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ESTÁ ESCRITO – George Vandeman

 

 

26 A VIDA NO GELO E NO FOGO

 

27 VENCENDO O ALCOOLISMO

 

28 VENCENDO OS ABUSOS CONJUGAIS

 

29 VENCENDO OS ABUSOS SEXUAIS

 

30 OPERAÇÃO ENGANO

 

31 BRINCANDO COM A MORTE

 

32 FALSIFICAÇÕES MEDIÚNICAS

 

33 A VERDADE SOBRE AS CURAS MEDIÚNICAS

 

34 BRINQUEDOS DE UM ANJO CAÍDO

 

35 O TIGRE ATRÁS DA PORTA

 

36 O FINAL ESPETACULAR

 

37 COMO É DEUS

 

38 O ÚLTIMO SINAL

 

39 LUTANDO PARA ACERTAR

 

40 QUANDO AS FERIDAS NÃO SE CURAM

 

41 O OUTRO LADO DA AFLIÇÃO

 

42 VOCÊ É INSUBSTITUÍVEL

 

43 PARTINDO O PÃO JUNTOS

 

44 LUTANDO CONTRA A GARRAFA

 

45 O QUE EU GOSTO NOS LUTERANOS

 

46 O QUE EU GOSTO NOS BATISTAS

 

47 O QUE EU GOSTO NOS METODISTAS

 

48 O QUE EU GOSTO NOS CARIÁTICOS

 

49 O QUE EU GOSTO NOS CATÓLICOS

 

50 POR QUE TANTAS RELIGIÕES


 


 

26

A VIDA NO GELO E NO FOGO

George Vandeman

TOPO

 

Descendo duas milhas (quanto é em km???? é 3,2 km) nas profundezas escuras do oceano, onde a visão é inútil e o sangue corre frio em águas congelantes; lá onde chaminés no assoalho do mar cospem vapor superaquecido, você encontrará pequenos sobreviventes.

Provavelmente você já ouviu o ditado: "Quando a vida fica difícil, a dificuldade nos impulsiona."

Agora voamos descobrir onde a vida é mais difícil. Vamos imaginar uma viagem aos piores lugares da Terra para se viver e conhecer alguns de seus mais surpreendentes habitantes. Nesse processo, vamos parender algo muito valioso sobre sobrevivência e como nós, seres humanos, podemos resistir ao fogo e ao gelo.

Comecemos com um lugar que muito poucos seres humanos jamais visitaram: o assoalho marinho. Sabemos tanto sobre a superfície da lua quanto sabemos obre essa região proibida. Recentemente, porém, cientistas em submarinos especiais de pesquisa, projetados para descer a 2600 metros ou mais, descobriram criaturas minúsculas que simplesmente não deveriam estar lá. Os submarinos desceram até profundos buracos e reentrâncias do fundo do oceano. Esses buracos são como chaminés abertas que continuamente cospem água superaquecida, apresentando temperaturas extremamente altas. São chamadas de "chaminés negras"e liberam calor do interior derretido e não habitável da Terra. Registrou-se nas chaminés, temperaturas acima de 300 graus Celsius. Nesse calor, os cientistas consideravam a existência de vida tal como a conhecemos, inconcebível. Qualquer criatura morreria instantaneamente, suas proteínas e DNA simplesmente se desmanchariam, suas enzimas derreteriam.

Cientistas que estudam Vênus, por exemplo, descartaram a possibilidade de vida naquele planeta devido a temperaturas semelhantes. Mas agora, dois cientistas oceanográficos descobriram recentemente, colônias resistentes, as quais concluíram ser bactérias vivendo nessa água recuperada diretamente dessas chaminés profundas. Quando esses organismos são vedados em câmaras pressurizadas, trazidas à superfície e aquecidos a 250 graus Celsius, eles não apenas sobrevivem, como também se reproduzem. Só serão mortos se os resfriarmos e sua temperatura for abaixada em água fervente.

Em um microscópio eletrônico, essas criaturas se parecem com bactérias normais, tendo a mesma estrutura básica, mas o que mais surpreende é que elas conseguem viver e prosperar no que acaba sendo um inferno quentíssimo e de alta pressão.

Esses organismos são sobreviventes que inspiram admiração. Mas apresentam um problema desconsertante para a Teoria da Evolução.

Se bactérias como essas são ancestrais de organismos atuais mais complexos, como seus descendentes teriam aprendido a se resfriar? Como, por exemplo, um organismo que vive num buraco de fogo ardente no fundo do oceano, se adaptaria à vida na água do mar poucos centímetros a sua volta?

É difícil imaginar qualquer transição lenta e gradual. Eles passam de temperaturas inimaginavelmente altas, nas chaminés negras, à água extremamente gélida à sua vola. É muito mais fácil vermos aqui a engenhosidade do Criador que, de alguma forma, deu a essas bactérias a capacidade de se adaptarem e sobreviverem no que parece ser um ambiente hostil. Afinal, o Deus da Escritura, uma vez capacitou três hebreus de fé a sobreviverem ao forno feroz do rei Nabucodonosor.

Sab, eu veno algo muito encorajador nessas bactérias no fundo do mar. Elas me falam sobre o Criador. Elas me dizem que Deus pode me ajudar a sobreviver a qualquer coisa. Não há fogo tão quente ao qual Ele não possa me ajudar a me adaptar e até prosperar nele.

No Antigo Testamento, Jó achava que tinha caído num grande fogo. Sucessivas tragédias tinham-lhe tirado a riqueza, a família e a saúde. Enquanto ele ficava sentado lamentando esses desastres e esfregando os furúnculos dolorosos que cobriam seu corpo, sua esposa o aconselhou a desistir, a amaldiçoar a Deus e morrer. Mas Jó lutou contra o desespero, aproximou-se de seu Criador e acreditou que, de algum modo, Deus o ajudaria nessa provação. Veja sua fé expressa no livro de Jó 23:10: "Mas ele sabe o meu caminho: se ele me provasse sairia eu como o ouro."

Jó acreditava que nas mãos de Deus, até algo terrível como o fogo produziria algo tão precioso como o ouro. Ele seria refinado, não destruído pelo fogo.

Mais tarde, os eventos provaram que ele tinha razão. No fim da história, vemos Jó abençoado com mais abundância do que no começo. Ele também tinha experimentado um encontro com Deus que mudou sua vida. Jó descobriu Deus como o Criador que se identifica como aquele que lançou os alicerces da Terra, que abre um canal para as torrentes de chuva em terras áridas e sedentas, que alimenta os leões famintos, que mantém as constelações em suas posições, que faz a águia voar alto e o falcão alçar vôo. Isto está no Antigo Testamento e demonstra sua criação ao longo dele.

Esse Criador pode nos ajudar no fogo por muitos meios diferentes. Veja os pinheiros, por exemplo. Alguns pinheiros até encontram um meio inteligente de sobreviver a incêndios florestais freqüentes. Os pinheiros adultos são protegidos devido a sua casca espessa e porque sua alta copa de folhas verdes está acima das chamas. Mas como eles atingem tal altura intactos?

Isso ocorre porque mudas verdes de pinheiros desenvolvem escamas externas que as protegem do fogo e que, quando queimadas, deixam as plantas ilesas. As mudas pequenas podem permanecer no estágio de relva de 6 a 12 anos, consegukndo superar um incêndio florestal após o outro; e de repente, quase que como um adolescente humano, elas têm um grande surto de crescimento. Os pinheiros lançam para cima suas folhas valiosas, bem acima da zona de fogo.

Você acha que a natureza descobriu por acaso essa solução engenhosa para um problema crônico? Eu seriamente duvido. Eu vejo de novo provas de um Criador que pode nos ajudar a sobreviver num ambiente hbostil, que pode retirar ouro do fogo.

De incêndios florestais e "chaminés negras" no fundo do mar, vamos analisar os áridos e congelados picos de montanhas no Ártico. Lá exploradores ousados encontram plantas muito resistentes chamadas líquens, crescendo nas fendas de rochas porosas. Em alguns lugares, os líquens podem se agarrar diretamente à superfície da pedra, normalmente cavando em sua superfície com ácidos e depois crescendo nos buracos que foram abertos. Os líquens podem sobreviver até quando permanecem congelados a maior parte do ano.

Normalmente, restringem seu período de crescimento diário a apenas uma ou duas horas. Então, um líquen pode levar 25 anos para atingir o diâmetro de apenas uma polegada (quanto é???) Mas eles podemficar agarrados a essa inóspita tundra durante um tempo incrivelmente longo. A velhice, para esses sobreviventes ousados, pode chegar a 4.500 anos. Falando do inóspito, o que dizer dos desertos onde o solo vira areia e onde as chuvas anuais chegam a  não mais que poucos milímetros?

Bem, para solucionar o problema crônico da água, várias plantas são equipadas com ferramentas para armazenar a água da chuva. O campeão de armazenamento de água provavelmente é o cactus saguaro. Ele dissemina raízes rasas por uma área grande a fim de sugar o máximo de umidade possível. Um saguaro de 10 metros de altura pode espalhar raízes por uma áres de 30 metros de diâmetro e pode sobreviver o ano inteiro com apenas duas chuvas, preservando cuidadosamente a água.

Quer nos picos de montanhas congeladas ou nas areias escaldantes do deserto, Deus tem seus sobreviventes inteligentes. Sabe, Eke faz a vida florescer onde menos se espera.

Você já sentiu como se estivesse andando em um deserto pod algum tempo, talvez quase desfalecido, sem meios visíveis de apoio emocional? Tenha fé. Há esperança até mesmo nesse clima devastador. Escute o que Isaías diz que acontece quando Deus aparece em cena: "Águas arrebentarão no deserto e ribeiros no ermo. E a terra seca se transformará em tanques e a terra sedenta em mananciais de águas." Isaías 35:6 e 7.

Que imagem! Ela nos lembra a vez em que Deus concedeu a Moisés autoridade para mandar que a água jorrasse de uma rocha no deserto. Essa fonte milagrosa impediu que milhares de israelitas morressem de sede. A areia escaldante realmente se tornou um tanque de água pura e fresca e a Bíblia promete que algo muito semelhante pode acontecer a cada um de nós independente do nosso ambiente e da nossa situação.

Esta é uma maravilhosa promessa do próprio Jesus, registrada em João 7:38: "Quem crer em mim, como diz a Escritura, co seu interior fluirão rios de água viva."

Jesus Cristo, através de Seu Espírito, pode criar recursos interiores. Rios de água viva que nos permitem prosperar em qualquer situação. Você acha difícil de crer nisso? As suas dificuldades atuais parecem tão opressoras que bloqueiam qualquer esperança de sobreviver, muito menos de prosperar? Pois lembre-se do cactus saguaro espalhando suas raízes, prosperando no deserto e sobrevivendo muito bem, com apenas duas breves chuvas em 365 dias. Seu incrível sistema de raízes lhe permite puxar rios de água viva de um solo ressecado. A substância que dá vida continua a fluir sob um so escaldante, entende?

Sim, Deus é capaz. O nosso Criador é bastante criativo. Tem muitos recursos que nos permitem sobreviver a qualquer coisa, e assim prosperar em qualquer ambiente: chaminés negra, picos de montanhas congeladas, desertos ressecados... e quanto à escuridão que você acha tão desagradável? Pois Deus tem criaturas Suas que encontram um lar habitável no cenário noturno também.

Há corujas que deslizam silenciosas, deslocando-se acima das copas das árvores e com seus enormes olhos sensíveis à procura de roedores farfalhando no meio das folhas. E claro, os morcegos, que podem não ser as criaturas mais atraentes para seres humanos, mas temos que admirar sua capacidade de voar, caçar, acasalar e até criar os filhotes em cavernas muito escuras. Seu equipamento de radar e instintos de vôo são tão avnaçados que lhes permitem passar voando por um ventilador ligado, incólumes.

Mas um outro animal, mais que todos, torna a escuridão alegre: é o curioso esquilo voador da América do Norte. Essas pequenas criaturas, com pele espessa e sedosa, sobem e descem de árvores, abrem suas capas de vôo e se jogam dos galhos. O tempo todo brincando uns com os outros e conversando ao longo das horas de escuridão. Seus sons alegres quase nos parecem risos.

Ted Williams, um homem que estudou esses esquilos durante anos, uma vez escreveu o seguinte sobre seu vôo: "Eles se movem pelo céu violeta como as folhas do carvalho ao vento, às vezes executando voltas de 90 graus, evoluções laterais, espirais descendentes ou apenas se jogando diretamente dos galhos superiores."

Esses lindos esquilos noturnos, esquilos voadores, parecem incrivelmente brincalhões. Mesmo quando ocupados catando nozes para o inverno, eles param para brincar com uma noz com suas patas. Podem a qualquer minuto disparar velozes em pegas-pegas em terra, nas árvores e pelo ar,

Com criaturas como essas, saltitando por aí no breu da noite, a escuridão parece não ser tão desagradável. Sob a mão criativa de Deus, até a floresta mais escura pode ceder uma nota de alegria.

Há uma garnatia semelhante sobre a escuridão espiritual nas Escrituras. Veja como o apóstolo João descreve a chegada de Cristo ao mundo: "A vida estava nele, e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela." João 1:4 e 5.

Por mais vasta que seja a noite à nossa volta, ela não pode prevalecer à luz que Cristo nos dá. Esta é a promessa da Bíblia.

Veja desta vez o que diz o apósolo Paulo: "Porque Deus que disse: de trevas trsplandecerá luz, ele mesmo resplandeceu em nossos corações, para a iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo." II Coríntios 4:6.

Quaisquer que sejam as circunstâncias, por mais negra que pareça a nossa situação, temos um rosto amigo por perto: o rosto do Senhor Jesus Cristo, e esse rosto ilumina o mundo.

Deixe-me contar sobre uma mulher que viveu 28 anos em um dos ambientes mais inóspitos que eu posso imaginar. Eu a conheci pessoalmente, conversei com ela, ri com ela, orei com ela.

Joan Herman passou o verão de 1946 num acampamento "Quaker" na Pensilvânia, onde universitários trabalhavam com mineiros e suas famílias. Estava tentando fazer uma comunidade cooperativa para que o povo local não permanecesse completamente dependente de inescrupulosos proprietários de minas.

Joan acordava cedo e trabalhava o dia todo, ignorando os sintomas de gripe que nunca passavam. Finalmente, uma séria dor nas costas fez com que parasse o trabalho para fazer um "check-up". Os médicos descobriram que ela tinha uma pneumonia em curso e pólio. Primeiro, não tinham certeza se Joan ia sobreviver. Ela conseguiu resistir, mas a doença a deixou paralisada do pescoço para baixo. não podia sequer respirar sozinha e teve que ser ligada a um pulmão de aço. Aquela mulher jovem, ativa e vigorosa, agora dependia totalmente de outras pessoas.

Sempre que a tiravam do pulmão de aço por curtos períodos, era como se ela estivesse debaixo d'água. Sensações de pânico e terror quase tomavam conta dela. A maioria das pessoas com uma vida pela frente, que de repente se visse confinadas a uma máquina, teriam desistido e mergulhado em auto-piedade ou desespero, mas Joan Herman tinha uma coisa a seu favor: uma relação pessoal com Deus, o mesmo Deus que faz o cactus saguaro florescer no deserto, os líquens prosperarem na tundra congelada e os esquilos voadores rirem pela noite.

A primeira coisa que Joan fez foi aprender a virar páginas com a língua, para que pudesse ler a Bíblia colocada à sua frente. Sua prioridade era manter aquela comunicação diária com seu Cristo e Senhor. Ela lutou muito contra a doença, trabalhando duro, até que conseguiu finalmente mexer o dedão do pé. Joan considerou isso como um pequeno triunfo. Ela disse: "O Senhor me deu esperança." Ele falou com ela através de uma promessa: "Buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça e todas essas coisas vos serão acrescentadas."

Para ela, "todas essas coisas" significavam força, coragem, capacidade de respirar e conversar por períodos mais longos sem o pulmão de aço.

Joan fez alguns progressos, pois estava determinada a superar sua doença assim como tinha superado outros desafios em sua vida. Aí, ela sofreu outro golpe: foi abatida pela pneumonia de novo, e ficou completamente confinada ao pulmão de aço.

Depois de todo o trabalho, ela tinha que começar tudo de novo. A tentação de se entregar ao desespero era forte. De novo Joam seguiu em outra direção. Ela disse: "Eu não conseguiria sozinha. precisava do Senhor. O Espírito Santo de Deus me mostrou a necessidade de auto-disciplina. Descobri que minhas palavras e pensamentos tinha um efeito direto sobre minha força física e minha vontade de ir adiante, de viver e de me superar."

Então ela se esforçava a uma rotina regular e diária, lendo a Bíblia em uma hora fixa.

Joan Herman se esforçava para se vestir e ficar ao ar livre o máximo que agüentasse, alimentava-se das coisas certas. Ela não apenas lia a Bíblia, como também livros sobre a natureza e biografias de pessoas cujas vidas tinham tido um propósito.

Joan explicava: "Os livros que eu lia e os pensamentos que eu nutria tendiam a ser construtivos e bonitos. Tinha que ser assim. Eu não podia fazer diferente, senão teria perecido na escuridão à minha volta.

Joan Herman continuou a trabalhar duro para reduzir o tempo que tinha que passar no pulmão de aço. Um respirador toráxico portátil a ajudou grandemente. Seu maior desejo era ser útil a outras pessoas. Então ela prendia os dedos em volta de uma caneta e rabiscava letras várias vezes, até que pôde escrever de novo. Começou então a mandar cartas alegres para conhecidos e a ajudar a educar crianças deficientes.

Com o tempo, ela estabeleceu uma organização chamada "Novos Horizontes", uma área de recreação para adultos deficientes e seus amigos. Também publicava um boletim de Novos Horizontes enviando-os a assinantes em diversos países.

Joan nunca se livrou completamente do pulmão de aço, infelizmente. Tinha que voltar a ele periodicamente para "recarregar as baterias", dizia ela. Mas esta mulher conseguiu se libertar de seu ambiente hostil. Ela floresceu como cidadã útil, mesmo em um pulmão de aço.

Veja como ela descreveu sua experiência: "Como uma paciente a longo prazo, eu aprendi muito sobre bons cuidados. Posso partilhar experiências nesses anos. Minha vida se abriu, é muito mais abundante e minha apreciação por meu Pai Celestial e seu amor por nós cresce sem parar."

Pouco antes da morte de Joan, em 1975, um outro amigo, Mark Finley, disse: "Não se consegue falar com a Joan sem se falar ou pelo menos ouvi-la falar de sua fé em Deus e de seu agradecimento por suas bênçãos. Porque era nisso que Joan pensava. Isso fluía continuamente como uma fonte pura."

Sim, uma água viva fluindo de dentro. Essa é a promessa que se tornou real na vida de uma mulher ligada a um pulmão de aço por 28 anos. Essa é a promessa que pode se tornar real na sua vida. Não importa que figo você está atravessando. Não importa em que deserto você está passando. Não importa a dureza e a dificuldade do ambiente, Deus pode ajudá-lo a prosperar nele. Ele tem os recursos. Você pode recebê-los através de uma relação pessoal com Jesus Cristo, assim como Joan Herman.

Espero que você faça uma profissão de fé àquele que não só fez você, como também morreu para salvá-lo. Pode confiar nele. Ele faz a vida florescer nos lugares menos prováveis.


 


 

27

VENCENDO O ALCOOLISMO

George Vandeman

TOPO

 

– Papai esteve bebendo de novo hoje. Tudo estava muito bem aqui até que ele chegou  tropeçando pela porta. Eu estava ao telefone com o Tito. Papai veio e berrou que se eu não desligasse o telefone, ele me mataria. Dá pra acreditar? Fiquei completamente morta de vergonha. O Tito desligou. Acho que ele ficou com medo. Eu também fiquei com medo. Agora tô zangada. Papai é realmente um idiota e a mamãe não faz nada. A vida tá uma droga! Parece que estou vivendo no inferno! Não vejo a hora de fazer 18 anos e sair desse lugar... ou talvez eu devesse fugir hoje à noite.

    Dez milhões de americanos são alcoólatras, assim nos dizem as estatísticas. Só isso já seria triste se apenas a vida do alcoólatra fosse destruída. Mas as famílias também sofrem. Esposas são maltratadas, ignoradas e traídas. As crianças perdem uma das necessidades básicas da vida: um pai carinhoso e amoroso.

    Você sabia que de cada três americanos um é parente próximo de um alcoólatra? Graças a Deus, muita coisa é feita para ajudar os alcoólatras. Mas essa ajuda aos alcoólatras, ajuda às vítimas de um lar com alcoolismo?

    Talvez muitos não tenham consciência que estão vivendo com um alcoólatra. As pessoas que bebem não precisam se arrastar pela sarjeta para se qualificarem como alcoólatras. Elas podem até ser profissionais bem sucedidos, advogados, médicos, executivos, até mesmo pastores, padres e rabinos. O que eles têm em comum com os beberrões da rua é que eles não conseguem controlar sua bebedeira.

    Claro que qualquer consumo de álcool pode ser perigoso. Todos sabem que mesmo alguns poucos drinques podem causar acidentes nas estradas ou liberar nossas restrições morais numa noite de tentação. Mas os alcoólatras têm um problema em especial. Eles não bebem unicamente porque têm prazer nisso, o que acontece é que eles simplesmente não conseguem mais parar. Eles costumavam tomar uma taça de vinho nos feriados ou às vezes no jantar, talvez uma cerveja durante o jogo de futebol. Depois começaram a beber mais freqüentemente, talvez buscando um alívio para a dor num momento de crise ou para o estresse do dia-a-dia. Aos poucos o vício mortal se desenvolve. Quando menos esperam, se tornam alcoólatras. Cruzam o limite do beber por prazer e passam a beber por necessidade.

    Os alcoólatras geralmente são desonestos consigo mesmo e com os outros. Eles se convencem de que não têm problemas, de que podem parar de beber quando quiserem. Também se tornam mestres em manipular os outros para manter seu hábito e ainda viver em seu ambiente.  Infelizmente, a família dos alcoólatras geralmente ajudam-no a manter esta mentira ao compartilharem com sua negação da realidade. Os psicólogos chamam isso de "possibilitar" ou "facilitar" o vício.

    No livro: Love is a Choice: Recovery for Codependent Relationships, temos a história de Claudia Black, uma pioneira na pesquisa desta área. Claudia era bem nova, três anos talvez, quando ela acordou um dia e encontrou seu pai bêbado e inconsciente no jardim de sua casa. Apavorada, ela correu e disse para sua mãe:

    – Mamãe! Papai está caído lá fora! Aconteceu alguma coisa!

    Calmamente, sua mãe respondeu:

    – Não querida, não aconteceu nada. Papai está acampando.

    Claudia lembra claramente de ter concordado com essa afirmação naquela pouca idade:

    – Sim, papai está acampando.

    Desta forma, ainda criança, ela aprendeu a viver uma realidade terrível: negar sua realidade, distorcer tudo e dizer:

    – Não, as coisas não são tão ruins e terríveis quanto parecem ser. Na verdade está tudo bem.

    "Papai está acampando!?" Por que esta compulsão de negar uma realidade tão óbvia como o alcoolismo?

    Bem, para começar, negar o vício ajuda todo mundo a manter um certo senso de normalidade, de estabilidade. Iludir-se dizendo que está tudo bem, também diminui a responsabilidade de confrontar uma ameaça crescente em casa. E, além disso, quem é que quer a vizinhança toda sabendo que tem um viciado na família? Isto seria uma vergonha! Então todo mundo finge que está tudo bem. A família continua seus afazeres de sempre, enquanto papai vai “acampar”.

    Estes familiares têm três regras básicas  que os deixam viver sua mentira e evitam lidar com o vício de um ente querido: não falam, não confiam, não sentem. Não falam sobre o problema; não confiam em ninguém para lhe ajudar; não lidam com seus próprios sentimentos de vergonha, raiva, medo e desespero.

     Que maneira triste de se viver! Mas é assim que milhões de pessoas sobrevivem a presença do alcoolismo em sua família.

    Como é que quebramos esta ligação com um ambiente de alcoolismo? Bem, o primeiro passo é parar de negar a realidade. Papai não está acampando, ele tem um problema terrível que está destruindo sua vida e acabando com sua família. Papai precisa de ajuda agora!

    Eu me lembro da experiência de um homem que chamarei de João. Seus colegas de trabalho notaram que ele bebia muito quando almoçava fora com os clientes. Seu desempenho foi prejudicado mas ninguém se esforçou de verdade para ajudá-lo. Sua esposa, Carla, sabia que ele parava num bar a caminho de casa e quando ela reclamava, ele negava terminantemente que tivesse problemas com a bebida. Carla, sem conseguir convencer João a mudar seu comportamento, desistiu e acabou até colaborando com seus hábitos alcoólicos.

    Quando o João estava bêbado demais para ir a um jantar, Carla mentia contando aos amigos que ele precisava trabalhar até tarde. Ela despistava as perguntas de seus filhos e os mandava para a cama antes que seu pai chegasse tropeçando. Muitas vezes ela jogava fora toda sua vodca, apesar de saber que ele iria até a esquina e compraria outra garrafa. Além de repreendê-lo de vez em quando, ela não fez mais nada para ajudá-lo com seu problema.

    O que ela poderia fazer? Bem, a primeira coisa que a Carla poderia fazer para ajudar João seria procurar ajuda para si mesma. O estresse de conviver com um alcoólatra havia acabado completamente com seus nervos. Toda a raiva e o ressentimento que ela reprimia lhe feriam interiormente. Ela perdera sua auto-estima após anos de comportamento vergonhoso de João, que ainda conseguia fazê-la se sentir culpada. Carla era um fracasso emocional e espiritual. Antes de ajudar João, ela precisava resolver seus próprios problemas.

    Carla encontrou a ajuda da qual precisava no  "Al-anon", uma organização sem fins lucrativos para as famílias de alcoólatras. O "Al-anon" tem um programa eficaz de aconselhamento onde, as pessoas que estão aprendendo a superar um ambiente com o alcoolismo, compartilham seus conselhos e seus testemunhos de sucesso  e fracasso. Há muito apoio emocional nas reuniões do "Al-anon", do tipo que incentiva os membros de famílias de alcoólatras a tomarem alguma atitude em vez de ficarem sentados sentindo pena de si mesmo.

    No "Al-anon", Carla aprendeu a não implicar, brigar ou envergonhar seu marido por causa de sua bebedeira. Estes métodos nunca funcionam. Ela também parou de mentir por ele quando ele perdia seus compromissos e parou de salvá-lo após seus ataques de mau comportamento. Ela começou a praticar o "amor-forte", dando a João todo o apoio que ele precisava sem se deixar ser manipulada.

    Embora o "Al-anon" não tenha nenhuma orientação religiosa, a aceitação e a dependência de Deus formam um elemento vital no programa. Ali,  Carla conheceu algumas mulheres cristãs que a chamaram para seu grupo de orações. E foi nesse grupo que ela descobriu que precisava, mais do que de qualquer outra coisa, de um relacionamento pessoal com Jesus Cristo.

    Carla havia transformado João no senhor de sua vida ao depositar nele toda sua esperança e seus sonhos. Ela dependia dele emocionalmente, e sofria muito toda vez que ele não cumpria suas promessas. Ela aprendeu a depender mais das promessas na Palavra de Deus. Ela gostava particularmente dos salmos. Especialmente do salmo 62: "Ó minha alma,  espera somente em Deus,  porque dele vem a minha esperança. Só ele é a minha rocha e a minha salvação; é a minha defesa; não serei abalado. Em Deus está a minha salvação e a minha glória; a rocha da minha fortaleza, e o meu refúgio estão em Deus" (Salmos 62:5-7).

    É muito bom ter o apoio emocional de um cônjuge amoroso, mas nossa esperança definitiva deve estar apenas em Deus. Nenhum ser humano pode dar esta base sólida como um rocha.

    Carla finalmente aceitou Jesus como aquele Amigo que nunca falha. Ele se tornou o centro de sua vida. Ela criou o hábito de acordar cedo todos os dias para ler a Bíblia e orar. E então encontrou forças para sobreviver e crescer em meio às muitas dificuldades de um ambiente com alcoolismo.

    Sim, quando unimos nossa vontade com a força de Deus, podemos fazer tudo através de Cristo. A nova fé em Deus de Carla curou maravilhosamente suas emoções agredidas. Finalmente ela se sentiu pronta para ajudar João e usou uma estratégia radical, freqüentemente recomendada por conselheiros, como a única esperança de romper a barreira da negação, atrás da qual os alcoólatras escondem seu vício.

    Ela funciona assim: um encontro é marcado com todas as pessoas importantes na vida do alcoólatra – cônjuge, filhos, pais, colegas de trabalho e supervisores, melhores amigos e o pastor – sem dar nenhum aviso prévio ao alcoólatra. Todos se encontram num local e numa hora marcada para um difícil mas amável confronto. A reunião deve ser presidida por alguém treinado e experiente. Aí, um por um em volta do círculo, irá explicar como o alcoólatra  tem se magoado e aos outros também. Ninguém condena aquele que quer ajuda, mas o grupo se recusa a ser manipulado ou a ouvir mentiras. Durante um encontro como este, o cônjuge-vítima poderá ameaçar uma separação, no casamento a não ser que o alcoólatra concorde em ser ajudado. O supervisor do encontro poderá fazer ameaças contínuas para motivar a cooperação dele. No lado positivo, tanto o cônjuge quanto o patrão, junto com todas as outras pessoas, oferecem apoio e dedicação sinceros, se o alcoólatra resolver enfrentar sua realidade. Naturalmente uma reunião como esta é dolorosa e emotiva. Às vezes o alcoólatra fica zangado e vai embora. Geralmente, no entanto, ele ou ela irá ceder e concordará em entrar num programa de tratamento. Fará uma promessa específica quanto ao que será feito para procurar ajuda e ao que irá acontecer em breve.

