de
fora da janela. Um gosto seco, familiar, chegou até sua boca. Quando ele se
levantou naquele quarto e caminhou até o banheiro para lavar o rosto, notou
vômito espalhado junto ao vaso sanitário. Mais uma promessa que fora esgoto
abaixo.
Bem, depois de Des Moines, Harold não arrumou mais desculpas quanto a
tentar parar. Ele voltava bêbado para casa mais e mais vezes. Num triste dia de
1952, Harold prometeu a Eva que voltaria cedo para casa para um importante
jantar. Depois da reunião, ele ficou lá "só para mais um drinque". De
repente, eram onze horas. Harold correu para casa, mas Eva e as crianças haviam
ido embora. Naquela noite, sentado em uma casa vazia, suas repetidas falhas o
subjugaram. Durante dez anos, o álcool havia dominado sua vida. Ele fez
promessas, orou, mas nada conseguia controlar sua sede. Harold havia falhado
com todos os que fizeram alguma coisa por ele. Começou a sentir um ódio
terrível de si próprio. Qual era a razão de viver? Só havia um jeito de pôr um
fim ao inferno que sua própria família tinha que suportar. Eva era jovem e
bonita e poderia casar-se novamente. Suas filhas seriam capazes de esquecê-lo e
seriam poupadas da desgraça de ter um bêbado como pai. Harold colocou três
balas em sua espingarda e encaixou uma delas na agulha. A porcelana da banheira
tremeu quando ele se deitou. Harold Hughes sentiu que essa era a única solução
para o problema que ele havia tentado desesperadamente superar. Ele sentia-se
prisioneiro do álcool.
Harold não está sozinho nessa prisão. Milhares e milhares, hoje, estão
gemendo contra as grades desse mal arraigado na química de seu corpo e nos
costumes sociais de nossa era.
Por que as pessoas tornam-se alcoólicos? Exatamente que tipo de droga é
essa, que leva alguns dos que tomam alguns drinques a se tornarem dependentes
para sempre? Existe alguma saída dessa prisão, dessa prisão da garrafa?
Bem, para responder a essas e a outras perguntas, estou feliz em
apresentar meu amigo e autoridade nesse
campo, o Dr. Richard Neil.
Ele é catedrático do Departamento de
Promoção, Educação e Saúde da Universidade de Loma Linda.
Vandeman – Vamos começar com uma
pergunta básica. Pode parecer simples, mas acho que ela merece uma boa
resposta: O álcool é uma droga?
Dr. Neil – Sim. O álcool é uma droga. Parece haver alguma confusão a
respeito disso. Qualquer substância que colocamos dentro de nosso corpo e que
muda seu modo de agir é chamada de droga. Se ingerirmos alimento, por exemplo,
ele apenas mantém o corpo funcionando normalmente. O álcool altera-lhe as
funções e atividades.
Vandeman – Então, em que ele difere das
outras drogas?
Dr. Neil – Em geral, existem dois tipos de droga que
se enquadram nessa
categoria. Uma é chamada de
estimulante. Os estimulantes
agem aumentando a
atividade do corpo,
seu metabolismo. O álcool
não é
um
estimulante. Ele é
sedativo, ou seja,
diminui as funções do corpo. Ele acalma. Se você
tomá-lo, de fato, em quantidade
suficiente, ele irá acalmá-lo até a
anestesia
total.
Vandeman – Por que as pessoas usam
álcool?
Dr. Neil – Elas usam álcool, primeiramente, por causa da sensação que
ele deixa. Um dos efeitos do álcool tem relação com a parte sedativa. É a
capacidade de desligar certas partes do cérebro. Assim, se uma pessoa sentir-se
inibida, ou se for tímida, poderá utilizar o álcool, que a livrará da inibição
e fará com que sua natureza básica apareça. É por isso que muitas vezes, quando
as pessoas estão bêbadas, agem de maneira diferente, da qual não se apercebem.
Basicamente, elas bebem a fim de mudar o modo de sentir ou de agir.
Vandeman – Quando se mexe com o cérebro,
a pessoa está em terreno perigoso.
Dr. Neil – O cérebro é o assento da alma. Esse é um conceito muito
importante.
Vandeman – Pode uma família, hoje,
talvez até inadvertidamente, incentivar o alcoolismo?
Dr. Neil – Sem dúvida alguma. Muitas pessoas que têm problemas com o
álcool descobrem que seu comportamento torna-se inaceitável em certas ocasiões,
no trabalho ou socialmente. Para a família conseguir manter sua integridade,
muitas vezes seus membros, geralmente a esposa, começará a inventar desculpas.
A tendência é tentar controlar o
hábito de beber. Chamamos isso de
co-capacitação, ou seja, eles se tornam quase co-
alcoólicos. É inconsciente, pois a
finalidade é outra, mas é o que realmente acontece.
Vandeman – Então a intenção é boa?
Dr. Neil – É.
Vandeman – Mas acabam prejudicando.
Dr. Neil – Isso mesmo.
Vandeman – Qual é relação com a
hereditariedade?
Dr. Neil – Havia alguma indicação, há alguns anos, por uma pessoa famosa
que estava envolvida com a reabilitação do alcoolismo, de que pode haver um elo
bioquímico nisso, mas na verdade, não ficou provado. Entretanto, existe pelo
menos um bom estudo em gêmeos que indica que pode haver um componente genético,
digamos assim. Quando os gêmeos nasciam, eram separados e cresciam em lugares
diferentes. Havia uma média mais alta de alcoolismo entre os gêmeos do que entre
as outras pessoas da população normal. Daí, o pensamento é de que exista
provavelmente uma pré-disposição genética.
Vandeman – A despeito de poderem ser
usadas indevidamente, as famílias também
podem trabalhar como um grupo de apoio?
Dr. Neil – Sim. Esse é um dos aspectos chave da recuperação do
alcoolismo.
Vandeman – Essas pessoas vivem tão perto
dos membros da família! Como a família pode ajudar então?
Dr. Neil – A família ajudará melhor sob a orientação de um profissional.
Foi desenvolvido um conceito no tratamento do alcoolismo que se chama
"confrontação interessada". Em lugar de acusar o alcoólico de ser
inadequado e incapaz de cumprir seus deveres, a família, o patrão e o médico
podem se unir, podem chamar o alcoólico e começar a mostrar-lhe exemplos
específicos de fatos que foram contra o seu próprio bem-estar e o da família. O
patrão lhe garantirá que, se for procurado o tratamento e seguido, o emprego
será assegurado, de modo que toda a confrontação ficará na área da documentação
e todos deixarão a pessoa saber que ninguém a abandonará. Esse é o meio mais
eficaz e tem sido, nos meus cálculos, um dos avanços mais importantes na área
do tratamento de alcoólicos nos últimos anos.
Vandeman – Maravilha. E isso não se
encaixa de algum modo aos
"Alcoólicos
Anônimos"?
Dr. Neil – Sim. Um dos primeiros preceitos desse programa é o fato de
que uma pessoa pode atingir o ponto onde ela se vê incapaz de lidar com seu
problema e tem que haver uma força. Tem que haver alguma coisa, além dela
mesma, que venha ajudá-la a controlar-se.
Vandeman – Em outras palavras, o homem
ou a mulher não consegue parar de beber com força de vontade apenas?
Dr. Neil – Não! É quase a mesma coisa que parar de comer e fazer dieta
para perder peso. Muitos desses comportamentos são chamados agora de
dependência do álcool. Se a pessoa conseguisse superá-los, ela o faria. Quando
a pessoa procura um profissional, acho que uma das coisas mais importantes que
esse profissional deve fazer é deixar a pessoa saber que existe ajuda
disponível além de seus próprios recursos.
Vandeman – Qual você acha que é o
aspecto mais importante no tratamento do alcoolismo?
Dr. Neil – Acho que o aspecto mais importante é deixar de negar que é
alcoólico. Os alcoólicos constantemente negam que têm problema. O álcool para
eles é visto não como um problema, mas como uma solução. Os membros
da família o vêem como um problema.
Portanto, assim que deixa de negar, e toma consciência do fato de que tem um
problema e não conseguirá solucioná-lo sozinho, a família tem que fazê-lo
entender que existe ajuda. Mas se indicarmos que a ajuda está nela própria,
sentir-se-á desencorajada, pois já tentou isso. Assim, a pessoa deixa de negar
o fato e reconhece que existe ajuda – e eu gostaria de dizer que existe ajuda
vinda de Deus, porque, tendo criado o homem, Ele sabe o que é melhor para nos
restaurar. Assim que a pessoa entende que tem ajuda disponível, está no caminho
da recuperação.
Vandeman – Gostei disso. Fale mais sobre
a ajuda de Deus.
Dr. Neil – O Programa do Alcoolismo tem na realidade duas fases: uma
delas é a desintoxicação. Essa é a fase onde a pessoa é colocada num quarto
onde as luzes são suaves e onde lhe é permitido descer daquele estímulo
artificial que chega em virtude do cérebro estar aberto. Esse é o momento em
que a pessoa faz muita introspecção. Ela começa a olhar para si mesma e uma das
perguntas que faz é: Por que faço isso com minha família? Acho que é muito
importante a pessoa reconhecer que está perdoada, que Deus a perdoou e com a
"confrontação interessada" ela
sabe que a família a perdoou, que o patrão a perdoou. O próximo estágio é o do
acompanhamento. Tem a ver com a pessoa fazer contratos consigo mesma e com a
família. Novamente, o apoio deve vir da família, e quando fazemos esse
contrato, um texto vem à mente. I João 1:9 diz: "Se confessarmos os nossos
pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda
injustiça." O alcoólico deve reconhecer que não é capaz de se limpar
sozinho, mas Deus pode fazer isso se ele confiar e reconhecer o apoio da
família bem como as orações por essa ajuda. Ele irá vencer.
Vandeman – Obrigado por sua
participação.
Bem, espero que você saiba agora que
existe esperança para o alcoólico. Existe um programa definido de tratamento
disponível que pode ajudar até o dependente mais desesperado. Até mesmo as
pessoas desesperadas como Harold Hughes. Lembre-se que o deixamos no início do
capítulo, com a espingarda apontada para a cabeça. Deixe-me contar como
terminou a história de Harold.
Deitado na banheira a ponto de puxar o gatilho, Harold Hughes teve um
pensamento: "O suicídio é errado aos olhos de Deus." Entretanto, toda
a sua vida parecia errada. Em alguns anos,
30 sua família esqueceria a sua morte. No entanto, se ele continuasse,
jamais seria capaz de mudar e a magoaria mais ainda. Harold achou que devia
explicar isso tudo a Deus antes de puxar o gatilho. Assim, saiu da banheira e
ajoelhou-se no chão frio ao lado.
– Oh, Deus – gemeu Harold – sou um fracasso, um bêbado, um mentiroso.
Estou perdido, sem esperança e quero morrer. Perdoe-me por fazer isso.
Harold começou a chorar.
– Oh, Pai – continuou ele – por favor, toma conta de Eva e das garotas.
Por favor, ajude-as a me esquecer.
Aí, ele se arrastou pelo chão soluçando fortemente e bradando alto a
Deus até ficar imóvel e exausto. Harold começou a sentir uma paz que jamais
havia experimentado antes. Essa paz parecia expulsar o vazio, o ódio de si
mesmo e a condenação. Ele sentiu uma estranha alegria crescendo por dentro.
Harold ficou ajoelhado e entregou-se totalmente a Deus.
– Tudo o que me pedires para fazer, Pai – disse ele – eu farei.
Harold sentiu que havia encontrado um Deus vivo, que tinha descido até
ele. Alguém que se importava com ele e o confortava. Resolveu, então, começar
um programa regular de oração e estudo bíblico. Fez ao mesmo tempo um
compromisso de afastar-se do álcool.
Harold Hughes tinha entrado na estrada da recuperação. Não era fácil.
Havia lutas, mas ele sabia que tinha a força espiritual para perseverar.
O Dr. Neil, você se lembra, disse o quanto é importante a dimensão
espiritual num tratamento de longa duração. A confiança em Deus nos dá a paz e
a confiança necessárias para a mudança positiva.
Deixe-me explicar como a fé cristã funciona como um meio ambiente para a
recuperação. Profissionais de saúde, como o Dr. Neil, têm que confrontar o
engano, a negação do alcoólico. É difícil para esses pacientes admitirem a
doença. A Bíblia nos diz em Jeremias 17:9: "Enganoso é o coração mais do
que todas as coisas e desesperadamente corrupto: quem o conhecerá?" Deus
pode entender. Ele sabe quão devastador pode se tornar o engano próprio!
Problemas que tentamos encobrir se arraigam fundo no coração. Portanto, Ele
convida as pessoas, como vemos em Tiago 5:16: "Confessai pois os vossos
pecados uns aos outros e orai uns pelos outros para serdes curados."
Temos que admitir a doença interna. Esse é o primeiro passo crucial no
sentido da recuperação. Aceitar o problema, assumir a responsabilidade por ele
e, com o problema inteiramente revelado,
32 buscar honestamente ajuda – com isso, podemos começar o processo de
cura.
O próximo passo para o alcoólico é participar de um programa de
tratamento. Ele tem que se tornar um participante ativo em sua reabilitação.
Ocorre o mesmo na vida cristã. Pede-se ao cristão que se comprometa ao discipulado,
um programa de reabilitação do pecado. Através das disciplinas da oração e do
estudo bíblico, ele é continuamente renovado. Ele adquire uma dependência
totalmente nova. I Pedro 2:2 diz: "Desejai ardentemente como crianças
recém-nascidas o genuíno leite espiritual, para que por ele vos seja dado o
crescimento para a salvação." Um desejo do puro alimento espiritual
substitui as antigas vontades incontroláveis, e uma disposição de encontrar-se
com outros para aconselhamento e apoio é também importante para a recuperação
do alcoólico.
As Escrituras enfatizam esse aspecto da cura repetidas vezes. O escritor
do livro de Hebreus nos aconselha no versívulo 25 do capítulo 10: "Não
deixando a nossa congregação, admoestando-nos uns aos outros." Confissão,
compromisso, encorajamento – essas são as chaves para a recuperação.
Recuperação do pecado em geral, e alcoolismo em particular. Harold Hughes aceitou esses
princípios quase em cima da hora. No entanto, agarrou-se a eles
por sua vida e continuou uma
bem-sucedida recuperação. Seu livro, Harold E. Hughes, O Homem de Ida Grove,
publicado pela Chosen Books, conta a sua notável história. O alcoólico
desesperado se tornou governador de Iowa e mais tarde um destacado membro do senado
dos Estados Unidos. Um fato, porém, se destaca na mente do senador Hughes como
símbolo da sua transformação. Mais importante do que todas as homenagens
públicas que ele recebeu, foi um pequeno incidente que ocorreu logo após sua
entrega a Cristo.
Hughes estava estudando a Bíblia sozinho em sua sala de estar numa
noite, quando sentiu um toque em seu cotovelo. Olhou para cima. Eram Connie e
Carol, suas duas filhinhas, em pé tranqüilas em suas camisolas. Elas haviam
mudado tanto, e ele havia perdido bastante. Então Carol, a mais jovem delas,
disse:
– Papai, viemos lhe dar o beijo de boa-noite.
Os olhos do pai encheram-se de lágrimas. Fazia muito tempo que suas
filhas não vinham abraçá-lo. Agora os seus lindos olhos claros não demonstravam
temor. O papai tinha vindo para casa, finalmente.
Você já encontrou o caminho para o seu lar? Você ainda
está vagando no
escuro? Talvez alguma coisa tão
grande quanto o álcool esteja empurrando você para a morte. Veja, você pode ir
34 para casa. Acredite! Por mais desesperançado que você possa se sentir, por
mais que você já tenha fracassado, há um caminho para casa. Existe uma saída da
sua prisão. Por favor, não tente ficar encobrindo. Por favor, busque ajuda e
entregue-se totalmente a ela. Uma decisão por Cristo pode iniciar a sua
caminhada na estrada da recuperação.
Agora que terminou seu mandato no senado, Harold Hughes tem continuado a
ajudar os outros de várias maneiras em suas lutas pessoais contra a garrafa.
Ele criou os Centros Harold Hughes em Iowa e atuou como presidente do Congresso
Mundial contra o Alcoolismo que engloba 66 nações no mundo. O programa Está
Escrito entrevistou, em Des Moines, o honrado Harold Hughes sobre seu programa
para incentivar outros.
Está Escrito – O que o senhor vem
fazendo nos centros em Iowa na guerra contra o alcoolimo?
Harold – Em primeiro lugar, o que temos são três centros de tratamento,
um dos quais é dedicado estritamente ao tratamento de mulheres. Os outros dois
são co-educacinais e tratam tanto homens como mulheres. Nós não tratamos
crianças nem adolescentes. Talvez você ache o Centro de Tratamento das mulheres
interessante em virtude de alguns dos
problemas únicos que são associados estritamente às mulheres que vêm ao nosso
Centro. Mais de 50% das mulheres que vêm ao Centro para tratamento são vítimas
de incesto e mais de 60% são vítimas de algum tipo de violência sexual. Para
poder lidar com essas questões, em particular no aconselhamento, é muito
importante que exista um forte ingrediente espiritual envolvido em todo o
programa de recuperação. Como tal, o que estamos fazendo é ajudar homens e
mulheres a se recuperarem desses males de uma maneira que os ajude a
reintegrarem-se completamente na sociedade onde quer que tenham estado, e
continuarem a viver em abstinência pelo resto de sua vida e a serem felizes
quando fizerem isso.
EE – Isso é fantástico, governador.
Agora que o senhor mencionou o aspecto espiritual, diria que a dimensão
espiritual e a dimensão da ciência médica andam de mãos dadas nesse programa?
Harold – Sempre acreditei que temos que levar a pessoa inteira à cura, e
isso inclui a parte física, mental, espiritual e emocional. Quando lidamos com
o total dos componentes da personalidade, o ingrediente espiritual é
absolutamente essencial para
se experimentar uma cura
completa. Creio que até mesmo o
estágio mais alto dos Alcoólicos
Anônimos deve começar dizendo que é preciso ter um despertamento espiritual
para se ficar realmente curado.
EE – Que papel a oração desempenha nessa
recuperação espiritual?
Harold – A oração é um ingrediente absolutamente importante em toda
recuperação. Tentamos ensinar a cada pessoa que vem para tratamento e cada
pessoa que tenta a recuperação, que a oração se torna parte de sua vida diária.
Elas se voltam para o Deus que as entende, que é Jesus Cristo. E quando estão
fazendo isso, começam cada dia com oração. Oramos durante o dia nos períodos
essenciais. Lemos uma meditação diária e oramos, e encerramos o dia com oração.
Portanto, parece que é um programa relacionado com a Igreja, embora não seja. O
ingrediente espiritual para a recuperação é sem dúvida essencial.
EE – Muito obrigado por dar seu
testemunho sobre o que a oração pode fazer.
Você pode ser alcoólico ou ter alguma
pessoa querida que está enfrentando esse problema. Existem muitos outros tipos
de hábitos que prendem as pessoas como um vício. Seja qual forsua necessidade,
queremos que saiba que nós,
do Está Escrito, estamos prontos para
ajudar e orar com você.
45
O QUE EU GOSTO NOS LUTERANOS
George Vandeman
O cenário tranqüilo do belíssimo Vale do
Rio Reno esconde o tumulto que varreu toda a Europa no início do século 16. Era
18 de abril de 1521. Lá estava um jovem padre alemão defendendo-se de acusações
de heresia. Ao seu redor, estavam príncipes orgulhosos, nobres, honrados
generais e líderes da Igreja. Todos naquele salão lotado se inclinavam para
ouvir cada sílaba dos lábios daquele lutador solitário: Lutero.
"Ir contra minha consciência não é
direito e nem seguro. Nunca. Eu não posso e não vou me retratar. Aqui estou,
não farei outra coisa. Que Deus me ajude. Amém."
Com essas sonoras palavras, Martinho
Lutero lançou a Reforma Protestante. Sua posição firme marcou o ponto de virada
na História. Mas, Lutero conseguiu completar a Reforma ou essa tarefa ficou
para nós hoje?
No século 16, na Alemanha, o futuro do
cristianismo estava na balança. Lutero, um professor universitário, tinha
desafiado a pretensão da Igreja de controlar a fé pessoal. Seus ensinamentos
provocaram um tumulto religioso e político através de todo o território
conhecido como o Sacro Império Romano. Alguma coisa tinha que ser feita para
deter a crise.
Finalmente, o imperador Carlos V intimou
Lutero a comparecer perante o Conselho Geral em Worms. O palácio imperial, que
não existe mais, ficava em um lindo terreno. Embora não se saibam as palavras
exatas de Lutero em seu julgamento, não existe dúvida quanto a sua mensagem. A
consciência deve dar contas somente a Deus. A salvação é gratuita e é pela fé.
A Bíblia é a fonte da autoridade espiritual, e não a tradição da Igreja ou os
decretos de seus líderes. Essa verdade havia se perdido há séculos. Havia chegado
a hora de trazê-la de volta. Lutero ficou sozinho em Worms. O Imperador zombou:
"Esse homem jamais fará de mim um herege!" Como se esperava, o
Conselho condenou Lutero. Ele foi proibido de lecionar e seus direitos civis
foram cassados. Seus livros foram queimados, mas a mensagem que eles continham
resistiu à fumaça e às chamas. A despeito dos escárnios generalizados e da
perseguição, a mensagem de Lutero entrou no coração do povo.
Somente oito anos após o Conselho em
Worms, um grupo de príncipes alemães se colocou do lado de Lutero. Eles
formaram uma aliança, protestando contra a tentativa da Igreja de esmagar a
Reforma. E desse protesto dos príncipes na cidade de Spires, em 1529, nasceu o
termo "Protestante". Os ensinamentos de Lutero logo se espalharam por
toda a Europa, especialmente na Escandinávia.
Os seguidores de Lutero cruzaram o
Atlântico no início da nossa história colonial. Na Baía de Hudson, em 1619,
eles celebraram seu primeiro Natal na América. E as primeiras Igrejas
organizadas pelos imigrantes Luteranos pobres eram geralmente pequenas, com
poucos pastores. Mas, à medida que os colonizadores Luteranos continuaram vindo
para os Estados Unidos, a denominação cresceu rapidamente. Congregações
começaram a se unir em grupos conhecidos como Sínodos.
Os Luteranos americanos estão hoje
divididos entre uma dúzia de Sínodos. Alguns desses Sínodos contêm a grande
maioria dos mais de oito milhões de Luteranos. Outras fusões estão em
andamento.
A Igreja Luterana na América, o maior
grupo, e a Igreja Luterana Americana, a terceira maior, uniram-se. A Associação
das Igrejas Evangélicas Luteranas juntou-se a elas. Agora, seu novo Sínodo terá
mais de cinco milhões de membros batizados.
A segunda maior organização Luterana,
com 2,7 milhões de membros, está no Sínodo de Missouri. Do seu quartel general
em St. Louis, eles comandam a mais antiga emissora de rádio religiosa do mundo.
"A Hora Luterana", sustentada pela Associação dos Leigos Luteranos, é
ouvida em mais de 100 países diferentes. E o doutor Oswald Hoffman tem sido o
locutor desse programa por mais de 30 anos. Agradeço a Deus por preservar seu
dedicado e frutífero ministério.
Vandeman: Por que o senhor,
particularmente, é um cristão Luterano?
Hoffman: Bem, eu sou cristão porque sou
um seguidor de Jesus Cristo. E sou Luterano, não porque sigo Martinho Lutero,
mas porque, como Lutero, devo minha lealdade a Jesus Cristo. Lutero passou por
uma terrível experiência a fim de fazer essa grande descoberta. Ele travou uma
grande luta íntima para descobrir que o evangelho não depende das obras com que
contribuímos, mas da bondade e graça de Deus, que Lhe saíram do coração para os
seres humanos e são mostradas ao mundo em Jesus Cristo. Esse é o evangelho.
Vandeman: O senhor diz que Lutero fez
essa grande descoberta. Era então uma "verdade negligenciada", de
certo modo?
Hoffman: Sem dúvida, era. Não quer dizer
que não estivesse lá. Ela fizera parte da tradição da Igreja desde a era
apostólica. Mas o lixo dos tempos foi se ajuntando ao redor dela, e as pessoas
passaram a pensar que estavam dando uma grande contribuição a tudo isso. E
Lutero disse: "Não". Finalmente, após estudar e ensinar as
Escrituras, a contribuição veio de Deus. É por Deus que estamos em Jesus
Cristo. Como São Paulo disse aos Coríntios: "O justo viverá pela fé".
Martinho Lutero era um homem que estava sempre feliz quando falava sobre a fé e
também sobre o amor.
Vandeman: E ele nos deixou as suas
traduções.
Hoffman: Lindíssimas traduções. Para
Martinho Lutero, atrás de cada palavra do texto grego e do hebraico das
Escrituras, estava a majestade de Deus. Mas ele colocou a Bíblia na linguagem
que o povo falava na época. Em várias ocasiões, ele colocou tudo na linguagem
que cada lavrador pudesse entender. Assim, o Evangelho conseguiu chegar e, pelo
poder do Espírito, entrar no coração das pessoas, trazendo a fé de Cristo.
Vandeman: Se Martinho Lutero fosse
ressuscitado hoje e estivesse de novo entre nós, ele se sentiria a vontade na
Igreja de hoje?
Hoffman: Bem, eu não sei. Alguns
problemas que existiam antes foram resolvidos. E alguns problemas novos que não
existiam naquele período surgiram. Creio que Martinho Lutero iria avaliá-los
baseado na realidade, e ao mesmo tempo ele nos avaliaria. Sobre todos os nossos
atos, sobre as nossas organizações, acho que ele teria alguma coisa a dizer. E
uma dessas coisas seria: Vocês têm que ficar firmes no Senhor. Têm que se
apegar ao evangelho de Jesus Cristo. Têm que proclamá-lo com a autoridade do
próprio Deus. Têm que fazer isso à maneira evangélica. O que quer dizer da
maneira atraente da fé, que é em Jesus Cristo.
Vandeman: Obrigado, Dr. Hoffman.
Milhões são Luteranos e participam da
herança de Martinho Lutero. E eu também me considero um deles.
Há tanta coisa de que eu gosto na Igreja
Luterana. Eu os admiro por colocarem a sua fé para atuar na sociedade. Eles
provêem orfanatos, hospitais, centros de tratamento para alcoólicos, lares para
idosos. Existem muitas coisas de que eu gosto nos Luteranos. Mas há uma coisa
que aprecio em especial. O Movimento Luterano foi convocado por Deus para
revelar uma verdade negligenciada: o glorioso ensinamento da salvação somente
pela fé. Lutero retirou as teias de aranha da Idade Média e restaurou os
alicerces do evangelho.
No verão, após sua formatura colegial,
Lutero esteve muito próximo de se encontrar com a morte. Ele voltava a pé para
casa de uma visita aos pais, quando se viu em meio a uma violenta tempestade.
Um raio o atirou ao chão. Coberto de terror, ele gritou: "Santa Ana,
ajude-me! Eu me tornarei um monge." E cumpriu sua promessa em Erfurt.
Lutero entrou para o mosteiro
Agostiniano e foi ordenado em 1507. Mas, contemplando sua primeira celebração
da Missa, sentiu-se pequeno pela sua indignidade. Como poderia um pecador estar
na santa presença de Deus a menos que ele próprio fosse santo também? Assim,
Lutero decidiu tornar-se santo. Buscou a pureza, privando-se dos confortos da
vida. E algumas noites, lá em sua cela no Mosteiro, tremendo sob o fino
cobertor, procurava se consolar: "Eu não fiz nada de errado hoje." Aí
vinham as dúvidas. "Jejuei o bastante hoje? Sou pobre o bastante? Sou puro
o bastante?" Nada do que ele pudesse fazer lhe trazia paz. Jamais estava
seguro de que havia satisfeito a Deus.
Mas finalmente descobriu que a paz pela
qual se esforçava tanto para obter estava disponível como um presente. A
verdade que o libertou está no livro de Romanos, no Novo Testamento. Ele
descobriu que o próprio Deus fora punido no lugar dos pecadores, de modo que
podíamos ser perdoados. Perdoados gratuitamente no Senhor Jesus Cristo.
Lutero mal podia acreditar nessa
boa-nova. A despeito de sua culpabilidade, a santidade poderia ser-lhe
creditada. Porque Jesus, que é realmente Santo, sofrera o seu castigo. A Igreja
sempre havia mandado os pecadores virem a Deus para ter salvação. Mas Lutero
introduziu uma nova dimensão vital. Ele descobriu que os que crêem, apesar de
pecadores, podem ao mesmo tempo ser considerados justos.
Sabe, Deus considera os pecadores santos
assim que eles confiam em Jesus. Mesmo antes de sua vida revelar boas obras (o
que, é claro, ocorrerá em seguida). Romanos 4:5 diz isto: "Mas aquele que
não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada
como justiça".
O ímpio que se entrega a Jesus é
justificado. O perdão vem, não por sermos santos, não pelas obras, Lutero
sabia, mas porque confiamos em Jesus. Toda vida, Lutero havia pensado que seria
injusto recompensar os pecadores com a vida eterna.
Assim, ele acreditava no purgatório,
onde, segundo se dizia, as imperfeições seriam purificadas após a morte, para
tornar os cristãos dignos do Céu. Ele pensava sinceramente que, no purgatório,
o fiel seria purificado do pecado e Deus poderia considerá-lo como Seu. Lutero
também cria que o sofrimento no purgatório poderia ser abreviado através da
concessão de indulgências da Igreja. Essas indulgências eram concedidas àqueles
que visitavam os túmulos dos santos e viam suas relíquias.
Lutero pensava que esses santos tinham
armazenado medidas extras da bondade de Cristo, que podiam repartir com os
pecadores. Mas agora ele aprendera que: "...Todos pecaram e destituídos
estão da Glória de Deus." Romanos 3:23.
O próprio Paulo disse que todos estão
destituídos. Até os santos têm que depositar suas esperanças no Senhor Jesus
Cristo. E por Cristo ser nosso Substituto, todos os cristãos são dignos do Céu.
Na cruz, Deus "nos fez idôneos para participar da herança dos santos na
luz". Colossenses l:12.
Não é necessário o purgatório! O coração
de Lutero encheu-se de alegria. Finalmente, sua consciência pesada encontrou
paz. Mas o evangelho que tranqüilizou sua alma detonou o conflito com a Igreja.
Começou a batalha contra as indulgências. A Igreja do Castelo de Wittenberg
apresentava uma coleção de relíquias famosas. Entre elas, havia um espinho que
garantiam ter ferido a testa de Cristo no Calvário. Bem, as relíquias eram
expostas sempre no dia de Todos os Santos.
Peregrinos vinham de perto e de longe
até Wittenberg em busca de indulgências. Lutero ansiava divulgar as boas-novas
que o haviam libertado.
Assim, no dia 31 de outubro de 1517, na
véspera do dia de Todos os Santos, ele afixou uma lista de 95 objeções às
indulgências na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg. Elas foram escritas
no estilo claro, conciso e sem cerimônias.
O reformador desafiava qualquer um a
debater com ele. "Os santos não têm créditos extras", clamava.
"E os méritos de Cristo estão disponíveis livremente. Se o Papa tem poder
para livrar qualquer um do purgatório, por que, em nome do amor, ele não revoga
o purgatório livrando todo mundo de lá?"
Cópias das teses de Lutero se espalharam
por toda a Europa e desencadearam uma tempestade. Lutero não tinha a intenção
de se rebelar contra a Igreja. Ele só queria a reforma. Mas foi declarado
rebelde e herege. Lutero foi advertido para que se retratasse, ou a Igreja
relutantemente o puniria. Mas o reformador se sentiu compelido a prosseguir.
Ele confidenciou a um amigo: "Deus
não me guia. Ele me empurra avante. Ele me leva para frente. Não sou dono de
mim mesmo. Desejo viver em repouso, mas sou atirado no meio dos tumultos e das
revoluções."
Lutero acusou a Igreja de interferir no
relacionamento da pessoa com Deus. Ele proclamou que Jesus é o único mediador
entre Deus e os pecadores. E que "a verdadeira peregrinação do cristão não
é a Roma, mas aos Profetas, aos Salmos e aos Evangelhos".
De muitos modos, Lutero, apesar do seu
amor pela Igreja, se via afastando-se dela. E a separação tornou-se definitiva
quando ele condenou a Igreja como o anticristo.