    Bem, é claro que um encontro crítico como este tem que ser planejado e conduzido cuidadosamente. É especialmente importante a liderança de alguém que seja treinado e experiente. O pessoal do "Al-anon" está bem equipado para auxiliar num confronto de "amor-forte" para salvar um ente querido alcoólatra. Você pode encontrar a sede local do  "Al-anon" no catálogo telefônico. Além do "Al-anon", também existe o "Al-ateen", um grupo de apoio para filhos adolescentes de alcoólatras. Se você tiver dificuldades de contactar tanto o "Al-anon" quanto o "Al-ateen", procure os "Alcoólicos Anônimos", ou simplesmente os "AA" no catálogo telefônico. Esta organização existe em todo o Brasil e eles poderão lhe ajudar.

    Fico muito feliz em poder informar que a intervenção no caso do João foi bem sucedida e ele está se saindo muito bem. Mas você poderá estar questionando se foi correto Carla ameaçar seu marido com a separação se ele não quisesse ajuda para seu alcoolismo.

    Para começar, você entende que ninguém falou em divórcio. A Bíblia permite o divórcio mas em condições que envolva infidelidade sexual, e mesmo assim o casamento muitas vezes pode ser salvo. Em outros casos, como quando um alcoólatra se recusa a procurar ajuda, a solidão de uma separação pode ser uma influência positiva para mudar o comportamento. Um tempo a sós para pensar pode ser o remédio necessário para o alcoólatra se convencer de que ele não pode continuar destruindo sua família. Lembre-se de que o objetivo primordial de uma separação é preservar a unidade familiar.

    Agora uma última palavra sobre o João. Ele resolveu ser um marido e pai responsável e respeitável, mesmo após ter cometido muitos erros em sua vida. Carla aprendeu a perdoar toda a dor que ele causou à família, não porque ele merecesse piedade, mas porque Deus aceita todos os pecadores arrependidos apesar de todos os erros. E isso levanta uma questão importante: o alcoolismo é um pecado? Ou apenas uma doença? Será que é pecado e doença?

    Não há dúvida de que muitos têm uma fraqueza genética pelo alcoolismo, mas todos nós sofremos com compulsões ou predisposições para pecar de um jeito ou outro. E toda vez que nós nos entregamos à essas fraquezas temos que arcar com as conseqüências. Veja isso: pode parecer doloroso dizer para nosso ente querido que ele é vítima indefesa de uma fraqueza que não pode controlar. Mas na verdade isto não é nada bom para ele, e não é verdade. Você já viu os anúncios na televisão muitas vezes advertindo os viciados para procurarem ajuda. É claro que um vício pode ser evitado, não é como uma doença na qual não se tem nenhuma dúvida em procurar ajuda. Os alcoólatras não são vítimas indefesas, do mesmo modo que as pessoas que eles afetam o são. Então, graças à Deus, os alcoólatras podem viver sem uma garrafa, meu amigo. Vamos incentivá-los a mudar.

    O poder de Jesus pode nos ajudar a superar todos os desafios da vida. Lembra-se da história que Cristo contou sobre o filho pródigo? Aquele jovem abandonou seu pai e saiu de casa para uma terra distante onde viveu loucamente. Finalmente, a Bíblia diz, ele "se encontrou". Em outras palavras, ele enfrentou sua situação. E então tomou sua decisão: "Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: pai, pequei contra o céu e perante ti" (S. Lucas 15:18).

    Chega de brincadeira. Chega de desculpas. O pródigo se responsabilizou pelo seu comportamento e o chamou de pecado. E então ele fez algo a respeito, ele tomou uma atitude e foi para casa. O pai correu para receber seu filho arrependido, perdoando-o completamente quando disse: "porque este meu filho estava morto, e reviveu, estava perdido, e foi achado" (S. Lucas 15:24).

    Observe que o filho estava perdido, espiritualmente perdido, não apenas doente, mas perdido para sempre. Graças à Deus, no entanto, depois que o filho enfrentou seu comportamento de viciado e voltou para a casa de seu pai, ele estava vivo e seguro.

    Deixe-me contar uma história que realmente me tocou. Está naquele best-seller clássico do Dr. James Dobson, "O Amor Precisa Ser Forte". Paul Powers havia sido uma vítima de maus-tratos infantis. Tanto sua mãe quanto seu pai eram alcoólatras. Quando ele tinha sete anos de idade, sua mãe chegou de uma festa bêbada e caiu na neve bem em frente a sua casa. Ela pegou pneumonia e ficou fatalmente doente. Numa tarde ela chamou Paul para seu leito. Ele chegou a tempo de vê-la morrer. O garoto saiu correndo chorando para contar ao pai bêbado o que havia acontecido:

    – Cala a boca! – o pai gritou, e empurrou o menino – garotos não choram como bebezinhos.

    O homem enfurecido quebrou o nariz de seu filho, machucou duas costelas e quebrou alguns de seus dentes.

    Este foi apenas o começo de vários anos de violência para aquela pobre criança orfã de mãe. Aos 12 anos de idade, Paul saiu desse ambiente de alcoolismo e cometeu seu primeiro assassinato.

    O juiz perguntou ao pai de Paul o que ele queria que fizessem com o menino. Ele respondeu:

    – Mande-o para o inferno!

    Você pode imaginar! E o jovem Paul foi mandado para a cadeia com muita raiva e ressentimento.

    Cinco anos depois, alguém visitou a prisão com um filme do Billy Graham e pela primeira vez, Paul conheceu a Jesus. O amor de Deus tocou seu coração e o ganhou para o arrependimento.

    Após ser libertado da prisão, Paul se casou com uma crente amiga e eles iniciaram um pequeno serviço distribuindo filmes cristãos.

    Infelizmente eles passaram por apertos financeiros. Quando chegou o natal, eles tinham apenas 8 dólares para as compras. A esposa de Paul foi a uma loja com aqueles poucos dólares e voltou para casa após gastar um pouco para comprar papel de embrulho dourado. Paul ficou furioso com sua extravagância.

    Enquanto os dois discutiam, sua filha de três anos mexeu na sacola de compras e ficou feliz ao encontrar o papel dourado. Pegou-o, levou até a sala e começou a cobrir uma caixa de sapatos.

    Bem, quando Paul viu sua filha sentada no chão  cortando o papel de embrulho, ele perdeu a paciência de novo. Usando da mesma violência que ele havia sofrido quando era uma criança, pegou a menina e bateu nela violentamente. Depois a mandou para o quarto dela. Ela estava aos prantos.

    No dia seguinte, quando a família fez a troca de presentes, a filha de Paul correu atrás da árvore e pegou aquela caixa que ela havia embrulhado com o papel dourado. Ela a entregou ao seu pai com um sorriso:

    – Papai, este é para você.

    Ele retirou o papel, levantou a tampa e olhou para a caixa vazia:

    – Por que você me deu uma caixa vazia? – ele perguntou.

    – Papai! – a pequenina protestou – a caixa não está vazia! Ela está cheia de amor e beijos para você. Eu soprei um monte de beijos ai dentro para o meu papai e também coloquei amor. E é para você!

    Paul começou a chorar ao pegar aquela pequenina em seus braços. Ele guardou sua caixa dourada durante anos ao lado da cama. Toda vez que se sentia magoado ou desanimado, ele pegava um beijo imaginário de sua filha de dentro da caixa. E então ele o colocava sobre seu rosto e dizia:

        – Obrigado, Senhor.

    Meu querido amigo, se você estiver tentando superar um ambiente de alcoolismo, a experiência de Paul Powers poderá trazer esperança para seu caminho. Ele pode reconstruir seu coração e seu lar, e Ele quer começar agora.

A MINHA PAZ TE DOU

Letra e música: Jader D. Santos

A minha paz te dou, mas não como o mundo a dá.

Pois esta paz real, provém da fé, amigo.

É tão somente crer, que posso em ti viver.

E a paz será contigo,

vida terás enfim.

Quem dessa paz precisa, não deve duvidar.

Pois aceitando a Cristo já, Sua paz alcançará.

A paz que Cristo traz é paz que satizfaz.

Pois enche o coração de gozo e alegria.

Quem dessa paz provar, jamais esquecerá.

Busca essa paz, amigo.

Busca essa paz, irmão.

Podes ter paz, amigo.

Paz em teu coração

Gravado por "Arautos do Rei" no MMLP nº 4401 de "A Voz da Profecia"

ORAÇÃO

Pai nosso, agradeço o poder vivo do nosso Senhor Jesus Cristo. Poder para lidar com a dor e enfrentar a realidade. Poder para superar todos os desafios que cruzam o meu caminho. Senhor, transforma a minha vida, e transforma o meu lar. Em nome de Jesus Salvador,  amém. 


 


 

28

VENCENDO OS ABUSOS CONJUGAIS

George Vandeman

TOPO

 

As surras começaram 10 meses depois do casamento e durante os próximos 14 anos, Robert Tilsand aumentou os maus-tratos sobre sua esposa e seus cinco filhos. Finalmente, numa tarde, Lucille Tisland não suportou mais. Ela entrou no quarto onde seu marido estava cochilando, caminhou até a cama, levantou o travesseiro e pegou a arma que Robert guardava lá. Com as mãos trêmulas, ela mirou e puxou o gatilho. Ela o matou. A pacata comunidade em Minnesota onde os Tilsand moravam ficou chocada. As amigas de Lucille sempre a viram como uma cristã devota e seu marido, a quem ela matou, era seu pastor.

    Todo domingo, Robert Tilsand chegava ao púlpito para pregar e hipnotizava sua congregação.  Depois, durante a semana, ele ameaçava sua família como um tirano cruel. Se ele não gostasse da comida que sua esposa havia feito, ele jogava tudo no chão. Isso só fazia com que sua esposa se sentisse magoada. Os danos verdadeiros advinham da implacável agressão física por parte de Robert.

    Com o passar dos anos, as surras se tornaram cada vez mais brutais. Um dia Robert chegou em casa de muito mau humor. Ele avisou que ia dormir um pouco:

    – Quando eu acordar – ele disse à Lucille –  eu vou te matar.

    A convicção mortal em seus olhos convenceu Lucille de que ele falava sério. Então ela resolveu salvar sua vida matando ele antes. Enquanto seu torturador morria, Lucille levou os filhos para a casa de uma amiga. Depois voltou para casa, chamou a polícia e esperou ser presa. As autoridades, é claro, a culparam de homicídio, mas quando seu caso foi para o tribunal, em março de 1984, um juri a absolveu depois de ouvir sua dramática história.

    Assim como Lucille Tisland existem muitas mulheres que sofrem maus-tratos. O FBI calcula que a cada 15 segundos alguém sofre algum tipo de agressão. E nem todos estão aceitando a agressão passivamente, alguns, como Lucille, estão revidando.

    Todos os anos, de 800 a 1200 mulheres  matam o homem que as maltrata. A maioria sofre em silêncio, esperando que algum dia os maus tratos acabem. Mas eles não acabam. Será que estas mulheres devem entregar tudo para Deus e sofrer? Será que é isto que Deus quer? Ou será que Ele quer que elas façam alguma coisa para fugir de seu marido?

    Vamos procurar princípios para nos guiar no livro abençoado, a Bíblia. Primeiramente, precisamos entender o que é agressão conjugal. Bem, a agressão ocorre quando o cônjuge, geralmente a esposa, se torna a vítima de ataques físicos, ameaças de violência, ou abuso emocional inclusive ridicularização e comportamento humilhante. Era de se esperar que a convivência num ambiente religioso fosse uma proteção contra o abuso. Mas infelizmente não é. Acredite se quiser, e sinto muito por isso, mas alguns psicólogos afirmam que até 80% das agressões ocorrem em lares religiosos. E mais um fato perturbador é que a agressão no lar é tão comum que aproximadamente metade dos casais nos Estados Unidos convivem com a violência em algum período do casamento. Nas épocas de mais estresse, as pessoas podem até brigar muito, mas nada justifica uma agressão. Alguns homens, quando não conseguem mais usar a lógica verbal, usam a violência e batem em sua esposa. Independente da pressão que um homem possa estar sofrendo, não há desculpa  para esta agressão. A violência no lar é inadmissível.

    Muitos maridos reconhecem isto e têm muitos remorsos, prometendo nunca mais bater em sua esposa. Às vezes conseguem, mas infelizmente a agressão se torna uma ocorrência comum. O típico agressor não sai por aí como um monstro, ou um criminoso perigoso. Ele pode ser seu médico favorito, ou aquele professor charmoso, talvez até seu pastor querido, como Robert Tilsand.

    Vamos fazer uma pergunta básica sobre a agressão conjugal: por que homens que parecem ser maridos respeitáveis e responsáveis se tornam agressores? Por que continuam batendo em sua esposa ano após ano?

    Bem, para começar, por trás de todo aquele machismo, eles são, basicamente, pessoas inseguras que acham que qualquer um que cruze seu caminho é uma ameaça. Como o homem que eu chamarei de Ed, que batia em sua mulher, Mary. Ed resistia a todas as sugestões ou idéias de Mary, achando que eram uma ameaça a sua liderança:

    – Pára de encher! – ele gritava.

    Ele também brigava por causa de qualquer deslize dela, mesmo sendo coisas sem nenhuma importância. Com este comportamento, porém, ele estava tentando compensar seus próprios sentimentos de incompetência.

    Você já percebeu que a insegurança de Ed o tornou muito ciumento? No início do casamento, seu desejo pela atenção dela a fez se sentir desejada. Mas, com o tempo, porém, ela se cansou das exigências contínuas dele e das constantes suspeitas. Ed a acusou de estar tendo casos e esta infidelidade imaginária era uma boa razão para ele bater nela.

    Agressores, em parte devido a sua insegurança, têm necessidade de controlar o ambiente. Robert Tilsand, por exemplo, era um manipulador clássico. No início, sua atitude confiante e decidida fez Lucille se sentir segura. Ele demonstrava ser um homem que sempre a apoiaria e a sustentaria.  Depois de um tempo, no entanto, o controle que ele exercia sobre ela se tornou sufocante. Ele não a deixava sair de casa sem antes pedir permissão. Ele a fazia suplicar por dinheiro e controlava todos seus gastos. Depois de um tempo ele chegou a exigir que ela o chamasse de “senhor” ou  “pastor”. Dá pra imaginar? Uma das advertências favoritas dele era: “não cabe, cabe a você questionar. É fazer ou morrer”.

    Me obedeça ou morra? De onde vinha tanta arrogância? Como muitos homens religiosos hipócritas, infelizmente Robert Tilsand também interpretou mal certas passagens da Bíblia que  instruem às mulheres a serem submissas ao seu marido. Homens como ele, realmente acreditam que o Senhor deseja que sua esposa sejam escrava. Será que é isto que Deus deseja para o casamento? A Bíblia diz o seguinte: “Vós mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja; sendo ele próprio o salvador do corpo. De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos.” (Efésios 5:22 a 24) E é aí que muitos maridos param de ler.  Eles passam por cima do próximo versículo: “Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela...” (Efésios 5:25)

    Sim, a Bíblia estabelece que o marido é o chefe do lar. Mas isto não faz de sua esposa o capacho! De jeito nenhum. Maridos devem amar sua esposa da mesma forma que Cristo ama Sua igreja. Jesus deu Sua vida por nós e é este tipo de amor que a Bíblia diz que os maridos devem ter por sua esposa. É claro que não é todo dia que o marido está disposto a dar a vida pela mulher para protegê-la. Mas, todo dia, ele deve abandonar seu egoísmo e sua arrogância. Sua teimosia e raiva devem morrer. E como isso é possível? O que pode transformar um agressor num cônjuge carinhoso e amável?

    Bem, não é fácil. Pra começar, ele precisa reconhecer que é um pecador. Isto é básico, a agressão não é prova da liderança masculina, é uma traição terrível do papel que Deus deu ao marido. É também um pecado mortal do qual devemos nos arrepender ou nos perderemos para sempre.

    Esta experiência de arrependimento é mais do que se tornar religioso. Robert Tilsand, o pastor agressor, era um religioso. Todo tipo de terrorismo internacional é realizado sob o pretexto de guerra santa. Este mundo não precisa de mais religião, precisa do Senhor Jesus Cristo! E precisa dEle pessoalmente! O amor que Jesus mostrou no Calvário pode amolecer qualquer coração, por mais duro que seja. Mas precisamos contemplar a cruz. Precisamos individualmente deixar que o amor do nosso Salvador derreta nosso coração petrificado.

    Uma vez que o amor de Deus tenha amolecido o coração do agressor, e ele reconhecido o seu pecado, o que acontece?

    O próximo passo deve ser o aconselhamento cristão com um profissionel qualificado. O ex-agressor precisa reconhecer seu comportamento passado para não repeti-lo no futuro.

    A agressão é na verdade um ciclo de três estágios: o estágio da tensão, tão conhecido por todas as mulheres maltratadas. Algum incidente desperta a raiva do agressor. Ele fica com aquela expressão nos olhos, e mesmo sem precisar dizer nada, dá para ver que lá vem tempestade. E aí entramos no segundo estágio: a violência acontece. O terceiro estágio vem quando a tempestade finalmente passa e toma conta do agressor um sentimento chamado remorso. O leão feroz poderá de repente se tornar um cordeirinho. O agressor pede mil desculpas. Às vezes até surpreende sua vítima com presentes. Ele poderá se ajoelhar e jurar que nunca mais baterá nela. Infelizmente a experiência mostra que todas estas promessas de melhora são promessas momentâneas. As coisas não melhoram. O maltrato é um padrão de vida que geralmente fica cada vez pior quando não há uma intervenção ou fuga. Então, a vítima não deve permitir que seu torturador manipule suas emoções com declarações de arrependimento, junto com lágrimas falsas. Ela deve insistir que seu marido prove seu arrependimento se submetendo ao aconselhamento profissional.

    Um bom conselheiro irá pedir ao agressor que seja responsável e trate dos problemas de que falamos, insegurança e pouco amor próprio. O marido agressor deve aprender a resolver seu estresse sem usar a violência. Ele precisa desenvolver habilidades de comunicação, para poder se expressar com palavras e não com os punhos. A solução definitiva para o agressor, é claro, é renascer, se entregar ao amor clemente, ao amor que cura, ao amor de Deus.

    Agora vamos falar um pouco sobre a vítima da agressão. O que a fez se envolver com um homem tão perigoso? E por que ela fica com ele ano após ano de maus-tratos, sem fazer nada a respeito? Bem, muitas esposas enfrentam perigos e até a morte se tentam fugir. Foi o que aconteceu com Lucille Tilsand antes dela matar seu marido:

    – Eu tinha medo de deixar o Robert porque ele havia dito que se eu o deixasse ele me encontraria junto com os meninos, e só sobrariam pedaços.

    Você pode imaginar como deve ter sido viver assim? Infelizmente, algumas de vocês imaginam. Se for o caso, você deve ficar sabendo que: você não está indefesa contra agressão do seu corpo, isto é crime em nossa sociedade. É verdade que a polícia tem sido relutante em se envolver em briga de marido e mulher, mas isto está mudando. E isto é ótimo. E tem mais, dados estatísticos mostram que quando os agressores são denunciados a polícia, é menos provável que continuem com a violência do que se ninguém os denunciar. Então, apesar das ameaças de seu marido, a esposa maltratada está mais segura se ela o denunciar a polícia.

    Mas, e se o abuso continuar piorando mesmo depois da denúncia? Aí, para proteger sua vida e das crianças envolvidas, ela precisa fugir da situação. Nos tempos dos antigos hebreus, o Senhor estipulou que certos lugares seriam reservados como santuários para onde, aqueles em perigo poderiam fugir: “e estas cidades vos serão por refúgio do vingador...” (Números 35:12)

    Estas antigas cidades de refúgio, eram feitas para que pessoas suspeitas de terem cometido um assassinato pudessem fugir do ódio da família da vítima até poderem ter um julgamento justo. Agora me diga, se um suspeito de assassinato merecia um refúgio, uma família indefesa que sofre maus-tratos não merece também? Graças a Deus, muitas comunidades e igrejas têm assegurado o futuro de famílias maltratadas. Além da comida e de um local para dormir em paz, estes abrigos oferecem serviços de aconselhamento, cuidados a criança, assistência financeira e legal, e muitas vezes assistência médica também. Muitas mulheres que sofrem maus-tratos não querem fugir com medo de não terem um lugar para morar depois de sairem do abrigo temporário. Para prevenir isso, já existem leis que protegem os direitos de propriedade e garantem a renda de esposas que sofrem maus tratos.

    Hoje em dia, a família que sofre maus tratos fica em sua casa e o agressor é obrigado a sair. Este tipo de acordo deve ser feito por um tribunal antes que a família deixe o abrigo provisório. Naturalmente, os agressores não gostam de sair de sua casa para procurar outro lar, mas qualquer violação da ordem judicial os torna sujeitos a prisão. Geralmente, isto basta para que deixem sua família em paz.

    Tenho um aviso importante para mulheres que foram maltratadas: não fiquem muito animadas para receber o agressor de volta em casa antes que ele tenha de fato mudado. Ele poderá lhe fazer milhões de promessas. Ele poderá lhe manipular, lhe acusando de ser insensível por não aceitá-lo de volta imediatamente. Exija que ele complete uma série de sessões de aconselhamento que muitas vezes podem ser estipuladas pelo tribunal, e depois, se o conselheiro afirmar que ele realmente mudou, você pode tentar aceitá-lo de volta. Mas não se sacrifique. Diga ao cônjuge arrependido que as coisas jamais poderão ser violentas de novo.

    Já que falamos de sessões de aconselhamento,  a esposa maltratada também precisa de ajuda profissional. Uma mulher lamentou:

    – Precisava de alguém com quem conversar e não sabia o que fazer! Culpava-me pelo que estava acontecendo. Durante muitos anos me senti culpada, envergonhada,  confusa,  e  inútil.

    Finalmente, com a ajuda de Deus através de um aconselhamento cristão, essa mulher aprendeu a lidar com seus conflitos internos. Seu conselheiro também a ensinou a reconhecer os estágios do abuso para poder evitar a violência. Ela aprendeu a evitar discussões, especialmente sobre certos assuntos, quando seu marido demonstrava sinais de estresse. Seu conselheiro também ensinou-lhe a nunca ridicularizar seu marido, nunca questionar sua virilidade, ou compará-lo com outros homens. Pois isto iria apenas incentivar os problemas.

    Como já falei, não existe uma desculpa para a violência em nenhuma hipótese. Mas as esposas podem evitar as situações tensas se souberem o que fazer. Um conselheiro qualificado pode ajudar muito mesmo.

    Existem outras razões para que as esposas tolerem tantas agressões, além do medo, do perigo e da perda. Susan, por exemplo, se achava a salvadora do seu marido agressor. Ela se convenceu de que com paciência e carinho ela poderia transformá-lo. Não funcionou. Seu marido interpretou sua docilidade como fraqueza, e isto apenas intensificou seu apetite pela violência.

    Em outros casos, amigos bem intencionados, censuram a esposa maltratada e acham que ela deve permanecer com seu marido para manter a família unida. Freqüentemente interpretam mal a Bíblia quando ela diz que precisamos suportar o sofrimento e carregar a cruz. Mas meu amigo, Deus nunca quis que mulheres e crianças sofressem destruição física e emocional.

    Se existir abuso em seu lar, a separação poderá ser a única saída pelo menos temporariamente,  talvez para sempre. Muitas vezes esta é a única forma de ensinar ao agressor algumas lições que ele jamais esquecerá. Os termos de uma separação legal podem garantir a segurança financeira da família.

    Certamente, a separação não é uma coisa simples. Mas nos casos onde o cônjuge é agressivo, poderá ser a única opção sensata. Mas eu já reparei que algumas esposas parecem estar viciadas em seu marido agressivo, como se não conseguissem viver sem ele. No início, este tipo de lealdade poderá parecer uma virtude, mas se pensarmos bem, surge uma pergunta: Será que Deus quer que um adulto saudável e inteligente seja totalmente dependente de outra pessoa?

    Pense sobre isso enquanto lê este convite do Senhor Jesus Cristo: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.”  (Mateus 11:28 a 30)

    Que convite confortante do nosso Senhor Jesus Cristo! “Vinde a Mim,” Ele diz. Qualquer que seja seu sofrimento, Jesus compreende sua situação. Ele sente toda sua dor. E o nosso Senhor te oferece mais do que compaixão: "todo o poder dos céus e da terra é meu". Jesus declarou isso e Ele não é abusivo com todo este poder infinito. Ele é doce e suave, pronto para ajudar a ti e a mim. Você vai confiar sua vida aos Seus cuidados? Eu lhe suplico para fazê-lo agora mesmo.

NO OLHAR DE DEUS

Letra e Música: Phill Mchugh

Versão: Orlando Fonseca

Ascende aos céus humilde prece.

O frágil som vai pelo ar.

E apesar dos sons da terra

Deus escuta a voz.

Não é de alguém que se destaque

em sucessos contra o mal.

Mas vendo assim aquele pobre ser,

há amor no olhar de Deus.

No olhar de Deus não há perdidos;

no olhar de Deus há salvação,

e pessoas que são

assim como nós,

unidos na paz que nos vem

do olhar de Deus.

Um lar sem pai, crianças órfãs,

alguém que sai pra solidão,

e a vida vai sem lhes dar conta,

só Deus sente a dor.

Ao olhar, Deus vê a todos,

os seus males seu sofrer.

Podemos ver a compaixão no céu,

que vem do olhar de Deus

No olhar de Deus não há perdidos,

no olhar de Deus sempre há salvação.

Só há pessoas que são

assim como nós,

vivendo unidos na paz que nos vem,

do olhar de Deus.

Gravado por Eclair Ercole no LP 102 da gravadora CBCR

ORAÇÃO

Pai nosso no Céu, agradeço por Jesus nunca falhar. Qualquer que seja a minha dor ou luta, posso contar com a Sua ajuda. Neste momento, confio a minha vida a Ti, em nome de Jesus Cristo, amém. 


 

29

VENCENDO OS ABUSOS SEXUAIS

George Vandeman

TOPO

 

Não é fácil para mim contar a você o que aconteceu com Laura. Não gostamos de falar sobre o problema da violência sexual. Fazemos de conta que isso não acontece ao nosso redor... principalmente entre famílias cristãs.

    Quando Laura era bem pequena, seu pai raramente achava tempo para estar com ela. Estava sempre ocupado. Muito ocupado assistindo o jogo na televisão para levá-la ao parque. Muito ocupado lendo o jornal à noite para ajudá-la com o dever da escola. Muito ocupado para praticamente tudo que tivesse algo a ver com Laura. Ele nem assistia aos programas que ela apresentava na escola. Não lhe dava qualquer tipo de atenção especial.

    Quando Laura fez 13 anos, essa situação de repente mudou. Seu pai começou a notá-la, fazendo-lhe elogios. Sem ter demonstrado afeto antes, agora ele a abraçava muito. E quando se abraçavam, suas mãos começaram a tocá-la em lugares que não deveriam tocar. Laura se sentia desconfortável quando isso acontecia, assim como você e eu nos sentimos desconfortáveis hoje ao falar sobre a tragédia da agressão sexual. Mas infelizmente milhares de mulheres são vítimas da agressão sexual e talvez nunca se deram conta do que de fato sofrem. Tentam esquecer o pesadelo, mas é como uma fotografia desbotada na carteira que você carrega consigo o tempo todo. As tristes lembranças envenenam todos os seus relacionamentos com homens, especialmente no casamento. Será que existe alívio para essa dor do passado?

    Uma recente matéria da revista do Los Angeles Times, colocou como artigo de capa: "As Garotas do Papai", descrevendo um trágico encontro da família com o incesto. Uma das filhas vítimas, hoje uma adulta, testemunhou perante seu pai: "não confiava em ninguém até os 41 anos. Ela prosseguiu, "teria sido melhor ter conhecido a vida do que ter de passar pelo que você me forçou a passar. A vergonha e angústia me fizeram querer morrer. Sua irmã acrescentou: "se tivesse que passar por tudo isso novamente, eu diria: "não quero".

    Só posso tentar imaginar a dor que essas mulheres passaram. E a agressão sexual que sofreram é um problema muito comum em nossa sociedade. Não é de admirar que ele agora esteja sendo amplamente discutido por todos. Para uma solução de verdade, precisamos mais do que as idéias humanísticas tão bem difundidas atualmente.

    Quero agora apresentar a solução efetiva, centralizada em Cristo, baseada na Palavra de Deus. Mas primeiro devemos entender mais sobre o problema da violência sexual. Ele é muito mais amplo do que possamos imaginar.

    Uma recente pesquisa indicou que 38% das mulheres entrevistadas tinham sido sexualmente agredidas até os 18 anos de idade. Dá para acreditar?  Quase quatro entre dez. E o mais chocante de tudo, muitas que sofreram violência sexual culpam a si mesmas pelo que aconteceu. Por favor, ouça com atenção. Não é apenas o contato físico sexual forçado que constitui violência sexual. Uma garota pode ser agredida por um tio aparentemente afetuoso que simplesmente não consegue afastar as mãos do corpo dela.

    Sabe, a agressão sexual não é necessariamente uma experiência dolorosa e assustadora. Na verdade, ela nem sempre envolve contato físico. Pode ser uma agressão verbal ou mesmo visual. Tal como despertar coisas do sexo, talvez um comentário obsceno, ou olhar malicioso e prolongado. Qualquer tipo de atenção sexual inadequada é agressão sexual. E de um adulto para com um menor, qualquer tipo de atividade sexual, quer com resistência ou não, é um crime.

    Eu venho me referindo a agressão sexual com mulheres, mas milhões de homens também são vítimas. Mas o problema mais sério que temos é a agressão de mulheres, tal como a experiência de Laura que estivemos comentando. Você entende, é claro, que troquei o nome dela e as circunstâncias para proteger sua privacidade.

    Como mencionei, Laura sentia-se desconfortável com o seu pai acariciando-a. Mesmo assim, depois de tantos anos sendo rejeitada, fazia bem ter finalmente os braços de seu pai abraçando-a. Assim ela procurou não pensar no que as mãos dele estavam fazendo.