O Papa Leão X excomungou Lutero em 3 de
janeiro de 1521. Seus escritos foram banidos e queimados. Pelas aparências, o
próprio Lutero em breve seria também queimado. Mas Frederico, o Sábio, nobre da
Saxônia, membro do colégio eleitoral da Saxônia, dispôs-se a proteger o
reformador. Ele exigiu que o Imperador Carlos conseguisse uma audiência justa
na Alemanha.
Carlos concordou finalmente que ela
acontecesse em Worms. E quando Lutero recusou retratar-se, por segurança, seus
amigos o esconderam no castelo Wartburg. E durante seu exílio, Lutero traduziu
o Novo Testamento para o alemão em um dos cômodos superiores. Mais tarde, ele
também traduziu o Antigo Testamento. E após apenas 10 meses em Wartburg, tendo
completado seu manuscrito, Lutero voltou corajosamente para Wittenberg e
reassumiu a liderança da Reforma. Em sua ausência, os problemas aumentaram. Os
fanáticos tinham abusado do zelo religioso popular. E, em 1525, começou a
guerra dos camponeses, uma revolta contra os príncipes.
Lutero recebeu uma severa censura por se
recusar a apoiar as exigências políticas dos camponeses. Os conflitos o
acompanharam por toda a vida.
Algumas vezes, o reformador errou no
julgamento. O que mais poderíamos esperar, já que ele liderou a saída de tal
escuridão?
Foi assim que Lutero iniciou a Reforma.
Ele jamais afirmou ter terminado a restauração da verdade. Ele disse que a obra
deveria continuar mesmo após a sua morte. Sim, Lutero morreu antes de seus
sonhos se realizarem.
Sabe, os problemas na Igreja haviam se
desenvolvido durante os séculos, e seriam necessários séculos de reforma para
solucioná-los. A luta da fé ainda não está terminada. Você alguma vez se
perguntou por que a Igreja caiu na Idade Média? Houve muitos fatores, mas
deixe-me falar um pouco do passado.
Nos primeiros dias do cristianismo, após
a morte dos apóstolos, ocorreram alguns fatos muito tristes. A Igreja se
afastou da sua fé pura e da verdade bíblica. Ora, isso foi triste, mas era de
se esperar. O apóstolo Paulo havia predito isso. Ele disse que, após a sua
morte, a heresia dominaria a Igreja. Isso ocorreu exatamente como as Escrituras
haviam predito.
Não aconteceu da noite para o dia. A
deterioração da verdade levou séculos. Tendo falhado ao perseguir a Igreja, o
inimigo mudou sua tática. Ele decidiu minar o cristianismo por dentro, usando
ardilosas concessões e ensinamentos falsos. Mas o Céu não foi pego
despreparado. Com um movimento forte, que chamamos de Reforma, Deus reverteu a
trilha da apostasia e a Luz começou a aparecer. Reformadores como Martinho
Lutero restauraram verdades que há muito tinham sido escondidas do povo.
Mas sabemos que a Reforma não terminou
séculos depois da morte dos reformadores. Aquilo foi apenas o começo. Outros
continuaram a sua boa obra.
Em qualquer outra verdade que possamos
redescobrir na Palavra de Deus, jamais deixaremos de nos apoiar nos ombros de
Lutero. O evangelho que ele proclamou ainda pulsa no coração de cada cristão.
Mais do que qualquer outra coisa, Lutero foi um homem de Deus. Quando
sobrecarregado e oprimido, ele buscou refúgio nos braços eternos do
Todo-Poderoso.
Durante um momento especialmente
difícil, quando a Reforma parecia fracassar, ele parafraseou o Salmo 46 num
hino. Protestantes e católicos apreciam igualmente esse hino hoje. Veja a letra
inspirada pela fé, na primeira estrofe.
Jeová Castelo forte é
o Deus leal e protetor;
e se vacila a nossa fé
poder nos dá em Seu amor.
Destrói o perspicaz
ardil de Satanás,
a fim de o derrotar
com Seu poder sem par,
e aos Seus provê descanso e paz.
Pense nisto! Satanás já está derrotado
pelo poder maravilhoso de Cristo.
Você está oprimido pelo inimigo neste
momento? Uma palavra do Céu pode salvá-lo. Você sente o peso da culpa ou do
medo? Talvez a solidão ou a sensação de fracasso? Talvez enfermo ou triste?
Deixe-me garantir-lhe o seguinte: o Deus que guiou e sustentou Martinho Lutero
ama você do mesmo modo hoje. Ele também quer ser o seu Castelo Forte.
46
O QUE EU GOSTO NOS BATISTAS
George Vandeman
Roger Williams viveu por algum tempo na
fazenda Plymouth, um museu vivo do primeiro povoado permanente inglês na
América. Isso aconteceu no meio do forte frio de janeiro de 1636. Como um
pregador exilado e fugitivo, Williams embrenhou-se na floresta em Massachusetts.
Durante quatorze semanas, ele vagou pela
neve, mal conseguindo sobreviver. De dia, procurava os alimentos que os
pássaros deixavam de comer. De noite, tremia de frio, abrigado num tronco oco.
Bem, finalmente, encontrou refúgio com os índios. Comprando terra deles, Roger
Williams fundou a colônia de Providence, onde agora fica Rhode Island, que se
tornou a capital da liberdade no novo mundo e o local da primeira Igreja
Batista da América.
A nova colônia de Roger Williams não
teria sido necessária. Afinal, foi em nome da liberdade que os Puritanos tinham
vindo para Massachusetts. Eles cruzaram o Atlântico, fugindo da perseguição da
igreja oficial da Inglaterra. Para criar uma igreja oficial deles mesmos,
exigia-se que todos os cidadãos sustentassem o clero.
Magistrados declararam guerra contra a
heresia. A liberdade de consciência era sufocada por essa mistura de religião e
governo que lembrava o velho mundo. Entretanto, quando Roger Williams chegou à
colônia da Baía em Massachusetts, teve uma calorosa recepção. As autoridades
até o convidaram para liderar a única igreja em Boston. Mas Williams declinou.
Ele não podia suportar a supressão da
consciência pelo governo. Ele sabia que muitas das sangrentas batalhas da
História tinham sido travadas para defender a fé. E tudo para nada? O
verdadeiro cristianismo não pode ser compelido nem legislado.
"Os magistrados podem decidir os
deveres de homem para homem" disse Williams. "Mas quando eles tentam
prescrever os deveres do homem para com Deus, eles estão fora de lugar."
Williams também ensinou que ninguém devia ser forçado a sustentar o clero.
"O quê?" interrogaram as
autoridades. "O obreiro não é digno do seu salário?"
"Sim", respondeu Williams,
"daqueles que o contratam."
Os líderes Puritanos não podiam tolerar
aquelas novas e perigosas opiniões. Assim, em um julgamento formal, condenaram
Williams e ordenaram que fosse exilado.
Banido de Boston, ele estabeleceu em
Providence o primeiro governo moderno, oferecendo total liberdade de consciência.
Williams convidou todos os oprimidos e perseguidos a buscarem refúgio em
Providence, qualquer que fosse a sua fé. Mesmo que não tivessem qualquer fé,
eles eram bem-vindos. E entre esse conjunto de liberdade, a Igreja Batista
encontrou raízes na América. Providence se tornou o esboço da Constituição
Americana um século e meio depois.
Os Batistas se tornaram a maior
denominação protestante nos Estados Unidos. São quase 30 milhões de Batistas
espalhados entre as cem mil igrejas locais. Essas igrejas pertencem a vários
grupos conhecidos como Convenções. O maior deles é o da Convenção Batista do
Sul, que possui metade dos Batistas da América como membros.
Apesar de as igrejas locais serem
ligadas a uma Convenção, cada Congregação retém governo independente. Isso
torna mais notável o fato de os Batistas terem se envolvido tanto no
evangelismo mundial. Como você pode ver, os Batistas diferem grandemente em suas
crenças. Alguns são conservadores, outros mais liberais.
Alguns Batistas seguem de perto o
reformador João Calvino, outros não. Todavia, apesar de suas diferenças, os
Batistas são unidos no respeito às Escrituras como única fonte da verdade. A
maioria dos outros protestantes e católicos tem suas crenças, mas os Batistas
não reconhecem outro padrão além da Bíblia e como eles a entendem, é claro.
Os Batistas também concordam que nenhum
ser humano tem o direito de escolher a religião para outro e nem mesmo os pais
para os filhos. Assim, os Batistas não batizam bebês. Em vez disso, eles apenas
dedicam seus recém-nascidos a Deus, como Maria e José dedicaram o bebê Jesus. E
quando as crianças Batistas crescem, são livres para escolher por si mesmas se
querem ser batizadas ou não.
Os Batistas fizeram história ao haver
trazido a liberdade religiosa para os seus lares e para a sociedade. Como Roger
Williams, muitos Batistas ainda acreditam na defesa da separação entre a Igreja
e o Estado.
Todos sabemos que os Batistas têm a
habilidade de produzir grandes pregadores. Entre os mais famosos está Charles
Spurgeon, de Londres. Hoje temos Charles Stanley, W. A. Criswell e Billy
Graham. Um outro Batista, o Dr. James Draper, foi o último presidente da
Convenção Batista do Sul. Recentemente, tivemos uma conversa em Dallas, Texas.
Vandeman: Dr. James Draper, quero que
saiba o quanto me alegro por poder conversar com o senhor.
James: Estou honrado e agradecido por
ter me convidado para esta entrevista. Por favor, me chame de Jimmy.
Vandeman: Jimmy, por que você é um
cristão Batista?
James: Bem, a primeira razão seria
porque meus pais eram Batistas muito atuantes. Meu pai era pregador, e o meu
avô também foi pregador.
Vandeman: Então, é de família?
James: Isso mesmo.
Vandeman: Você é filho de pregador?
James: Sim e toda a minha vida tenho
aprendido a Palavra de Deus. Cresci numa família que amava o Senhor. Meus pais
me conduziram a Cristo. Quando atingi a idade de entender que eu era um pecador
e precisava ser salvo, entreguei a vida a Cristo, fui batizado e entrei para a
Igreja Batista. Através dos anos, a Igreja e as Instituições Batistas têm me
nutrido, encorajado, treinado e educado; assim, acho que as principais razões
são as minhas raízes.
Vandeman: Que abençoada herança! Aqueles
primeiros anos não foram os que mais o impressionaram?
James: Não há dúvida sobre isso. De
fato, o mais forte do Cristianismo é o que se vive em família, quando esta se
dedica ao Senhor. Portanto, tive uma grande herança. Também creio que sou
Batista por causa da minha convicção das grandes doutrinas e ensinamentos, e a
grande herança da vida Batista. Os Batistas sempre enfatizaram a autoridade da
Palavra de Deus e a autonomia da Igreja local. Cada Igreja é autogovernada.
Reforçam o sacerdócio do cristão. Cada indivíduo tem o direito de se aproximar
de Deus por si mesmo. Essas grandes doutrinas são as que eu abracei e aceitei
livremente. A disposição de morrer pelo direito que todas as pessoas têm de
escolher no que crer, tem sido a marca e a vida dos Batistas através dos anos.
E eu sou grato por fazer parte dessa herança.
Vandeman: Gostaria que todos os grupos,
os cristãos, em particular, se apercebessem do que vocês deram a eles. Notassem
como Deus usou esses reformadores para resgatar a verdade negligenciada. Fale
um pouco sobre o custo.
James: Muitos Batistas morreram, em
nossa fé, para poderem adquirir a liberdade religiosa. E eu creio que pelo fato
de, na América, o cristianismo custar tão pouco, nós não corremos riscos. Não
temos que pagar nada e não existe custo em nossa fé. Isso tem diluído a força
do cristianismo até certo grau, mas nossa herança é de forte sacrifício e
compromisso.
Vandeman: Então você concorda comigo
quando digo que se você não tem algo pelo qual morrer, provavelmente não tem
nada pelo qual valha a pena viver.
James: Tem razão!
Vandeman: Obrigado por ter vindo, Jimmy.
É, existem muitas coisas de que eu gosto
nos Batistas. Aprecio a ênfase que eles dão ao Evangelho. Para os Batistas, a
religião não é apenas uma teoria, mas uma pessoa.
Os Batistas pregam o Cristo crucificado.
Também gosto do estilo de culto deles. Poucas coisas são tão inspiradoras
quanto o culto cantado dos Batistas. E há uma outra razão por que aprecio tanto
os Batistas: eles foram chamados por Deus para resgatar duas verdades
negligenciadas: a verdade sobre o batismo do Novo Testamento e o princípio da
liberdade religiosa.
Você já pensou que, sem os Batistas, a
América provavelmente não existiria como uma nação livre? George Vancroft, o
conhecido historiador, observou: "Liberdade de consciência, liberdade
ilimitada de pensamento foi, desde o início, o troféu dos Batistas." A
democracia americana foi fundada na tradição Batista de liberdade religiosa.
Mesmo antes dos dias de Roger Williams, os Batistas sofreram muito por sua
liberdade.
Eles nasceram de uma luta complexa e
fascinante entre os protestantes, uma luta pela liberdade de consciência. Tudo
começou com o Movimento Anabatista no século 16, na Europa. Enquanto Lutero
seguia avante na Alemanha, Ulrich Zwinglio lançou a Reforma na Suíça. Zwinglio
ouviu pela primeira vez o Evangelho quando se preparava para o sacerdócio; e
foi chamado para a linda catedral de Zurique, em 1519. Ela era chamada de
Igreja do povo, então ele decidiu pregar as boas-novas.
Assim, pondo de lado o sermão que estava
programado, ele abriu o Novo Testamento para o povo. Mas logo Zwinglio
encontrou grande oposição. O Conselho da Cidade, influenciado por certos
líderes da Igreja, se opôs à mensagem da salvação somente pela fé. Mesmo assim,
ele continuou pregando a verdade que o havia libertado.
Mas, em 1523, o próprio Zwinglio começou
a recuar. Durante um debate público, ele mostrou disposição em se acomodar.
Zwinglio imaginou que se baixasse o tom de suas reformas, talvez conseguisse
atuar dentro do sistema. Ele não queria alienar os líderes cívicos. Assim,
modificou sua mensagem, buscando apenas uma reforma gradual das tradições da
Igreja. Mas alguns dos jovens alunos de Zwinglio ficaram aborrecidos com essa
linha. Um deles, Konrad Grebel, protestou que a verdade bíblica exige sempre
ação imediata com ou sem o apoio do governo. E ele estava certo.
Grebel ficou desiludido com a disposição
do seu professor de se acomodar diante dos políticos. Ele até acusou Zwinglio
de permitir que o conselho da cidade exercesse a autoridade que pertence apenas
à Bíblia. Zwinglio rejeitou a crítica de Grebel. Então Grebel decidiu que a
verdade deveria ir avante mesmo sem o reformador. Assim, com alguns amigos, ele
organizou os círculos de estudos bíblicos nos lares. Isso lhe parece familiar?
E logo eles redescobriram, em seu estudo, a verdade do Novo Testamento sobre o
batismo. Você se lembra como o Senhor Jesus foi batizado? Lemos a respeito em
Mateus 3:16: "E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água..."
Jesus saiu da água após ser batizado.
Não Lhe espirraram água nem a derramaram. Ele foi submerso no Rio Jordão. Os
crentes em Cristo são "enterrados com Ele no batismo", diz o apóstolo
Paulo. Infelizmente, a Igreja havia perdido de vista essa importante verdade.
Durante séculos, a tradição da aspersão em bebês tinha trazido todos para a
Igreja.
Agora Konrad Grebel, na Suíça,
proclamava que Roma e os reformadores estavam todos enganados. Como você pode
imaginar, o conselho de Zurique não gostou do que ele fez. Assim, em 21 de
janeiro de 1525, eles aprovaram uma lei proibindo reuniões nos lares para
estudos bíblicos.
Apesar do decreto, Grebel e seus amigos
continuaram estudando juntos. Eles decidiram rejeitar não apenas as tradições
de Roma, mas também as concessões de Zwinglio. E, para selar seu compromisso
com Cristo, Grebel e seus amigos batizaram uns aos outros uma segunda vez.
Formaram uma nova comunidade cristã conhecida como os Anabatistas, que quer
dizer "aqueles batizados duas vezes".
Como Martinho Lutero reagiu aos
Anabatistas? Em princípio, o reformador alemão defendeu a liberdade total de
consciência. Mas, infelizmente, ele mudou o seu ponto de vista. O que o fez
mudar de opinião? Bem, foi um processo gradual. Durante a guerra dos camponeses,
muitos protestantes foram mortos por príncipes católicos. Milhares pereceram no
campo de batalha. Lutero viu o valor de se ter o governo ao seu lado em vez de
estar contra ele.
Depois que seus ensinamentos passaram a
controlar o norte da Alemanha, Lutero dependia mais e mais dos príncipes
protestantes para proteger a Reforma de Roma. Assim, foi formado um
relacionamento Luterano Igreja-Estado. Como Zwinglio, Lutero aprovou uma favorável
união da Igreja com o Estado. Para eles, pareceu ser uma questão de
sobrevivência da Reforma. Mas eles não conseguiram prever os problemas que
sempre ocorrem ao se misturar religião com política.
Atualmente, temos uma situação
semelhante. Lutando para salvar o mundo, muitos cristãos sinceros estão fazendo
pressão para legislar a moralidade, sua própria interpretação da moralidade.
Mas aqueles que têm aprendido com o passado recusam favores religiosos do
governo. Eles sabem que os problemas espirituais não podem ser resolvidos com
ação política.
No século 16, os reformadores tinham
sido expulsos por Roma; e depois eles expulsaram os Anabatistas. Acredite ou
não, chegaram a perseguir seus companheiros de crença. Esse é um dos capítulos
mais tristes, mais desconsertantes da história da Igreja. Primeiro, Zwinglio
influenciou seus amigos políticos a esmagarem os não-conformistas.
Os Anabatistas de Zurique foram
condenados à pena de morte. Mais tarde, na Alemanha, o colega de Lutero,
Melâncton, argumentou que os Anabatistas deveriam ser executados. "Até a
sua pacífica expressão de fé tem subvertido a ordem religiosa e civil",
acusou Melâncton. Ele predisse que a oposição deles ao batismo de bebês iria
produzir uma sociedade pagã. Por isso, deviam ser exterminados para salvar a
nação. Hoje seria difícil aceitar uma barbaridade dessa.
Sem dúvida, os líderes protestantes
erraram. Por causa da fraqueza da natureza humana, não devíamos achar isso tão
surpreendente. Todo despertamento espiritual tem sido manchado por algumas
pessoas desorientadas. Mesmo nas Escrituras há alguns servos fiéis de Deus que
cometeram muitos erros graves.
Isso também foi verdade durante a
Reforma. Os Anabatistas foram arrancados de seus lares, jogados na prisão e
cruelmente assassinados. Mas seu sangue foi como semente. E os Anabatistas que
escaparam da espada espalharam sua fé por toda a Europa.
Alguns foram para a Noruega, outros para
a Itália, Polônia, Holanda e Inglaterra. A Holanda se tornou um paraíso
especial para os Anabatistas, assim como para outros refugiados religiosos.
Um grupo de cristãos ingleses fugiu de
seus colegas protestantes da Igreja da Inglaterra. Refugiaram-se na Holanda. Os
dois grupos, Anabatistas e Separatistas ingleses, desfrutaram de uma bela
comunhão. Um pastor inglês, John Smyth, foi totalmente convencido pelos
ensinamentos Anabatistas e se rebatizou. Os Batistas modernos consideram Smyth
um pioneiro da sua fé. Aí, em 1609, o grupo de Smyth voltou para a Inglaterra e
organizou ali a primeira Igreja Batista.
Em poucos anos, os Batistas da
Inglaterra vieram para a América com a sua herança de democracia e liberdade.
Roger Williams foi apenas um dos muitos Batistas que lideraram as colônias em
direção da liberdade de consciência. James Madison, um dos pioneiros da
América, foi ganho para a liberdade religiosa pelos Batistas.
Quando menino, em Virgínia, ele ouviu um
destemido pastor Batista, aprisionado por causa de sua fé, pregando da janela
da sua cela. Bem, naquele dia, Madison dedicou sua vida à luta pela liberdade
de consciência. Incansavelmente, ele conversou com Thomas Jefferson e outros
para garantir a primeira emenda na Constituição Americana. Está escrito simples
e majestosamente:
"O congresso não criará lei alguma
relativa ao estabelecimento da religião, ou à proibição da liberdade de
culto." O governo deve proteger a religião, e não removê-la. Do contrário,
a intolerância certamente se mostrará de novo.
A História mostra que toda vez que a
religião da maioria é imposta sobre a sociedade, isso resulta em perseguição.
Muitos Batistas zelosos estão preocupados, atualmente, porque sua herança de
liberdade religiosa está desaparecendo. E estão especialmente tristes em ver
alguns de seus irmãos Batistas liderando a luta para legislar sobre a
moralidade.
Eles sabem que a lei religiosa acorrenta
a alma. A perseguição sempre surge quando a fé é imposta, não importa quão
sincero seja o motivo por trás dela. As profecias do livro de Apocalipse
predizem alguns eventos incomuns e terríveis para a própria América. Poderá a
perseguição à liberdade de consciência surgir de novo aqui? Graças a Deus,
ainda podemos desfrutar da liberdade religiosa. Sou grato aos Batistas por
trazerem sua herança de liberdade para a América.
Quer voltar comigo ao século 17 na
Holanda?
Um grupo de peregrinos tinha decidido
iniciar uma colônia na América. Estavam prontos para entrar no navio
"Speedwell", vindo da Inglaterra, e no "Mayflower". Era um
momento de emoção, mas também de muita tristeza.
Eles estavam deixando para trás entes
queridos, para cruzarem o desconhecido Atlântico. Para ajudar a reviver esse
momento histórico, vamos imaginar que estamos em Leiden, na Holanda. Estamos no
lindo jardim, de frente da mesma Igreja que eles deixaram após as palavras de
despedida de seu pastor. Ela parece nova porque a Universidade de Leiden
assumiu a responsabilidade de restaurá-la, mas esse foi o lugar exato onde eles
ouviram a mensagem final.
Naquela hora da despedida, seu amado
pastor, John Robinson, ficou em pé e disse: "Irmãos, breve iremos nos
separar, e só Deus sabe se viverei para ver de novo os seus rostos. Eu lhes
peço diante de Deus para me seguirem até onde eu tenho seguido a Cristo. Se
Deus revelar a vocês alguma coisa por algum outro instrumento dEle, estejam
prontos a receber, assim como estiveram prontos a receber qualquer verdade do
meu ministério. Pois confio muito que o Senhor tem mais verdades e mais luz
para serem reveladas da Sua Santa Palavra. Da minha parte, não imaginam o
quanto estou triste a respeito das Igrejas reformadas. Elas não irão mais longe
que os instrumentos da sua reforma. Os Luteranos não podem ser forçados a ir
além do que Lutero viu. E os Calvinistas devem ficar firmes onde foram deixados
por aquele grande homem de Deus. Apesar de esses reformadores terem sido luzes
vivas e brilhantes em sua época, eles não entenderam todos os conselhos de
Deus. Mas se vivessem hoje, estariam prontos a aceitar mais luz como a que
receberam inicialmente."
Que mensagem! Nessas nobres palavras,
ouvimos o verdadeiro espírito da Reforma: disposição para aprender e crescer;
ansiedade para andar na verdade negligenciada que descobrimos na Palavra de
Deus, como Martinho Lutero, em Wittenberg, Conrad Grebel, em Zurique, Roger
Williams, em Providence, no novo mundo, e o Metodista John Wesley, da
Inglaterra. Não existem oceanos que não tenhamos cruzado, mas novas
oportunidades espirituais podem estar nos aguardando logo ali na esquina.
Suponhamos que Deus lhe ofereça nova
verdade da Sua palavra. Você está disposto a tomar a Sua mão e caminhar nessa
luz? Uma maravilhosa experiência o aguarda, se você estiver disposto.
47
O QUE EU GOSTO NOS METODISTAS
George Vandeman
O ano era 1736. John Wesley, um
missionário da Inglaterra, quase não sobreviveu à viagem através do Atlântico
até a colônia da Geórgia. A violenta tempestade no mar passou, mas a alma de
Wesley permaneceu revolta. A despeito do seu compromisso sincero, ele não
conseguiu encontrar paz com Deus.
Assim que chegou em Savannah, Wesley
viveu algum tempo com um grupo de colonizadores da Alemanha. Eles também eram
missionários, descendentes do mártir do século 15, John Huss. Fugindo da
perseguição em sua nativa Morávia, eles haviam encontrado refúgio na Alemanha.
E agora tinham cruzado o mar para trazer o evangelho aos índios. Mas, primeiro,
um companheiro cristão precisava do seu testemunho.
Um dos alemães olhou para Wesley com
olhar gentil, mas penetrante, e perguntou:
"Você conhece Cristo?"
John respondeu com uma evasiva:
"Eu sei que Ele é o Salvador do
mundo."
"Sim, mas você sabe que Ele o
salvou?"
Wesley inquietou-se. Ele não tinha
certeza do perdão. Dava para entender agora por que ele falhara em evangelizar
os índios.
Após dois frustrantes anos, Wesley
retornou à Inglaterra. Deixe-me voltar o relógio do tempo até cerca de dois
séculos e meio e convidá-lo para me acompanhar na grande e velha Inglaterra.
Vamos imaginar que estamos no belíssimo jardim da Igreja do velho país
construída pelo memorável Thomas Gray, que escreveu a sua famosa elegia.
William Penn e sua família também
cultuaram nessa Igreja. E escolhi esse local histórico para reviver a
experiência de John Wesley.
Você se lembra que começamos com ele em
alto-mar e sua falta de paz com Deus. Mas a primavera para a sua alma
desabrochou finalmente em maio de 1738.
Numa reunião, numa capela em Londres,
alguém estava lendo o prefácio de Martinho Lutero do seu Comentário sobre
Romanos, quando a luz de repente veio sobre Wesley. Ele descreveu o momento:
"Cerca de quinze para as nove, enquanto ele, isto é, Lutero, estava
descrevendo a mudança que Deus opera no coração através da fé em Cristo, senti
meu coração estranhamente aquecido. Senti que confiava em Cristo apenas para a
salvação; e a certeza me foi dada de que Ele havia levado todos os pecados,
inclusive os meus." Bem, agora abrasado pelo Evangelho, Wesley pregou com
novo poder.
Multidões se reuniam para ouvi-lo de
todos os lados. Um reavivamento varreu a Inglaterra e chegou até a América. Era
o começo da Igreja Metodista. Os Metodistas hoje são uma das maiores
denominações protestantes. Eles têm em todo o mundo cerca de 24 milhões de
pessoas como membros.
A América tem cerca de 20 grupos
Metodistas. O maior deles, com mais de nove milhões de membros, é a Igreja
Metodista Unida. E o Doutor James Ault é atualmente o Presidente do Conselho
dos Bispos da Igreja Metodista Unida. Fiz uma visita a ele recentemente em
Pittsburgh.
Vandeman: Bispo James Ault, estou feliz
que tenha se prontificado a representar a grande Igreja Metodista Unida e, é
claro, a tradição Wesleyana em toda parte devido à sua liderança mundial. Mas
diga-nos: Por que você, pessoalmente, é um cristão Metodista?
Ault: Fui amado e aceito na fé por minha
família e pelos professores da escola da Igreja, e fui conduzido ao Ministério
ordenado por um Pastor em nossa Igreja local. Mas continuo um Metodista unido
por causa das ênfases distintas. Primeiro, nós nos preocupamos com as pessoas,
com a dignidade humana e com a responsabilidade moral. Também, sempre damos
atenção à primazia da graça. Por graça queremos dizer a ação do amor de Deus em
Jesus Cristo através da atividade do Espírito Santo.
John Wesley falou sobre três aspectos da
graça. Ele falou sobre o primado da graça, que nos cerca e nos persuade a nos
movermos em direção da fé. Falou sobre a justificação pela fé, que tem a ver
com um Deus amoroso, receptivo e perdoador. E também falou sobre o crescimento
na graça que nos move em direção da perfeição à medida que amadurecemos na fé,
e crescemos na graça rumo à santificação. Ou o que chamaríamos de graça
santificadora. Também sempre nos preocupamos quanto à conversão e mudança de
coração, levando as pessoas para Cristo. Isso pode acontecer de uma maneira
dramática, ou de uma maneira gradual. Sempre buscamos manter juntas a fé e as
obras. E, finalmente, nossa Igreja é organizada, como conexão. Assim, deixamos
a Igreja local livre sob o Espírito, para viver e testemunhar. E a Igreja geral
combina todas essas igrejas locais em um esforço nacional e internacional.
Vandeman: Mas, dentro desses pontos, o
que você escolheria como único?
Ault: Creio que, para hoje, a fé e as
obras. A nossa Igreja foi dividida em dois campos desde 1960. Um dando ênfase à
salvação pessoal e outro ao envolvimento social. E para que a Igreja sirva ao
Evangelho como um todo, temos que mantê-los unidos, crescendo na graça dentro
do corpo e testemunhando o amor encarnado no mundo em serviço.
Vandeman: Crescimento é um elemento
básico que parece tão em falta em inúmeros grupos que conhecemos. Será que
estamos pegando as partes únicas que sentimos que Deus usou através das várias
denominações para defender as verdades que têm sido negligenciadas? Lutero
trouxe a justificação pela fé, os Anabatistas trouxeram o batismo. Seu povo
mostrou como a conversão e a santificação, ou o crescimento, desenvolvem o
cristão. Você acha que estamos conduzindo isso bem?
Ault: Eu acho que é um excelente
formato, porque compartilhamos de uma tradição comum, todos na fé cristã. Mas
existem essas ênfases distintas de Igreja para Igreja, que têm enriquecido o
todo. Compartilhamos juntos em levar avante o todo.
Vandeman: Obrigado, James.
Existem muitas coisas de que eu gosto
nos meus amigos Metodistas. Mas há uma coisa que eu aprecio em especial: o
movimento Metodista foi chamado por Deus para resgatar uma verdade
negligenciada.
Wesley enfatizou que os cristãos
produzirão o fruto da obediência como resultado de seu relacionamento com
Jesus. Uma verdade realmente essencial.
E agora, voltemos ao jardim da Igreja.
Por volta do século 18, a Inglaterra havia se afastado de Deus. A pregação de
Wesley tirou a nação do seu sono espiritual.
É claro, nem todos apreciaram o
despertar. Presas nas teias de aranha da tradição, as Igrejas fecharam as
portas para o novo reformador. Assim, Wesley foi para os campos. Ele pregava ao
ar livre, até o alvorecer, antes dos trabalhadores iniciarem sua labuta diária.
Veja um trecho do seu diário de 21 de
setembro de 1743: "Fui acordado entre três e quatro da manhã por um grupo
de funileiros, que, temendo chegarem atrasados, juntaram-se ao redor da casa, e
estavam cantando e louvando a Deus. Às cinco horas, preguei de novo sobre: `crê
no Senhor Jesus Cristo e serás salvo'. Eles devoraram a Palavra de Deus."
Os conversos se amontoavam nas reuniões
de Wesley. Ele tentou manter seu movimento dentro da Igreja estabelecida. Mas
muitos de seus recrutas não pertenciam à Igreja. Por isso, Wesley os organizou
em sociedades para prover o seu cuidado espiritual. Mesmo assim, ele insistia
que eles assistissem aos cultos regulares da Igreja da Inglaterra. E, apesar da
lealdade de Wesley, as autoridades civis e religiosas rejeitaram o seu
ministério. Wesley sofreu mais do que mera recusa do seu direito de pregar. Em
4 de julho de 1745, uma multidão arrombou sua casa e exigiu sua morte. Veja
como ele descreveu a experiência: "Entrei de imediato no meio deles e
disse: `Aqui estou. Qual de vocês tem alguma coisa para me dizer? A qual de
vocês fiz alguma coisa errada? A você? A você? Ou a você?' Continuei falando
até chegar ao meio da rua, aí, erguendo a voz, eu disse: `Vizinhos
compatriotas, vocês querem me ouvir falar?' Eles gritaram com veemência: `Sim,
sim. Ele deve falar. Ele deve. Ninguém vai impedi-lo.' E eu falei. Até que um
ou dois dos chefes do bando viraram-se e juraram que ninguém iria tocar em
mim."