    Foi numa manhã durante as férias de verão que a agressão aconteceu. A mãe de Laura tinha saído para fazer compras, e Laura estava em seu quarto se vestindo. De repente, a porta abriu e o pai dela entrou. Ele sentou-se em sua cama, sorrindo de modo estranho. Ele disse-lhe que sentia orgulho dela, que ela era muito bonita. Aí ele a fez ter sexo com ele. Laura protestou, mas não iria dizer "não" a seu pai. Ele não foi rude com ela, apenas insistente pra que submetesse a suas investidas sexuais. Assim começaram cinco anos de horrível incesto. O abuso era incansável, embora gentil, até suave. O pai de Laura a adulava, tratando-a como sua amante. Ele lhe declarou que o relacionamento deles significava mais para ele do que seu casamento. De fato, ele disse que a única coisa que o mantinha em casa com sua mãe era esse chamado "amor" que "compartilhavam". A princípio Laura sentia repulsa ao pensar que estava tomando o lugar da mãe nos braços do pai. Mas com o passar do tempo, ele a convenceu de que ela era uma heroína na família por impedir que aquele lar se desfizesse. Ela começou a ver a si própria como uma adulta, muito sábia para a idade. Após uns dois anos ela adquiriu uma grande presunção, quase assumindo seu papel como rival secreta da mãe.

    Tudo isso mudou quando ela chegou ao terceiro ano do segundo grau. Ela estava em sua aula de educação sexual e o crime de incesto foi debatido. Só então ela tomou consciência do relacionamento pervertido que mantinha com o seu pai. Ela tentou convencê-lo a parar. Ele não quis. Ele disse que ela pertencia a ele e que pretendia mantê-la. Quando Laura persistiu em seus protestos, seu pai ameaçou destruir sua vida se ela revelasse o que ele chamava de o "segredinho deles".

    Laura sabia que podia mandar prendê-lo, mas tinha medo de com isso tumultuar a vida de todo mundo.  Pensou em confidenciar à sua mãe ou à professora, mas acabou desistindo. Em vez disso, imediatamente após  a formatura no colegial fugiu da prisão do incesto. Mas era muito tarde. Suas emoções estavam arruinadas.

    Laura casou-se rapidamente com um rapaz que mal conhecia, e, é claro, o casamento durou pouco mais de um ano.  O divórcio aconteceu nesse curto período. Na esperança de reconstruir a vida, Laura mudou-se para a capital do estado. Conseguiu um emprego bem remunerado como recepcionista, o que lhe permitiu comprar roupas luxuosas e um belo carro esporte. Laura teve um novo e dinâmico estilo de vida, mas isso não trouxe vida nova para sua alma em pedaços. Não conseguia obter satisfação das coisas materiais ou relacionamentos superficiais.

    Em sua constante busca ela sentiu-se atraída pelas coisas espirituais. Começou a assistir programas evangélicos na televisão. Um fim de semana ela entrou em uma igreja, onde matriculou-se num curso bíblico semanal. Quando Laura conheceu a Palavra de Deus, ela sentiu-se suja por dentro e culpada sobre o que havia acontecido em seu lar.

    Uma outra coisa a atribulava. Dois anos antes, ela tinha sido engravidada pelo seu pai. Ele logo providenciou o aborto, e embora fosse contra, Laura aceitou. Agora, tudo voltava a deprimi-la. Com o peso da culpa revolvendo a lama de sua consciência, Laura passou a sentir-se mal sobre si mesma. Arrependeu-se de freqüentar a igreja. Ela tivera esperança de encontrar o conforto de Deus lá, mas agora sentiu-se sob a maldição dEle.

    Laura ficou deprimida, queria se matar. Sabia que tinha que fazer alguma coisa, ou falar com alguém. E munindo-se de coragem, ela pediu uma entrevista com o pastor. Lá em seu gabinete ela contou em prantos toda a sua triste história. Laura esperava que o homem de Deus a enxotasse ou pelo menos lhe fizesse um sermão. Em vez disso, ele a ouviu com empatia, assegurando-lhe que seu Pai celeste a amava, assim como sua nova família da igreja:

    – Bem, laura, a primeira coisa que vou perguntar é se você tem outras irmãs em casa a quem seu pai possa estar violentando?

    – Não, sou a mais nova e minhas outras irmãs são todas casadas.

    – Bem, você é... você entende que seu pai cometeu um crime contra você. Você devia denunciá-lo. Não por questão de vingança mas, para proteger a si mesma e também para ajudá-lo. Ele precisa de tratamento. 

    – Tem razão, pastor. Eu me culpo por esse relacionamento ter ido tão longe.

    – Um momento, Laura. Esse caso aconteceu principalmente por culpa de seu pai. Ele o iniciou, ele o fez prosseguir, ele recusou-se a encerrá-lo.

    – Eu sei, mas... o que ele fez a mim... eu me senti bem. Toda aquela amizade e carícias, eu...

    – Bem, Laura, do modo como nosso corpo foi criado, se certas partes forem estimuladas, claro que nos sentiremos bem. Isso, é uma simples realidade biológica.

    – Isso faz sentido pastor, mas não consigo deixar de me culpar por deixar que prosseguisse daquele modo. Depois de algum tempo, finalmente deixei de resistir. Eu me achei cooperando com ele. Até aguardando por tais momentos. Comecei a gostar do que fazíamos. Creio que não sou uma vítima inocente.

    – Bem, Laura, não estou dizendo que você é totalmente inocente. Somos todos pecadores. Culpados perante Deus, a Bíblia diz. De modo que você tem mesmo alguma responsabilidade pelo que aconteceu durante todos estes anos, neste relacionamento com seu pai. Bem, então, confesse diante de Deus ser uma pecadora, e aí prossiga com a vida. Escute este trecho, da Bíblia: "Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos". Jesus pagou o preço, Laura, na cruz, Ele pagou por todos os nossos pecados. Agora podemos ficar limpos diante de Deus.

    – Isso é mesmo muito bom para ser verdade. Como Deus pode me perdoar completamente se nem mesmo eu consigo me perdoar?

    – Laura, quem lhe deu o direito de perdoar a si mesma, ou de condenar a si mesma? Isso é algo que apenas Deus pode fazer como juiz de toda a Terra. Está tentando assumir o lugar de Deus? Ou está tentando se colocar no lugar de Deus?

    – Eu nunca tinha pensado nisso desse modo.

      Note isto, aqui em Romanos oito, trinta e três e trinta e quatro: "Quem intentará acusação sobre os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós". Deus é quem lhe justifica e perdoa. Ninguém pode condená-la. Nem mesmo você tem o direito de se condenar.

    – Tem razão, pastor. Obrigada. Essa passagem que o senhor leu, diz que Jesus intercede por nós. Por que Ele faz isso se Deus não está querendo nos condenar?

    Uma boa pergunta, você não acha? Algo vital para se entender. E a Bíblia não deixa dúvidas sobre isso. É o diabo que é o acusador das pessoas. O inimigo de nossa alma tenta nos incriminar perante Deus dia e noite. Tenho certeza que ele tem inveja por irmos para o céu, onde ele já viveu quando ainda era Lúcifer, príncipe dos anjos. E assim ele nos acusa de não estarmos qualificados para passar pelos portões celestiais. Mas, você dirá, somos indignos, não somos? Como combateremos tais acusações do inimigo? "E eles o venceram pelo sangue do cordeiro..." (Apocalipse 12:11)

    Amigo, está vendo? É através do sangue de Jesus que você e eu vencemos as acusações do diabo. No julgamento, Deus está do nosso lado contra o inimigo. Ele indicou Jesus para assisti-lo, intercedendo em nossa defesa contra as acusações de Satanás. Vamos investigar isto um pouco mais.

    Para realmente entender este julgamento, devemos voltar ao antigo sistema legal dos tempos do Velho Testamento. Na época, o sistema judiciário hebreu diferia drasticamente do nosso. Para começar, lemos na enciclopédia judaica que os "advogados eram desconhecidos na lei judaica." As testemunhas do crime apresentavam queixa, e quem defendia o acusado? O juiz! A lei hebraica requeria juízes para "pender sempre para o lado do acusado e dar a ele a vantagem de cada possível dúvida." Somente quando vencido pelas provas o juiz podia abandonar sua defesa do acusado e relutantemente pronunciar a condenação. O juiz, obviamente, era mais do que um guardião neutro da justiça. Ele tomava o lado do acusado e se colocava a favor da absolvição.

    Deus como nosso juiz toma a nossa defesa. Mas Ele também tem que ser justo, a despeito de querer nos perdoar.  Bem, certamente Ele não pode negar a acusação de que somos pecadores. Mas no sangue vertido na cruz do Calvário, Ele tem a prova que precisa para nos declarar inocentes. Assim, Ele anula as acusações de Satanás e nos garante a segurança em Cristo que podemos desfrutar desde que o aceitemos.

    Deus está do nosso lado, amigo. Estou alegre por isso, e sei que você também está. Ele não só está do nosso lado durante o julgamento mas também está do nosso lado aqui, dando-nos força dia a dia para obedecer a Sua vontade e guardar os Seus mandamentos. Ele trará harmonia da confusão e nos dará vida em Jesus.

    Tudo isto o pastor explicou a laura naquele dia em seu gabinete.

    –Isso parece maravilhoso, – ela lhe disse – se ao menos eu pudesse recomeçar a vida, vivendo-a segundo Deus. Gostaria de ser virgem novamente.

    O pastor respondeu:

    – Tenho boas novas para você. Quando você aceita a Jesus, você é uma virgem aos olhos de Deus. Ouça isto: "Assim que, se alguém está em cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." (II Coríntios 5:17)

    Você quer esse novo começo que Jesus tem para você? Bem, graças a Deus, as boas novas são até melhores do que você pensa. Sabe, vida nova em Jesus significa mais do que só um novo começo. A Bíblia diz: "e estais perfeitos nele..." (Colossenses 2:10)

    Quando você aceita Jesus, Deus não vê você como um bebê espiritual em luta. Ele lhe vê você como um ser perfeito. Ele olha para você lá do céu e sorri dizendo: "este é meu amado filho, em quem me comprazo."

    Quero tirar toda a vantagem desta maravilhosa oportunidade em Cristo, e sei que você também quer.  Então, para começar, confesse os seus pecados a

Deus. Reconheça que é um pecador. Aí, em nome de Jesus, elimine qualquer sinal de culpa. Caso você ainda não se sinta perdoado, não se preocupe. Você sabe que está perdoado porque Deus promete nos aceitar quando vamos a Ele através de Cristo.

    O pastor e Laura oraram juntos e ela aceitou Jesus como seu Salvador e Senhor. Foi o começo de uma vida totalmente nova para ela.  Não foi fácil. Durante os meses seguintes ela teve muitas lutas. O pastor indicou um excelente psicólogo cristão que a ajudou bastante em sua recuperação.

    Essa é a história de Laura. Mas, e quanto a você... tem sido vítima de agressão sexual? Precisa do amor restaurador de Jesus? Existe uma promessa maravilhosa na Palavra de Deus: "Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemos pois com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno". (Hebreus 4:14-16)

    Pense nisso, em Jesus, Deus nos oferece misericórdia para perdoar nossos pecados e deslizes. E mais... em Cristo temos a graça para nos ajudar em tempos de necessidade. Sempre que tentados, não precisamos ser presas dos enganos do diabo. Deus tem poder para nos impedir de voltar aos velhos caminhos de fracasso e derrota.

    Você notou algo interessante no texto que acabamos de ler, algo pessoal para você? Ele diz que Jesus é nosso  grande sumo sacerdote. Isto abre a porta para um dos ensinamentos mais vitais embora negligenciados na Bíblia. Sabe, Jesus é mais do que o Salvador do Calvário no passado. Ele é seu Rei que virá num futuro breve. Neste momento Ele está no santuário celestial servindo como seu intercessor. Continuamente Ele lhe oferece o perdão, o conforto e a força de que precisa para ficar acima do passado e realizar grandes maravilhas no futuro.

    Uma palavra final. Não é fácil esquecer o sofrimento de uma violência sexual. Mas lembre-se que o seu Senhor está com você a cada passo do caminho. A experiência de recuperação de Laura pode também ser sua.

AO AMADO

Letra: Guilherme Kerr

Música: Sérgio Pimenta

Ao Amado de minh'alma cantarei.

fica bem cantar louvores a Jesus.

Como sóis de intensidade em plena luz,

tal a glória do Amado eu cantarei.

Ele é meu Amado, meu Salvador

Senhor da Vida e preferido meu.

Ele é luz que arde em resplendor.

É aquele que a Bíblia diz ser Deus.

Autor da vida, Cristo, meu Senhor.

Amado meu, pra sempre, Amado meu.

É Jesus razão maior de eu viver

De existir, de conhecer e prosseguir

sem jamais desanimar frente ao porvir;

de lutar, cansar, mas nunca esmorecer.

Gravado por Sonete no EELP-0194 do Ministério "Está Escrito"

Oração

"Pai nosso, neste mundo de pecado e dor, nós Te louvamos pela salvação. O que quer que tenha nos destruído no passado,  és capaz de restaurar e nos dar esperança para o futuro. Neste momento confiamos a nós mesmos a Ti. Obrigado por nos aceitares em Cristo. No nome Salvador de Jesus. Amém.


 


 

30

OPERAÇÃO ENGANO

George Vandeman

TOPO

 

Alguns mistérios são facilmente resolvidos. Outros nos assombram  durante décadas. Cada um de nós diz: Acontece algo aqui. E procuramos a resposta fácil. Procuramos o óbvio. Mas às vezes somos enganados pelo óbvio. A culpa é mal colocada e o inocente sofre. E aí um dia deparamos com uma pequena pista, depois outra. As inconfundíveis marcas que nos levam, uma a uma, fio por fio ao forte indício da verdade. E imaginamos por que somos tão lentos em  descobrir "Operação Engano", que estava lá o tempo todo.

Em 18 de Dezembro de 1912 foi anunciado ao mundo que os restos de um fóssil humano primitivo havia sido encontrado em um poço raso de cascalho perto da vila de Piltdown, no condado de Sussex. A Inglaterra ficou orgulhosa pelo que os homens de Piltdown acreditavam ser o mais antigo fóssil humano conhecido. Mas, 40 anos depois foi feito um outro anúncio. Tinha sido tudo forjado. Um trabalho de pessoa ou pessoas desconhecidas.

A mandíbula não era de um ser humano mas de uma orangotango fêmea bem jovem, e seus dentes tinham sido limados ficando assim bem claro que não pertenciam ao crânio. Os cientistas britânicos ficaram corados. Charles Dawson o descobridor tornou-se o principal suspeito e como ele havia falecido 37 anos antes, um monumento a ele foi prontamente removido.

Através dos anos vários outros foram mencionados como possíveis suspeitos, mas Dawson continuou como o principal deles. Mas houve um outro que andou lá em Piltdown durante as escavações. Era um médico aposentado que conhecia bem a anatomia humana. Ele era químico e muito interessado em geologia e arqueologia. E era um ávido colecionador de fósseis. Mais do que isso, ele gostava de uma boa farsa. Gostava de aventuras. Era um excelente escritor e sabia manipular as tramas mais complexas. E não era difícil encontrar um motivo pois ele tinha uma rixa contra o sistema científico britânico. Quem era ele? Nada além do que o Criador do Sherlock Holmes, Sir Arthur Conan Doyle. E também tinha  rixa John Hattaway Winslow um escritor de nossa era viu-se envolvido na trilha do grande detetive de ficção de nossos tempos. Sherlock Holmes, cujas bravuras tornaram-se leitura obrigatória, para as forças policiais de diversas nações.

Bem, Winslow veio a público com suas incríveis descobertas na edição de setembro de ciência 83. Creio que você concorda que o caso contra Conan Doyle embora circunstancial é convincente ao ponto de ser irresistível.

Sabe, Doyle morava a apenas dez quilômetros do local das escavações, e parece que ele o visitou abertamente em 1912. Ali estava um médico, não mais clinicando, a esta altura desfrutando as recompensas de um autor bem-sucedido. Ele era um prodigioso andarilho acostumado a fazer grandes caminhadas. Duvida-se pouco de que ele não visitasse com freqüência aquele lugar relativamente pouco vigiado. Passando perto dele dando uma olhadinha para observar o andamento. Tudo que ele tinha a fazer era observar os escavadores. A tarefa mais difícil, é claro, seria idealizar uma criatura convincente. Manchando-a para a cor combinar com a cor do cascalho. Cercá-la com os restos apropriados de fósseis e implementos. Tudo isso ele tinha toda a possibilidade de conseguir. Como pode ter ele conseguido a mandíbula de um orangotango? De um antigo vizinho que tinha voltado recentemente da península de Malawi, e um desses museus acabara de comprar a maior coleção de espécimes animais de bornéu.

Os orangotangos vivem somente em bornéu e sumatra. Mas como poderia Doyle saber afilar os dentes, e torná-los parecidos com dentes humanos? Bem, no início, como clínico médico ele morou em uma casa que antes havia sido ocupada por um dentista. E ele encontrou ali um grande número de moldes de mandíbulas humanas. Mas como ele, como ele conseguiu o crânio certinho? Bem, ele também tinha um amigo que tinha uma coleção de crânios humanos, vendidos com freqüência aos interessados.

Alguns dos fósseis, restos do mamífero plantados pelo falsificador foram mais tarde identificados como vindos do mediterrâneo e tinham visitados os locais mais prováveis. A época da sua viagem era perfeita. Cada vez mais as pistas iam se encaixando como peças dum quebra-cabeça. Mas, e quanto ao motivo? Por que ele tinha essa rixa contra o meio científico? Nisto também as evidências são totalmente convincentes. Arthur Conan Doyle não só era fascinado pela ciência, mas em sua velhice ele havia passado a crer firmemente no espiritualismo. Por outro lado o cientista Edwin Ray Lankester, era um dedicado evolucionista Darwiniano. Provavelmente um dos mais fortes e teimosos defensores do evolucionismo. E ele não acreditava em espiritualismo. Costumava ridicularizá-los, com ataques impiedosos.

Ele acreditava que o que estes faziam era forjado. Queria desesperadamente pegá-los no ato. Com este propósito ele assistiu uma sessão espírita em companhia do médium americano Henry Slade. Ele era um destacado espírita britânico daquela época. Teria que haver comunicação com os espíritos. Os espíritos psicografariam uma mensagem através de Slade. Mas logo após Slade ter se apresentado às pessoas ali para demonstrar que não havia farsa e antes de haver qualquer ruído de escrita, Lankester agarrou Slade e descobriu a mensagem já de posse dele. Deste modo ficou comprovado a fraude.

Henry Slade deixou a Inglaterra o mais rápido e silenciosamente possível. Doyle ficou muito aborrecido com essa revelação, afirmando que não era justo condenar todos os espiritualistas por causa de um caso de fraude. Doyle e Lankester não eram amigos. Seria uma grande surpresa se Conan Doyle, mestre criador da ficção como era, demonstrasse algum prazer, se viesse a provocar o mesmo tipo de embaraço à ciência britânica, como Lankester causou aos espiritualistas.

Que motivo mais natural poderia haver? Sim, a conexão conto de fadas, o elo que ligava Conan Doyle ao homem de Piltdown era muito, muito forte. Mas meu amigo, existem outros elos, outros laços, outras conexões que temos que explorar hoje. Alguns muito interessantes e alguns muito importantes. Elos ligando dois opostos muitas vezes antagônicos entre si. A evolução e o espiritualismo, um se considera a si mesmo ciência e o outro se considera anti-científico.

Nos dias de Arthur Conan Doyle a teoria da evolução tinha conseguido mais do que tudo, destruir a fé na Bíblia e no próprio Deus. Mas isso deixou homens e mulheres à deriva no mar da chance sem futuro, sem esperança. Para onde eles se voltaram? Voltaram-se aos milhares para o mundo espírita, para as sessões, para os fenômenos psíquicos num esforço para substituir o que haviam perdido.

Mas existe uma barreira muito forte entre a evolução e o espiritismo pois ambos vem dos primórdios deste mundo. Encontramos lá o início do espiritismo e suas promessas. Encontramos ele no registro dos primeiros judeus um fenômeno psíquico para atrair audiência. É verdade que não encontramos a teoria da evolução no livro de Gênesis mas encontramos logo no primeiro versículo da Bíblia a afirmação clara de que Deus é o Criador. E o texto é assim: Gênesis 1:1: "No princípio criou Deus os céus e a terra." E é uma afirmação simples, que a teoria feita pelo homem do nosso início neste planeta. Este é o âmago, o âmago da destruição dos evolucionistas. Você já notou que o coro dos incrédulos na Bíblia estão em geral preocupados com os primeiros capítulos de Gênesis? Você pode ver como a evolução está ligada a este livro como um desafio aberto à credibilidade de Deus.

No caso do espiritismo encontramos seu começo no própria história da queda do homem, registrada no terceiro capítulo da Bíblia. E lá Deus é abertamente desafiado em não ter dito a verdade. Ora eu sei que a história da queda do homem é amplamente considerada uma espécie de folclore. Um divertido folclore é claro. Alguém deu a idéia de que Eva detestou a maçã. Deixando você curioso: Por que? Mas o fato de não haver nenhuma menção de maçã no Gênesis, esta história é uma indicação de que pouca atenção temos dado ao que aconteceu lá. Eu pergunto a você: Será que Gênesis 3 não é nenhum folclore? Antes do primeiro espoucar dos canhões cósmicos de uma guerra contínua e em escalada, Gênesis explica todas as coisas estranhas que estão acontecendo hoje.

Imagine o impossível. Imagine que você era um repórter cósmico designado para cobrir a criação do planeta terra. Para ser uma testemunha ocular de tudo. Seria uma semana empolgante, acompanhar o Criador e uma comitiva de anjos à medida que Ele se movesse pelas estrelas nos corredores espaciais com galáxias e sóis brilhantes por todos os lados. E as harpas dos anjos tocando nas alturas. Aí vocês alcançariam um local solitário na borda do universo de Deus. Você O veria saindo do vazio e pronunciando palavras cheias de todo o poder do infinito. O trovão em sua voz ressonando até mundos distantes e de repente ali estava. Um instante onde antes não havia nada surge um planeta das mãos do Criador, girando numa órbita perfeita. E você assistindo, uma semana inteira espetacular, além das palavras. Se você usasse os melhores adjetivos nem sequer se aproximaria da realidade.

Aí, numa tarde de sexta-feira, vinha a obra-prima da criação da Deus, feita à Sua imagem, Adão e Eva. Você se alegraria por receber permissão de continuar a cobrir os acontecimentos. Mas tal perspectiva não era de todo brilhante, pois você sabia que nem tudo estava certo no universo de Deus. Um dos anjos mais privilegiados de Deus, aquele chamado Lúcifer ficou insatisfeito por nada. Parece que a sua própria beleza o convenceu de que ele precisava ter o lugar de Deus. Ele estava muito zangado pelo fato que o Filho de Deus é que seria aquele a dizer as palavras para que o planeta terra existisse. Por que não Lúcifer? Por isso ele foi banido do céu. Não havia outro jeito. E agora ele estava aqui.

Você se lembra como ele ficou furioso quando viu a incrível beleza do planeta que Deus havia preparado para Adão e Eva? Você o ouviu praguejando contra Deus e planejando tornar este planeta o Q. G. da sua rebelião. O problema é que Deus tinha criado Adão e Eva com o poder de escolha. Ele não queria que nenhum de seus súditos fossem robôs. Assim, esse par feliz poderia se rebelar. Poderia acontecer. Isso seria um tragédia. Você ouviu Deus falando com Adão. Você tomou notas. Ele disse mais ou menos isto: "Adão , eu lhe dei o poder de escolher. Você não é um robô. Coloquei diante de você a vida e a morte e espero que você seja responsável pela escolha que fizer. Espero que você escolha a vida, mas a decisão é sua. E Deus disse a Adão: Eu quero lhe dar a vida eterna. Este é o meu plano. Mas não vou lhe dar a imortalidade até eu saber se poderei lhe confiar a vida que nunca termina. E para testar a sua confiança eu vou colocar uma árvore no jardim, fora dos limites. Apenas uma árvore. Se você comer do fruto dela você estará se separando da fonte da vida. E como resultado, você morrerá. E isto não é uma ameaça, Adão. Isto é apenas o resultado natural da rebelião. Espero que você seja responsável, mas você deve escolher. Não posso escolher por você. E aí, de acordo com o relato que você estava ouvindo, no dia em que Deus falou ao par feliz sobre Lúcifer, ele disse que não iria permitir ao anjo caído que os seguidores pelo jardim. Ele só poderia tentá-los se eles se aproximassem da árvore proibida. Uma coisa justa. Adão e Eva conversaram a respeito e não conseguiam imaginar uma coisa tão terrível como a rebelião contra o Criador que eles amavam. Aí veio aquele dia fatal. Eva caminhava sozinha, imaginando também por que Deus havia colocado aquela árvore fora dos limites. Ela não parecia perigosa, era tão bonita quanto as outras árvores. A serpente estava sentada em um de seus galhos comendo satisfeita um dos frutos. A serpente começou a conversar com Eva. E ela sabia que as serpentes não tinham o dom da fala, mesmo no jardim do Éden. Ela não sabia embora devesse saber que estava testemunhando o primeiro fenômeno mediúnico da história  da terra. E era uma sessão à plena luz do dia, com a serpente atuando como médium para o anjo caído. Ele assistia enquanto a serpente convidava a mulher a comer, assegurando-lhe que não lhe faria mal algum. Afinal, a serpente também não estava comendo? Você foi o único que desejou gritar para alertá-la. Os anjos assistiam, Deus assistia, mas ninguém deveria interferir. Você assistia horrorizado e sem fôlego ela estender a mão, pegar o fruto e comer. Aí, como não sentiu nada ela estendeu o braço para o lindo fruto e o levou para seu marido. Você jamais esquecerá a expressão de choque e terror no rosto de Adão quando viu o que Eva tinha feito. Ele sabia que ela deveria morrer e não suportou a idéia de perdê-la. Nem parou para pensar que Deus poderia criar outra companheira para ele. Uma tão bonita quanto ela. Ela apenas correu e deliberadamente, sabendo as consequências do seu ato, determinado de que se Eva tinha que morrer ele morreria com ela. E o horror que a humanidade sentiu naquele momento criou a idade das lágrimas. Bem, você não estava lá, eu não estava lá. Não houve cobertura da imprensa. Não houve câmeras de televisão. Nem entrevistas coletivas. Não é que a imprensa tenha sido afastada. Não existia imprensa. Vamos ler o que a Bíblia nos diz. Primeiro, isto foi o que Deus disse a Adão. Este foi o alerta feito com muito amor e preocupação. Gênesis 2, versículos 16 e 17, na edição revista e corrigida diz: "E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás." Isto foi uma ameaça? Não. É uma ameaça se eu lhe disser que se você saltar da ponte Rio-Niterói você morrerá?  É claro que não. Deus só estava dizendo a Adão quais seriam as consequências da sua escolha errada. Mas a serpente contradisse abertamente o que Deus tinha dito. Ouçam, Gênesis 3, versículos 4 e 5 "Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal. "A batalha agora estava aberta. O anjo caído tinha chamado Deus de mentiroso. Com os seus súditos aparentando fazer o bem ele faz esse mesmo desafio hoje a Deus. E milhões estão acreditando. Pensem sobre isto por um momento: Se a queda do homem não foi planejada ou programada pelo Criador, se sua queda não precisasse acontecer, então vamos supor que a esposa de Adão em lugar de travar um diálogo com a serpente tivesse dado meia volta no local, ao som da fala da serpente e batido o primeiro record mundial na corrida de volta para a companhia segura do seu marido. Ó se apenas a história da Gênesis pudesse ser reescrita. Que tal isto: "Deus é todo-poderoso."Nada é difícil demais para ele." Aquela conversa entre Eva e a serpente só levou alguns segundos. A decisão de Adão levou fração de segundos. O tempo estava sob o controle do seu criador. Por que ele não poderia apagar aquele breve segmento de tempo da história? Fechando-o como se não tivesse acontecido? O destino da raça humana deveria depender da decisão de uma única hora? Mas, não. Um Deus de amor e de integridade jamais aceitaria tal manipulação de eventos. Ele jamais nos enganaria sobre coisas que haviam acontecido anteriormente.

A trágica história da queda do homem não pode ser apagada. Não pode ser reescrita. Aconteceu exatamente como o livro de Gênesis nos conta. A mulher viu a serpente falando e ouviu. Ela acreditou e o crer foi o inimigo. Você percebe o forte elo existente entre o engano e a morte? Freqüentemente uma pessoa engana outra por algum bom propósito, mas não o anjo caído. Ele engana muitas mulheres com apenas uma coisa em mente: destrui-las totalmente. Quando lança o seu engano está lançando a morte. Morte da qual não há recuperação; nem ressurreição. E você ficará surpreso em ver o pacote atraente que ele usa.

A despeito da interminável variação, a constante troca de rótulos e a mentirosa armadilha dos presentes, a estratégia do anjo caído, e seu exército invisível de anjos transformados em demônios continuam as mesmas usadas no jardim do Éden. Eles usam disfarces, eles usam os médiuns, eles usam fenômenos psíquicos para chamar a atenção e nos expulsar do jardim. Eles desafiam a integridade de Deus. Eles insinuam que Deus está escondendo o que é bom. Prometem que você nunca morrerá, não importa como você viva. Eles prometem que a rebelião deixará você num estágio igual ao de Deus. Estas são as características da filosofia do grande enganador. Lembre-se das palavras dele: "Certamente não morrereis... e sereis como Deus." Olho neles, não importa como os encontre. Não importa quão inteligentemente eles falem. Eles deixam um alerta. Lúcifer esteve aqui. Sim, com a continuação desta série especial de programas você ficará totalmente chocado quando vir o que está acontecendo. Esta geração infelizmente é uma presa fácil para qualquer coisa sensacional, qualquer coisa sobrenatural, qualquer pacote que venha completo e com milagres. A nossa geração adora mágica. Ela é fascinada pelo desconhecido, pelo invisível. Poderes, poderes piramidais. Com todas novidades. Milhões estão dizendo: divirta-nos, empolgue-nos, mostre-nos mágica, deixe-nos extasiados com o sobrenatural, excite nossas mentes, mistifique-nos, enfeitice-nos, arrebata nossos sentidos, faça-nos flutuar, prometa-nos fama e fortuna e o céu também e seguiremos você a qualquer lugar.