Bem, às vezes, a oposição a Wesley saía
pela culatra, e seu diário de setembro de 1769 registrou. Ele diz, com um toque
de humor: "Aí, eles ergueram a voz contra mim, especialmente um, chamado
de cavalheiro, que estava com os bolsos cheios de ovos podres; mas, um jovem
aproximando-se discretamente bateu com as mãos nos dois bolsos, quebrando todos
os ovos. Num instante ele perfumava todo o ambiente; embora não fosse tão suave
como um bálsamo."
Sim, não havia um só momento de tédio
para John Wesley! E também nenhum momento ocioso. Ele viajou a cavalo
quatrocentos mil quilômetros em seu ministério. Durante mais de meio século,
ele pregou uma média de 15 sermões por semana. Aos 88 anos, John Wesley
faleceu.
Ao redor de seu leito, havia dignitários
da Igreja, grandes amigos e familiares. E bem ao lado do aposento estava um
quartinho para oração. Em frente à janela, uma mesa, um banco para ajoelhar-se,
e sobre a mesa apenas duas coisas: a Bíblia de Wesley e uma vela. Todas as
manhãs, às quatro horas, Wesley entrava nesse quartinho para ajoelhar-se e
falar com Deus.
Na verdade, esse era o "lugar de
força" do Metodismo. Perto do final da longa e frutífera vida de Wesley,
ele escreveu esta mensagem encorajadora: "Sou agora um velho, enfraquecido
da cabeça aos pés; meus olhos pouco vêem, minha mão direita treme muito, minha
boca é quente e seca todas as manhãs. Tenho uma febre insistente quase todos os
dias. Meus movimentos são fracos e lentos. Entretanto, abençoado por Deus, não
deixo meu trabalho. Ainda posso pregar e escrever."
O longo ministério de Wesley
centralizou-se em duas grandes verdades que tinham sido esquecidas: o perdão de
Deus é grátis a todos; e todos somos responsáveis em crer e obedecer.
Vou lhe mostrar um gráfico para ilustrar
a mensagem de Wesley. As ilustrações têm seu ponto fraco. Não existe um meio de
ilustrarmos a delicada obra do Espírito Santo, mas as ilustrações podem
esclarecer verdades espirituais. Jesus usou parábolas para explicar Seus
ensinamentos.
Digamos que esse gráfico representa a
minha vida. E a linha que cruza o centro mostra que eu me converti, o meu
"novo nascimento".
A linha ao topo representa a perfeição
ou maturidade como vista na vida de Jesus. E uma outra linha oscilante através
do gráfico mostra a minha experiência diária, minha vida antes da conversão.
Agora, note a minha vida antes da
conversão. Estou tentando ser um bom chefe de família, cidadão respeitável,
trabalho duro, pago os impostos, sou bom com meus entes queridos, posso até ir
à Igreja, mas ainda não sou convertido. Não estou pronto para aceitar Jesus
como meu Salvador e Senhor. Mas estou considerando uma mudança.
Do lado esquerdo do gráfico, você me vê
seguindo em direção da conversão, a caminho de mudar meus modos antigos por uma
vida nova em Jesus. Talvez um programa de televisão evangélico tem me atraído
para que eu me renda a Cristo. Talvez uma tragédia, como a perda de um ente
querido, me mostre a necessidade de Deus. Ou até algo maravilhoso, como me
tornar pai, tem me feito querer ser cristão. Portanto, estou a ponto de
entregar a vida a Cristo. Mas aí recuo, relutante em trocar alguns de meus
modos antigos pelo modo como Deus quer que eu viva. Por uns tempos, fico
tentando decidir o que fazer. Assim, combato a convicção e, como resultado, me
encontro caindo mais e mais no pecado.
Mas o diabo entra em cena em pessoa. Eu
leio a letra miúda do seu contrato, percebo que ele quer provocar a minha
ruína. Alarmado, eu me volto para Jesus como meu refúgio. Entendo por que Ele
morreu por mim, e não posso mais resistir ao Seu amor. Assim, finalmente, rendo
sem reservas a minha vida através da linha até Cristo, o meu Salvador.
Por um ato de Deus, experimento o que é
freqüentemente chamado de "novo nascimento". Uma feliz experiência,
de fato. Mas nesse momento crucial, algo estranho acontece. Imediatamente,
enfrento o que parece ser um desafio impossível. Perfeição ou maturidade de
caráter. Como é que vou conseguir atingi-la?
Mas note, já que estou perdoado, naquele
exato momento estou purificado diante de Deus, perfeito à Sua vista. O Salvador
me deu o registro de vida santa. É como se eu nunca tivesse pecado. Está vendo?
Deus me trata como se eu estivesse no topo do gráfico. Em termos teológicos,
isso é "justificação".
E quanto ao meu viver diário, acabo de
começar uma vida cristã. Sou um bebê espiritual. Os bebês precisam crescer, e
eu também. Assim, começo meu relacionamento com Jesus, que substitui meu
relacionamento com o pecado.
No gráfico, abaixo da linha oscilante,
está o registro do quanto Cristo tem vivido dentro de mim. Mas o registro desse
progresso completa a exigência da perfeição em Jesus? Não. Entretanto, se estou
andando em toda a luz que Ele me envia e permaneço comprometido, Ele me dá o
registro de Sua própria vida perfeita, e eu fico justificado aos Seus olhos.
Mas suponhamos que eu me torne perplexo. Velhas tentações voltam e tornam a me
atacar. Às vezes, eu me rendo ao clímax da tentação. Isso significa que não estou
salvo? Não, claro que não. Os bebês sofrem quedas.
Meu netinho, Craig, sofre tantos tombos
que eu nem sei como ele consegue viver sorrindo. Aí ele aprende a andar, e
ainda irá tropeçar. Mas ele voltará a se levantar. E durante esse tempo ele
está crescendo. Assim é com a vida cristã. A despeito das muitas vitórias que
Deus me dá, eu me pego tropeçando às vezes. Mas aí, pela Sua graça, sou capaz
de voltar a me levantar. Enquanto eu estiver disposto a permitir que Cristo
viva em mim, permaneço perdoado. A perfeição do Salvador cobre todas as minhas
faltas.
Quando Deus olha para mim, Ele não vê as
minhas fraquezas. Ele vê o registro perfeito de Seu filho, Jesus Cristo,
cobrindo a minha vida. Assim, Deus pode dizer a meu respeito: "Este é Meu
filho amado, ou filha, em quem Me comprazo." Em cada nível de crescimento
do cristão, Deus nos considera perfeitos e maduros. E se você pensa que isso é
uma afirmação exagerada, tente lembrar dos bebês.
Os bebês são perfeitos em todos os
estágios de desenvolvimento, não são? É o que Deus quer dizer com a palavra,
"perfeito" ou "maduro". E todo o tempo, Deus nos considera
perfeitos ou maduros. Em Cristo, Ele está nos atraindo para nos tornar como
Ele. Agora, suponhamos que eu morra aqui mesmo. Ainda tenho defeitos. Ainda há
crescimentos que eu não atingi. Isso quer dizer que estou perdido? É claro que
não. O registro perfeito de Jesus ainda me cobre. Eu permaneço perdoado aos
olhos de Deus porque, como diz a Palavra de Deus, em I João 1:7: "Mas, se
andarmos na luz, como Ele na luz está... o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho,
nos purifica de todo o pecado."
Notícias empolgantes. Perdão constante,
se andarmos à luz de Sua abençoada Palavra.
Lembre-se novamente de que as
ilustrações têm seu ponto fraco, mas note o quanto isso ajuda. Tudo abaixo da
linha é o registro da justiça comunicada de Deus, é Cristo vivendo em minha
vida, e tudo acima da linha é a justiça imputada de Deus, é o registro perfeito
de Cristo cobrindo minha vida. Ambos vêm de Deus.
A justiça imputada de Jesus é um
guarda-chuva que me cobre com perdão enquanto eu viver. Eu jamais fico acima da
minha necessidade de justificação, ou seja, da minha necessidade de estar
coberto pelo sangue de Jesus. Todo o tempo em que sou perdoado, estou crescendo
em santificação; é a justiça comunicada de Jesus.
Deus, desse modo maravilhoso e
encorajador, está trabalhando em nós para restaurar a imagem do Criador. Essa
foi a mensagem da salvação que aqueceu o coração de Wesley. Essa é a verdade
negligenciada que ele restaurou para dar equilíbrio à nossa fé.
Percebe agora por que gosto dos
Metodistas? Deus chamou Lutero e Calvino para proclamarem o perdão. Aí, Ele
trouxe Wesley para declarar o viver puro e o crescimento cristão. Todos eles
trouxeram de volta verdades vitais que tinham sido negligenciadas. John Wesley
não afirmou que ele possuía toda a luz. Ele sabia que, com o passar do tempo,
novas verdades se revelariam da Palavra de Deus.
Alguma vez já lhe ocorreu por que
existem tantas religiões? Talvez você tenha começado a ver a resposta neste
livro. Sabe, temos a tendência de seguir os nossos líderes, a crer em tudo o
que eles crêem e um pouco mais. Mas não avançar nada além do que eles avançaram
antes de morrer. Nos dias de Lutero, a Igreja Católica o recusou e a Igreja
Luterana nasceu. Quando Deus trouxe mais luz com os Anabatistas, muitos
Luteranos não aceitaram. Aí surgiu a Igreja Batista. E quando mais verdades
surgiram através de Wesley, muitos Calvinistas e outros o rejeitaram. E assim
temos os Metodistas.
A história continua. Ela um dia acabará?
Veremos. Deixe-me dar a você algo para pensar. É possível que possa haver mais
luz para seguirmos? Verdades negligenciadas da Palavra de Deus que precisamos
seguir hoje? A Bíblia diz em Provérbios 4:18: "Mas a vereda dos justos é
como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito."
Mas muitas pessoas parecem relutantes em
receber a nova luz, ao contrário da menina na nova Inglaterra colonial que
havia captado o espírito de Wesley. Ela escreveu um pequeno poema que um
pregador itinerante copiou em seu diário. Quero mostrá-lo a você. Acredite ou
não, a menina que escreveu esse poema tinha apenas nove anos. Veja a sua
mensagem:
"Saiba que toda alma é livre para
escolher de sua vida o que ela será. Pois esta eterna verdade é dada, que Deus
não forçará o homem a ir para o Céu. Ele atrai, persuade, dirige-o bem. Abençoa
com sabedoria, amor e luz. Em inúmeras maneiras, é bom e gentil, mas nunca
força a mente do homem."
Deus jamais forçará a mente humana. Você
e eu somos livres, livres para fazer o que bem quisermos à medida que a verdade
avança. Podemos recusar crescer além das crenças de nossos ancestrais. Ou
podemos escolher por nós mesmos andar na luz que brilha continuamente da
inesgotável Palavra de Deus.
48
O QUE EU GOSTO NOS
CARISMÁTICOS
George Vandeman
Um reavivamento carismático está
varrendo toda a América. Está mudando igrejas. Está mudando pessoas. E tudo
começou na Califórnia, em abril de 1960. Dennis Bennett, reitor da Igreja
Episcopal de St. Marks, em Van Nuys, fez à sua congregação uma surpreendente
declaração e o cristianismo nunca mais foi o mesmo. Bennet informou ao seu povo
que, em outubro de 1959, ele tinha recebido o "Batismo do Espírito
Santo". Ele declarou: "O Espírito Santo tomou meus lábios e minha
língua e formou uma poderosa linguagem, que eu mesmo não conseguia
entender."
A sofisticada Igreja de Bennett ficou
chocada. Um de seus colegas renunciou e foi embora. Muitos saíram com ele. Mas
multidões, desde então, têm tido uma experiência igual à de Bennet.
Grandes concentrações lotam estádios de
futebol. Testemunhos de vidas modificadas ecoam pelo ar no meio de fervorosos
aleluias. Lágrimas de alegria descem pelos rostos. Lado a lado, Protestantes e
Católicos cantam "somos um no Espírito". Não resta a menor dúvida,
algo grande está acontecendo. Segundo uma recente pesquisa do Gallup, cerca de
30 milhões de americanos nas diversas denominações se consideram Carismáticos.
Muitos julgam esse despertamento o maior evento religioso desde o Pentecostes
no primeiro século. Outros não têm tanta certeza. O que está realmente
acontecendo? Para entender esse reavivamento Carismático, temos que voltar aos
dias dos primeiros Metodistas.
John Wesley ensinou que, depois dos
crentes nascerem de novo, uma "salvação mais alta ainda" os
aguardava. Ele chamava essa experiência de a "segunda bênção" do
Espírito Santo. Poderia vir de repente, disse Wesley, purificando instantaneamente
e renovando a alma. O pecado seria substituído pelo amor perfeito. Agora,
Wesley e seus pregadores provocavam os que os ouviam a buscar o grande
derramamento de bênçãos do Espírito. O próprio Wesley nunca afirmou ter obtido
essa segunda bênção. Mas ele buscou a experiência até a morte.
Depois que Wesley saiu de cena, vários
líderes continuaram a promover sua segunda bênção. Entre eles, destaca-se
Phoebe Palmer, que publicou um "guia para a perfeição do cristão".
Nele, sugeria que a santidade plena não é ganha pela luta espiritual, mas pela
confiante reivindicação das promessas de Deus. Ele chamava essa experiência de
batismo do Espírito Santo.
Apesar dos esforços de muitos
revivalistas, em torno do século 19, a Igreja Metodista estava perdendo seu
primeiro amor. Assim, buscando renovação espiritual, sociedades da santificação
existiam por todos os lados. Um desses grupos inspirou Hannah Whithall Smith a
escrever um livro maravilhoso: O Segredo de Uma Vida Feliz do Cristão.
Muitos revivalistas da santificação
promoveram uma religião ao estilo pentecostal, que enfatizava os milagres.
Crendo estarem sob a orientação direta do Espírito Santo, eles resistiram às
restrições da autoridade da Igreja. Finalmente, a Igreja Metodista sentiu-se
forçada a desaprovar o movimento de santidade. Assim, os pentecostais cresceram
fora do Metodismo.
Dentro de poucos anos, por volta da
virada do século, mais de 20 grupos de santificação haviam nascido. O maior
deles era o dos Nazarenos e o da Igreja Peregrinos da Santificação. Mais tarde,
apareceram várias Igrejas de Deus, e outras denominações. Muitos crentes da
santificação começaram a falar em línguas. Charles Fox Parham, um curador da fé
em Topeka, Kansas, espalhou esses reavivamentos de línguas. Parham insistia no
falar em línguas como uma experiência necessária para cada cristão.
Logo o Pentecostes se incendiava em Los
Angeles, na cena do famoso reavivamento da Rua Azusa, em 1906. Línguas se
tornaram a pulsação da religião para muitas denominações de santificação. Mas a
linha principal dos Protestantes e dos Católicos evitava o Pentecostalismo. Aí,
vieram os anos 60, quando tudo mudou. Depois que Dennis Bennett tomou posição
em St. Marks, as barreiras ruíram entre os pentecostais e seus colegas
protestantes. Crentes ansiosos formaram grandes grupos de denominações e
começaram a falar em línguas. Esse novo movimento tornou-se conhecido como a
Renovação Carismática.
Em pouco tempo, alguns Católicos haviam
se juntado às fileiras dos Carismáticos. Em junho de 1967, noventa católicos se
reuniram em Notre Dame para celebrar sua experiência de línguas. Mas, apenas
sete anos depois, aquele grupo havia aumentado para 35 mil. O crescimento
Carismático entre os católicos tem sido notável, quase incrível. Uma recente
pesquisa mostrou que quatro milhões de Católicos americanos assistiram a uma
reunião de Carismáticos naquele mês em que tinham feito a pesquisa.
Ora, o que os líderes católicos pensam
sobre as línguas? Bem, o Papa Paulo VI abençoou o reavivamento Carismático. E,
no início de 1981, o Papa João Paulo II expressou apreciação explícita pela
renovação Carismática com sua igreja. Muitos estudiosos católicos têm apoiado
as línguas. Edward O'Conner escreve: "Os católicos que têm aceitado a
espiritualidade pentecostal têm-na achado em completa harmonia com sua fé e
vida espirituais."
Muitos leigos têm se envolvido com esses
grupos Carismáticos. O maior e mais conhecido deles é a Associação
Internacional de Empresários do Evangelho Total. Tenho o privilégio de
apresentar a você um querido amigo de muitos anos, Demos Shakarian, fundador e
Presidente desse grupo.
Vandeman: Vocês têm reunido ao seu lado
milhares de homens de negócios. Como é que se chama esse movimento?
Shakarian: Chama-se Associação
Internacional de Empresários do Evangelho Total. Começamos com 21 homens. Hoje,
somos mais de 800 mil e eles se reúnem todos os meses em 87 países e quatro mil
núcleos. É o poder do Espírito Santo.
Vandeman: Por que você é pessoalmente um
cristão Carismático?
Shakarian: É onde está o poder. O poder
do batismo do Espírito Santo. Pensaram que estávamos loucos. Mas eu disse: Deus
mandou Seu poder para toda a América. Preparemo-nos para receber o melhor do
Espírito Santo. É o mesmo poder que os discípulos receberam no cenáculo. O
poder e a salvação desceram. Três mil foram salvos em um só dia, cinco mil em
outro dia. E Pedro ressuscitou os mortos e curou os doentes. Ele não fez aquilo
sozinho. Fez pelo poder do Espírito Santo. Eu sabia que era o que os homens queriam
ver, a realidade do cristianismo, o movimento Carismático.
Vandeman: É preciso falar sobre o
Espírito Santo, amá-Lo, aceitá-Lo e recebê-Lo mais do que qualquer outro dom,
você não concorda?
Shakarian: Sim, concordo.
Vandeman: Você acha que tratei o
movimento Carismático de maneira justa?
Shakarian: Você tem feito um excelente
trabalho, eu sei que tudo o que você disse é a verdade. Eu aprovei.
Os Carismáticos têm contribuído muito
para a espontaneidade e alegria do culto. E, nesta época de auto-suficiência
secular, eles nos lembram que somos seres dependentes do Espírito de Deus para
cumprir Seu propósito em nossa vida. Outra coisa que eu gosto nos Carismáticos
é de sua experiência de oração. Quando oram, oram realmente! Eles esperam
respostas de Deus. Repito: existem muitas coisas que eu aprecio nos
Carismáticos. De fato, eu mesmo sou um Carismático, no sentido bíblico da
palavra. Deixe-me explicar, por favor. A palavra "Carismático", em
grego, significa "Dom da Graça". E eu creio nos dons do Espírito.
Assim, como vê, sou um Carismático. Mas
eu não falo em línguas. Ora, isso cria uma dúvida para muitos Carismáticos.
Sabe, eles crêem que as línguas são a prova da presença do Espírito Santo. Se
eu não falar em línguas, não sou um privilegiado. Talvez seja um cristão de
segunda classe. Alguns provavelmente até digam que, por eu não conseguir falar
em línguas, não estou salvo. Não os censuro por nada. E eles também não me
censuram. Eles só estão preocupados comigo. Mas vamos relembrar que existem
inúmeros e vários dons do Espírito. A Bíblia nunca diz que todos recebem o
mesmo dom. Jesus tinha o poder do Espírito como nenhum outro jamais teve, ou
jamais terá. João Batista disse: "...Deus dá do Seu Espírito sem
medida." João 3:34.
Todavia não há nenhum registro indicando
que Jesus alguma vez falou em línguas. Isso é uma coisa para se pensar, não é?
Qual é o propósito das línguas? Bem, os apóstolos usavam as línguas para
comunicar o Evangelho em idiomas estrangeiros. A palavra traduzida por
"língua" significa "linguagem".
Quando Cristo enviou os apóstolos para
evangelizar o mundo, Ele não queria que eles tivessem que passar anos estudando
idiomas. Assim, deu a eles o dom de línguas. Milhares de todas as partes
ouviram o Evangelho em seu próprio idioma no
Pentecostes.
Agora, há outro dom que os Carismáticos
mencionam muito: o dom de curas. Você pode ver aqueles que curam na televisão.
Eles nos dizem que Deus quer curar todas as doenças desde que tenhamos fé. Bem,
eu certamente creio na cura. Mas a garantia da cura instantânea pode acabar não
sendo uma boa notícia, afinal, ela pode criar um tremendo peso de culpa.
Se a fé deve sempre trazer a cura, então
aqueles que permanecem doentes não têm fé? O doente de algum modo não é
"espiritual o bastante" para ser curado? Esse tipo de pensamento fica
ainda mais sério. Se a fé que me salva deveria me curar, então quando não sou
curado, talvez eu não esteja salvo?
Muitos santos morrendo clamam a Deus
para serem curados, entretanto continuam doentes. Aí eles começam a duvidar da
salvação. Carregam um fardo falso de culpa pior até do que sua dor.
Como disse, eu creio na cura divina.
Muitos pelos quais tenho orado têm sido milagrosamente curados. Mas também
tenho visto muitos santos morrerem doentes. E Deus os ama do mesmo modo como se
Ele os tivesse curado. Sabe, Deus quer nos curar no momento e do jeito que Ele
quiser, como sabe que é melhor. Às vezes, Ele cura de imediato; Às vezes,
espera para nos curar na ressurreição, quando Jesus vier.
O apóstolo Paulo cria em curas. Ele até
ressuscitou um jovem da morte. Mas ele próprio nunca foi curado de uma
misteriosa aflição chamada de "espinho na carne". Três vezes ele
suplicou a Deus que o livrasse. Finalmente, ele aceitou aquele sofrimento. E
foi uma bênção, para mantê-lo humilde e dependente. Assim, ele entregou a sua
aflição a Deus e prosseguiu com a vida. É preciso mais fé para pedir para ser
curado agora, ou para submeter seu corpo a Deus e deixá-Lo curá-lo quando Ele
achar que é melhor? O que exige mais fé? Obter o que eu quero agora ou deixar
Deus operar a Seu próprio tempo e maneira?
Graças a Deus, a salvação não depende de
termos ou não uma determinada resposta à oração. Em vez disso, ser salvo
depende de nossa decisão em confiar e obedecer a Jesus. Nossa esperança repousa
em Cristo, não em nós mesmos. Jesus é a nossa passagem para o Céu.
Vamos supor que pudéssemos conseguir a
salvação na base de termos milagres em nossa vida. Mas isso nos poria em
competição com Jesus, nosso Salvador, não é mesmo? A nossa fé deve aceitar a
Cristo, e não competir com Ele. Olhamos pela fé para a cruz. E assim somos
salvos através do sangue de Jesus, não pelos milagres que Deus opera em nossa
vida. Entender erroneamente os milagres pode nos levar a todo tipo de problema
espiritual.
Isso me faz lembrar aquele pobre homem
com altos e baixos em sua experiência cristã. Ele confessa orgulho espiritual
quando vê notáveis respostas às suas orações, mas, quando quase nada acontece,
fica preocupado que Deus o tenha abandonado. Ele teme que possa estar perdido.
Esse homem tem que deixar de olhar para si mesmo. Ele precisa pôr sua confiança
fora de si mesmo, em Jesus. Agora, como mencionei antes, creio em milagres. E
aprecio todos os dons do Espírito.
Deus fará maravilhas em nossa vida se
cooperarmos com Ele. Mas quando colocamos a confiança na cruz de Cristo, jamais
faremos de nossas conquistas espirituais um salvador.
Suponhamos que eu me sinta seguro da
salvação só porque vejo milagres acontecendo em minha vida. Posso me tornar
descuidado em minha obediência, percebe? Um Carismático escreveu na capa da sua
Bíblia: "Pouco me importa o que a Bíblia diz, eu já tive uma
experiência". Não nos compete questionar a sinceridade desse homem. Mas
certamente o Espírito Santo, que inspirou a Bíblia, jamais nos levaria a
negligenciar a obediência à Palavra de Deus. Será que é por isso que a Bíblia
nos traz uma advertência em I João 4:1? "Não deis crédito a qualquer
espírito, antes provai os espíritos se procedem de Deus." Importante
conselho, não acha?
Sem dúvida, os espíritos inimigos podem
falsificar o Espírito Santo. Eles podem operar verdadeiros milagres, até fazer
com que desça fogo do céu num falso Pentecostes. E as Escrituras na verdade
predizem que o inimigo realizará suas maravilhas do mal usando o nome de Jesus
Cristo. "Muitos Me dirão naquele dia; `Senhor, Senhor, não profetizamos
nós em Teu nome? E em Teu nome não expulsamos demônios? E em Teu nome não
fizemos muitas maravilhas?' E então lhes direi abertamente: `Nunca vos conheci;
apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniqüidade.'"
Os falsos profetas usarão o nome de
Cristo para praticar o mal. Satanás realizará todos os tipos de maravilhas
mentirosas. Ele pode abusar do dom de cura em nome de Jesus. Ele pode
falsificar o dom de línguas. Afinal, ele é um anjo caído. Ele pode falar qualquer
língua da Terra ou do Céu. Jamais se esqueça disso. Os milagres em si não são
nenhuma prova da presença de Deus. Você não concorda? Evidentemente, alguns
milagres podem ser operados pelo inimigo. Você vê por que a Bíblia nos adverte
a provar os espíritos? E qual é a prova? Como podemos diferenciar o genuíno
amor de Deus da sua falsificação? As escrituras dizem com toda clareza:
"Pois amar a Deus é obedecer aos Seus mandamentos. E os Seus mandamentos
não são difíceis de obedecer." I João 5:3.
Como vê, o amor para Deus significa
muito mais que um sentimento que aquece o coração quando O cultuamos. A
verdadeira prova do amor cristão é a obediência aos mandamentos de Deus. Por
isso, cuidado! Sei que Demos Shakarian e seus companheiros concordarão comigo
quando eu disser isto: Cuidado com as falsificações do Espírito Santo. Fique
com os olhos abertos e sua Bíblia por perto.
Muitos de nós estamos satisfeitos com a
experiência silenciosa, com a falta do fogo do Espírito Santo na vida. Deus
quer que tenhamos mais, quer encher nosso coração com o amor transbordante.
Quer nos dar a vitória sobre o pecado e nos guiar para toda a verdade. O
Espírito Santo é o maior dom de Deus é e nossa maior necessidade. Portanto,
vamos pedir a Deus para encher nossa vida do Seu Espírito. Aí, devemos deixar o
Espírito decidir que dom nos dar.
Agora, ao nos aproximarmos do final,
quero lhe contar uma história. Você se lembra que mencionei no começo Hannah
Whithall Smith e seu livro O Segredo de Uma Vida Feliz do Cristão.
Há muita vivência por trás da sua
experiência. Aprendi isso do livro de Catherine Marshall, Algo Mais.
Em 1865, Hannah e seu marido, Robert,
mudaram-se com a família para Milltown, Nova Jersey. Foi onde Hannah conheceu
os Metodistas da Santificação. Apesar de ela ser uma Quaker, ficou
profundamente impressionada com eles.
Logo, Robert resolveu partilhar do
interesse da esposa pela vida de santificação. E num verão eles assistiram a
uma reunião num acampamento de santificação numa floresta ao longo da Costa de
Nova Jersey. Mas Robert recebeu uma experiência espiritual sensacional, que foi
descrita por sua esposa: "Após a reunião, meu marido foi sozinho para um
ponto da floresta, para continuar a orar a sós. Quando, de repente, da cabeça
aos pés ele foi abalado pelo que parecia ser uma vibração magnética de prazer
celeste, e jorros de glória pareciam derramar-se sobre ele, alma e corpo, com a
segurança interior de que aquele era o ansiosamente esperado batismo do
Espírito Santo."
Bem, naturalmente isso fez Hannah
desejar uma experiência semelhante. Ela foi ao altar noite após noite. Orou
durante horas a fio. Mas nada aconteceu. Não foi dessa vez que ela teve uma
experiência espiritual espetacular como seu marido havia tido. A princípio, ela
ficou desapontada. Aí, concluiu que Deus já havia lhe dado o Espírito na paz
que reinava em seu coração. Ela possuía algo mais permanente e substancial do
que uma experiência dramática e emocional. Mas a história não terminou.
Na primavera de 1875, Robert viajou para
a Alemanha, onde realizou reuniões evangelísticas e de ensinos altamente
bem-sucedidos perante grandes multidões, mas sempre numa atmosfera bastante
carregada de emoção.
Em uma carta à esposa, ele exultou:
"Toda a Europa está aos meus pés!" E quando retratos seus foram
oferecidos à venda, oito mil foram vendidos imediatamente. Então caiu a base do
ministério de Robert. Circularam boatos sobre seu questionável contato, sua
conduta com as mulheres e os boatos chegaram à imprensa.
As reuniões foram canceladas pelos
patrocinadores. Robert voltou para casa, para junto de Hannah. Hannah
permaneceu fiel junto do marido, apoiando-o em silêncio. E quanto a Robert e
sua sensacional experiência espiritual? A sua fé falhou. Ele afundou-se em
grande depressão. Mas por toda a crise, Hannah continuou seu cristianismo calmo
e consistente.
Você não admira a fidelidade dessa
mulher? Vamos deixar Deus entrar em nossa vida do jeito que Ele preferir. Ele
pode não vir até nós com o dom da cura ou de línguas. Ele pode vir, de fato,
com uma mordaça para nossa língua. Ou pode, sem alarde, nos convencer da nova
verdade que nunca havíamos conhecido: a verdade negligenciada para seguirmos.
Mas de um modo ou de outro, Ele entrará em nossa vida quando nos rendermos com
fé. E não precisamos esperar algum tipo de experiência sensacional. A tranqüila
plenitude do Espírito Santo pode ser sua agora.
49
O QUE EU GOSTO NOS CATÓLICOS
George Vandeman
São cinco horas e dezenove minutos. O
papamóvel branco circula pela praça de São Pedro, em Roma, entre a multidão que
acena e aplaude.
Ninguém nota uma bolsa de viagem sendo
aberta. Ninguém vê a mão entrando nela nem a pistola Browning sendo tirada. Aí
acontece. O disparo repentino ocorre e o sorridente homem de branco geme de
dor. Seus ombros largos se curvam e ele cai lentamente. Os aplausos se
transformam em gritos. Em uma dúzia de idiomas, a terrível notícia corre pela
multidão: "O Papa foi baleado!" O sangue vermelho jorra de um
ferimento aberto. A corrida pela vida em direção ao Hospital Gemelli é uma cena
de profundo horror. Mortalmente pálido e quase inconsciente, João Paulo
murmura: "Por que fizeram isso?"
Milhões multiplicados repetiam a
angustiante pergunta: "Por quê?" Orações eram feitas de todas as
partes. Padres, pastores e rabinos lideravam suas congregações em fervorosas
intercessões pelo Papa. João Paulo se recuperou e voltou para os braços abertos
de 750 milhões de Católicos. Sua cruzada mundial pela amizade e paz seguiu
avante. O que há em João Paulo que conquista corações no mundo todo? Eu acho
que todos apreciamos seu estilo amigável e caloroso.
Não muito tempo atrás, o mundo ocidental
vinha flertando com a liberdade irrestrita. A sociedade dos anos 60 começou a
seguir uma tendência diferente: "Faça o que você quiser." E era tudo
em nome da paz e do amor. Mas essa erosão da moralidade nos levou para o esgoto
da dor e da vergonha. Sofremos com o problema da gravidez, da embriaguez e do
consumo de drogas pelos adolescentes. Sem falar do vandalismo, da violência e
das doenças sexualmente transmitidas. Tudo isso devido à rejeição dos padrões
morais absolutos de Deus, Seus Dez Mandamentos. A América finalmente recobrou
os sentidos.
O final dos anos 70 trouxe um
reavivamento de moralidade, quando muitos que tinham rejeitado a Lei de Deus
mudaram de idéia. Eles passaram a entender que aquela ação social jamais
poderia tomar o lugar dos valores espirituais.
E quanto à tendência diferente que a
sociedade vinha seguindo? Eles começaram a achar que ela não servia. Nessa
atmosfera de renovação religiosa, João Paulo tornou-se Papa. Ele preencheu
rapidamente o vazio da liderança moral. Muitos jamais esquecerão a visita que
ele fez aos Estados Unidos no outono de 1979.