A geração honrada com a presença pessoal de Jesus não era de modo algum como a nossa. Estava constantemente exigindo: mostre-nos um sinal de que você é aquele que afirma ser. Ilumine o céu à meia-noite. Suba ao pináculo do templo. Mate com um raio os romanos. Dê-nos um sinal. Mas Jesus jamais confundiu mágica com poder. Ele não veio para manipular as mentes, mas para transformá-las ao perigo dos pecadores. Ele não veio para tomar o trono mas para ser crucificado. Não para ser um rei mas um sacrifício. Ele disse àqueles que exigiam saber a Sua identidade: "Quando levantardes o Filho do homem, então conhecereis quem Eu sou." João 8:28.

Quando me levantarem, quando me crucificarem, quando escarnecerem, zombarem e rirem de mim. Quando pregarem cravos em minhas mãos, quando me pendurarem entre o céu e a terra numa desprezível cruz romana. Desafiem-me a descer dela se puder. Quando me deixarem morrer sem sequer um gole de água fresca aí saberão quem eu sou. Sim, quando O penduraram naquela cruz eles souberam. O ladrão na cruz ao lado dEle sabia quem Ele era. O centurião romano sabia, os inimigos de Jesus também sabiam. O impiedoso Caifás e Pilatos. Muitos homens afastaram-se daquela cruz com a consciência torturada. Mão sujas por terem se juntado à turba e crucificado o próprio Filho de Deus. Eu creio que esta nossa geração recebeu um sinal. O sinal de Filho de Deus morrendo em seu lugar. Não existe um sinal maior. Você terá que decidir agora se deseja mágica ou perdão. Se você quer um mágico ou um Salvador. Não existe momento melhor que agora, de tomar essa decisão, amigo.

Oremos. Meu querido Pai, sentimos o poderoso empuxo da cruz de Jesus Cristo nosso Senhor. Nos agarramos a essa cruz a começar com este primeiro programa da série. Aceitamos livremente o homem que lá morreu como nosso Salvador. Que ninguém encerre esta meia hora sem ter descoberto a disposição dele em nos aceitar quando pedirmos. Em seu precioso nome oramos. Amém.


 

31

BRINCANDO COM A MORTE

George Vandeman

TOPO

 

   Existe algum tipo de telefone mediúnico pelo qual podemos nos comunicar com o mundo que não se vê? Existe sim. Mas, quem está do outro lado da linha? É o Tio João? Ou a Tia Suely? Ou será o serviço de atendimento mediúnico? Os que ligam ficariam chocados se soubessem quem é que atende o telefone. Será mesmo seguro ficar assim brincando com a morte?

   Uma lenda diz que, nas ruas de Bagdá, um mercador mandou seu servo ao mercado mas este voltou logo. Tremendo e muito agitado, ele disse ao seu mestre:

   – Lá no mercado, fui empurrado por uma mulher na multidão. E quando me voltei para ela, vi que era a morte que me empurrara. Ela olhou para mim e fez um gesto ameaçador. Mestre, por favor me empreste o seu cavalo. Eu quero fugir rápido para evitá-la. Cavalgarei até Samara e lá me esconderei. A morte não me encontrará.

   O mercador lhe emprestou o cavalo e o servo saiu galopando, deixando atrás de si uma nuvem de poeira. Um pouco mais tarde o próprio mercador foi até o mercado e viu a morte no meio da multidão. Ele disse a ela:

   – Por que você assustou meu servo esta manhã? Por que você fez um gesto ameaçador?

   – Ora, aquilo não foi um gesto ameaçador – disse a morte. – Foi apenas um gesto de surpresa. Fiquei atônita ao vê-lo neste lugar, pois tenho um encontro com ele esta noite, em Samara.

   Isso é apenas uma lenda saída das ruas de Bagdá, mas retrata o fatalismo que está atingindo inúmeras mentes. Milhares de indivíduos frustrados decidiram que este mundo cansado, com todos seus habitantes, tem um encontro com o anjo da morte, com asas enormes e energia atômica para nos levar para a destruição.

   Assim, tentamos esquecer e passamos longas horas em busca de prazer e lucro. Ficamos apaixonados pela terra das brincadeiras. Protestamos pelo que está acontecendo, é claro. E nos rebelamos contra o futuro que aparentemente não podemos controlar. Porém, cedo ou tarde, mesmo em um mercado apinhado de gente, o homem é empurrado pelo anjo da morte, rudemente lembrado da sua presença. E o que mais ele pode fazer? Iniciar uma fuga louca para Samara na esperança de encontrar um lugar para se esconder? Alguma barreira atrás da qual a morte se esqueça de procurar?            

   Devido ao que Jesus fez no Calvário, a morte um dia será destruída. Mas, enquanto isso, a morte continua solta. E este planeta é o cemitério do Universo. Um lugar onde todo mundo morre.

   Uma criancinha da Irlanda do Norte viu seu pai morrer, baleado na frente de casa. Noite após noite, depois daquela terrível tragédia, o pequeno David gritava quando revivia aqueles momentos horríveis em seus sonhos. Toda noite, ele se ajoelhava junto à sua  cama e dizia:

   – Por favor, Deus, o papai não pode voltar do céu, somente por um minuto, para que eu possa vê-lo? Não ficarei com ele. Eu o deixarei voltar.

   Por que Deus não atendeu à oração daquele garotinho? Há alguma  razão? Deus não se importa? É claro que Ele Se importa. Creio que há uma razão para isso. Creio também que o inimigo de todos nós, que gosta de enganar e destruir, se aproveitaria, com prazer, das lágrimas do pequeno David para fingir responder à oração.

   Centenas de vezes demonstrando compaixão falsa, o anjo caído aparentemente traz de volta um ente querido, apenas por um minuto, para que possa ser visto e até tocado. Mas, e se for tudo uma farsa cruel? E se aquele nosso inimigo impiedoso estiver apenas se aproveitando da nossa solidão, de nossas lágrimas, usando a tristeza para nos emboscar? Devemos crer que o Senhor Jesus Cristo é maravilhoso, é o Salvador. Mas se acreditamos numa fraude, essa fé estará colocada sobre o inimigo.

   Há uma experiência que aconteceu na Escócia. Durante a guerra, Cindy foi informada que o seu marido desaparecera em combate. Muitos meses se passaram e pareceu que ele havia realmente morrido. Amigos sugeriam que ela tentasse contatá-lo pelo espiritismo. Ela achou que assim talvez encontrasse conforto. Repetidas vezes, ela fez contado com o espírito que acreditava ser o do seu marido. A voz, ela tinha certeza, era a do seu amado. A aparência era também a do seu marido. Várias vezes, eles conversaram sobre muitas coisas.

  Um dia, meses depois, seu marido entrou pela porta da frente, vivo e com saúde. Ele não havia morrido, nem se ferira. Não é de se admirar que aquela mulher tenha se revoltado com todas as religiões. Que farsa impiedosa!

Existem golpes, fraudes e enganos no mundo mediúnico. Mas não se engane, existe mais perigo do que se acredita em meio a esses golpes, fraudes e enganos. Jesus nos alertou com relação à esta época: "Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos..."  São Mateus 24:24

   Desde que a morte surgiu friamente neste planeta, ela tem sido um mistério. Todo mundo morre, portanto é natural que queiramos saber o que acontece do outro lado dessa experiência final. Mas, em nossa era, o popular interesse pela morte está se aproximando da obsessão. Existem aulas sobre a morte e o ato de morrer,e até manuais sobre como morrer.

   Numa matéria em uma faculdade, acredite ou não, a morte é um dos temas principais. Certo dia, foi trazido um caixão para a sala de aula e os alunos deitaram-se dentro dele. Morrer, cada vez mais, é tratado como uma aventura, um romance. Mas, esse apego com a morte me preocupa porque isso pode tornar-se não apenas uma obsessão mas um envolvimento; um apego ao anjo caído que é o autor da morte.

  

   Esta geração, como as anteriores, continua a fazer brincadeiras perigosas com a morte. E, em nossa era, algo novo foi adicionado. Agora, somos bombardeados com histórias daqueles que dizem ter experimentado pessoalmente a morte e voltaram para nos contar tudo a respeito.

   Você já ouviu os relatos, todos estranhamente familiares. As pessoas deixam os seus corpos e vagam por túneis longos e escuros. Em seguida, descem ladeiras com grama, voam e não querem mais voltar para os seus corpos. E mais importante que tudo, essas pessoas não têm mais medo da morte e não crêem mais na Bíblia. Elas pensam que encontraram uma fonte melhor de informação.

   Essas pessoas morreram realmente ou elas quase morreram? Evidentemente, não estavam irreversivelmente mortas, pois todas foram ressuscitadas. Sem dúvida, essa experiência foi apenas o mau funcionamento de uma mente quase morta.

   Existem muitas experiências similares na literatura. Mas se essas histórias representam apenas a detonação errada de uma mente perto da morte, como é que centenas de mentes estão detonando quase todas na mesma direção? Alguma coisa estranha está acontecento. Será possível que alguma força externa, alguma entidade inteligente e altamente motivada teria assumido o controle dessas mentes? Se sim, quem seria o suspeito? Quem estaria tão motivado a fazer isso?

   Alguns dizem que essas experiências provam que existe vida após a morte, mas será que as pessoas envolvidas morrem de fato? Alguns dizem que os relatos provam que a Bíblia é verdadeira, mas como podem servir de apoio à Bíblia se estão em desacordo total com ela? De que modo estão em desacordo?

   A Bíblia diz: "Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma."  Eclesiastes 9:5. E mais: "Até o seu amor, o seu ódio, e a sua inveja já pereceram..."  Eclesiastes 9:6. Ainda existe uma afirmação igualmente forte que encontramos: "Não confieis em príncipes nem em filhos de homens, em quem não há salvação. Sai-lhes o espírito, e eles tornam-se em sua terra, naquele mesmo dia perecem os seus pensamentos." Salmo 146:3 e 4

   De acordo com a Palavra de Deus, o morto não sabe nada. Seus pensamentos perecem. Certamente não podemos nos comunicar com quem sabe nada e não pode pensar. A Bíblia diz que os mortos dormem tranqüilamente em seus túmulos até a ressurreição, quando Jesus os chamar à vida. Por que precisaríamos de uma ressurreição, se isso não fosse verdade? Eles não sabem o que está acontecendo com os que continuam vivos.

   Conforme a Bíblia,  não vamos ter a recompensa após a morte, um de cada vez. Nosso Senhor planejou para que possamos ir todos juntos quando Ele retornar. A ressurreição é a esperança do cristão. O apóstolo Paulo escreve: "Porque o mesmo Senhor descerá do Céu com alarido e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor." I Tessalonicenses 4:16 e 17

   Que reunião! Os amigos separados pela morte estarão juntos de novo, para nunca mais se separar. As criancinhas serão carregadas dos túmulos por anjos e colocadas nos braços de suas mães.

   Você queria que fosse de outro modo? Você se contentaria com uma ladeira com gramado? Notou que, segundo os recentes relatos, todo mundo tem a mesma recompensa? Não importa como tenha vivido. É deste modo que é ensinado em todo o espiritismo. Será que todas as pessoas irão para o mesmo lugar? Não haverá julgamento para determinar qual será a recompensa do homem?

   Já percebeu que ninguém que diz ter passado pela morte jamais viu Deus ou Jesus naqueles túneis? Mas existe um ser de luz lá. Nos relatos, dizem haver um ser de luz que ri dos nossos pecados. Jesus iria rir dos pecados, se foram eles que O crucificaram?  Você pode calcular quem pode ser esse ser de luz?

   "E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz." II Coríntios 11:14. Sabe de quem é essa filosofia que corre velozmente através disso tudo? Você percebe "A Operação Engano"? Nota que isso tudo está ligado às palavras da serpente no Jardim do Éden: "Certamente não morrereis." Foi o que o anjo caído disse. E ele ainda diz isso de outros modos. Agora, ele usa a ciência.

   Milhares que nunca participaram de uma sessão espírita caem na rede. E essas experiências não têm provado nada exceto que Satanás, assim como a Bíblia diz, está furioso porque ele sabe que o seu tempo é curto. O espiritismo está se espalhando pelo mundo e somente aqueles que conhecem a Bíblia e se agarram a ela escaparão. "Certamente não morrereis", disse a serpente. Todos os centros espíritas ruiriam da noite para o dia se esse falso conceito não fosse tão prontamente aceito por homens e mulheres. Mas vozes em toda parte ecoam essas palavras e milhões acreditam na mentira.

   Existe apenas mais um passo nessa epidemia de busca a estágios alternativos da consciência que estão por aí. Existe a idéia da energia universal que flui através do homem, tornando-o possuidor de poder divino, fazendo-o parte de Deus. Lembre-se: "E sereis como Deus." Se a conexão com as forças psíquicas, captando a energia universal, faz do homem um Deus, por que haveria necessidade de um Salvador? Por que seria preciso o arrependimento?

    Vê quanto essas idéias são perigosas? Mas isso é exatamente o que Satanás quer. Ele sabe que ele próprio está perdido e está disposto a levar consigo toda a raça humana para a destruição, se puder. É por isso que ele está dizendo a esta geração que a morte não é tão ruim, afinal; que não há nada a temer; que ninguém morre de fato. É por isso que ele diz a todos que o escutam que não há julgamento; que os bons e os maus irão todos para o mesmo lugar, independente de como viveram. Ele está iludindo homens e mulheres com falsas esperanças, mas ninguém poderá escapar da morte apegando- se a ela e chamando-a de amiga.

Você estará satisfeito se o futuro for um pouco de grama através de um longo túnel escuro? Você quer um futuro que não tem lugar para Deus ou Jesus? Que espécie de paraíso seria, se todos os assassinos, estupradores e loucos estivessem lá para aterrorizar a eternidade? Você não prefere o Céu que Jesus preparou, onde o pecado e a morte, a tristeza e as lágrimas serão banidos para sempre? Um lugar iluminado pela  glória emanada por Deus. Uma cidade com portões, ruas e lares fabulosos, onde você poderá ver Jesus face a face, e será companheiro dos anjos, onde amigos e entes queridos jamais se separarão. E há muito mais: flores que nunca murcham, folhas que nunca caem, belezas indescritíveis, viagens espaciais aos outros mundos, intermináveis oportunidades para explorar e entender a vasta criação de Deus. Nada que possa contribuir para a sua felicidade será omitido. Esse é o Céu que Lúcifer perdeu. Esse é o lar que ele nunca terá, que nunca mais voltará a ser dele. É por isso que ele se esforçará tanto para que você jamais venha a  experimentá-lo. Ele irá diminuí-lo, subestimá-lo, ridicularizá- lo, depreciá-lo, mentir sobre ele.

   Mas a escolha é sua. Você não tem que perdê- lo. Hoje seus dias podem parecer difíceis. Pode parecer que a longa noite de lágrimas e tristezas jamais acabará. Pronta e rapidamente tudo mudará. Pense como será respirar o frescor da manhã e saber que isso não mais acabará. De repente, é o Céu, é Jesus, é o lar. Pense sobre aquele lar. Pense nele com freqüência. Deixe-o encher a sua mente. Deixe-o dar a você algo pelo que viver. O Salvador quer que você o tenha. Agora mesmo Ele está lhe chamando. Chamando-o para Ele. Por que não aceitar o Seu chamado?

 


 


 

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FALSIFICAÇÕES MEDIÚNICAS

George Vandeman

TOPO

 

Dinheiro não dá em árvore, mas dá em certas máquinas impressoras. Porém, existe outra coisa a ser evitada e muito mais perigosa do que falsificar dinheiro. É falsificar pessoas, profetas, falsificar anjos e deuses. Falsificar a verdade é o mesmo que mentir.

Nuvens negras pairavam sobre Lhasa, a misteriosa cidade proibida do Tibete. O ano era 1855. O Dalai-Lama estava morto. Acreditava-se que um heremita mongol havia colocado veneno na taça de chá do líder, mas o heremita fugiu e alguém devia ser punido.

Tarde da noite no salão do templo em Potala, o palácio de mil cômodos do Dalai-Lama, realizou-se uma sessão mediúnica. O oráculo, o profeta do governo do Tibete, ia invocar os deuses para saber quem havia matado o seu supremo Lama. Tempu-Gergan, o abastado e respeitado ministro das finanças, estava nervoso ao lado do grupo. Ele tinha sido avisado naquela tarde que poderia ser apontado como o culpado. Ele sabia que não era improvável, pois ainda recentemente havia acusado o oráculo de não ser confiável. O oráculo iria perder essa oportunidade de vingança?

Estava tudo pronto. O oráculo sentou-se em seu trono usando as roupas cerimoniais. Em sua cabeça havia um elmo maciço de ouro e prata, com cinco crânios humanos encrustrados. O Sumo-Lama jogou incenso no rosto do vidente. Atrás dele, um coro de sacerdotes cantava de modo estranho. De frente para o oráculo, o buda vivo que entoava uma assustadora ladainha, convocava o espírito de três cabeças e seis braços para que se apossasse do vidente.

– Venha, oh poderoso Pehar, diga-nos quem matou o Dalai-Lama.

Tempu estava se sentindo sufocado. Ele queria gritar, mas seus olhos hipnotizados continuavam olhando o oráculo. A face do oráculo já havia sofrido uma aterradora mudança. Já não era mais o rosto de um sacerdote. Era a face enganosa de Pehar. O oráculo estava agora totalmente possuído pelo demônio.

Tempu permanecia impassível, mas suando. A terra parecia sumir debaixo dele enquanto olhava por detrás da pilastra.

– Eu vejo uma taça dourada com o demônio dançando sobre ela – murmurou o oráculo. – Há um estranho sacerdote oferecendo a taça ao Dalai-Lama. Ele está usando o chapéu pontiagudo e os trajes especiais.

Ele estava descrevendo o mongol, mas a voz do demônio prosseguiu:

– Eu vejo sacos de ouro e prata ao redor do santíssimo. Uma mão oferece a prata ao estranho sacerdote. A face, não consigo ver a face. Sim está surgindo.

Tempu sabia por instinto que seu nome seria mencionado. Ele saiu correndo porta afora e desceu o corredor de saída, parando por um instante em um pequeno cômodo. Ali, livrou-se de seus ricos brocados e disfarçou-se em camponês peregrino, mas já podia ouvir as vozes num crescendo: Tempu-Gergan é o homem, prendam-no. Ele quis sair correndo como louco, mas teria que parecer um pobre peregrino. Aquela escadaria não terminava nunca?

Finalmente viu-se fora do prédio e rumou para o muro da cidade. Aí ouviu um grito atrás de si.

– Bloqueiem a escadaria. Ninguém deve sair do palácio.

Ele acabara de escapar. Fugiu a tempo. Em silêncio, pulou o muro onde um criado fiel o aguardava com dois cavalos. Ele tinha escapado, mas nunca mais poderia ver Lhasa, a sua amada cidade. Um homem inocente iria passar o resto de seus dias no exílio. Tudo por causa de um sacerdote não confiável, ajudado por demônios mentirosos.

Você pode dizer: "Ora, eu jamais assistiria a uma sessão espírita, ou teria alguma coisa a ver com  demônios, portanto estou a salvo." Não tenha tanta certeza. Os ventos estão soprando do Oriente, com muita força. A fascinação do Ocidente pelo misticismo oriental não pode mais ser considerada um fato passageiro.

As tradições dos cultos orientais são filtradas através do secularismo ocidental para que pareçam menos perigosas, mas existem, estão aqui e vieram para ficar. Uma filosofia basicamente oculta, recém-rotulada e não reconhecida por muitos vem impregnando a nossa sociedade: a meditação transcendental tem sido ensinada em nossas escolas como ciência. Tornou-se popular falar sobre vidas passadas e carma. O culto oriental, como quase todas as falsas religiões, é um evangelho de salvação pelas obras. É o homem salvando-se a si mesmo.

A meditação oriental não é uma ciência, é uma religião. Apesar das afirmações feitas em contrário, é hinduísmo vedântico. Sua iniciação é uma cerimônia religiosa. Seus mantras estão relacionados a divindades hindus e seu objetivo é atingir o estado de realização do deus hindu, para reconhecer o nosso verdadeiro eu como divino.

A reencarnação com seu carma é uma cruel falsificação da cruz do Calvário. É o homem dizendo a Deus: "Não preciso de um Salvador. Pagarei pelos meus próprios pecados, mesmo que leve mil vidas para isso." Você não ouve nisso o eco das palavras da serpente? "Certamente não morrereis." e "sereis como Deus"?

"A Operação Engano" é muito bem disfarçada. O misticismo oriental é um enigma com demônios. Enigma com demônios? Sim. Deuteronômio 32:16 e 17 diz: "Com deuses estranhos o provocaram a zelos; com abominações o irritaram. Sacrifícios ofereceram aos diabos, não a Deus; aos deuses que não conheceram, novos deuses que vieram há pouco, dos quais não se estremeceram vossos pais."

Já parou para pensar como é que pessoas, século após século, podem se curvar a deuses de madeira ou pedra, que não conseguem pensar? Você atribui isso ao atraso do Oriente? Não, nem tudo é atraso. O poder desses deuses orientais não está na madeira ou na pedra. Não está nos ídolos em si. Não é a sua figura o que inspira medo. São os demônios que neles habitam. Vejam o que o apóstolo Paulo diz em I Coríntios 10:19 e 20: "Mas que digo? Que o ídolo é alguma coisa? ou que o sacrificado ao ídolo é alguma coisa? Antes digo que as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios, e não a Deus. E não quero que sejais participantes com os demônios."

Podemos entrar na fogueira do Oriente e não sermos queimados? Podemos tomar para nós o que parece inofensivo, e fecharmos os olhos para o satanismo, o sacrifício humano, a possessão do demônio, e tudo o mais? Parece haver um desejo pela morte em ação no misticismo oriental. Existem deuses-demônios que ficam no portão da morte e orientam os adoradores a entrar. Como a serpente no Éden, eles fazem da morte a porta para o futuro, a porta para se tornar um deus.

Que farsa cruel! O anjo caído esgotou todos os seus recursos no Oriente? Não. Ele não está limitado a uma caixinha preta de ferramentas e uma ou duas sacolas. Ele tem um supermercado inteiro de ofertas místicas desconhecidas, sem rótulos, embrulhadas para presente, apenas aguardando os fregueses que pensam que estão a salvo porque nunca assistiram a uma sessão espírita! Você precisa ficar bem atento para evitar cair na teia que o inimigo está tecendo ao redor de todo este planeta!

Desde que o anjo caído passou a se aproximar da raça humana no Jardim do Éden, ele está engajado numa corrida desesperada pela mente de homens e mulheres. Ele não tem deixado nenhuma mente inexplorada ou não investigada. O rock and roll? Inofensivo, dirá você. Apenas barulhento. Mas Bob Larson, um amigo meu, ex-participante de grupo de rock e compositor, tem uma opinião diferente: " A música rock é a agência que Satanás está usando para controlar esta geração. Eu já vi muitos jovens nos concertos de heavy metal entrar em estados alterados de consciência e se tornarem controlados por espíritos."

Ele destaca que não existe diferença entre os movimentos repetitivos dos pajés, dançarinos das tribos e as danças dos adolescentes de hoje. Ambos têm o mesmo ritmo hipnótico, a mesma possessão do demônio. Bob Larson me disse:

– Uma das histórias mais estranhas que ouvi foi relatada por um grande amigo meu. Por várias semanas, ele se aconselhou com um garoto de 16 anos que dizia se comunicar com espíritos do mal. Um dia, o garoto pediu para meu amigo sintonizar o rádio numa emissora de rock. Enquanto eles ouviam, o adolescente foi citando a letra antes do cantor do disco revelá-la ao cantar a música, uma letra que ele nunca tinha ouvido antes. Quando perguntado como conseguiu fazer aquilo, o garoto de 16 anos respondeu que os espíritos que eram seus amigos tinham inspirado aquela canção. Ele também explicou que, quando usava drogas, podia ouvir esses espíritos cantarem algumas das muitas canções que mais tarde ele ouviria de grupos de metaleiros.

O que você acha disso? O anjo caído vende suas mercadorias por todos os lados, sob milhares de rótulos falsos. E se o que essas mercadorias são de fato, fosse exposto, ele criaria milhares de outras alternativas. Tenha uma coisa em mente: ele não seria tão bem-sucedido se não estivesse oferecendo o que esta geração quer.

Esta geração, por exemplo, não quer a responsabilidade que surge quando se crê em um Criador. Ela prefere encontrar sua origem em algum mar antigo, em algum acidente cósmico, ou nos astronautas de Von Daniken. Ora, Von Daniken pode não saber arrazoar de forma lógica ou consistente, mas ele sabe fundir os fatos para formar as suas teorias mutantes e sempre contraditórias. Ele sabe vender livros!

A verdade é que a sociedade liberal de hoje está aberta para qualquer alternativa ao relato da criação em Gênesis. Milhões preferem obter orientação nas estrelas, em lugar de orientar a vida através do único guia seguro: a Palavra de Deus. E Isto a despeito da total não confiabilidade dos horóscopos.

Um estatístico francês chamado Michel Gauquelin vem colocando a astrologia à prova por mais de 20 anos. Em uma ocasião, ele colocou um anúncio em um jornal oferecendo horóscopos personalizados grátis. Cento e cinqüenta pessoas responderam.  Ele enviou um horóscopo idêntico para cada pessoa que o solicitou e perguntou se ele se encaixava em seu perfil. Noventa e quatro por cento afirmaram ter se reconhecido nele. Esse, porém, era o horóscopo do assassino Dr. Marcel Petiot! 

Bem, o nosso Senhor não tem algo melhor para nós do que isso? Eu creio que sim. Eis o que Ele diz em Salmo 32:8 : "Instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com os Meus olhos."

O que poderia ser melhor que isso? Não seremos guiados pelas estrelas, mas o nosso Senhor, Aquele que fez as estrelas, é Quem irá nos guiar. Mas veja agora o que Ele diz em Isaías 47:13 e 14: "Que os seus astrólogos se apresentem e a ajudem! Eles estudam o céu e ficam olhando para as estrelas a fim de dizerem, todos os meses, o que vai acontecer com você. Pois eles são como a palha; o fogo os destruirá, e eles não poderão se salvar." (BLH).

A astrologia é coisa antiga. Nosso Senhor não quer que sejamos enganados. Ele não quer que sejamos iludidos pelo inimigo. Ele não quer que saiamos da trilha e nos percamos. É por isso que Ele proíbe expressamente que Seu povo se envolva com o oculto. Deuteronômio 18:10 a 12 é bem explícito: "Entre ti se não achará quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem advinhador (leitores de sorte), nem prognosticador (astrólogos), nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador de encantamentos (hipnotistas), nem quem consulte um espírito adivinhante (médium que recebe um espírito ou um espírito guia), nem mágico, nem quem consulte os mortos: pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao senhor..."

Deus não quer que o Seu povo seja enganado e atraído para a rede do diabo! Entretanto, justamente as coisas que Deus tem proibido estão aumentando em popularidade a cada dia. O inimigo está determinado a destruir todos que puder. Ele destruiria toda a raça humana agora mesmo se Deus permitisse. Ele se delicia com a violência e a guerra. Ele adora ver multidões de pessoas varridas pela morte repentina sem chance de se arrepender. Para fazer toda esta destruição, ele usará todo mecanismo ou disfarce que puder, todo engano que puder, toda mentira que puder. Ele fica exultante quando homens e mulheres pensam que ele não existe, ou quando o imaginam como um monstro horrível com cascos e chifres, pois tais idéias os deixam completamente despreparados para encontrá-lo quando fingir ser um anjo de luz.

O ódio do anjo caído por Deus e especialmente por Jesus não conhece limites. Ele está determinado a falsificar tudo que seja verdade. Ele tem falsificado a vida futura e tem distorcido os fatos sobre a morte. Satanás é um grande personificador e tem milhões de ajudantes invisíveis. 

Lembre-se que eles são os anjos caídos, com inteligência de anjos e poder sobrenatural intacto. Eles têm milhares de anos de experiência em trabalho de engano. Eles nos observam, sabem tudo sobre nós e iludem a muitos com informações desconhecidas aos seres humanos, mas familiares aos demônios. Eles personificam pessoas mortas, pessoas vivas e se fazem passar por seres de outros planetas. Ao final, vão tentar falsificar a segunda vinda do nosso Senhor e o próprio Satanás personificará a Jesus. É o que a Bíblia diz. E quase todos se curvarão a ele.

Você percebe o que se passa no mundo invisível? Nossa única segurança é nos agarrarmos firmes à palavra de Deus e deixar o Senhor Jesus nos conduzir através do final dos tempos tão minado pelo engano!

           "Ao pé da cruz de Cristo, feliz desejo estar,

           Repouso ter à sombra ali, e então a paz gozar;

           Um lar feliz no ermo achar, e aqui na vida o amor;

           Alívio à dor e graça há aos pés do meu Senhor."

 


 


 

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A VERDADE SOBRE AS CURAS MEDIÚNICAS

George Vandeman

TOPO

 

Você se importa com quem o cura? Você viajaria qualquer distância, pagaria qualquer preço para voltar a ficar bom, não importa quem estendesse a mão curativa? Você dirá: "Ora, eu quero viver! Pouco importa quem me cure." Mas não se importar pode ser perigoso, até fatal.