"Tenho vindo a todos com uma
mensagem de esperança e paz de Jesus Cristo", disse João Paulo. E tinha um
conselho especial para os jovens: "Muitos jovens fogem de sua
responsabilidade, fogem para o egoísmo, fogem para o prazer sexual, fogem para
as drogas, fogem para a violência, eu lhes prometo a opção do amor, que é o
oposto da fuga. Pois foi Jesus, nosso Senhor Jesus em pessoa, que disse: `Serão
Meus amigos se fizerem o que Eu mandar.'" Muitos pensavam que os jovens
tinham rejeitado o chamado do Papa para a lei espiritual e a ordem. Mas não, 19
mil adolescentes no Madison Square Garden bateram palmas quando ele os convidou
a disciplinarem suas vidas. Eles pareciam prontos para o desafio da moralidade
do Papa João Paulo. E do mesmo modo estava o restante dos mais de 50 milhões de
Católicos americanos.
Oitenta mil pessoas lotaram o Yankee
Stadium para ouvir o Pontífice. Uma avalanche de aplausos se seguiu quando o
Papa os admoestou a repartirem com os pobres e os oprimidos.
O apelo de João Paulo pela moralidade e
compaixão tocava os corações por onde quer que ele fosse. E os americanos de
todas as religiões apreciaram seu chamado à responsabilidade espiritual e
social.
Você deve ter notado que nos capítulos
anteriores eu convidei os líderes das várias denominações para nos ajudarem a
conhecer sua igreja e nos falar de sua fé pessoal em Cristo. Bem, achei os
líderes da Igreja Católica calorosos e cordiais, satisfeitos por sua Igreja
estar incluída em nossa série. Mas preferiram não aparecer publicamente.
Assim, recorri ao Dr. Samuele
Bacchiocchi. Embora não sendo da fé Católica, o Dr. Samuele Bacchiocchi foi o
único não-Católico aceito até hoje como aluno graduado na famosa Pontifícia
Universidade Gregoriana em Roma.
Após cinco anos de estudos naquela
cidade, ele foi premiado com a mais alta honraria que o Pontífice pode dar a um
formando: a medalha de ouro pelo brilhantismo de sua conquista acadêmica.
Vandeman: Dr. Bacchiocchi, o que o
senhor gosta nos Católicos Romanos?
Dr. Bacchiocchi: Eu me lembro de várias
coisas que realmente aprecio no povo Católico. Em nível pessoal, o que eu gosto
é o modo como me trataram durante aqueles cinco anos que passei em Roma, na
Pontifícia Universidade Gregoriana. Sabe, eles me aceitaram como um "irmão
separado", mas na realidade me trataram como um verdadeiro irmão cristão:
com amor, respeito e bondade. Num sentido mais geral, o que eu gosto nos
Católicos é o modo dedicado pelo qual eles realizam seus exercícios religiosos.
Eu fui privilegiado, enquanto estudava, ao observar meus professores, padres e
monges passando as primeiras horas do dia lendo e meditando sobre a realidade
espiritual. E o impacto dessa comunhão diária com Deus podia ser sentida de
fato em sua disposição única e agradável. Eu também admiro grandemente o
espírito de sacrifício de incontáveis padres, monges e freiras, como a Madre
Teresa de Calcutá, que tem servido e continua servindo, sem pensar em seu
sacrifício pessoal, aos necessitados, aos que sofrem, aos esquecidos da
sociedade atual.
Vandeman: Concordo com você. Agora, o
que você acha dos ensinamentos Católicos?
Dr. Bacchiocchi: Existem vários
ensinamentos Católicos que o senhor pode entender que eu acho inaceitáveis,
como a transubstanciação, a imaculada Conceição, a infalibilidade e a primazia
papal. Por outro lado, existem certos ensinamentos Católicos únicos que eu não
só admiro, mas acredito que são muito relevantes para a nossa época. Estou
pensando particularmente no compromisso Católico Romano para a preservação da
santidade do casamento e através da inviolabilidade da vida humana. Vivemos em
uma sociedade em que muitos cristãos passaram a ver o casamento como uma
instituição social civil que pode ser prontamente dissolvida quando as
circunstâncias pedirem. Por isso, creio que a Igreja Católica tem que ser
condecorada por seu compromisso de nos lembrar que o casamento é sagrado e o
que Deus uniu ninguém tem o direito de separar. Eu também admiro os esforços
que a Igreja Católica vem fazendo atualmente, desde o Vaticano II, em promover
a circulação e a leitura da Palavra de Deus. Acredito que essa tendência é muito
positiva e pode ajudar os cristãos a enriquecerem sua experiência de
entendimento espiritual e sua realidade. Minha grande esperança e oração é que,
como Protestantes, possamos apreciar mais plenamente a experiência religiosa e
as convicções teológicas dos Católicos. Em contraposição, que nossos amigos
Católicos, através de um estudo renovado das Escrituras, redescubram algumas
das verdades bíblicas vitais perdidas.
Vandeman: E quem poderia ter dito isso
melhor do que você? Obrigado por ter vindo.
Em um mundo de progresso material,
mudança social, os valores morais têm sofrido erosão. Mas a Igreja Católica
Romana luta pela moralidade e a decência. E muitos Católicos defendem a
integridade da vida humana, juntamente com muitos Protestantes que reconhecem o
respeito pela vida humana como uma verdade negligenciada. Essas convicções têm
enriquecido o mundo.
A Igreja Católica tem permanecido firme,
mesmo quando outros têm escorregado. Eu também gosto dos Católicos por causa de
seus muitos exemplos radiantes de genuíno amor cristão, um amor altruísta que
nada pede em troca, o tipo de amor que Jesus mostrou em Sua vida.
Nosso exemplo preferido disso, como o
Dr. Bacchiocchi nos lembrou, é Madre Teresa de Calcutá, Índia. Quem tem um
coração tão duro que não se comove ao conhecer a profundidade do que essa
querida mulher vem fazendo? E não podemos esquecer que existem milhares de
outras freiras e padres como Madre Teresa em todos os cantos do mundo. Somente
na eternidade saberemos dos sacrifícios desses heróis anônimos.
Outra coisa que eu aprecio nos Católicos
é seu sincero amor por Jesus e seu crescente interesse pelas Escrituras.
Testemunhei isso em primeira mão no Cardeal Kroll, de Filadélfia, quando
trabalhamos juntos sob a honrosa liderança do Presidente Reagan durante o
recente Ano da Bíblia.
O Concílio da Igreja do Vaticano II, nos
anos 60, incentivou os membros a lerem a Palavra de Deus. E algumas das
melhores pesquisas bíblicas estão sendo feitas por estudiosos Católicos.
Bem, você sabe que eu não sou Católico
Romano. Portanto, existem diferenças entre minhas crenças e as da Igreja
Católica. E isso deve ser esperado e entendido, é claro. Provavelmente, a maior
diferença entre nós seja a questão da infalibilidade papal, e o papel da
tradição na interpretação das Escrituras como base da autoridade espiritual.
Mas tenho notado nos últimos anos, desde o Vaticano II, o desenvolvimento de
uma tendência entre muitos estudiosos Católicos e leigos informados. Ou seja,
uma tendência de voltar para as Escrituras como base da crença. Eles reconhecem
o destacado papel que a tradição desempenhou no passado. Mas existe agora um
movimento entre o povo Católico para estabelecer totalmente suas raízes nas
Escrituras. E temos que louvá-los por essa tendência. As tradições da Igreja
podem mudar através dos tempos, mas a Palavra de Deus permanece a mesma.
Esta é outra razão por que mais e mais
Católicos estão passando a reconhecer a importância da Bíblia. Seria essa a
mensagem que recebemos da visita do apóstolo Paulo a Beréia? Beréia, da antiga
Macedônia, é atualmente a cidade de Veróia, na Grécia. Os bereanos eram felizes
por terem o ministério de Paulo. Eles deviam até aplaudi-lo quando ele chegava
à cidade. E ouviam atentamente tudo o que ele tinha a dizer. Mas os bereanos
analisavam os ensinamentos de Paulo. E o apóstolo não se importava. Atos 17:11:
"Ora estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque
de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas
coisas eram assim."
O apóstolo Paulo convidou a Igreja para
avaliar o que ele havia lhe ensinado. Ele queria que seus membros provassem por
si mesmos nas Escrituras antes de aceitarem os ensinamentos.
Assim, os bereanos não estavam sendo
desleais ao checarem tudo através da Bíblia. Na verdade, Paulo os chamou de
nobres. O teste que o apóstolo Paulo aplicava em seus próprios ensinamentos
serve para os líderes da Igreja e professores de Bíblia de hoje. Apesar de eu
ter algumas diferenças básicas com a Igreja Católica Romana na interpretação da
Bíblia, deixe-me dizer outra vez: aprecio a reverência que muitos Católicos têm
pelas Sagradas Escrituras. Precisamos também nos lembrar de que todo Catecismo
Católico ensina a obediência à Lei de Deus. Mas você já notou a diferença entre
os Dez Mandamentos ensinados pela Igreja de Roma e os Dez Mandamentos que
encontramos na Bíblia? Note em seu Catecismo que está faltando o segundo
Mandamento - aquele que proíbe o uso de imagens no culto.
Evidentemente, esse Mandamento criava um
problema à luz do ensinamento da Igreja. Assim, ele foi removido totalmente dos
Catecismos. Mas como é que a Igreja ainda conta Dez Mandamentos? Bem, ela
dividiu o Décimo Mandamento em dois, de modo que ainda temos dez. Aqui nós
temos que ser cuidadosos e justos.
Não vamos entender mal o uso das imagens
pelos nossos amigos Católicos. Eles não adoram as imagens em si, pois sabem
muito bem que são apenas estátuas de madeira e pedra. Eles reverenciam a vida
dos santos representados por aquelas imagens.
Os Católicos crêem que certos santos
andaram tão perto de Deus que seus caracteres se tornaram santos. E agora,
através dos méritos desses santos, eles ensinam que os cristãos perfeitos podem
se aproximar de Deus. Bem, eu entendo que o segundo Mandamento não permite
fazer relíquias dos santos. Porque todos os humanos, mesmo os melhores de nós,
carecem do ideal de Deus. Todavia, há boas notícias.
Todos os que crêem e obedecem ao
Evangelho são considerados santos. Isso quer dizer que todos podemos nos
aproximar de Deus sozinhos através do sangue de Cristo. Assim, muitos Católicos
agora têm passado a crer que todos os cristãos são igualmente perfeitos aos
olhos de Deus através de Jesus.
Vamos examinar o que aconteceu no quarto
Mandamento, que consta como o terceiro no Catecismo Católico. Esse é o
Mandamento do sábado, e também foi trocado. Essa pode ser uma revelação
surpreendente para alguns, mas a Igreja Católica Romana nos informa livremente
sobre a influência dela nessa mudança do sábado para o domingo como o dia de
guarda.
No Catecismo dos Convertidos das
Doutrinas Católicas, pág. 50, lemos:
P. Qual é o dia de descanso?
R. O Sétimo Dia é o dia de descanso.
P. Por que observamos o Domingo ao invés
do Sétimo dia?
R. Observamos o Domingo ao invés do
Sétimo Dia, por que a Igreja Católica transferiu a solenidade do Sétimo Dia
para o Domingo.
Não é interessante?
Há uma história fascinante por trás de
tudo. Voltando para o século 16, no histórico Concílio de Trento, a Igreja
Católica rejeitou a insistência dos Protestantes apenas no uso da Bíblia. E a
razão dada por eles era que a Igreja tinha mostrado autoridade para
reinterpretar as Escrituras. E, influenciada por sua própria tradição, havia
transferido o sábado para o domingo.
Em seu livro Cânon e Tradição, o Dr. H.
J. Holtzmann descreve a cena climática no Concílio de Trento. Note como a
decisão foi tomada para dar preferência à tradição na interpretação das
Escrituras.
"Finalmente, no dia 18 de janeiro
de 1562, toda hesitação foi posta de lado. O Arcebispo de Reggio fez um
discurso onde declarou abertamente que a tradição estava estabelecida acima das
Escrituras. A autoridade da Igreja não deveria, portanto, se submeter à
autoridade das Escrituras, porque a Igreja havia mudado... o Sétimo Dia para o
Domingo, não pelo comando de Cristo, mas por sua própria autoridade."
Portanto, o que pesou no dia em que foi
tudo colocado na balança? Foi o fato de a Igreja ter, com efeito, mudado um dos
Mandamentos de Deus, o sábado, com a autoridade da tradição. Agora, os
Protestantes podem estar mais surpresos que nossos amigos Católicos quanto a
essa revelação. Afinal, os Católicos Romanos se orgulham do que eles crêem ser
a autoridade da Igreja na interpretação das Escrituras. Embora eu pessoalmente
não possa aceitar a tradição como tendo qualquer influência sobre a crença,
quero dizer que os Católicos são pelo menos consistentes com sua tradição de
guardar o domingo.
Talvez nossos amigos Protestantes
devessem perguntar a si mesmos por que eles guardam o domingo, já que a
tradição figura em sua origem. É algo para se pensar, não concorda? Você sabia
que a Bíblia provê uma descrição especial do povo fiel de Deus pouco antes da
vinda de Jesus? Vamos lê-la em Apocalipse 14:12. "Aqui está a paciência
dos santos; aqui estão os que guardam os Mandamentos de Deus e a fé de
Jesus."
Fé em Jesus e a guarda dos Mandamentos
de Deus estão juntas. Logicamente, na hora final da Terra, os cristãos sinceros
em toda parte estarão guardando os Mandamentos de Deus. Todos os dez.
Bem, sejam quais forem nossas
diferenças, podemos apreciar uns aos outros. E eu vejo tantas coisas de que
gosto em meus amigos Católicos. Mais do que qualquer coisa, admiro a dedicação
de muitos milhares de Católicos ao redor do mundo que têm dado sua vida para
aliviar o sofrimento de outros seres humanos. E não conheço nenhum reflexo
maior do amor de Cristo que o demonstrado por Maximilian Kolbe, um padre
franciscano polonês, que sacrificou sua vida durante a Segunda Guerra Mundial.
Aprisionado no campo de prisioneiros em Auschwitz, Kolbe, dia a dia, encorajava
seus colegas de sofrimento. Ele dividia sua minguada ração com os doentes e
enfraquecidos, apesar de estar muitas vezes pior do que aqueles a quem ajudava.
Ele liderava os prisioneiros em oração, trazendo a luz de Cristo àquele triste
campo de prisioneiros.
Os captores ficavam furiosos com o
cristianismo de Kolbe. Eles o espancavam selvagemente, mas Kolbe apenas orava
por eles. E finalmente ele pagou o maior dos preços por sua fé e amor. Uma
tarde, as terríveis sirenes começaram a soar. Um prisioneiro havia fugido. Como
retaliação, dez homens foram escolhidos para morrer por seu companheiro que
fugira. Um dos dez condenados, um jovem pai, caiu no chão aos prantos, pensando
em sua família. De repente, Kolbe deu um passo adiante.
"O que você quer?" berrou o
comandante do pelotão da morte.
Kolbe respondeu suavemente:
"Quero morrer no lugar desse
prisioneiro."
O nazista frio ficou chocado e sem
palavras. Finalmente conseguiu dizer:
"Pedido concedido."
Kolbe foi jogado em um calabouço
subterrâneo e abandonado para morrer de fome. Durante seus últimos dias de
vida, enquanto morria trêmulo, eles o ouviram orando e cantando. Finalmente, o
padre deu seu último suspiro, fiel até à morte.
Eu quero encontrar esse querido santo no
Céu. Eu quero ser fiel à Palavra de Deus. Haja o que houver. Que Deus conceda a
todos nós tamanha fé nEle que possamos enfrentar o desafio das horas finais na
Terra.
50
POR QUE TANTAS RELIGIÕES?
George Vandeman
Nos Alpes do norte da Itália e ao sul da
Suíça encontramos picos cobertos de neve em sua maravilhosa majestade, vales
ricos em verde, regados por límpidos regatos, enormes planícies acarpetadas de
perfumadas flores silvestres e pomares e vinhedos repletos de deliciosos
frutos. Esse é um território de Deus, quase o Céu na Terra.
Mas uma coisa trágica aconteceu nesses
Alpes há muitos anos. A neve se tornou vermelha de sangue - o sangue do povo de
Deus. Uma história comovente, e ao mesmo tempo inspiradora, nos aguarda. Além
dela, também conhecemos uma fascinante profecia bíblica sobre os resgatadores
da verdade negligenciada.
Por que tantas religiões? Você já fez a
si mesmo essa pergunta? A resposta não é difícil de se achar. Faremos uma pausa
no exame das Igrejas individualmente, para descobrir uma profecia no centro do
livro de Apocalipse, que acabará com a confusão que muitas pessoas têm diante
de tantas e diferentes "estradas para o Céu".
Comecemos o estudo nos Alpes onde, há
muitos anos, viveu um povo gentil chamado os Valdenses. Por muitos séculos,
eles mantiveram a luz da verdade brilhando no meio das trevas espirituais. Os
Valdenses preservaram a antiga fé entregue aos santos por Jesus Cristo em
pessoa e pelos apóstolos; a fé que havia sido negligenciada e mal utilizada
pelos líderes religiosos.
Agora, quero lhe fazer uma pergunta: a
erosão da fé pela Igreja Cristã o surpreende? Afinal, os registros do Antigo
Testamento mostram uma ligação contínua com a apostasia. E o Novo Testamento
predisse que a história se repetiria.
Mais uma vez, um afastamento constante
da verdade iria corromper a verdadeira fé. Os apóstolos Pedro e Paulo foram
alertados disso. Bem, o livro de Apocalipse também predisse as lutas do povo de
Deus durante a Era Cristã. "E viu-se um grande sinal no céu; uma mulher
vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas
sobre a sua cabeça. E estava grávida, e com dores de parto, e gritava com
ânsias de dar à luz." Apocalipse 12:1 e 2.
Ora, quem é essa mulher? Bem, na Bíblia,
Deus usa muitas vezes o símbolo da mulher para representar a Igreja. Uma mulher
pura representa Seus sinceros seguidores, e uma mulher imoral representa o
cristianismo caído. Portanto, a mulher pura de Apocalipse 12 deve representar o
povo fiel de Deus. E a mulher estava grávida. Logo, uma criança está sendo
atacada. "E viu-se outro sinal no céu, e eis que era um grande dragão
vermelho... e o dragão parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que,
dando ela à luz, lhe tragasse o filho." Apocalipse 12:3 e 4.
O dragão é Satanás, o inimigo mortal da
Igreja. Você se lembra de como Satanás, trabalhando através de Herodes, o
Imperador Romano, tentou destruir Cristo, matando todos os bebês do sexo
masculino em Belém? Mas o menino Jesus escapou com Sua mãe, Maria, e José. Você
conhece a história.
Depois que Cristo cresceu e começou Seu
ministério, o inimigo O atacou com uma nova estratégia. Ele abordou o Senhor no
deserto com várias tentações ardilosas. Mas Jesus não traiu Sua fé. Enfurecido,
Satanás tentou ainda outra tática. Ele atraiu os líderes religiosos com seus
enganos. Assim que obteve o controle da liderança religiosa da época, o inimigo
usou os líderes para perseguir Jesus.
Aparentemente eles venceram Cristo na
cruz, mas Ele ressurgiu vitorioso do túmulo para ascender ao trono de Deus.
"E deu (a Igreja) à luz um Filho, um varão que há de reger todas as nações
com vara de ferro; e o seu Filho foi arrebatado para Deus e para o Seu trono."
Apocalipse 12:5.
O diabo ficou totalmente frustrado em
seus ataques ao Filho de Deus. Assim, decidiu voltar-se contra a mulher, a
Igreja. Ele atacou o povo de Deus com a mesma estratégia que havia usado contra
Jesus. A história se repetia de maneira incrível.
Primeiro, o diabo tentou matar a Igreja
iniciante. Ele usou os líderes romanos como seus agentes, como havia feito
contra o menino Jesus. Mas, apesar da feroz perseguição de Nero e seus
sucessores, o cristianismo sobreviveu e cresceu. Satanás percebeu que não
poderia destruir o povo de Deus pela violência. Assim, o inimigo se aproximou
da Igreja com tentações sutis. Ele pretendia atrair os líderes, fazendo
concessões em sua fé. Muitos recusaram-se a ceder, permanecendo fiéis ao
Senhor, como Jesus tinha sido quando tentado. Mas o inimigo conseguiu mais uma
vez manipular os líderes religiosos da época. E, como no tempo de Cristo, a
verdade ficou enterrada na tradição. O povo fiel de Deus, ao recusar participar
da apostasia, foi marcado para morrer, como Jesus tinha sido.
A história registra o fato trágico. Você
pode encontrá-la em qualquer biblioteca. Os líderes religiosos martirizaram
milhões de crentes sinceros sem nenhum crime, a não ser o de seguir a Palavra
de Deus.
Durante muitos séculos, os santos
tiveram que viver escondidos. "E a mulher fugiu para o deserto, onde já
tinha lugar preparado por Deus para que ali fosse alimentada durante mil
duzentos e sessenta dias." Apocalipse 12:6.
Há uma profecia de tempo, um período de
perseguição durando 1.260 dias. Esses dias são literais ou simbólicos? É bom
lembrar que o livro de Apocalipse lida com símbolos. Lembre-se também que a
perseguição durou muitos séculos, muito mais que os 1.260 dias. Mas na profecia
simbólica, um dia representa um ano. Por isso, provavelmente sejam 1.260 anos.
Isso é o que os reformadores ensinaram. Martinho Lutero e outros acreditavam
que esse período de tempo representava 1.260 anos de opressão sobre a Igreja na
Idade Média. A história confirma isso. No século seis, a Igreja foi
influenciada pelo Imperador Justiniano ao expedir um decreto retirando toda a
proteção aos hereges, como eram chamados os fiéis seguidores de Deus. Essa
perseguição tinha atingido uma fúria incontrolável em 538 d.C.
Somando 1.260 anos com 538 isso nos leva
a um pouco antes da nossa época: o ano de 1798. Exatamente nesse ano, Napoleão
interrompeu o poder que vinha oprimindo os fiéis. Assim, durante os séculos
negros, como a profecia de Apocalipse (16:23) predisse, o povo de Deus foi para
os esconderijos.
As montanhas dos Alpes e de outros
lugares remotos da Terra protegeram a Igreja. Ela sobreviveu. Embora tenha
ficado bem fraca, às vezes, a luz da verdade jamais se apagou por completo. Os
Valdenses adoravam a Deus em uma capela secreta chamada "Chiesa de La
Tanna", que quer dizer "Igreja da Terra". Só se consegue descer
o túnel rochoso que leva ao salão de reuniões da Igreja, apoiando-se nas mãos e
nos joelhos. Nessa mesma caverna, camuflada pela Natureza, por muitos anos, os
Valdenses adoraram a Deus.
Mas chegou finalmente o dia em que um
grupo deles foi cercado por soldados que fizeram uma fogueira na abertura. O
oxigênio foi consumido e os Valdenses cantaram louvores a Deus até deixarem de
respirar. Estavam felizes por darem a vida em vez de renunciar à fé.
Ninguém sabe quantos crentes verdadeiros
derramaram seu sangue durante o longo exílio da Igreja no deserto. Mas, assim
como Deus cuidou do Seu Filho, Ele também preservou Seu povo. E como Jesus saiu
do túmulo vitorioso, a Igreja finalmente emergiu de sua hibernação no deserto.
A palavra "Igreja" aqui não
significa Religião Luterana, Religião Batista ou Religião Adventista. No Novo
Testamento, a palavra "Igreja", do termo grego "Ecklesia",
quer dizer simplesmente "os escolhidos". Você gostaria de ser um dos
escolhidos de Deus?
Vamos considerar uma ilustração que
ajudará na compreensão da experiência do povo de Deus em Apocalipse 12.
Suponhamos que você esteja em pé ao lado de uma colina vendo uma enorme
planície numa extensão de quilômetros. Você nota uma estrada de ferro cruzando
a planície e desaparecendo em um túnel. De repente, você ouve o som de um trem
se aproximando. Uma enorme locomotiva antiga com dois vagões de passageiros
passa velozmente.
Agora, se a locomotiva, com seus belos
vagões, desaparece num lado do túnel, você não esperaria que a mesma
locomotiva, com os mesmos vagões, saísse do outro lado? É claro que sim. E se a
locomotiva, com os dois belos vagões de passageiros, entrar por um lado da
montanha, e do outro lado sair um trem moderno movido a diesel, puxando vários
vagões? Você ia dizer: "Aconteceu algo com o trem dentro do túnel." E
você estaria certo.
Vamos esquecer os trens por um momento e
imaginar que a verdadeira Igreja começasse a seguir o caminho do tempo no
início da Era Cristã. Visualize a Igreja de Apocalipse 12 com sua fé pura,
viajando pelos séculos. E ali pelo ano 538 tornou-se necessário, a fim de
preservar sua fé, que ela se escondesse. Por isso, ela desaparece no túnel do
deserto por mais de mil anos.
Você não esperaria que a mesma Igreja,
ensinando o mesmo corpo de verdades, o qual desaparecera havia tantos anos,
emergisse do túnel do deserto ensinando a mesma mensagem que os primeiros
cristãos ensinaram? Claro que sim.
E se do túnel não saísse uma Igreja, mas
muitas igrejas, muitas religiões diferentes? Você diria que alguma coisa devia
ter acontecido dentro do túnel e você estaria certo!
A história da Igreja revela que algo
perturbador aconteceu durante a Idade Média. A verdade sofreu, fragmentou-se,
mas sobreviveu.
Temos notado como Deus interveio para
restaurar a verdade negligenciada, parte por parte. Como Ele levantou
reformadores, um por um, para trazer de volta a verdade que tinha sido
esquecida durante os longos séculos no deserto. Martinho Lutero apareceu em
cena para restaurar a pulsação do cristianismo. E a Reforma começou; mas ela
não terminou no século 16.
A luz apenas começava a surgir no
deserto do túnel. Francamente, poderíamos esperar que todas as verdades
escondidas por tanto tempo pudessem ser recuperadas de imediato? Não,
provavelmente não.
Lutero redescobriu que o perdão vem pela
fé somente em Jesus Cristo. E assim temos a Igreja Luterana. Mas a importância
de algumas outras verdades não foi vista claramente por Lutero.
Algumas dessas verdades negligenciadas
vieram depois, como o batismo por imersão, que foi recuperado pelos
Anabatistas. Os Anabatistas se aproximaram dos grandes estudiosos protestantes
e tentaram convencê-los a aceitar essa nova luz, mas eles não aceitaram. Assim,
nasceu a Igreja Batista. E quando outras verdades vieram através de Wesley, as
Igrejas estabelecidas as recusaram. Isso fez nascer os Metodistas.
A história continua assim. É a triste
tendência humana de confiar no passado, traçar um círculo em torno das crenças
e chamá-las de credo. Esses credos originais ajudaram a reinstalar os alicerces
do cristianismo. Mas eles não fizeram provisão para a luz futura. Por isso,
temos tantas religiões hoje. "Mas a vereda dos justos é como a luz da
aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito." Provérbios
4:18.
Você pode ver o que Deus está tentando
fazer com o Seu povo? Ele quer preservar cada raio de luz que cada reformador
guardou tão cuidadosamente, acrescentando a ele novas verdades descobertas que
também haviam se perdido através dos séculos. Ele quer apresentar essa mensagem
em toda a sua beleza original ao mundo tão desesperadamente necessitado. E isso
vem acontecendo. Lenta, mas seguramente, as verdades escondidas na confusão da
Idade Média estão surgindo. Conforme as verdades adicionais são recuperadas, outros
movimentos têm passado a existir; cada um defendendo nova luz redescoberta.
Vamos agora ler Apocalipse 12:17:
"E o dragão (Satanás) irou-se contra a mulher (a igreja), e foi fazer
guerra ao resto da sua semente, os que guardam os Mandamentos de Deus, e têm o
testemunho de Jesus Cristo."
Temos uma descrição do povo de Deus dos
últimos dias. Lembre-se, não estamos falando especificamente sobre religiões,
mas sobre o povo de Deus. Você notou quais são as marcas identificadoras?
Guardar os Mandamentos de Deus e a fé em Cristo. Os Dez Mandamentos poderão
conter alguma verdade negligenciada? Não. E quanto ao quarto Mandamento? Ele
não é uma verdade muito negligenciada? Você já notou que o quarto Mandamento, o
que trata do sábado, é diferente dos outros? Nove dos Mandamentos nos dizem o
que devemos fazer para Deus e para o nosso próximo. Mas o Mandamento do sábado
nos diz o que Deus fez por nós. Ele nos convida a partilhar do descanso
merecido por Deus por Sua obra. "Lembra-te do dia do sábado, para o
santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra, mas o sétimo dia é
o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra... porque em seis dias fez
o Senhor os céus e a terra... e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o
Senhor o dia do sábado, e o santificou." Êxodo 20:8-ll.
O sétimo dia, o sábado, nos convida a
celebrar a obra de Deus como nosso Criador. E há uma outra razão por que
adoramos a Deus, uma outra razão para santificarmos o sétimo dia. Vamos
reverentemente até o Calvário.
É tarde de sexta-feira, perto da hora de
saudar o sábado. Jesus, pendurado na cruz, relembra tudo o que fez por nossa
salvação. Agonizando, Ele proclama: "Está consumado!" Missão
cumprida! Humanidade redimida. Outra vez, Jesus descansa no sábado em homenagem
à Sua obra terminada, exatamente como fez após a criação. Só que, dessa vez,
descansa no túmulo. E, depois do descanso do sábado, Cristo levanta e se eleva
ao trono dos Céus.
A idéia de adorar no sábado, o sétimo
dia, pode ser nova para você. Ou você pode ter ouvido dizer que a guarda do
sábado é legalista. Porém, nada poderia estar mais longe da verdade. A palavra
sábado quer dizer descanso. É o oposto de trabalho.
Cada semana, o sábado nos diz para nos
afastarmos das obras humanas e descansar nas obras de Deus por nós. E isso é o
Evangelho! Sem o descanso do sábado, a obediência à lei de Deus se torna
legalista. Jamais se esqueça disso: não somos salvos por guardar a lei de Deus.
Somos salvos por descansarmos em Cristo. Isso é o Evangelho! E é também a
mensagem do sábado. Entre os deveres essenciais esboçados na lei, o sábado nos
oferece descanso nas obras de Cristo por nós.
Agora entendemos por que Jesus
proclamou-Se "Senhor do Sábado". Mostramos fé em Jesus, nosso Criador
e Redentor, descansando no sétimo dia. Então, já que o sétimo dia, que chamamos
de sábado, é o dia de culto ao Senhor, por que muitos cristãos guardam o
primeiro dia da semana, o domingo? Bem, você sabe que a Igreja da Idade Média,
sem autorização das Escrituras, assumiu a responsabilidade de mudar o sábado
para o domingo.
Por volta do século 16, alguns cristãos
fiéis ainda guardavam o sétimo dia. Um grupo de Anabatistas, por exemplo,
observava o sábado, apesar da feroz perseguição. Mas, finalmente, a verdade
negligenciada e quase esquecida sobre o sábado, o sétimo dia, foi recuperada.
Desde o século 19, milhões de cristãos ao redor do mundo têm começado a adorar
no sábado da Bíblia. Que herança Deus tem para nós hoje? Destacando as verdades
vitais recapturadas pelos grandes reformadores e nos gloriosos momentos finais
da Reforma, ainda redescobrimos verdades. Não devíamos todos continuar
avançando em direção da luz? Que desafio para o cristão! E agora, quando nos
aproximamos do final, quero contar uma linda história que ocorreu não faz muito
tempo.
Um menino apascentava as ovelhas do pai.
Não muito distante dali, naquele vale, um garoto vizinho apascentava as ovelhas
do seu pai. Bem, os garotos ficaram muito amigos. Um dia, uma forte tempestade
chegou de repente, e os garotos com suas ovelhas se refugiaram em uma grande
caverna. Quando a tempestade passou e era hora de eles irem para casa, surgiu
um problema. Eles não conseguiam separar as ovelhas. Eles conheciam algumas,
mas tinham dúvida sobre outras.
Finalmente, desesperados, com medo de
apanhar de seus pais, eles foram para casa. Um seguiu por uma trilha e outro
por outra. E o que você acha que aconteceu? Sim, as ovelhas se separaram
sozinhas, cada uma seguindo seu próprio pastor.
Você é uma das ovelhas de Cristo? Você é
se O seguir quando Ele revela a verdade em Sua palavra, seja qual for essa
verdade. E você pode tomar essa decisão perante o Senhor agora mesmo.