Tenho dois artigos de jornais. Um, datado de 11 de janeiro de l978 e recortado do San Francisco Chronicle, com o título: "Os Céticos do Poder da Mente Denominam a Superstição." E diz: "Se você suspeita que os OVNIs podem ser reais... se você pensa que o Triângulo das Bermudas é um lugar perigoso... se você        acredita na leitura da mente... telepatia ou percepção extra-sensorial... se você atende a qualquer dessas crenças, e parece haver milhões de pessoas que fazem isso. Bem, existem alguns cientistas e estudiosos que estão muito preocupados com você. Eles acham que você está sendo enganado e vêem o aumento do culto e do oculto como uma doença do nosso tempo. Para eles, a questão é ciência versus superstição."

Somente pouco mais de seis anos depois, em 3 de abril de 1984, o Tribune de Oakland, jornal do outro lado da baía de São Francisco, publicou um extenso artigo intitulado: "Os Videntes se Apóiam na Ciência." O artigo vai até a segunda página e continua no dia seguinte. Trata-se de um artigo que pode ser resumido nestas poucas palavras: "Se a parapsicologia funciona, por que não usá-la?"

Será que estamos a ponto de testemunhar o casamento dos fenômenos psíquicos com a ciência? É possível. Você sabia que a Universidade John F. Kennedy, em Orinda, pouco além das montanhas de Oakland, criou um departamento de parapsicologia?

A parapsicologia tem desejado o tempo todo ser reconhecida como uma ciência, e por essa razão tem mantido em segredo os seus laços com o oculto. Todavia, sua mais forte evidência vem dos médiuns e, sem eles, ela ruiria. 

A parapsicologia é o estudo dos fenômenos ocultos e não se consegue aprofundar no estudo desses fenômenos sem entrar na cura mediúnica de alguma forma. Quase todos os médiuns espíritas tem alguma habilidade de cura. As várias formas de cura mediúnica são, na verdade, uma subdivisão da parapsicologia.

Ora, ciência e parapsicologia, ciência e o oculto, medicina ocidental e cura mediúnica, não queriam ter ligação uma com a outra. Mas as coisas estão mudando a despeito do fato de a parapsicologia ainda se considerar uma ciência. Mais e mais médicos estão apoiando a cura psíquica ou mediúnica. A porta está sendo aberta aos poucos até para a bruxaria.

Grande parte dos 1.500 membros da academia de parapsicologia e medicina é composta de médicos, que dão grande parte de sua atenção às pesquisas e curas mediúnicas. Seu presidente, Dr. Robert A. Bradley, é um médium. Ele é o inventor do método Bradley de parto natural, que diz ter sido uma idéia recebida de um de seus espíritos. O propósito principal da academia é integrar a ciência e a medicina ao oculto.

Na Grã-Bretanha, a Federação Mundial dos Curandeiros, com nove mil membros, recebeu autorização do governo para tratar pacientes em 1.500 hospitais no país. Essa mesma federação, composta em grande parte de médiuns assumidos, tem fornecido a colaboração de seus membros à Organização das Nações Unidas.

Dizem que o ex-astronauta, Edgar Mitchell, um entusiasta da parapsicologia, está se esforçando para integrar a cura mediúnica à medicina tradicional. Ele crê que "os curandeiros mediúnicos" podem se tornar adjuntos valiosos nos staffs dos hospitais, nos consultórios e nas clínicas gerais.

Parece haver algo de estranho nesse entusiasmo, pois ele mesmo diz que os poderes da metodologia mediúnica "podem ser tão perigosos quanto a energia atômica". 

Alguns doutores em medicina estão atualmente encaminhando seus pacientes aos médiuns e ocultistas. Há homens como o Dr. Robert Leichtman, por exemplo, que é médico, médium e pesquisador psíquico. Ele diagnostica os pacientes sem vê-los, e admite receber seus diagnósticos do mundo dos espíritos, mas a fama de suas habilidades tem se espalhado rápido entre seus colegas médicos. Por isso, também ele diagnostica várias centenas de casos por ano para eles, com uma precisão acima de 90 por cento. Podemos citar casos e mais casos.

É do conhecimento público que a Dra. Elisabeth Kluber-Ross, a famosa autoridade a respeito da morte, está profundamente envolvida com o oculto, juntamente com seu sócio e amigo, Dr. Raymond Moody, autor do "best-seller" Vida após a Vida. Consta que Kluber-Ross tem cinco espíritos. Salem é o seu preferido.

Sim, as coisas estão mudando. A ciência e a parapsicologia estão pondo de lado as suas diferenças, e a hipnose é agora assunto do dia-a-dia. "Mas espere", dirá você. "O que há de errado com a hipnose? Ela não tem qualquer ligação com o oculto, tem?" Bem, você decide.

Você já ouviu falar em mesmerismo e magnetismo animal, tão populares no século passado? O transe mesmérico e o espírita são um só. Cada fenômeno oculto encontrado no mesmerismo é encontrado na moderna hipnose. Ambos são espirítas, embora Anton Mesmer, como os parapsicólogos de hoje, preferia identificá-lo com a ciência. Em essência, o hipnotismo moderno é mesmerismo.

Na corrida de Satanás pelo controle da mente dos homens, da vontade e da consciência, é muito natural que o hipnotismo seja um de seus instrumentos preferidos. Ele sabe que a hipnose é uma estrada direta até a mente, e quando uma mente se rende a outra, mesmo que para um propósito aparentemente bom, ele ou um de seus ajudantes podem entrar e assumir o controle.

A porta está aberta. Jamais esqueça que a consciência opera através da mente. Quando a mente está dominada, a consciência também está. Jamais esqueça que, quando a mente tem uma brecha, quando a fechadura é arrombada, nunca mais tornará a ser forte e o problema é que ler rótulos não ajuda muito, pois a hipnose pode se esgueirar sob um rótulo de aparência inofensiva como "Relaxamento Científico".

Você já ouviu falar no Controle Silva da Mente? Ou da agora extinta dinâmica da mente? Cursos como esses prometiam às pessoas quase tudo. Uma garota insistia: "Além de descobrir que você pode fazer tudo o que quiser, que você é a razão de tudo, também descobre que não pode mais ficar triste e nem mesmo deprimido." Não é de admirar que as pessoas se inscrevam! Mas o Dr. Elmer Green, um destacado crítico que até já debateu com um desses grupos na televisão, destaca que muitas dessas organizações "ministram um programa de quatro dias de intensa educação hipnótica para fazer as coisas que elas demonstram".

Você sabe agora por que Salomão, o sábio, nos dá este conselho? "Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração (ou seja, a sua mente) porque dele procedem as saídas da vida." Provérbios 4:23.

E quanto à ioga? Você dirá: "Eu faço ioga, mas isso é apenas um meio de relaxar o corpo e a mente. Não se trata de hinduísmo e não há demônios envolvidos. Portanto, é totalmente segura." Tem certeza? O objetivo da ioga, diz o pesquisador John Weldon, é "que os dedicados à ioga percebam que ela tem a ver com Brahma, o mais elevado e impessoal deus hindu".

Os exercícios físicos são designados para preparar a pessoa a receber essa idéia em sua mente e em seu corpo. Ele diz: "A ioga é puro ocultismo e a meditação é o princípio operador da ioga."

Minhas próprias pesquisas nos últimos 25 anos, tanto na Inglaterra como na América, me levaram a crer que existem tremendos riscos na prática da ioga, pois um simples erro pode produzir insanidade ou morte repentina. O poder demoníaco nunca está distante.

Jesus passou grande parte do Seu tempo curando. Ele passou mais tempo curando do que pregando. Sua compaixão pelo sofrimento humano desconhece fronteiras. Ele não queria que ninguém sofresse. Você não acha óbvio que o inimigo, o anjo caído que está a fim de destruir tudo o que puder, daria a maior prioridade à falsificação da cura? Acredite, ele não perde uma chance!

A cura mediúnica está se tornando mais popular a cada dia. Ninguém quer morrer e, quando a vida está ameaçada, homens e mulheres vão a qualquer lugar. Eles pagam qualquer preço pela promessa de ficar bons novamente.

Existem diagnosticadores mediúnicos que seguem os passos de Edgar Cayce, que foi o primeiro a desenvolver o diagnóstico pela hipnose. Alguns curandeiros obtêm uma precisão próxima da de Cayce. Alguns deles nunca vêem seus pacientes. Outros usam um objeto, como uma vareta ou um pêndulo, em seu diagnóstico, mas o poder não está no objeto; está no operador. O grau de sucesso é proporcional ao grau de envolvimento do curandeiro com o mundo espírita, com o oculto. Muitos deles sabem que os espíritos fazem a cura, mas nem todos querem se identificar como demônio. Eles dizem que a cura vem de seu eu superior.

Você sabia que o próprio Cayce passou a ficar mais preocupado com a natureza da força que operava através dele? Chegou uma época em que ele tinha dúvidas de seus poderes e dizia suspeito: "O diabo podia estar me tentando a fazer seu trabalho operando através de mim quando eu estava presunçoso demais para achar que Deus havia me dado poderes especiais." Cayce, assim como muitos outros, caiu na cilada. Ele não conseguiu ludibriar nem deter as forças que trabalhavam através dele.

Há uma coisa muito interessante com relação às receitas mediúnicas. Algumas delas contém idéias simples, inofensivas e antiquadas. Outras prescrevem drogas mais recentes, a despeito do curandeiro não ter qualquer curso de medicina, e não saber sequer ler. Ele pode estar simplesmente repetindo o que uma voz está lhe dizendo. Pense sobre isto: algumas dessas receitas mediúnicas podem não funcionar se receitadas por um médico sem vínculo com o oculto e algumas delas podem ser perigosas se receitadas por um médico não mediúnico, mas totalmente inofensivas se receitadas por um curandeiro do oculto.

Certa vez, uma potente droga foi receitada em uma quantidade que mataria uma dúzia de pessoas. Evidentemente, o paciente do curandeiro não sofreu coisa alguma. Tenha em mente que muitas vezes um diagnóstico mediúnico está errado. Aí perde-se tempo e verdadeiros danos são causados. Mesmo quando a cura aparente acontece, geralmente é temporária. Muitas vezes, a doença é simplesmente transferida para outra parte do corpo ou, pior, para a mente!

Seja lá o que se diga, existem curas. O sobrenatural está em ação. Existem inegavelmente milagres de cura. Se você está doente, mesmo em estágio terminal, existem lugares para onde pode ir e ser curado. Porém, você está disposto a pagar o preço? E sabe qual é esse preço?

Uma paciente apareceu à porta de uma curandeira que vinha fazendo afirmações bombásticas por um anúncio de jornal. Ela disse à curandeira que seu médico havia diagnosticado nela uma grave doença no sangue, provavelmente leucemia. A curandeira replicou:

– Eu não sou médica. Eu trato com a mente e uso hipnose. A medicina não tem a cura para leucemia, mas nós temos curado leucemia. Temos curado câncer.

Ela explicou o método que iria usar:

– Empreste-me a sua mente para remover toda a sujeira e deixá-la funcionando adequadamente.

Ela explicou que a mente tinha que ser posta num estado passivo através da hipnose para que pudesse ser limpa de todo o lixo. A mente então purificaria o sangue e o corpo iria funcionar como deveria.

A paciente, na verdade, era uma policial que havia gravado secretamente a conversa. A curandeira foi presa mais tarde. "Empreste-me a sua mente", havia dito ela. Existem lugares onde você

pode ir e ser curado, mas o preço da cura é a rendição da sua mente. Você está disposto a pagar um preço tão alto? Está disposto a se vender para o mundo dos espíritos, para o inimigo do Senhor Jesus Cristo?

Alguns, apesar de claramente alertados, estão prontos a fazer essa tão temerosa troca. Veja o que o cirurgião mediúnico Edivaldo declarou. Ele disse: "Se o diabo pode aliviar a dor, abrir um estômago e remover uma úlcera, eu prefiro o diabo."

Confesso que algum tempo atrás eu acreditava que todas as cirurgias mediúnicas eram fraudes, realizadas por mãos ágeis, mas sei muito mais agora. Muitas delas são realmente fraudes, talvez a maioria, mas nem todas o são. Algumas são assustadoramente sobrenaturais. A maioria dos cirurgiões  mediúnicos é de centros espíritas do Brasil e das Filipinas.

A cirurgia mediúnica é feita sob péssimas condições de higiene e, muitas vezes, com facas sujas ou enferrujadas como instrumentos. Nenhuma anestesia é usada e o cirurgião presta pouca atenção ao seu trabalho. Isso ocorre porque um espírito está ali. Todos os curandeiros sabem disso e admitem abertamente que nada poderiam fazer sem os espíritos.

A cirurgia, o diagnóstico e a cura espíritas estão indo para outros países como Austrália, Canadá e Estados Unidos. Essa é a cura que você quer? Você está disposto a pagar o preço de uma escravidão ao oculto da qual somente o Senhor  Jesus Cristo poderá libertá-lo?

Atualmente, ouvimos muito a respeito da medicina holística e o conceito de tratar a pessoa como um todo, do envolvimento do paciente em seu próprio tratamento, da medicina preventiva, etc. Isso tudo é muito bom. Jesus tratava a pessoa como um todo e durante muitos anos antes de se ouvir falar em medicina holística, o lema e o alvo da Faculdade de Medicina da Universidade em Loma Linda, CA, tem sido: "Tornar o Homem Completo".

Os Adventistas do Sétimo Dia têm promovido há muito tempo esse conceito. Porém, com a medicina holística que tem sido vendida hoje, é preciso ter cuidado. É preciso discernimento. Temos que saber distinguir entre o que é seguro e o que não é. Algumas das ciladas da cura mediúnica já foram filtradas dentro da medicina holística e algumas coisas boas estão em má companhia agora.

Vejamos o biofeedback, por exemplo. Sem dúvida não há nada errado com a máquina, com as funções de um corpo, mas o problema é que muitos dos operadores de feedback estão envolvidos com o oculto.

De fato, a pesquisa do Dr. Elmer Green indica que a percepção extra-sensorial e os fenômenos paranormais às vezes ocorrem em todos os tipos de experimentos de biofeedback, a despeito de não serem os objetivos do treinamento. Qual o tamanho da influência do misticismo oriental e do oculto no movimento da saúde holística? É assustador. Parece que o movimento como um todo está dominado, controlado por filosofias completamente incompatíveis com o cristianismo, e mesmo assim continua crescendo.

Quase todas as técnicas holísticas estão repletas de implicações sutis, ou não tão sutis, que têm a sua origem no oculto. Muitas dessas técnicas são designadas para produzir estados alterados de consciência. É evidente que muitos praticantes holísticos dependem de estados de transe ou de outros estados alterados de consciência para fazer seus tratamentos funcionarem. As energias que eles buscam receber e passar aos seus pacientes são as mesmas velhas energias do oriente - perigosas ao extremo!

Ao que parece, poucos centros holísticos por todo o mundo escaparam do envolvimento com o oculto. A literatura deles revela isso. É só olhar. Os cursos que eles ministram denunciam isso. Calcula-se que provavelmente 80 a 90 por cento das palestras feitas a respeito da saúde holística apóiam o oculto de um modo ou de outro. Você pode ver que o médico a quem cofiamos nossas consultas, nosso tratamento de saúde, torna-se vitalmente importante.

Sem dúvida, seria injusto presumir que um médico está individualmente envolvido com o oculto só porque muitos de seus colegas estão. Por outro lado, chegou o momento de extrema cautela.

Ora, você pode estar dizendo: "Tudo isso é muito assustador." Mas enquanto você não se conscientizar que os anjos do mal estão ao nosso redor num mundo invisível, e que estão batalhando pelo controle de nossa mente, não terá entendido. É mais do que apenas assustador. Esses agentes de satanás, se puderem, desviarão nossa mente, porão em desordem e atormetarão nosso corpo, destruirão nossa saúde, nossos bens e nossa vida. Eles tentarão usar tudo de bom e de ruim para conseguirem a nossa total destruição! Por outro lado, o Senhor Jesus fará tudo o que puder para nos salvar. Ele é mais forte que o inimigo e mandará todos os anjos do Céu em nosso socorro, mas não nos deixará ficar sob o poder do inimigo contra a nossa vontade. Temos que pedir essa ajuda. Ela não nos será negada.

Você e eu, neste exato momento, com nossa própria permissão, estamos sob o controle de um poder ou de outro, mas a escolha é nossa!

Maravilhoso Jesus! O que temos aprendido sobre o inimigo apenas nos faz amar mais a Jesus, pois a beleza do Seu caráter, em contraste, se destaca como uma estrela brilhante contra a noite escura! Você está deixando cada ataque inimigo aproximá-lo mais do Salvador e aprofundar o seu relacionamento com Ele? Espero que sim, pois somente em Suas mãos qualquer um de nós está seguro.

        só porque muitos de seus colegas estão.


 


 

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BRINQUEDOS DE UM ANJO CAÍDO

George Vandeman

TOPO

 

O que são essas luzes misteriosas que correm como bailarinos cósmicos através do céu, à noite? piscam nas telas do radar da mente para em seguida desaparecer; nos deslumbram com a sua tecnologia, nos iludem com o seu mistério, nos assustam com os seus intrincados truques, seguindo-nos, enganando-nos, convencendo-nos e nos deixando na mão. Não identificadas e perigosas, o que são elas? Serão brinquedos de algum engraçadinho cósmico? Ou será que as pessoas são os brinquedos? Brinquedos de um anjo caído, para que brinque por algum tempo e em seguida jogue fora!

O que são essas estranhas coisas que ficam para cima e para baixo, feito ioiôs iluminados sobre as montanhas e as rodovias, os aeroportos e as cidades, desafiando até o restrito espaço aéreo, se escondendo quando apontamos um holofote poderoso em sua direção, e geralmente nos pregando sustos enormes? Dizem que a Companhia Rand, o fabuloso "tanque-pensante", foi solicitada uma vez para colocar os dados dos OVNIs em um computador e travar uma guerra imaginária com essas ilusórias entidades. Como os computadores não conheciam a origem nem a tecnologia dos OVNIs, ou como atacar as suas bases, aconselharam a rendição.

Podemos dizer que os OVNIs são reais? Não, não importa se eles existem ou não. Alguma coisa muito real está acontecendo a milhões de pessoas e isso é o que importa. A questão não é se os discos voadores existem ou não, mas algo está acontecendo.

As pessoas são envolvidas com alguma coisa, quer seja real ou irreal. Elas estão deixando a vida mudar completamente, estão esquentando a cabeça, perdendo o juízo, tudo por causa dos OVNIs. Precisamos parar de discutir se elas os estão vendo ou não, se estão viajando neles ou não, se estão dizendo a verdade ou não; e tentar descobrir, se pudermos, a fonte desse fenômeno. 

Não estaremos sendo ingênuos se reconhecermos que algo está acontecendo. O ingênuo é aquele que fecha os olhos e os ouvidos, e se recusa a admitir que alguma coisa errada está acontecendo. Chegamos a um ponto em que não é seguro enfiar a cabeça na areia, se nos preocuparmos de fato com nossa cabeça. Algo está acontecendo e não lucraremos nada tentando dizer a pilotos experimentados que o planeta Vênus está girando entre eles e a Terra. Nada conseguiremos dizendo a um piloto que a esquadrilha de naves superiluminadas que executaram manobras incrivelmente difíceis em alta velocidade, assustadoramente próxima ao avião dele, não passava de balões soltos por alguns adolescentes. Sempre que o desmentido se tornar ridículo, ele apenas age como um bumerangue que destrói rapidamente a credibilidade daquele que desmente.

Na democracia americana, só existem duas opções: podemos ser democratas ou republicanos. Ocorre o mesmo com os discos voadores. Parece que temos apenas duas opções, duas escolhas. Essas estranhas naves são ilusões ou são extraterrestres; uma coisa ou outra. Mas não acredito que estamos limitados a apenas duas possíveis explicações.

A Bíblia fala de um exército de entidades inteligentes que pode facilmente estar por trás de todo o fenômeno. Ouça o que as Escrituras dizem em Apocalipse 12:7 a 9: "E houve batalha no Céu, Miguel (Cristo) e os Seus anjos batalhavam contra o dragão (Satanás) e batalhava o dragão e os seus anjos; mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos Céus. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele."

O versículo três diz que um terço dos anjos do Céu ficaram do lado de Satanás em sua rebelião sem sentido, e foram banidos para a Terra  com ele. São muitos anjos. Anjos transformados em demônios!

Não quero ser dogmático e dizer que Satanás é a fonte do fenômeno dos OVNIs. Não sei o que são. Eles podem ser uma nave militar secreta, alguma nave espiã por controle remoto ou bola de luz, ou alguma coisa que ainda não pensamos. Mas, sem dúvida, existe uma montanha de evidências que mostram que Satanás e seus demônios ajudantes são os principais suspeitos.

Temos um grande número de inteligências extraterrestres que estão operando agora na Terra. Elas têm a vantagem de poderem trabalhar invisivelmente, escondidas de todos nós e, embora banidas para o nosso planeta, ainda têm a mente brilhante dos anjos. Sabem mais sobre tecnologia do que os homens jamais sonharam e têm poder sobrenatural dentro dos limites que Deus estabeleceu.

Jesus nos alertou que no final dos tempos o planeta ficaria repleto de falsos profetas e falsos milagres. Ele disse em São Mateus 24:24: "Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos."

"Se possível fora, enganariam até os escolhidos." Por isso, os milagres têm funcionado. E agora o livro de Apocalipse no verso 14 diz: "Porque são espíritos de demônios, que fazem prodígios..."

Em Apocalipse 13:13 e 14, lemos: "E faz grandes sinais, de maneira que até fogo faz descer do Céu à Terra, à vista dos homens e engana os que habitam na Terra com sinais que lhe foi permitido que fizesse."

Você já ouviu isso antes? Observe como essas palavras são descritivas. Fala de um agente de Satanás. Note que não diz: "sinais que tenta fazer" ou "sinais que finge fazer". Diz "sinais que lhe foi permitido que fizesse" e esses milagres têm o propósito de enganar aqueles que habitam a Terra.

É bom podermos esclarecer bem essas coisas antes de prosseguirmos. O anjo caído, com seu exército de demônios, está bem equipado para engendrar um fenômeno como o que estamos discutindo.

Quer os discos voadores existam ou não, milhões de pessoas estão envolvidas com eles e estão sendo atingidas. Elas estão fazendo deles uma religião e, quer Satanás esteja originando o fenômeno ou não, ele certamente está explorando a situação ao máximo!

Muitas tentativas têm sido feitas para explicar as visões de discos, atribuindo-as a causas naturais. Há anos, eles culpam a Lua, a inversão de temperatura, refrações de luz, pássaros migratórios, nuvens, miragens, estrelas, gás do pântano, bolas de relâmpagos. Mas existem padrões nas visões que logo descartam tais explicações e indicam que algum tipo de inteligência está por trás dos OVNIs.

Em inúmeros casos, os discos scos voadores são avistados em áreas isoladas e tarde da noite, sugerindo que preferem manter sua atividade em segredo, e geralmente são vistos nas noites de quarta e de sábado.

Será que os fenômenos conhecem nossos calendários e relógios? Não, alguma inteligência deve estar envolvida e não é preciso muita coisa para ver que o fenômeno não é natural, mas sobrenatural.

Esses fenômenos são realmente sensacionais. Afinal, desde o encontro no Jardim do Éden, esta tem sido a área de ataque preferida e mais bem-sucedida do inimigo. Ignorar é o mesmo que dizer a Satanás: "Olha, você fica aí dentro dos limites do sensacional e não o incomodaremos." Isso dá ao anjo caído e seus ajudantes alguma vantagem.

Já ouviu falar em poltergeist?  Fantasmas barulhentos. Sabia que quase sempre, quando há uma onda de OVNIs sendo avistada, há também uma onda de atividades de poltergeist? 

O estudo interminável dos OVNIs avistados não é muito produtivo. Existem livros cheios deles e livros com mensagens que supostamente vieram deles, mas são repetitivos e tremendamente entendiantes. É muito melhor estudar as pessoas que avistam essas coisas. As pessoas são mais importantes. Essas pessoas, de todos os tipos, todas as profissões, inclusive de pilotos e policiais, não estão mentindo. Mas podem ser vítimas de mentiras, quando descrevem o que viram, o que aconteceu e o que lhes foi dito do modo mais sincero possível.

Coisas estranhas acontecem às pessoas que vêem essas coisas estarrecedoras no céu. Suas vidas tornam-se uma série de experiências bizarras. Seus telefones e televisão ficam descontrolados, rádios tocam sem terem sido ligados; fortes dores de cabeça, náuseas e perda de apetite são comuns. Elas são atormentadas por pesadelos e vêem aparições assustadoras. Poltergeists invadem seus lares; elas recebem estranhos visitantes, estranhos telefonemas; misteriosos carros pretos podem aparecer e desaparecer repentinamente. E quanto mais assustadas elas se tornam, mais aumentam as manifestações.

Logo após o primeiro contato, a personalidade pode começar a se deteriorar. Paranóia, esquizofrenia e até suicídio têm ocorrido, mas isso não quer dizer que a pessoa que vê um OVNI é louca. Mas, se o envolvimento não for interrompido, ele ou ela pode ser levado à loucura pelo fenômeno.

Você sabia que os sintomas experimentados pelos que contatam OVNIs, são os mesmos das possesses do demônio? Mexer com OVNIs pode ser extremamente perigoso. Até pesquisadores sérios correm grandes riscos. O conflito entre Cristo e Satanás não é folclore, é real. Os demônios são reais e traiçoeiros. Estamos lidando com inteligências que são capazes de alterar a percepção e produzir estados paranormais de consciência. Elas são capazes de alterar o senso de realidade do observador. Poderosas imagens são projetadas na mente com o propósito de alterar as crenças do indivíduo, fazendo dele um instrumento do sistema do engano. Isso talvez explique os relatos dos que são raptados e levados a bordo de um OVNI. Parece que a hipnose pode detonar o relato de uma experiência de rapto em quase qualquer pessoa, isto é, qualquer pessoa desinformada e imprudente o bastante para submeter a mente a outra pessoa.

Não estamos falando apenas em hipnose, mas em implante de pensamento. A pessoa se lembra do que a entidade que controla a sua mente quiser que ela se lembre. É provável que esses contatados jamais estiveram a bordo de um disco voador. Lembre-se que essas entidades são capazes de manipular a mente e induzir a um estado de transe. Se você pudesse encontrar um contatado no momento de sua experiência de rapto, você iria vê-lo em pé, rígido na calçada. Ele não foi a parte alguma. O que aconteceu com ele aconteceu somente em sua mente. Foi implantado ali. Vê quão perigoso pode ser qualquer envolvimento com discos voadores?

Vamos refletir sobre a experiência de rapto. Você pode dizer: "Se nunca aconteceu, como pode ser perigosa?" Mas nada é mais perigoso do que o que acontece na mente. O indivíduo pensa que ocorreu o rapto e toda a sua vida pode mudar por essa distorção da realidade. E, é claro, essa é a única finalidade do fenômeno. O verdadeiro objetivo é alterar a crença e o comportamento, e fazer do "raptado" um instrumento do sistema enganador.

Bem, as misteriosas máquinas voadoras estão realmente no céu? Elas estão quando os demônios querem que estejam. Os OVNIs vão para onde e quando eles quiserem. Eles seguem alegremente seu caminho, nos deslumbrando com seu comportamento inconsistente, nos espantando com suas manobras ilusórias, nos levando à loucura com suas brincadeiras cruéis. O sábio é aquele que conhece, ou pelo menos suspeita, quem são eles e os deixa para lá!

Talvez estejamos prontos agora para a pergunta: os OVNIs existem afinal? Evidentemente, não são como um livro, uma casa ou um avião, mas o fenômeno certamente existe.

John Keel, após quatro anos investigando OVNIs, em tempo integral, sem férias, concluiu que existem dois tipos de objetos voadores. Eles podem ser chamados de naves suaves e naves rígidas.

Os objetos suaves são luminosos, mudam de forma e cor, se dividem, aparecem e desaparecem diante dos seus olhos, sem qualquer explicação. Esses são os mais numerosos e evidentes fenômenos reais. Eles só podem ser explicados como manifestações do poder do demônio. Nenhuma outra explicação faz sentido ou se encaixa aos fatos. Testemunhas, repetidas vezes, têm confidenciado a John Keel: "Eu não creio que aquela coisa que eu vi seja mecânica. Tenho a distinta impressão que estava vivo!"

Existem também as naves rígidas - objetos sólidos que são com freqüência ou ocasionalmente vistos. Elas, às vezes, deixam marcas na terra quando caem. Em vôo, elas freqüentemente soltam pedaços de metal. John Keel acredita que esses OVNIs metálicos, aparentemente rígidos, são manipulações temporárias de matéria e energia. Essas manifestações são feitas por alguns momentos de uso ou talvez algumas horas, provavelmente para tentar provar que são reais ou apenas para confundir. E, em outras palavras, são materializações como as que são vistas no espiritismo, onde freqüentemente ocorre o mesmo com cinzeiros, apoiadores de livros, trompetes, etc. E os disconautas desmaterializam a nave.

Os paralelos entre o espiritismo e os fenômenos dos OVNIs, entre a atividade demoníaca e a atividade dos OVNIs, são assustadores. Médiuns entram em transe, espíritos atravessam portas fechadas, entidades de OVNIs parecem voar para dentro de suas naves, andar ou flutuar em sentido lateral. Em todos os campos, os seres humanos e objetos não-humanos são transportados sem meios visíveis. OVNIs e entidades demoníacas conseguem assumir a forma dos seres humanos, e freqüentemente o fazem.

Os devotos do espiritismo recebem mensagens supostamente de parentes falecidos. Os seguidores dos OVNIs recebem telefonemas de seres do espaço e mensagens que são mentalmente detectadas. E vêem monstros e aparições.

O hipnotismo alcança livremente essas áreas. As farsas são comuns. Os demônios são grandes mentirosos. Assim como as entidades dos OVNIs, os médiuns são possuídos, controlados e manipulados. Eles se tornam não apenas repórteres, mas microfones. Existe alguma dúvida de que poderes que operam nos salões escuros podem estar também pilotando seus brinquedos cósmicos?

A pessoa que se torna envolvida com OVNIs corre grande perigo, mas a pessoa que nega a existência do fenômeno pode estar em perigo ainda maior por estar despreparada para o encontro pessoal que pode muito bem estar reservado para ela. Negar a realidade do mundo invisível é ser engolido por ela!

O que essas entidades enganosas querem? Qual é o propósito de toda essa propaganda? Ao que tudo isso conduz? Com certeza, é algo bem maior do que você pensa. O que estamos testemunhando não é a guerra nuclear. Esse exército de enganadores não está se preparando para matar uma mosca. Eles têm uma verdadeira extravagância em mente! Satanás e seus demônios adorariam mais que tudo nos destruir agora mesmo. Mas, sem a permissão de Deus para pulverizar a raça humana, eles se contentarão em transformar em brinquedos os desinformados e os irrequietos.

Esteja certo que Satanás não ama nem mesmo os seus aliados. Ele brincará com eles por um pouco, fará jogos maquiavélicos, alimentará suas tolices, rirá dos seus problemas e os lançará fora como papel de bala sem utilidade. Mas nenhum de nós é brinquedo para Jesus. Para Ele, temos um valor infinito. O valor de uma alma jamais pode ser calculado a não ser que O vejamos na luta pela redenção da humanidade. Vê-Lo caminhando firmemente, com Seus olhos no Calvário, jamais olhando para o lado, jamais dando meia-volta, porque você estava perdido e o único modo de salvá-lo seria morrer em seu lugar. Vê-Lo num combate face a face com o inimigo, conquistando para você a vitória que jamais seria sua sem Ele! Vê-Lo no Getsêmani, chegando ao limite máximo de sua resistência, tão tentado que Ele teria morrido ali mesmo, no jardim, se não tivesse sido enviado um anjo para sustentá-Lo. Vê-Lo atravessar aquela terrível provação enquanto Seus amigos mais próximos dormiam. Vê-Lo na cruz, com apenas a oração de um ladrão para animá-Lo.

Não ouvimos nenhuma outra oração naquele dia, exceto a dEle. Por que Ele não desceu da cruz e chamou uma legião de anjos para tirá-Lo daquele pesadelo cruel do Gólgota? Por que não desistiu quando parecia que ninguém queria mesmo ser salvo? Ele sabia que, em algum lugar, alguns aceitariam o sacrifício. E Ele estava pronto a morrer se apenas um pudesse ser salvo deste planeta condenado.

Quem quer que seja você, onde quer que esteja, o que quer que tenha feito, por maior que possa ser a sua culpa, Ele quer perdoá-lo. Ele quer ser o seu Salvador, quer ser seu amigo. Seu relacionamento com Ele pode ser tão íntimo, tão real, tão duradouro como se você fosse o único no mundo a precisar do Seu amor e cuidado! Para Jesus, você jamais será um brinquedo. Para Ele, você será sempre um tesouro precioso. Ele jamais se cansará de você nem o jogará fora. Ele será seu amigo para sempre se você desejar!


 


 

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O TIGRE ATRÁS DA PORTA

George Vandeman

TOPO

 

Suponhamos que você tivesse acabado de comprar uma revista em sua banca preferida e encontrasse estas predições:  Blackout em toda a nação em breve. Queda de avião em Phoenix na próxima segunda-feira. Desastre em rio, breve, no sul, com grande número de vítimas fatais. Dentro de 30 dias Hollywood será abalada por um suicídio. Grande terremoto no sul da Califórnia. Algumas dessas predições são mais prováveis de serem cumpridas com maior precisão do que outras? Se sim, por quê?

Era 15 de dezembro de 1967. Assistir Lyndon Johnson acender as luzes da árvore de Natal não chegava a ser uma experiência interessante. Muitas das pessoas que viram pela televisão devem ter reagido com um "e daí?", mas não aqueles que tinham ouvido a predição!

Aquele tinha sido um grande ano de predições mediúnicas. Uma após a outra, as profecias chegavam através de médiuns e videntes, astrólogos e psicógrafos, leitores de bolas de cristal e pessoas que entravam em contato com OVNIs. Algumas das predições falharam, mas outras se realizaram com precisão suficiente para deixar uma porção de pessoas nervosas. Pelo menos, todos concordavam em que alguma coisa grande e catastrófica iria acontecer.

De acordo com a profecia, quando Lyndon Johnson apertasse o botão haveria falta de energia em toda a nação! E assim, grudados em seus televisores, as pessoas assistiam de fôlego preso. Quando as luzes da árvore de Natal acendessem, as luzes de toda a nação se apagariam? Bem, o presidente apertou o botão. As luzes da árvore se acenderam e nada aconteceu. Mas trinta segundos depois chegou a voz de um locutor sobre o ruído da multidão: "Interrompemos este programa para uma notícia especial. Uma ponte, pressionada pelo trânsito da hora do rush, acaba de ruir em Gallipolis, Ohio. daqui a pouco, mais detalhes." A ponte em Gallipolis, Ohio, só podia ser a ponte de 214 metros, a Silver Bridge, que ligava Gallipolis a Point Pleasant, Virgínia Ocidental.

Point Pleasant durante exatamente 13 meses tinha sido alvo de alguns acontecimentos muito estranhos. Mais de cem pessoas tinham quase morrido de susto de um monstro enorme de olhos vermelhos e brilhantes. A notícia saiu nos jornais. O monstro tinha a forma de um homem, medindo uns três metros, com enormes asas dobradas. Eles o chamaram de Homem-Traça, mas isso não foi tudo.

Pessoas tinham visto OVNIs o verão todo; havia uma dúzia de testemunhas. Estranhos homens de preto pareciam desconhecer a área ou até mesmo o planeta. Homens cujas solas dos sapatos estavam totalmente limpas após caminharem pela lama e cujas feições eram estranhamente semelhantes. Homens que usavam roupas leves em pleno inverno e que falavam como vitrolas em rotação acelerada. Havia também Indrid Cold, um ser que se dizia vir do planeta Lanulos. Ele dirigia um fusca preto e às vezes, uma espaçonave. Era generoso em suas informações estranhas e irrelevantes.

Havia os automóveis pretos que desapareciam sempre que eram perseguidos. Nenhum computador conseguia identificar as placas desses automóveis. E os estranhos telefonemas, os fotógrafos fantasmas, os aparelhos de TV que ficavam malucos. Para alguns moradores em Point Pleasant, tudo parecia estar ficando maluco. Mas nem o Homem-Traça nem Indrid Cold nem qualquer das entidades dos OVNIs jamais disse uma palavra sobre o desastre da ponte. E ele aconteceu!

Alguns daqueles que tinham visto o Homem-Traça, ou que tinham participado de alguma outra experiência bizarra durante aquele ano, afundaram com a ponte. Outros foram chamados pela morte pouco tempo depois. Alguns se divorciaram e outros sofreram colapso nervoso e ficaram longos períodos hospitalizados. Uns cometeram suicídio.

Doze discos estavam sobre Point Pleasant na hora em que a ponte desabou. Uns homens de aparência estranha, usando sapatos leves no frio, foram vistos escalando a ponte dois dias antes. Haveria alguma ligação? Mas se as estranhas entidades sabiam do futuro desastre, ou até participaram dele, por que não alertaram Point Pleasant?

Podíamos fazer a mesma pergunta com relação a Jonestown. Com todas as predições de vários videntes, como é que não fomos alertados que aquele horrível suicídio-massacre iria acontecer? Acho que não será difícil encontrar a resposta a essa pergunta quando entendermos um pouco mais sobre essas predições mediúnicas.

Você sabia que seis videntes diferentes predisseram a captura de Patty Hearst com incrível precisão? E, é claro, você se lembra que as mortes dos irmãos Kennedy e Martin Luther King foram preditas repetidas vezes em diversas partes do mundo?

Curiosamente, predições como essas, seja quem for o profeta e onde quer que a predição seja feita, parecem estar vindo de uma fonte comum. Evidentemente, existe um sindicato da predição operando em algum lugar! As mesmas predições são fornecidas muitas vezes através de inúmeros videntes diferentes e são reveladas através de médiuns e videntes, místicos e astrólogos, psicógrafos e leitores de bolas de cristal, e pessoas ligadas a OVNIs. Estão todos claramente sintonizados na mesma fonte.

Entidades de OVNIs e de espíritos fazem parte desse mesmo gigantesco sistema. O elo é inegável. De fato, a comunicação que ocorre entre um médium e o mundo dos espíritos, na experiência dos que vêem a morte de perto, entre os que testemunham OVNIs, entre os médiuns curandeiros e seus espíritos médicos, em todos esses, os comunicadores do outro lado, o mundo não visto, são os mesmos espíritos do mal, os mesmos anjos caídos, os mesmos demônios. Eles estão simplesmente adaptando o que têm a dizer ao seu auditório em particular.

As predições mediúnicas são com freqüência ditas de modo idêntico, independente do canal através do qual se comunicaram. Isso é verdade por todo o país e por todo o mundo. As mensagens são muitas vezes até redigidas do mesmo jeito, seja qual for o idioma usado!

Só podemos concluir que as predições mediúnicas têm uma fonte em comum e, se essa fonte é de fato o próprio Satanás, não é difícil de entender por que desastres como o da Silver Bridge e Jonestown

não foram preditos. Pois Satanás adora catástrofes e quanto mais vidas ele destruir, mais contente fica.

As predições de 1967 incluíam uma grande falha de energia, Nova York deslizaria para dentro do mar, o assassinato do Papa Paulo IV, quedas de aviões, uma grande falha na energia atingindo toda a nação, um desastre no rio Ohio, o desaparecimento do primeiro ministro da Austrália e explosões em Moscou. Todas essas predições não se cumpriram. Não houve falha na energia em toda a nação, o Papa Paulo IV não foi assassinado nem Manhattan deslizou para dentro do mar. Também não houve desastre em nenhum local no rio Ohio.

Algumas predições se realizam, outras não. Em geral, as menores são na verdade as mais precisas. As realmente grandes, como Manhattan deslizando para o mar, são menos  prováveis de serem precisas. Por quê? Essas entidades mediúnicas conhecem o futuro ou não conhecem? Por que esse gigantesco sindicato das predições não acerta sempre, se conhece o futuro? A resposta é que as entidades não conhecem o futuro. Só Deus conhece o futuro e, quando Ele o revela através dos seus profetas, eles sempre estão certos, não apenas algumas das vezes.

As entidades que comandam o sindicato das profecias não conhecem o futuro, mas conhecem seus próprios planos. Eles certamente têm uma agenda do futuro que eles pretendem seguir, se puderem! Deus os restringe e permite que cheguem até um certo ponto.

Mas dentro dos limites estabelecidos por Deus, eles podem engendrar muitos desastres. É uma simples questão de arranjar o desmoronamento de uma ponte velha. Eles podem derrubar aviões se Deus não os impedir. Eles acertam com freqüência sobre casamentos e divórcios, porque conseguem ouvir as conversas mais privativas. Eles estão presentes nos cômodos bem trancados onde os crimes são planejados. E mentes sob o controle dos demônios podem muitas vezes ser influenciadas a executar assassinatos.  Mas empurrar Manhattan ou a Califórnia para dentro do mar é demais para o anjo caído e seus ajudantes. Nada de tamanha conseqüência acontecerá a menos que Deus o permita.

Entendeu por que as predições dos videntes geralmente são ligadas a casamentos, divórcios, queda de aviões, assassinatos, etc.? O anjo caído prediz o que ele pensa que pode ter boa chance de acontecer. Mas a marcha declarada da profecia que você encontra na Bíblia, afetando nações e o mundo, e penetrando o futuro com uma precisão que nunca falha, é simplesmente demais para esses impostores!

Mas espere! Algumas vezes eles predizem coisas grandes como o fim do mundo, não é mesmo? Sim, predizem. Por exemplo, veja o caso do Dr. Charles A. Laughead. Ele pertencia ao staff médico da Universidade do Estado de Michigan quando começou a comunicação com entidades que afirmavam ser do espaço sideral. Isso foi em 1954.

Um número de profecias menores foram passadas a ele e essas se realizaram. Aí veio aquela grande: o mundo ia acabar em 21 de dezembro de 1954. A América do Norte ia se dividir ao meio, e a Costa Atlântica iria afundar no mar. França, Inglaterra e Rússia teriam o mesmo destino, mas algumas pessoas escolhidas seriam salvas por espaçonaves.

O Dr. Laughead e seus amigos estavam tão impressionados com a precisão das predições anteriores que levaram esta última muito a sério. Ele fez sóbrias declarações à imprensa, e em 21 de dezembro eles se reuniram num jardim para esperar pelo resgate. Tinham sido avisados para não usarem nada de metal. Por isso eles descartaram fivelas de cintos e colchetes, canetas e isqueiros, e esperaram.

Isso tem acontecido inúmeras vezes. Homens e mulheres tornam-se envolvidos. Eles se convencem pela precisão de algumas predições. As entidades os enchem de promessas e aí os conduzem pela estrada da ruína. Empregos são perdidos, carreiras sacrificadas, famílias divididas, saúde destruída. Eles se escondem e ficam olhando para as paredes e o embaraço, a vergonha e a frustração com freqüência levam ao suicídio, a loucura e à morte. É assim que o jogo é travado.

As entidades arquitetam o cumprimento de algumas predições menores. Quando os homens e mulheres estão convencidos que as entidades sabem tudo sobre o futuro, elas entram com uma das grandes. E deixam seus fiéis seguidores esperando espaçonaves no topo de uma colina. Isso tem sido chamado de "a profecia do tigre atrás da porta".

E isso não é tudo. As pessoas que estão assistindo são atingidas também. Elas vêem essas grandes predições falharem repetidas vezes e aí decidem não se interessar por nenhuma profecia, mesmo as profecias bíblicas. E esse é um engano perigoso!

Por que as pessoas se deixam induzir por golpes mediúnicos? Uma razão é que elas não sabem o que a Bíblia ensina, embora pudessem saber. Ou sabem, mas rejeitam.

O apóstolo nos diz que muitas pessoas serão fatalmente enganadas por rejeitarem a verdade. II Tessalonissenses 2:10 e 11: "...perecem porque não receberam o amor da verdade para se salvarem, e por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira."

Isso não significa que Deus origina o engano. Quando homens e mulheres recusam a verdade, Deus permite que sejam dominados pelas poderosas mentiras de Satanás. Eles não estão mais sob a Sua proteção.

A segunda razão das pessoas serem seduzidas é porque crêem que tudo que é sobrenatural é de Deus, e nada pode estar mais longe da verdade. Veja isto: "A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira." II Tessalonissenses 2:9. A obra de Satanás nos últimos dias incluirá todos os tipos de milagres falsos. E se insistirmos em pensar que todos esses milagres vêm de Deus, não teremos a menor chance!

A terceira razão das pessoas serem induzidas é que elas são relaxadas com a sua segurança. Há pessoas que fazem de seus lares fortalezas com trincos e travas. Elas querem se proteger contra o estrangulador da colina e o assassino da estrada e o estuprador da rua 7 e todos os demais, mas deixam os demônios entrarem em suas casas. Demônios disfarçados em entes queridos, espíritos de médicos ou coisas desse tipo, deixando-os assumir o controle de sua vida sem sequer questionar sua identidade ou confiabilidade. Isso é relaxamento! 

E a quarta razão pela qual as pessoas são induzidas é que acham as coisas ensinadas pelos demônios mais atraentes do que a verdade. O apóstolo Paulo escreveu em I Timóteo 4:ll: "Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios."

Eles acham a verdade desinteressante porque ela exige um compromisso. Em contraste, acham excitante pensar que estão se comunicando com entes queridos falecidos ou povo do espaço. E os ensinamentos dos demônios não fazem exigências a eles, a não ser entregar a mente e ter uma vida de servidão, mas eles descobrem isso tarde demais!

O que os demônios ensinam? Quais são as doutrinas do diabo? Não seria bom revê-las? O espiritismo ensina:

1. Que é possível se comunicar com os mortos.

2. Que o homem não morrerá, é imortal.

3. Que o homem pode se tornar igual a Deus e existe divindade     dentro de cada ser humano.

4. Que não haverá um julgamento futuro.

5. Que na morte todos irão para o mesmo lugar, independente do modo como tenham vivido.

6. Que em vidas futuras haverá oportunidade para corrigir os erros feitos nesta vida.

Aí estão, as marcas da operação engano, dos ensinamentos do anjo caído. Fáceis de reconhecer, se estivermos alerta. Bem, o que anjo caído tem em mente? Onde toda a sua propaganda irá dar?

Em maio de 1967, um homem chamado Knud Weiking, na Dinamarca, começou a receber uma série de mensagens telepáticas que incluiam várias profecias que se realizaram. Foi-lhe dito para construir um abrigo anti-bombas isolado com chumbo e preparar-se para o holocausto no dia 24 de dezembro. Ele o fez. Ele e seus amigos conseguiram completar o abrigo de trinta mil dólares dentro de três semanas. Em 24 de dezembro, eles se trancaram em seu abrigo anti-bombas e esperaram.

O grupo dinamarquês não estava sozinho em sua apreensão com relação a 24 de dezembro. Médiuns, sensitivos e contactadores de OVNIs por todo o mundo estavam recebendo mensagens idênticas. Alguma coisa sem precedentes ia acontecer naquela data. À meia-noite, uma grande luz iria aparecer no céu e aquele seria o fim. Depois de 24 de dezembro ter passado, a imprensa americana ridicularizou o grupo dinamarquês por ter caído nessa. Mas, Knud Weiking tinha uma explicação. Ele disse que tinha recebido esta mensagem: "Eu disse a vocês dois mil anos atrás que seria dado um tempo e mesmo assim eu não viria. Se você tivesse lido a Bíblia com mais atenção, teria posto em mente a história do noivo que não veio como era esperado. Estejam atentos para não serem encontrados sem óleo em suas lâmpadas. Já disse que virei de repente e que virei em breve." 

É isso o que o anjo caído pretende. Ele tem em mente forjar uma segunda vida, antes da verdadeira. Ele pretende parecer com Cristo, rodeado de anjos. Eles estão fazendo alguns ensaios para ver como está funcionando a rede. É para isso que as entidades dos OVNIs vêm ensaiando. Para o maior dos golpes.

Você se lembra do Dr. Laughead e seus seguidores esperando o fim do mundo? E já ouviu falar daquelas 20 pessoas que desapareceram de uma cidade em Oregon porque foi prometido a elas uma viagem em disco voador para um mundo melhor? Tem havido outros golpes e haverá mais ainda. Porém, o que estamos testemunhando e o que está acontecendo por trás das cenas envolve bem mais que OVNIs. São as entidades. É tudo espiritismo. É o mundo oculto! É possível que os OVNIs não desempenhem nenhum papel na falsificação de Cristo em sua segunda vinda. Isso não sei, mas sei como Cristo será personificado. E não me surpreenderia se os OVNIs estivessem envolvivos de algum modo.

É difícil entender por que o inimigo arquitetaria todo esse condicionamento de milhões de pessoas se não pretendesse  aproveitar e transformar o interesse popular pelos extraterrestes em proveito próprio. O anjo caído está nesse jogo da personificação há milhares de anos. Ele tem personificado gente morta, gente viva e gente do espaço. Você não acha que ele tentará o grande golpe?  Você não acha que ele personificará Jesus também? Ele está querendo que todos o adorem. Essa é a grande jogada traiçoeira que ele está  tramando.

Ellen White, cujos escritos têm as marcas da verdadeira inspiração, descreve a personificação de Cristo como se ela fosse uma testemunha ocular. Lemos em O Grande Conflito, na página 629: "Como ato culminante no grande drama do engano, o próprio Satanás personificará Cristo. A igreja tem há muito tempo professado considerar o advento do Salvador como a realização de suas esperanças. Assim, o grande enganador fará parecer que Cristo veio. Em várias partes da Terra, Satanás se manifestará entre os homens como um ser majestoso, com brilho deslumbrante, assemelhando-se à descrição do Filho de Deus dada por S. João no Apocalipse. A glória que o cerca não é excedida por coisa alguma que os olhos mortais já tenham contemplado. Ressoa nos ares a aclamação de triunfo: `Cristo veio! Cristo veio!' O povo se prostra em adoração diante dele, enquanto este ergue as mãos e sobre  eles pronuncia uma bênção, assim como Cristo abençoava seus discípulos quando esteve na Terra. Sua voz é meiga e branda, cheia de melodia. Em tom manso e compassivo apresenta algumas das mesmas verdades celestiais e cheias de graça que o Salvador proferia; cura as moléstias do povo, e então, em seu pretenso caráter de Cristo, alega ter mudado a lei de Deus... É este o poderoso engano, quase invencível."

Percebe o que vem por aí? Vê para onde o mundo está sendo conduzido? Percebe o monstruoso golpe para o qual milhões estão sendo sutilmente condicionados? O chefe rebelde pode deixar alguns de seus ajudantes brincarem de Salvador agora, nos ensaios, mas quando o grande golpe for pra valer, esteja certo que ele não deixará o papel principal para outros. Ele mesmo o fará. É ele quem quer ser adorado. E conseguirá. Quase o mundo todo se inclinará para um Satanás disfarçado, parecendo ser o Cristo.

Francis Gary Powers, abatido sobre a Rússia no incidente do U-2, sobreviveu a tudo, mas anos depois ele estava pilotando um helicóptero de jornalismo de uma TV em Los Angeles. Foi um ano com muitos incêndios. Ele e seu cinegrafista estavam cobrindo o grande incêndio em Santa Barbara. Sobrevoando entre os Canyons, tão entusiasmados estavam com as fantásticas imagens que haviam colhido para o noticiário das cinco horas daquele dia, tão empolgados, que acabaram se esquecendo do combustível de seu próprio helicóptero. Eles caíram em um campo arado a três quilômetros do aeroporto e ambos morreram!

Nunca foi tão importante estar atento ao que o anjo caído está fazendo. Estar desinformado é correr perigo, mas não seria uma tragédia se não ficássemos tão distraídos, observando os estranhos incêndios hipnóticos do inimigo e nos esquecêssemos de nosso próprio relacionamento com Jesus Cristo, a fonte de todo o poder.

Estamos tão perto do aeroporto, tão perto do nosso pouso final. Seria tolice cairmos agora. Nossa única segurança é estarmos alerta ao anjo caído, mas em constante comunhão com nosso Senhor Jesus Cristo.


 


 

36

O FINAL ESPETACULAR

George Vandeman

TOPO

 

Deus deve gostar do espetacular. Ele espalha tintas pelo céu noturno e cria a beleza que vemos. Transforma o mar em cristal para refletir as cores fortes e maravilhosas do Seu trono. Ele constrói ruas de ouro em lugar de asfalto. Ele chama o vento com um toque do relâmpago e os sons do trovão para servir como Sua orquestra. Ele tem mais galáxias do que qualquer computador pode contar. Mas as coisas mais espetaculares que Ele criou foram os dias e o coração humano. Em seguida, Ele começou a planejar o final espetacular do que chamamos de tempo.

Era 14 de junho de 1975. Murray e Roslyn Hughes, oito e seis anos respectivamente, estavam nos bancos de trás do avião, descalços e com os cintos de segurança. De repente o avião caiu numa parte distante na Austrália.   Eles não se machucaram, mas seu pai ficou inconsciente no banco do piloto, e sua mãe ficou presa na cabine. Murray não conseguia esquecer o desespero na voz de sua mãe quando gritou: "Pegue Roslyn e vão buscar socorro! Não parem para nada."  As crianças não conseguiram achar os sapatos e por isso foram embora sem eles. Durante 12 horas, eles caminharam descalços por aquelas encostas cheias de cobras, sem olhar para trás, pensando apenas em seus pais feridos e sangrando lá no alto, naquela floresta coberta pelo nevoeiro. Por várias vezes, eles oraram: "Oh, Deus, dá-nos coragem!"

Um fazendeiro os avistou num pasto, a onze quilômetros dos destroços. Ele disse: "Eram apenas bebês. Eu mal pude acreditar quando os vi por lá. Estavam tremendo de frio, suas roupas estavam em farrapos. E estavam muito arranhados e seus pés sangrando. A garotinha foi corajosa", disse o fazendeiro, "agarrada a uma bolsinha com uma escova e um pente dentro. O menino aproximou-se e me disse para conseguir socorro para sua mãe e seu pai. Ele é o garoto mais valente que eu já conheci. Seus pés estavam muito cortados, mas ele não quis descansar. Ele só tinha um pensamento na cabeça: obter ajuda para os seus pais."

O organizador do grupo de resgate disse: "Vocês podem pensar que 12 horas não é muito tempo, mas esse é um dos territórios mais difíceis que existe. A floresta é densa e o mato é cheio de cobras mortíferas e aranhas venenosas. Não creio que aquelas duas crianças poderiam resistir por mais tempo lá."

Roslyn falou sobre seu sofrimento. Ela disse: "Mamãe nos disse para  sermos valentes e buscarmos socorro." O nevoeiro era forte e não conseguíamos ver para onde estávamos indo. As árvores tinham grandes raízes acima da terra e eu ficava tropeçando nelas. O terreno era acidentado. Mamãe tinha dito para tirarmos os sapatos no avião para ficarmos mais confortáveis, assim quando o avião caiu não conseguimos encontrá-los. Os pés doíam quando andávamos por lá. Havia pedras ásperas e machucavam os meus dedos." E continuou: "Estávamos muito assustados. Ouvíamos bichos rastejando ao nosso redor. Uma vez, ouvimos esse ruído muito alto num mato bem perto da gente. Eu gritei. Murray foi bem valente. Ele me abraçou e me disse: 'não se preocupe, não vou deixar que nada lhe aconteça.'"

Murray disse: "Eu também estava muito assustado, mas não queria que Roslyn soubesse. Fiquei pensando na mamãe e no papai e como tínhamos que obter ajuda. Eu nunca havia andando tanto. A pior parte, é claro, foi estarmos sem sapatos. De vez em quando, Roslyn parava e chorava. Às vezes, eu deixava ela se deitar um pouquinho." O grupo de resgate chegou tarde e Murray lamentou: "Eu gostaria de poder dizer à minha mãe e meu pai que tentamos o máximo."

Que semelhança com o que Jesus fez! As pessoas que Ele criou, num planeta também feito por Ele, estavam em perigo. Sem ajuda, não iriam sobreviver. E Ele disse: "Eu vou, Pai." E o Pai disse: "Vá, Filho. E não pare por nada!" Ele deixou sua coroa para trás e não parou para nada. Ele só conseguia pensar em encontrar socorro, achar um meio de salvar você e eu. Várias vezes, Ele orou: "Pai, Me dê coragem!" E assim, Ele veio para Belém!

Quando tinha 12 anos, visitou o magnífico templo e lá, pela primeira vez, viu os sacerdotes ofertando cordeiros inocentes no altar. Ele ficou fascinado com o que viu. Havia alguma coisa misteriosa sobre aquilo tudo. Alguma coisa que parecia estar ligada à Sua própria vida. Aí, de repente, entendeu: Ele próprio iria ser o cordeiro; Ele próprio iria ser o sacrifício inocente pelos pecados dos homens; Ele próprio era o caminho para salvar a humanidade perdida. Por isso, Ele teve que vir! E assim Ele seguiu até o Calvário.

Ele só conseguia pensar nos homens e mulheres que estavam perdidos. Ele tinha que prosseguir, pois Ele era o cordeiro. Agora, temos uma opção quanto ao final da história. Pode terminar com você e eu mortos na cabine de um avião destroçado ou pode terminar no resgate mais espetacular de todos os tempos, se quisermos. E quando tudo terminar, quando o último homem tiver feito sua escolha, e quando milhões tiverem escolhido afundarem com este planeta, pareço ouvir o Salvador dizendo: "Pai, Eu gostaria de poder dizer a eles que tentei o máximo."

É possível que estejamos confusos sobre o que é realmente espetacular. A cruz do Calvário é o evento mais espetacular de todos os tempos. Ela é a incrível prova de Deus perante o tribunal do Universo. É seu irrefutável argumento às acusações daqueles que disseram que Jesus não se importava com a humanidade.

Se você quer o espetacular, não terá que esperar muito. Deus logo lhe dará algo assim. Deus está deixando Satanás fazer seus milagres primeiro. Depois Deus fará os dEle. E os de Satanás, em comparação aos de Deus, vão parecer truques bobos!

Não existem palavras para descrever o dia em que Deus assumir tudo. Nossos potentes megatons vão parecer pipocas quando Deus tomar os assuntos da Terra em Suas mãos. E Satanás só poderá ficar de lado assistindo, impotente, maravilhado, e, é claro, apavorado!

O anjo caído pode, com os seus brinquedos, parar alguns motores, mas Deus pode parar a História! Satanás pode fazer as bússolas girarem, mas Deus pode desafiar a gravidade e elevar o Seu povo até o céu, levando-o para o lar! Os OVNIs de Satanás podem chamuscar um pedaço de terra, mas Deus pode fazer montanhas fumegarem com a Sua presença! Satanás pode trazer fogo do céu para enganar os homens, mas Deus, com fogo, pode destruir a Terra e fazê-la novamente nova. Satanás pode imprimir uma imagem misteriosa em um pedacinho de filme, mas Deus pode imprimir Sua própria imagem nos corações humanos. Satanás pode fazer a personalidade se deteriorar, mas Deus pode renovar os homens.

Vidas transformadas é o maior de todos os milagres! A vida do cristão confiante é uma constante espetacular. É uma sucessão de milagres, e o relógio de Deus é absolutamente preciso. Ele nunca se atrasa. Nenhuma emergência O pega de surpresa! Não temos que nos preocupar com o momento de Deus agir. Repetidas vezes tem sido demonstrado que Sua providência pode atuar seguramente sob circunstâncias tão precárias que o mais leve vento poderia tirar um viajante de sua rota, onde somente uma palavra não dita, um assunto aparentemente trivial negligenciado, poderiam bloquear o plano divino. Como é que eu sei? Porque tenho visto. Você não gostaria de estar assistindo ao dia em que Deus surgiu no espaço e ordenou que o mundo existisse? Ele só pronunciou a palavra e tudo passou a existir.

Gosto do modo colorido como o Dr. Shadrack Meschack Lockridge o pinta. Veja: "Apoiado sobre o nada, Ele alcançou onde nada havia para ser alcançado e pegou alguma coisa de onde nada havia para ser pego, e pendurou algo sobre o nada e ordenou que ali ficasse... Sobre o nada Ele tomou o martelo de Sua própria vontade e golpeou a bigorna de Sua onipotência e quando fagulhas saltaram, Ele as tomou na ponta de Seus dedos e as arremessou ao espaço, adornando, assim, o céu com estrelas!"

Bem, de qualquer modo que Deus tenha feito, foi espetacular sem dúvida! E houve também o dilúvio dos dias de Noé. Nada do que já experimentamos pode nos qualificar para entender o que aconteceu. Espetacular? Eu diria que sim. Água vindo das nuvens em gigantescas cataratas. Água esguichando de dentro da terra, relâmpagos rasgando o céu, montanhas subindo e caindo, vento, fogo e vulcões. Maremotos, a terra rachada, retorcida e revolvida de um modo impossível de se descrever. Um espetáculo negativo que deixou apenas oito pessoas com vida!

Você e eu podemos ter poltronas especiais no final espetacular da História: a volta de Jesus à Terra. Mas isso não seria correto porque não haverá nenhuma poltrona especial. Não haverá nenhum expectador porque todos os homens, mulheres e crianças estarão envolvidos pessoalmente, e a natureza do envolvimento depende de cada indivíduo!

Note a impressionante descrição que Ellen White fez do dia da volta de Jesus: "É a meia-noite que Deus manifesta o Seu poder para o livramento de Seu povo. O sol aparece resplandecendo em sua força. Sinais e maravilhas se seguem em rápida sucessão. Os ímpios contemplam a cena com terror e espanto, enquanto os justos vêem com solene alegria os sinais de seu livramento. Tudo na natureza  parece desviado de seu curso. As correntes de água deixam de fluir. Nuvens negras e pesadas sobem e chocam-se umas nas outras. Em meio  dos céus agitados, acha-se um espaço claro de glória indescritível, donde vem a glória de Deus como o som de muitas águas, dizendo: `Está feito.' Essa voz abala os céus e a terra. Há um grande terremoto, tão grande. O firmamento parece abrir-se e fechar-se. A glória do trono de Deus dir-se-ia atravessar a atmosfera. As montanhas agitam-se como a cana ao vento, e anfratuosas rochas são espalhadas por todos os lados. Há um estrondo como de uma tempestade a sobrevir. O mar é açoitado com fúria. Ouve-se o  sibilar do furacão, semelhante à voz de demônios na missão de destruir. A terra inteira se levanta, dilatando-se como as ondas do mar. Sua superfície está a quebrar-se. Seu próprio fundamento parece ceder. Cadeias de montanhas estão a soçobrar. Desaparecem ilhas habitadas. Os portos marítimos que pela iniquidade, se tornaram como Sodoma, são tragados pelas águas enfurecidas... Grandes pedras de saraiva, cada uma "do peso de um talento," estão a fazer sua obra de destruição. As mais orgulhosas cidades da Terra são derribadas... relâmpagos terríveis estalam dos céus, envolvendo a terra num lençol de chamas. Por sobre o estrondo medonho do trovão, vozes misteriosas e terríveis declaram a sorte dos ímpios... os que pouco antes eram tão descuidados, tão jactanciosos e desafiadores, acham-se agora vencidos pela consternação, e a estremecer de medo. Ouve-se o seu pranto, acima do som dos  elementos.  Demônios reconhecem a divindade de Cristo, e tremem diante de Seu poder, enquanto homens estão suplicando misericórdia  e rastejando em abjeto terror... por uma fenda nas nuvens, fulgura uma estrela cujo brilho aumenta quadruplicadamente em contraste com as trevas. Fala de esperança e alegria aos fiéis, mas de severidade e ira aos transgressores da lei de Deus. ...Surge logo no oriente uma pequena nuvem negra, aproximadamente da metade do tamanho da mão de um homem. É a nuvem que rodeia o Salvador, e que, a distância, parece estar envolta em trevas. O povo de Deus sabe ser esse o sinal do Filho do Homem. Em solene silêncio fitam-na enquanto se aproxima da terra, mais e mais brilhante e gloriosa, até se tornar grande nuvem branca, mostrando na base uma glória semelhante ao fogo consumidor e encimada pelo arco-íris do concerto. Jesus, na nuvem, avança como poderoso vencedor... com antífonas de melodia celestial, os santos anjos, em vasta e inumerável multidão, acompanham-No em Seu avanço...nenhuma pena humana pode descrever esta cena, mente alguma mortal é apta para conceber seu esplendor." O grande conflito.   Páginas 642 - 646.

Uma cena espetacular, sem palavras que a descrevam! Mas a cruz do Calvário é mais espetacular ainda do que a volta de Jesus a Terra. Sua volta a este planeta pode ser entendida. O Calvário jamais. Não inteiramente, não pelos homens, não pelos anjos, não pelos residentes dos mundos caídos.

Calvário! O dia mais trágico de toda a História. Homens pregando o Criador na cruz! Mas foi também um dia de grande júbilo. Os homens não sabiam o que estava acontecendo naquele dia, mas os anjos sabiam. Quando eles ouviram o Filho de Deus clamar da cruz "Está consumado!", sabiam seu significado para todo o Universo. Jesus havia chegado à linha final e caído morto ao cruzá-la. Mas ele conseguiu chegar, sem pecar uma só vez. Nenhuma tentação, nenhum teste de sua fé ou de sua paciência, nenhum truque do inimigo, deixou a mais leve mancha sobre Ele. Ele foi um  Salvador perfeito! Mas os homens que Ele veio salvar não quiseram ser salvos!

Que tragédia escandalosa teria sido se Murray e Roslyn tivessem enfrentado aquela escarpa traiçoeira como fizeram, e o grupo de resgate tivesse chegado até seus pais a tempo e estes lhe dissessem que não queriam ser resgatados. Depois de tudo que havia custado para tornar possível o resgate! E isso é o que alguns de nós estamos fazendo ao nosso Senhor. Ele sofreu infinitamente mais que aquelas duas crianças. Ele andou por territórios infestados de serpentes por 33 anos e foi para o lar de Seu pai com as mãos e os pés feridos pela eternidade devido à ousada tentativa de resgate.

Vamos dizer-Lhe que não queremos ser resgatados depois de tudo? Trinta e três anos! E Ele nunca voltou atrás. Às vezes, Ele estava cansado, desmaiando, tão exausto, tão esmagado por tudo que os anjos O deixaram descansar por uns momentos em seus braços. Mas Ele continuava pensando em você e em mim. E tinha que prosseguir. Ele era o Cordeiro de Deus. E tinha um compromisso com uma rude cruz nos arredores de Jerusalém. Uma cruz que deveria ter sido sua e minha! É perfeitamente seguro deixar Jesus dominar o seu coração.


 


 

37

COMO É DEUS

George Vandeman

TOPO

 

Todos nós ficamos imaginando a respeito dAquele que está ao leme da nave cósmica, Aquele que fez os mundos e mantém as estrelas em suas órbitas e sabe até mesmo quando um pardal cai. Como é Deus? Você sabe? Alguém pode saber? Ou Deus é um mistério tão hermético que você não tem condição de entender? Como você pode adorar, amar e confiar num mistério, num estranho que você não conhece? É esse seu dilema?

Muitas idéias sobre Deus estão sendo difundidas hoje em dia. Algumas verdadeiras e algumas inventadas. Será possível que não lhe tenham dito a verdade sobre Deus? Talvez você deva conhecê-la.

Você já notou quão rapidamente os problemas da vida diminuem de tamanho quando você olha para as estrelas em uma noite clara? Harry Golden escreveu uma peça com o título "Por que eu nunca recrimino uma garçonete." Ele diz: "Eu tenho uma norma contra registrar queixas em um restaurante." Por que? Porque ele sabe que existem pelo menos quatro bilhões de sóis na Via Láctea, que é apenas uma galáxia. Ele prossegue descrevendo os incalculáveis números, as velocidades incríveis, as incompreensíveis distâncias no grande cosmos que revolve sobre nossa cabeça. Aí ele lembra que, mesmo dentro do alcance de nossos maiores telescópios existem pelo menos cem milhões de galáxias separadas, iguais à nossa Via Láctea. E que, quanto mais avançarmos no espaço com os telescópios, mais espessas tornam-se as galáxias.

E ele conclui: "Quando você pensa em tudo isso, chega a ser tolice importar-se pelo fato de a garçonete ter trazido um prato de feijão em vez de uma laranja."

Oh! Sim, o céu à noite pode fazer nossos problemas parecerem bastante triviais. E nós também. E quanto ao Deus que está lá em cima guiando todas essas estrelas? De que jeito Ele é? Ele sabe que estamos aqui? Ele Se importa com o que acontece conosco? O que Ele está pensando quando olha para baixo lá do topo do céu?

Por mais que possamos dizer ou descrever, por mais que possamos expressar, por mais que tentemos disfarçar, esta é a grande pergunta em nossa mente. Como é Deus? O que pensa Ele com relação a este planeta pecador?

Tom Branden, em seu delicioso livro "Oito é Demais", nos fala sobre a ocasião em que ficou tão frustrado com sua família de adolescentes imprevisíveis, que simplesmente desistiu de ser pai. Temporariamente, é claro. Mas Deus alguma vez sentiu-se assim? Será que Ele fica cansado com nossa indiferença, esgotado com nossa rebelião, frustrado com nossas tolas fugas, que sente vontade de desistir de Sua função? E se Ele nos abandonasse qualquer dia desses e nos deixasse girando sozinhos para a destruição? E se Ele já fez isso? Precisamos saber, porque, como podemos confiar num Deus que não conhecemos, num Deus estranho para nós? Como podemos enfrentar o futuro com alguma paz de espírito?

Por mais surpreendente que possa parecer, lemos o seguinte no livro de Jó, provavelmente o primeiro livro da Bíblia a ser escrito. Jó 22:21: "Une-te pois a ele, e tem paz, e assim te sobrevirá o bem."

O que você acha disso? O único modo de encontrar paz de espírito é unindo-se a Deus, para saber como Ele é.

Milhões hoje estão buscando desesperadamente paz de espírito; estão se voltando para a astrologia, para as religiões orientais, qualquer lugar, toda parte. Evidentemente, entretanto, se eles se unissem a Deus, encerrariam suas buscas. Mas você diz: Pastor Vandeman, eu pensei que não poderíamos entender a Deus. A Bíblia não diz que as coisas secretas pertencem a Ele?

Sim ela diz, mas vamos ler essa passagem em Deuteronômio 29:29, que diz: "As coisas encobertas são para o Senhor nosso Deus; porém as reveladas são para" ...observe... para quem? ..."para nós e para nossos filhos."

Sim, algumas coisas sobre Deus são mantidas em segredo, não são para nós entendermos. Mas muitas coisas sobre Deus são reveladas. É possível que não tenhamos nos preocupado com as coisas que são reveladas, com as coisas que nos dizem como é Deus? Será que dispensamos a revelação, junto com o mistério? É verdade que muita coisa sobre Deus é um mistério, mas seria Ele Deus, se pudéssemos trazê-Lo a nosso nível, se pudéssemos colocá-Lo dentro da caixinha do nosso cérebro?

Veja, amigo, se você pode ler um livro de física e entender tudo nele, é razoável concluir que sua compreensão do assunto está à altura do físico que o escreveu? Se pudéssemos entender tudo sobre Deus, se pudéssemos entender tudo na Bíblia, se nossa mente pudesse captar tudo, então como poderia Deus ser superior a nós? Queremos um Deus com nossa estatura? Poderíamos confiar em um Deus com a mesma sabedoria nossa? Isto não é um pouco ridículo para mentes que Deus criou, colocá-Lo em julgamento e rejeitá-Lo por não conseguirmos entender tudo sobre Ele?

Vemos o fogo em um trovão e chamamos de eletricidade; mas não entendemos. Não entendemos como as nuvens recebem aquelas cargas. Nem mesmo entendemos como um ovo de passarinho choca. Então, seria alguma surpresa que muita coisa sobre Deus seja um mistério? Seria surpresa nós não conseguirmos entender como Deus já existia antes de todas as coisas, como Deus pode ser três pessoas e ao mesmo tempo uma pessoa, ou como o Filho de Deus pode ter vindo à terra e nascido de uma virgem?

Ouçam, o amor e a fé fazem par com o mistério. A razão não tem que deixar de existir. Ela pode ajoelhar-se em reverência perante aquilo que ela não entende.

Oh, amigo, precisamos descer de nosso pedestal e parar de tentar trazer Deus para nosso nível, onde podemos manipulá-Lo. Precisamos parar de nos preocupar com o mistério e encontrar paz de espírito no que a Bíblia nos revela sobre Deus.

Infelizmente, o que Deus nos tem dito sobre Si mesmo tem sido embaçado e tornado confuso pelos termos teológicos que nos afastam com medo. Palavras como onipotente, onisciente, onipresente e imutável. Mas você sabe de uma coisa? Essas palavras não têm a finalidade de nos assustar. Essas palavras, se nós as traduzirmos para termos simples que possamos entender, nos dariam uma tremenda paz de espírito. Por exemplo: a primeira palavra que eu mencionei: ONIPOTENTE. Isso apenas quer dizer que Deus é Todo-Poderoso, que tem todo o poder. Não existe nenhum poder, nenhum grau de poder que Deus não tenha. Deus disse de modo simples quando disse a Jeremias. (Jeremias 32:27). Deixemos a palavra de Deus falar. Ela esclarecerá muitas coisas. "Eis que eu sou o Senhor, o Deus de todos os viventes; acaso haveria coisa demasiadamente maravilhosa para mim?"

Nada é demasiadamente maravilhoso para Deus. Você não gosta disso? Não lhe traz paz de espírito saber que Deus não vai deparar com nada que não possa resolver no universo ou em sua vida pessoal? Se Ele pôde criar o mundo, Ele deve ser capaz de resolver tudo o que possa surgir em sua vida ou na minha, você não acha?

Dizem-nos que Deus é ONISCIENTE. Não deixe que isso assuste você. Só quer dizer que Deus sabe tudo. Ele conhece tudo. Até mesmo o próprio futuro. Isaías 46:9 e 10. Que confiança! Vejam: "... eu sou Deus e não há outro semelhante a mim; que anuncio o fim desde o princípio e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam."

Isso não lhe dá paz de espírito? Isso não lhe dá confiança? Deus sabe tudo sobre o futuro. Se houver alguma coisa no futuro que precisamos saber, Ele nos dirá. Sabemos disso porque Ele disse àquele profeta menor do Antigo Testamento chamado Amós. Capítulo 3:7: "Certamente o Senhor Jeová não fará coisa alguma sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas."

E por que ele diz aos profetas? Para que eles digam a nós.

Bem, existe a IMUTABILIDADE de Deus. Esta palavra simplesmente quer dizer que Deus nnão muda. Ele será sempre o mesmo. Ele não pode mudar para melhor porque já é perfeitamente santo, perfeitamente justo e perfeitamente bom. E Ele não poderia mudar para pior, porque se o fizesse deixaria de ser Deus. Diz Deus em Malaquias 3:6: "Porque eu, o Senhor, não mudo."

Lemos também em Hebreus 13:8. A Bíblia está repleta disso. Viu só? Nós só precisamos estudá-la mais. Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente,

Não é maravilhoso? Você alguma vez já imaginou o que havia por trás destas palavras difíceis? Deus nunca muda, Ele não é suscetível a mau humor. Ele não se compromete. Ele nunca é levado ou persuadido a fazer uma coisa imprudente. Não temos que nos preocupar em como Ele estará amanhã.

Então dizemos que Deus é ONIPRESENTE. Onipresente, e isso é claro, significa que Deus, por Seu Espírito, está em todos os lugares ao mesmo tempo. Jesus disse, e está registrado em Mateus 28:20: "... e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos."

Você não gosta disso? Nunca está sozinho. Deus está ali do nosso lado quando precisamos dEle. Não temos que ser incluídos na lista de espera. Sabemos como elas são. Não somos colocados de lado porque Ele saiu para cuidar de uma galáxia em algum lugar. Não caímos de joelhos em uma emergência para descobrir que Ele tem dezessete mil pessoas na frente para serem atendidas. Não! Ele está sempre com você, dando total atenção, como se você foesse a única pessoa a existir. Não consegue entender isso? Bem, nem eu, mas graças a Deus por isso. O que me diz?

Bem, agora chegamos ao que parece ser a mais simples de todas as declarações sobre Deus. O apóstolo João diz em três palavras. I João 4:8: "Deus é amor."

A mais simples de todas? Não, a mais complexa de todas, a mais difícil de entender. João não disse: "Deus é amoroso." Muitas pessoas podem ser amorosas. Ele não disse: "Deus exercita o amor." Muitas pessoas fazem isso, às vezes. Ele disse: "Deus é amor." Amor no absoluto. Não existe nenhum outro assim, tão amoroso. Seria impossível ser mais amoroso.

Você já notou que cada um desses atributos de Deus, dessas características de Deus está no absoluto? Poder absoluto, sabedoria absoluta, amor absoluto. Tão poderoso que seria impossível ter mais poder. Tão sábio que seria impossível ser mais sábio. Tão amoroso que seria impossível ter mais amor. Percebe o que isso quer dizer? Se Ele tem poder absoluto, sabedoria absoluta e amor absoluto, então nós temos segurança absoluta ao confiarmos nEle. O apóstolo Paulo diz o que está registrado em Romanos 8:28: "E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus..."

O que temos a temer? Sabemos que Deus pode nos conduzir, por mais misterioso que possa parecer no momento, por mais difícil que possa ser de entender, podemos ter total confiança em Sua direção. Deus nunca comente um erro. Se o que Ele faz por nós é a coisa mais amorosa possível, o que mais podemos querer? Pense sobre isto assim: Por Deus ser Todo-Amoroso, Ele quer que tenhamos o melhor. Por Ele ser Todo-Sábio, Ele sabe o que é melhor. E por Ele ser Todo-Poderoso, Ele é capaz de realizar isso.

Deus é amor. Levará toda a eternidade para se entender um Deus assim, mas é preciso apenas um momento para confiar nEle. É preciso apenas um momento para descobrir a paz de espírito que advém quando apenas começamos a conhecê-Lo.

O homem, por sua rebelião, separou-se de Deus. O feliz relacionamento foi quebrado. Deus queria restaurá-lo. Século após século Ele tentou. Mas como os homens iriam entender como era Deus? Palavras e mensagens através dos profetas e anjos não eram suficientes. Assim, Deus mandou Jesus mostrar como é Deus. Por isso é que Ele veio. Veja-O andando vila após vila, curando todos os enfermos. Ouça-O dizendo à mulher, cujos acusadores a haviam arrastado até Sua presença: "Eu também não te condeno. Vai e não peques mais." Veja-O fazendo uma longa viagem porque sabe que uma mulher de uma nação estrangeira queria que sua filha fosse curada. Veja Jesus alimentando as pessoas que tinham fome. Maravilhe-se com Sua paciência com os doze homens que queriam, todos eles, ser os maiores. Fique embevecido ao vê-Lo lavando os pés daquele que iria traí-Lo. Veja-O orando no jardim, esmagado com o peso de um mundo culpado. Veja-O tentado a chamar legiões de anjos para retirá-Lo deste planeta hostil. Veja Jesus grandemente tentado a descer da cruz e mostrar a todos quem Ele era. Veja-O finalmente, permanecer lá até o final, até Sua obra estar consumada, porque Ele lembrou-Se de você, lembrou-Se de mim. Assim é Deus.

Amigo, você entende um pouquinho mais a respeito de Deus após estes breves momentos? Nenhum outro conhecimento nos traz tamanha paz de espírito.

Um professor, no fim do ano letivo, na prova final, fez esta última pergunta: "Diga uma coisa, do que você aprendeu este ano, o que permanecerá em sua mente nos próximos cinco anos?" Um jovem estudante respondeu a esta pergunta com uma única palavra: "Você!"

Bem, um dia, muito breve, todos enfrentaremos a prova final. E se Deus nos perguntar: "Diga uma coisa: o que aprenderam que permanecerá com vocês para sempre?" Espero que cada um de nós responda: "Tu, Senhor! Tu, Senhor!"


 


 

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O ÚLTIMO SINAL

Pr. George Vandeman

TOPO

 

Mal podíamos acreditar que estava acontecendo. Após sete décadas de opressão comunista, a liberdade surge por toda a Rússia. Uma a uma, as antigas repúblicas soviéticas vêm se livrando de seus aguilhões. Mentes ponderadas no mundo inteiro têm pensado: Será que algum tipo de profecia estaria se cumprindo? Tudo começou na Polônia, no início dos anos oitenta. Liderados por Lech Walesa, os membros do Sindicato Anticomunistas Solidariedade rebelaram-se contra seus opressores. Ano a ano eles foram ficando cada vez mais fortes. A Solidariedade voltou a agir durante a greve de 1988 nos estaleiros Gdansk. Breve, a Polônia teria, pela primeira vez, seu primeiro-ministro não-comunista desde o fim da Segunda Guerra Mundial. De Varsóvia, o fogo pela liberdade se espalhou por toda a Europa Oriental. Multidões revoltadas pelas ruas de Praga exigiam liberdade ou morte, assim como o bravo povo da Hungria e da Bulgária. Aí veio também a Alemanha. De repente, milhares de berlinenses orientais estavam cruzando o muro. Que surpresa foi aquilo! Estarrecidos, os guardas da fronteira, treinados para atirar, só conseguiam acenar para eles. Berlinenses ocidentais recebiam de braços abertos seus visitantes inesperados. Estranho se abraçando calorosamente e misturando suas lágrimas, lembra-se? Parentes há muito separados encontrando-se novamente. Incrível, mas verdadeiro, o muro de Berlim não existia mais. Até a Romênia e a Albânia livraram-se de suas algemas do comunismo. Finalmente veio a incrível libertação da União Soviética. Ninguém, nem mesmo o observador mais otimista em assuntos mundiais teriam imaginado tanta mudança em tão pouco tempo. O que estava acontecendo? Por que o comunismo ruiu? O povo estava cansado da pobreza e da paralisia econômica. Eles queriam liberdade política, sem dúvida, mas além do aspecto político estava o anseio pela realidade espiritual, algo em que acreditar. Na verdade, alguém em quem acreditar. Um Deus para amá-los, salvá-los e guiar seu destino. Por trás das cenas, nosso Pai Celeste tem realizado o Seu propósito divino. Você sabia que Ele está cumprindo uma promessa que fez há muito tempo? Uma promessa que tem que ser cumprida antes do final dos tempos, antes de Jesus voltar? Pouco antes de deixar este planeta, Jesus fez diversas predições concernentes aos eventos do futuro do mundo, todas elas tornando-se realidade hoje. Em Mateus 24:7 e 8, lemos: "Porquanto se levantará nação contra nação e reino contra reino e haverá fomes e pestes e terremotos em vários lugares. Mas todas estas coisas são o princípio de dores." Guerras, fomes, terremotos! Sem dúvida, temos muitas dessas calamidades, mas Cristo continuou nos versículos 11 a 13: "E surgirão muitos falsos profetas e enganarão a muitos. E por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará. Mas aquele que perseverar até o fim será salvo." Sim, muitas coisas ruins iriam acontecer no final dos tempos, disse Jesus. Isso certamente tem acontecido. Mas entre todas as coisas ruins algo bom iria acontecer por todo o mundo, algo maravilhoso conforme afirma o versículo 15: "E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo em testemunho a todas as gentes e então virá o fim". Aí teremos o último sinal que introduzirá o fim do mundo. O Evangelho de Jesus Cristo será pregado por todo este planeta, até por trás da antiga cortina de ferro, e isso é o que vemos acontecendo hoje. Mesmo em meio a todo o turbilhão político na Europa Oriental, o surgimento e a queda de governos, Deus tem aberto portas para que Seu Evangelho seja proclamado ao mundo inteiro. Somente então Jesus poderá voltar. Você e eu temos um papel vital nesse cenário. Todos os cristãos sinceros, de qualquer denominação, devem levar a sério e ordem de Cristo partilhar o Evangelho. A igreja que eu represento, os Adventistas do Sétimo Dia, está levando a sério sua responsabilidade. Meu grande amigo Paul Harvey disse à sua audiência nacional que os Adventistas estão bem à frente daqueles que proclamam as profecias do breve retorno de Cristo. Você conhece os Adventistas do Sétimo Dia? Nosso nome é tirado de duas verdades básicas sobre Jesus. Adventistas, refere-se à crença de que Jesus virá em breve. Qualquer pessoa que crer nisso é um adventista, basicamente. "Sétimo dia" é para que todos saibam que observamos o dia que honra a Cristo como Criador e Redentor, de modo que o nome "Adventista do Sétimo Dia" proclama a verdade sobre Jesus, verdade desprezada que precisava ser recuperada para completar a reforma protestante. Portanto, esta grande verdade que tem sido desprezada através dos séculos é o ensinamento da segunda vinda de Jesus. Voltando aos dias dos apóstolos, esta era a obsessão ardente daqueles primeiros cristãos. De fato, o apóstolo Paulo proclamou a volta de Cristo como sua "abençoada esperança" e com o passar dos séculos, o segundo advento de Jesus parecia quase esquecido. Aí, chegou o ano de 1840. Homens e mulheres de várias denominações em todo o mundo e até crianças começaram a proclamar que Jesus breve retornaria e interromperia a vida como conhecemos aqui no planeta Terra. O Movimento Adventista na América do Norte foi liderado, a princípio, por um pastor leigo batista, chamado Guilherme Miller. Ele era um patriota americano, um capitão na guerra de 1812. Ele era um cético declarado que ridicularizava a religião. Mas então experimentou uma conversão dramática e tornou-se pastor batista. Milhares de pessoas de todas as classes reuniam-se para ouvi-lo pregar. Miller aprendeu através de estudos que Jesus, agora seu amigo e salvador, tinha prometido retornar a Terra. Tal convicção o impressionou tanto que ele sentiu a responsabilidade de espalhar as boas novas a respeito da breve vinda de Cristo. Mesmo não sendo um orador treinado, sua consciência continuava a lhe dizer: "Vá e diga ao mundo". E foi exatamente isso que ele decidiu fazer. Assim, um reavivamento ocorreu de uma extremidade à outra do leste dos Estados Unidos. Embora os Adventistas Mileritas ficassem desapontados pelo Senhor não aparecer quando eles O esperavam, nem todos perderam a esperança. Estudos adicionais convenceram alguns deles que Cristo viria realmente em breve. Desses estudiosos da Bíblia, surgiu a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Muito antes, porém, existiu um movimento religioso que tinha sofrido uma grande decepção semelhante: a própria Igreja Cristã. Quando Jesus morreu na cruz, Seus discípulos se sentiram esmagados, confusos e praticamente derrotados. A zombaria dos incrédulos soava em seus ouvidos enquanto pranteavam. Lucas 24:21 diz: "Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel". Embora a expectativa dos discípulos tenha falhado, Deus continuava com eles. Ele os conduziu o tempo todo e planejou um futuro brilhante para o movimento cristão. Do mesmo modo, os Adventistas foram conduzidos por Deus durante seu grande desapontamento. Apesar de muitos ficarem desanimados e desistirem da abençoada esperança, outros se tornaram ainda mais convencidos de que Deus os estava conduzindo e tinha plano para o seu futuro. Assim, durante o último século e meio, congregações Adventistas do Sétimo Dia se espalharam em quase duzentos países ao redor do mundo. Você sabia que os Adventistas estão agora entre os grupos cristãos de crescimento mais rápido? Quase 2 mil seguidores se unem à igreja a cada dia. Isso dá uma média de 750 mil a cada ano entrando para essa família de crentes. O número de membros no mundo é de quase 7 milhões. Existem muitas boas razões pelas quais tantos cristãos estão com a atenção voltada para os Adventistas. Eles crêem que esse grupo conseguiu ajuntar preciosas gemas de luz - as verdades desprezadas dos séculos. Primeiramente, a fé em Cristo dos Luteranos, e também o batismo por imersão dos Batistas. O interesse no crescimento cristão e o viver pleno do Espírito dos Metodistas e Carismáticos. O respeito pela moralidade dos Católicos e o sábado, defendido por nossos ancestrais Judeus e guardado por Jesus e os apóstolos. Todas essas verdades os Adventistas reuniram num corpo de crença. Deus tem abençoado essa família de crentes. Os Adventistas administram mais de 600 hospitais e instituições médicas em todo o mundo. O Centro Médico da Universidade de Loma Linda tem sido um líder em transplantes de corações em crianças e agora, o centro de Terapia com Raios Próton para tratamento do câncer. Como serviço à comunidade, também oferecemos seminários para deixar de fumar, cursos para perda de peso bem como aulas sobre cozinha vegetariana. Através da ADRA, Agência de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais, nossa Igreja atende imediatamente às catástrofes em qualquer parte do mundo com alimentos, roupas e suprimentos médicos. Muitas congregações locais possuem Centros de Serviço Comunitário operados por voluntários que ajudam os famintos e os desabrigados em sua recuperação. Os Adventistas crêem na educação cristã também, mantendo 5 mil escolas elementares e secundárias em todo o mundo e mais de noventa faculdades e universidades. Também apresentamos o Evangelho através do ar com o programa de rádio "A Voz da Profecia" e o programa de TV "Estilo de Vida em Revista" (Lifestyle Magazine). O programa "Está Escrito" aplica os ensinos bíblicos aos assuntos contemporâneos e às necessidades humanas. Para os telespectadores americanos negros, temos o programa "Breath of Life" (Sopro de Vida) e para os milhões de americanos hispânicos temos o programa de rádio "La Voz de La Esperanza" (A Voz da Esperança). Todos esses ministérios estão reunidos no Centro Adventista de Comunicações em Newbury Park, Califórnia. Através da Estação Adventista de Rádio Mundial KSDA, localizada na Ilha de Guam, no Pacífico, nossa Igreja transmite o Evangelho para a Ásia. Dia a dia nossa transmissão cristã em ondas curtas penetra funda na China, atingindo milhões de almas oprimidas e ávidas. No sul da Europa, a Rádio Adventista Mundial está preparada para se estender, em nome de Jesus Cristo, ao Oriente Médio e às massas islâmicas. Muitos povos do mundo podem agora ouvir ou ver um programa Adventista. Desde 1956 este programa, "Está Escrito", tem tido o privilégio de ser um dos mais assistidos programas evangelísticos. Nesses últimos anos, o "Está Escrito" tem sido assistido pelos europeus que falam inglês de vinte e duas nações através do supercanal. Pesquisas revelam que nossa média de audiência é de pessoas com 30 anos. A transmissão pelo supercanal torna o programa disponível à cerca de 24 milhões de lares, aproximadamente 50 milhões de pessoas, com o total aumentando sempre. Não faz muito tempo eu estava entrando num avião da Singapore Airlines quando um funcionário do aeroporto exclamou: "Pastor Vandeman, eu o vi domingo passado em Roma, Itália". Ele não me viu pessoalmente, é claro, e sim no programa. Recentemente em Washington, DC, conheci um jovem alto, diplomata da Holanda que me disse: "Eu o assisti, Pr. Vandeman, domingo passado na Holanda e eis o que o senhor disse..." É emocionante poder partilhar a proclamação do Evangelho nestes últimos dias ao redor do mundo. Há apenas um ano, quando visitamos a Rússia pela primeira vez para preparar as minisséries "Os Camaradas em Cristo", foram recebidos no Q.G. nacional da Televisão Soviética. Fomos convidados a aparecer ao vivo em "Boa Noite Moscou", o programa popular das noites de sábado, assistido por 20 milhões de russos todas as semanas. Após uma agradável meia hora junta quando exibimos porções dos programas "Está Escrito" traduzidos em russo, imagine como me senti quando o apresentador Sergei pediu para eu abrir o coração aos telespectadores. Eu disse: "Vocês têm sido inundados com novas idéias, novas oportunidades, novos desafios, nova liberdade. E estão tentando se ajustar a elas e tirar o máximo de vantagens delas. A este povo maravilhoso eu gostaria de dizer que em todos os seus planos para o futuro, por favor, levem em consideração as reinvindicações de Cristo, e assim encerro. Muito obrigado." Aquela crescente amizade com Sergei fez com que o programa "Está Escrito" seja apresentado hoje, na televisão russa, de forma regular e em âmbito nacional. Este programa, em rede, alcança mais de 280 milhões de pessoas famintas espiritualmente. Algumas de nossas experiências mais emocionantes vêm do que antes era a União Soviética. Em Moscou, um dos chefes principais da televisão russa levou-me à sua sala nos Escritórios Centrais. Ele olhou com sinceridade em meus olhos e me informou sua convicção pessoal: "O senhor foi convidado para ser a voz moral para o meu país". Este é um pensamento solene. São palavras solenes que trazem perturbação, bem como uma convicção desafiadora. Nossa equipe de produção vem trabalhando além do horário normal para adaptar o nosso programa para aquela grande terra. Gostaria que você pudesse ter estado comigo em Moscou recentemente, na cruzada evangelística realizada pelo meu amigo Mark Finley. Veja o que o próprio Mark conta sobre esse trabalho: "Venha comigo a Moscou. Deus miraculosamente abriu as portas da liberdade para a proclamação do Evangelho. Durante o mês de julho tive o privilégio de realizar uma série de encontros evangelísticos no pavilhão Plahaov de Moscou, com capacidade para mil pessoas sentadas. Para nossa total surpresa, cerca de 2 mil pessoas lotaram o local para a apresentação da abertura intitulada "Encarando o Futuro com Confiança". Havia pessoas em pé nos corredores e outras aglomeradas nas portas. Muitas até sentaram-se no chão e centenas mais ficaram na rua tentando entrar. A única saída foi programar duas sessões idênticas cada noite, uma às cinco da tarde e outra às sete da noite. "Imagine nossa surpresa quando chegamos ao pavilhão às três horas e já havia longas filas tentando entrar duas horas antes. O auditório ficou totalmente lotado com cerca de 3 mil pessoas. Quando oferecemos ao auditório Bíblias grátis se eles completassem um curso bíblico de 20 lições, rapidamente se esgotaram as 3 mil Bíblias. Cerca de 55 mil lições bíblicas completas nos foram devolvidas em três semanas. Nossas reuniões se tornaram tão populares em Moscou que o programa noturno de TV chamado Boa Noite Moscou, assim como o programa para toda a União Soviética, Manhã, divulgaram os encontros evangelísticos. Especialistas da TV soviética estimaram que cerca de 35 milhões de pessoas ouviram o apelo para aceitarem a Jesus Cristo como salvador, transmitido ao vivo durante o noticiário noturno. Em 27 de julho, cerca de 3.500 pessoas se reuniram junto a um lindo lago em Moscou. "Milagrosamente, o governo comunista, pela primeira vez em 50 anos, deu permissão para batismos ao ar livre num magnífico parque em Moscou. Dez ônibus trouxeram os candidatos ao batismo até o local. Foi uma das maiores alegrias da minha vida participar do batismo de mais de 500 pessoas naquele bonito lago. "As palavras de Jesus: "e este evangelho do reino será pregado em todo o mundo como testemunho a todas as nações", estão se cumprindo diante de nossos olhos. Regimes despóticos têm sido banidos, presidentes autoritários têm sido afastados e nosso Deus soberano está marchando através do mundo, abrindo portas para a proclamação do Evangelho." O sábado do batismo foi um dos mais belos dias da minha vida. Foi emocionante! Câmeras de televisão russa gravaram a cena. Desde aquele dia eu posso lhe assegurar que os trajes batismais têm imergido naquele lago repetidas vezes. O povo russo está faminto pela verdade bíblica e não só eles, mas pelo mundo inteiro as pessoas estão buscando esperança e socorro em Cristo. Vamos atravessar o Atlântico e ir até o Brasil por um momento. Agradeço a Deus que no Brasil o programa "Está Escrito" está sendo transmitido por cerca de 127 emissoras de televisão. Músicos brasileiros, cantando em português - os Arautos do Rei, Sonete, Fernando, Alessandra Samadello e Eclair, têm sido editados nos programas originais. O programa agora está disponível para mais de 40 milhões de pessoas. Outras partes no grande continente da América do Sul também estão se abrindo. Na América do Norte, nos Estados Unidos e no Canadá, o Senhor continua a expandir o nosso alcance como tem feito nos últimos 36 anos. As respostas às ofertas semanais do programa, pedidos de orações ou outros pedidos são o tempo todo apresentadas. Por isso louvamos a Deus, autor de todas as bênçãos. Embora o "Está Escrito" atinja multidões, só alcançamos as pessoas uma a uma. Nossa audiência é composta de telespectadores individuais, com necessidades individuais. Cada pessoa que assiste a esse programa é preciosa a Deus. Você também é precioso para mim. Jamais esqueça disso. Amigo, sejam quais forem as circunstâncias, tenha coragem. Jesus está disposto e em condição de ajudar você. Se confiar a sua vida a Ele, Ele perdoará seus pecados e também o ajudará a superar qualquer situação, por mais difícil que seja. Você pode honrá-Lo e guardar Seus mandamentos neste mundo de pecado. O Cristo vivo é o poder que você precisa para ser o tipo de cônjuge, o tipo de pai, o tipo de amigo que deseja ser. Peço que aceite esse poder do Salvador agora mesmo. Jesus está voltando. Onde você estará naquele dia? Estará entre os fiéis a Deus? Desejo que você faça a escolha certa


 


 

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LUTANDO PARA ACERTAR

George Vandeman

TOPO

 

    Você já parou alguma vez para pensar no que realmente acontece no casamento? Não apenas o que os vizinhos vêem, não apenas o que se diz aos colegas de trabalho, mas o que acontece de fato.

    Após os votos diante do altar e as tradicionais fotos para o álbum, após o bolo, os salgados e o tilintar das taças terem acabado, que tipo de pressões forçam os laços do matrimônio?

    Imagine um diálogo bastante familiar. João e Helena estão contando a alguns amigos detalhes sobre uma recente viagem de férias:

    – E logo atrás do Grand Canyon, vimos uma pequena loja de cerâmica indígena – diz João.

    A esposa de João interrompe:

    – Não, querido, isso foi lá em Colorado.

    – Como em Colorado? – replica João indignado.

    – Nós já levávamos a cerâmica quando vimos o Grand Canyon – explica Helena.

    – Mas você não se lembra de todas aquelas lojinhas no Novo México, Helena?

    – Sim, querido, mas compramos a cerâmica em Colorado.

    E o diálogo prossegue:

    – Tenho certeza que foi no Arizona.

    – Não, João, foi em Pueblo, Colorado.

    Esse diálogo lhe parece familiar? Talvez você conheça um João e uma Helena, ou Jorge e Gláucia; ou Rui e Anita. Talvez o diálogo tenha ocorrido em sua casa.

    A discussão sobre quem está certo tem origem em uma porção de coisas: "quem deixou a luz do banheiro acesa ontem à noite", ou "quem esqueceu de botar o lixo lá fora". A discussão sobre quem está certo parece ocorrer o tempo todo. Afinal, é bastante humano querer estar certo. Mas infelizmente, quando isso ocorre, significa querer provar que o outro está errado.

    Em toda a interação no casamento, logicamente, existem diferenças de opiniões, pois são muitas as experiências compartilhadas, responsabilidades divididas e expectativas não ditas. O problema é que, com freqüência, discutimos mais do que apenas nossas opiniões. O certo ou errado não resolvem totalmente a questão. Quando lutamos para estar certos, estamos tentando proteger nossos valores como pessoa.

    Pouco importa se a cerâmica foi comprada no Arizona ou Colorado, o ego de duas pessoas é que está em jogo. Deixar a luz do banheiro acesa não é um grande desastre, mas pode se tornar a fagulha que acenderá o fogo de uma briga.

    Certa vez, uma moça recebeu um cartão bastante singular. Quando aberto, ele tocava a música: "Deixe-me chamá-la de meu amor", alimentado por uma pequena bateria escondida na capa. Porém, a moça deixou o cartão cair atrás de uma cômoda muito pesada e não conseguiu tirá-lo de lá. Assim, o cartão ficou tocando "Deixe-me chamá-la de meu amor" durante alguns dias.

    Os casamentos às vezes têm um problema parecido: podem se transformar numa ladainha entediante. Nossa necessidade de carinho acaba se transformando em lamentação.

    Estar apaixonado não muda o fato de que somos humanos. Ainda queremos e precisamos estar certos. Muitos bons casamentos afundam em "briguinhas" triviais na tentativa frustrada de saber quem está com a razão. Muitos casais aprendem a viver com isso. A luta competitiva, a luta para estar certo, é aceita como um fato da vida de casado.

    Mas esse atrito pode ser evitado em seu casamento. O conflito não tem que ser a regra. Existe saída até para as brigas crônicas.

    Uma das verdades centrais da Palavra de Deus coloca todas as nossas discussões na perspectiva exata. Temos que aprender a olhar o relacionamento conjugal como olhamos nossa situação com Deus.

    O Novo Testamento mostra que o modo como Deus nos salva pode nos ensinar a crescer no processo do relacionamento. A salvação é freqüentemente descrita como um veredito de inocência que Deus concede ao indefeso pecador.

    Nosso ponto de partida, como cristãos, é que estamos errados, inteiramente imperfeitos. A Palavra de Deus é bastante clara nesse ponto. Paulo diz em Romanos 3:23: "Porque todos pecaram, e destituídos estão da glória de Deus."

    Todos estamos diante de Deus, um ser sagrado. Perante Sua justiça, nossa bondade parece trapos sujos. Deus é o único que está cem por cento certo, cem por cento das vezes. A interminável luta do homem para estar certo, ou seja para se justificar, é uma causa perdida. Nossas disputas sobre quem está certo quem é o culpado são brigas sem sentido em uma guerra que já está perdida.

    Há poucos anos, um velho soldado japonês foi capturado em uma das ilhas do Extremo Oriente. Esse homem havia perdido há muito tempo o contato com sua unidade de guerrilha. Mas, muito dedicado, ele continuava com sua luta militar anos após a trégua. Ele não sabia que a guerra havia acabado.

    Esta é a primeira coisa da qual precisamos nos conscientizar: a guerra terminou. Diante de Deus estamos errados. Esse fato elimina a necessidade de se discutir sobre quem está certo, destrói a idéia de que devemos competir por uma quantidade limitada de exatidão e aniquila o conceito de que se um cônjuge estiver certo, o outro tem de estar errado.

    Os casais com esta atitude geralmente experimentam o que pode ser chamado de "casamento gangorra". Na gangorra, cada parceiro tenta abaixar o outro para que ele mesmo possa subir. Essa é uma brincadeira de criança, freqüentemente usada por adultos.

    Por outro lado, a salvação de Deus mostra que ambos devem começar no mesmo lado da gangorra. Diante de Deus, marido e mulher estão no mesmo nível. Sua bondade própria não lhes adiciona força. Não pode levantá-los. Um pode vencer uma discussão, mas ambos não saem do lugar; continuam balançando na gangorra.

    Reconhecer o erro, entretanto, não é razão para desespero. Na verdade, é o primeiro passo para encontrar a exatidão e a segurança. Jesus morreu especificamente pelos pecadores. Eles são os únicos que precisam do perdão. Deus nos convida para irmos até Ele baseados nisto: precisamos confessar nossos erros para receber o Seu perdão. Quando colocamos nosso destino em Cristo, somos considerados certos ou justificados. Em Efésios 1:6, Paulo relaciona todas as coisas maravilhosas que Deus faz aos crentes e entre elas, está o seguinte: "Ele (é Deus, o Pai) nos fez agradáveis a si no amado."

    Quem é o amado? Jesus Cristo! Você e eu somos agradáveis em Cristo. E, por causa dessa divina aceitação, podemos admitir alegremente que estamos errados, porque também estamos seguros. Não ficamos mais sob pressão para insistir nas questões do "estou certo".

    Um pastor me contou uma vez sobre um problema que tinha. Um homem chamado Gilson, que parecia adorar criticar, jogava a maior parte de suas críticas sobre o pastor e por isso tornara-se uma pessoa bem desagradável na congregação. Um dia, Gilson escreveu uma carta longa e revoltada enumerando suas queixas.

    Quando o pastor a leu, ficou chocado com a lista de acusações. Ele sabia que tinha uma boa resposta para cada uma delas, sabia que podia fazer o homem engolir todas aquelas calúnias. Mas o pastor começou orar a respeito e decidiu agir de maneira bastante diferente. Ele enviou uma breve carta ao Gilson contendo apenas cinco palavras: "Por favor, ore por mim." Essa foi a única resposta à longa lista de acusações de Gilson.

    As poucas palavras da carta do pastor puseram fim a todas as críticas. A raiva esfriou e os dois homens, por incrível que pareça, se tornaram bons amigos.

    "Por favor, ore por mim." Não é confortador? Que maravilha seria se essa atitude caracterizasse o casamento!

    Deus vê todas as nossas fraquezas e ainda nos considera Seus filhos. Assim fica mais fácil nos tornarmos vulneráveis perante os outros. Se eu posso admitir meus erros perante o Deus Todo-poderoso, também posso admiti-los diante da minha esposa. Além disso, provavelmente, tenha sido eu mesmo quem "deixou a luz do banheiro acesa".

    Quando recebemos a salvação de Deus, um tipo de justiça totalmente novo é estabelecido. Adquirimos nova identidade. E essa nova justiça nos qualifica a partilhar de uma bênção maior de Deus – a de ter um Advogado, um Defensor, Jesus Cristo.

    O apóstolo Paulo considerava suas credenciais da posição elevada como lixo comparadas ao valor de sua justificação conseguida através da graça. Ele insistia através de suas cartas que essa era a única justiça que importava.

    Os textos das Escrituras descrevem esse tipo especial de justiça de vários modos. Para o apóstolo João era como ser adotado. Ele exclamou maravilhado que somos chamados "filhos de Deus".

    Pedro nos descreveu como sendo "redimidos" pelo sangue de Cristo. Ele chamou de crentes as pessoas reivindicadas por Deus como Suas.

Paulo falou dos fiéis como "pessoas em Cristo", totalmente identificadas com Ele.

    Jesus descreveu uma vez aqueles que nEle crêem, como "ovelhas" que pertenciam a um bom pastor. Ninguém poderia tirar essas ovelhas das mãos do pastor.

    Todas essas descrições nos mostram um maravilhoso senso de posse. Os crentes estão nas mãos de Deus. Eles sentem uma profunda segurança. Eles sabem onde estão pisando.

    Quando passamos a entender o tipo de aceitação de Deus não sentimos necessidade de recorrer à expressão: "eu não disse?" Apesar de alguns fazerem questão de estarem certos, não temos que lutar por uma posição de superioridade no casamento. Já desfrutamos de uma posição privilegiada em Cristo e isso nos satisfaz. Em vez de estarmos ruidosamente errados, podemos estar silenciosamente certos.

    Ficar revoltado ou furioso para provar um ponto de vista somente indica que perdemos nossa verdadeira posição. Por que nos  defendermos desesperadamente quando temos um Advogado tão competente, Jesus Cristo?

    Lutar para estar certo, como guerrear pela paz, é uma contradição.

    Próximo do final do Seu ministério, Jesus foi repetidamente tentado a entrar nessa luta para estar certo. Foi uma provação terrível. Começou na noite de sexta-feira no Jardim do Getsêmani. Uma multidão correu até Jesus e Seus discípulos com tochas, açoites e espadas, e exigiu ver Jesus de Nazaré. Ora, Jesus podia ter aniquilado aquela multidão num instante, mas, em vez disso, respondeu calmamente:

    – Sou Eu.

    Na corte de Caifás, Jesus ouviu pacientemente os informantes subornados testemunharem contra Ele, mas não disse uma palavra para contradizê-los. Jesus não precisava lutar para estar certo.

    A multidão arrastou Jesus até o salão de julgamentos de Pilatos. Os sacerdotes enraivecidos apresentaram uma acusação após outra contra o humilde Rabi. Mas, para surpresa de Pilatos, Ele nada respondeu.

    Pilatos O enviou aos seu superior. O corrupto imperador Herodes O interrogou detidamente. Os sacerdotes voltaram a humilhá-Lo e mais uma vez Jesus ficou em silêncio.

    A multidão levou o Prisioneiro de volta ao governador romano. Dessa vez, Pilatos levou Jesus a um canto e O interrogou em particular. Mas Jesus não apresentou qualquer defesa. Ele nada disse sobre Seus acusadores hipócritas.

    Então, o Salvador foi pendurado na cruz em agonia. Aqueles sacerdotes e escribas O rodearam como animais predadores. Zombaram de sua vítima agonizante. Chegaram a gritar:

    – Ele salvou a outros, mas não consegue salvar a Si mesmo.

    Mesmo assim, Jesus não revidou. Permaneceu em silêncio diante de Seus acusadores até o fim, sem se defender. Jesus não precisava lutar para estar certo.

    Nós também não precisamos lutar, porque temos uma posição segura em Jesus Cristo. Temos uma fonte divina de aceitação. Podemos estar ruidosamente errados ou silenciosamente certos.

    Vamos ver como isso tudo pode ser aplicado às discórdias no casamento. O assunto de nossa salvação é muito importante, entretanto, alguns fatos da vida devem ser discutidos. Qualquer que seja nossa posição com Deus, alguém tem que "levar o lixo para fora".

    Portanto, o que marido e mulher devem fazer no meio de uma briga? Admitir suas queixas e erros em lugar de lutarem para estar certos. Em primeiro lugar, uma profunda consciência de nossa posição com Deus muda a natureza de nossas disputas. Elas não precisam mais ser tentativas disfarçadas para obter segurança. Podemos resolver os verdadeiros problemas agora.

    Podemos também começar a entender a necessidade de um mediador. Podemos necessitar de uma terceira pessoa em nossos desacordos conjugais. Em vez de duas pessoas fazerem reivindicações conflitantes de estarem certas, duas pessoas erradas procuram a justiça de Deus. Podemos focalizar nosso debate na direção de Cristo. Somente Deus tem a perspectiva apropriada. Só Ele pode dar uma solução justa ao problema.

    Uma escritora cristã recentemente descobriu as características que as famílias saudáveis têm em comum. Ela buscou os especialistas, entrevistando mais de quinhentos professores, pastores e conselheiros que trabalham com famílias. Você sabe o que esses profissionais pensavam ser a característica mais importante de uma família saudável? Comunicação e atenção foram as campeãs da lista.

    Quando marido e mulher ouvem juntos a Cristo, e um ao outro, a verdadeira comunicação se desenvolve naturalmente. No silêncio submisso, é mais fácil ouvir o que a outra pessoa está realmente dizendo. Ficamos mais atentos a suas necessidades. E, quando focalizamos as necessidades um do outro, nós paramos de competir.

    Aqueles quinhentos professores enfatizaram um outro traço de uma família saudável. Em segundo lugar, em suas qualidades importantes, vinha o "afirmar e apoiar um ao outro".

    Como podemos fazer isso acontecer? Bem, quando aceitamos a graça de Deus, somos motivados a estender Sua graça a nosso cônjuge. Deus é nosso melhor exemplo de afirmação e apoio. Nosso Salvador não precisa tripudiar sobre nossas fraquezas. A Bíblia diz que Ele esconde nossos pecados no fundo do mar.

    E quanto mais percebemos como Deus concede Sua graça sobre nós, mais conseguimos expressar aquele amor que não mantém um arquivo dos erros e que cobre uma multidão de pecados.

    Certo dia, Carlos ia de carro para o trabalho. De repente, uma mulher bateu em seu carro e amassou o pára-choque. Os dois carros pararam. A mulher olhou para o estrago e começou a chorar. Ela admitiu ser a culpada. O carro dela era novo. Tinha saído da agência há dois dias. Como é que ela iria explicar isso ao marido?

    Carlos foi simpático com ela, mas também sabia que era melhor trocarem os cartões das seguradoras e números das apólices.

    Assim, muito relutante, a mulher abriu o porta-luvas e o primeiro papel que caiu de lá continha uma mensagem, numa letra firme e

masculina. Ela leu estas palavras: "Em caso de acidente, lembre-se querida: é você que eu amo, não o carro."

    A extensa graça de Deus pode existir em qualquer relacionamento. Nosso Deus está sempre pronto para nos ajudar a conhecer nosso potencial para o bem. Por que não nos concentramos no potencial para o bem em nosso cônjuge?

    Quando tropeçamos e caímos na vida cristã, Deus continua afirmando nosso valor. E esse fato pode nos ajudar a afirmar o valor interior de nosso marido ou esposa, mesmo quando eles estão do lado errado da discussão.

    Existe tanto potencial para encorajamento, para a verdadeira comunicação no casamento! É uma pena desperdiçarmos palavras em discussões para estarmos um pouco certos.

    Sherry Cryder esteve em coma por vários meses. Tendo sofrido um grave ferimento na cabeça em um acidente de carro, ela não conseguia responder a ninguém nem reagir a nada. Sherry tinha um marido que a amava. Ela estava grávida de nove meses.

    As contrações de parto começaram. Sherry foi levada para a sala de partos e ainda em estado de coma, deu à luz a um saudável garoto de três quilos, com ótima saúde.

    Após o parto, uma enfermeira trouxe-lhe o menino do berçário. Os olhos de Sherry estavam abertos e, embora não se notasse nenhum movimento, eles pareciam seguir a enfermeira através do quarto. O marido de Sherry olhava-a atentamente, enquanto a enfermeira colocava o bebê ao seu lado.

    O marido de Sherry procurou algum meio de expressar sua alegria e sentir a dela, mas Sherry não podia falar, nem se mexer. Aparentemente, nem mesmo ouvir.

    Entretanto, quando ele inclinou-se perto dela, desesperado para comunicar-se com sua esposa, ele percebeu algo. Embora fraco, ele viu um sorriso no rosto de Sherry.

    Será que apreciamos o dom da comunicação que Deus nos dá no casamento? As palavras de incentivo, os gestos que dão lugar à riqueza da bondade, ao afeto e à compreensão? Será que sabemos que maravilha é ser capaz de ouvir os pensamentos íntimos do outro e de expressar nossos próprios a ouvidos atentos?

    Não vamos perder isso tudo na luta para estar certos. Vamos, em lugar disso, entender a graça de Deus. A salvação dEle consegue unir marido e mulher num terreno comum e nos capacita a dizer, como o apóstolo Paulo: "Eu não os condeno. Vocês estão em meu coração para morrermos juntos ou vivermos juntos."

Oração

Pai, obrigado porque a guerra terminou. Obrigado por eu não precisar mais que lutar para estar certo. Quero, Senhor, me concentrar em um novo tipo de justiça. Obrigado pelo precioso dom da comunicação. Ajuda-me a dizer as palavras certas, aquelas que trazem a cura a qualquer relacionamento. Quero me comprometer a trazer a paz de Cristo a meu lar todos os dias. Em seu nome eu peço, amém.

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QUANDO AS FERIDAS NÃO SE CURAM

George Vandeman

TOPO

 

Quando as criancinhas caem e arranham o joelho, geralmente têm a mamãe por perto, pronta com um "band-aid" e um beijo para tornar tudo melhor. As adolescentes, quando abandonadas pelo namoradinho, podem contar com uma amiga de confiança, talvez para aliviar as horas de solidão e após o casamento, muitas pessoas acham algum meio adequado de tratar das feridas e desapontamentos ocasionais da idade adulta.

   Mas, e quanto as feridas que os "band-aids" e as palavras de conforto simplesmente não alcançam? E quanto aos traumas emocionais que deixam cicatrizes bem dentro de nós? O que fazemos quando as feridas simplesmente se recusam a curar?

   Lori, uma menina de 3 anos, estava brincando, um dia, diante da sua casa num subúrbio de Denver. Um rapaz chegou de carro, parou no meio fio e atraiu a criança para dentro do carro. Pouco depois a mãe de Lori notou que a criança havia desaparecido.

   Ela começou a procurar, a princípio calmamente, depois nervosamente, sua filha desaparecida. A polícia foi informada,  o  alerta foi espalhado por

toda a cidade. Lori sumiu sem deixar sinal.

   Após alguns dias, um grupo de observadores de pássaros que escalava uma montanha no parque a quarenta minutos da casa de Lori, parou no caminho e ouviu uma criança chorando.

   Eles seguiram o choro fraco e chegaram a uma privada externa. Ao abrirem a porta, eles olharam para o poço e viram algo de que jamais se esqueceriam. Uma criança em pé nos dejetos, tremendo, quase nua.

   ─ O que está fazendo aqui? ─ eles perguntaram.     ─ Estou em casa, respondeu a pequena Lori. ─ Eu moro aqui.

   Aquela garotinha de 3 anos tinha sido sexualmente abusada. Lori foi levada para os seus pais, que choravam. Salva, afinal, nos braços da mãe, mas a ferida ficaria. Lori foi um caso isolado? Infelizmente não.

   Vivemos num mundo cheio de cicatrizes. As crianças têm agora que encarar novos e terríveis fatos da vida.

   Não faz muito tempo, uma senhora de aspecto calmo, fundadora de um jardim da infância em Los Angeles, foi presa. As autoridades descobriram que ela e outros membros da direção haviam molestado cerca de 40 crianças no curso de uma década. Durante anos a direção da escola vinha intimidando os seus alunos para não falarem, trucidando pequenos animais diante deles.   Mas

 finalmente, com a ajuda de alguns conselheiros treinados, algumas das crianças conseguiram contar suas histórias de terror, de intimidação e abusos.

   São muitas as histórias de abusos assim.  Descobrimos, chocados, que o criminoso é muitas vezes um parente ou amigo da família, traindo a confiança de uma criança inocente.

   Ouvimos também inacreditáveis relatos de crianças brutalizadas pelos pais, crianças abandonadas, trancadas, deixadas sozinhas e indefesas, adolescentes seqüestrados por psiquiatras; e crianças-prostitutas andando pelas ruas de nossas grandes cidades.

   Nosso mundo é, por causa de tudo isso, um mundo cheio de feridas. Não é de admirar que tantos sofram de traumas diversos. E estes são apenas os traumas mais sensacionais que ferem tão profundamente as pessoas. Muitos de nós temos tido um passado menos que perfeito e muitos de nós sofremos algumas cicatrizes escondidas, feridas secretas que nunca saram.

   Muitas coisas podem deixar marcas: um pai que jamais pôde aceitar a nossa atuação; nós que nunca fomos bons o bastante; colegas de classe que nos atormentavam impiedosamente em uma certa idade vulnerável; um amigo que nos traiu numa hora de necessidade ou um velho pecado que nos vive perturbando a alma.

Quando os traumas do nosso passado produzem cicatrizes emocionais, nossa auto-estima fica ferida, sentimo-nos incapacitados e tentamos compensar essa falta através de inúmeras maneiras bem prejudiciais.

   Muitos de nós tentamos esconder nossas feridas; fingimos que elas simplesmente não existem. É muito difícil aceitar o fato de que algo terrível, algo muito injusto aconteceu conosco, mas as cicatrizes, embora escondidas, ainda podem prejudicar nossa vida e ao fugir delas, ficamos enroscados em desvios emocionais. Alguns começam a pensar no subconsciente: "Devo ter feito algo terrível para merecer tal tragédia." Assim, um terrível senso de culpa se desenvolve, levando-nos a dizer: "Ninguém jamais poderá me amar. Tudo o que eu faço acaba errado."

   Feridas escondidas às vezes levam as pessoas a um falso perfeccionismo. Em um esforço constante para serem boas, tentam desesperadamente agradar aos outros o tempo todo, mas parecem jamais conseguir isso, elas nunca se sentem suficientemente boas; jamais encontram descanso. Feridas escondidas podem tornar as pessoas supersensíveis também.

   Elas uma vez procuraram a aprovação e o amor e foram muito machucadas, e ao sentirem esta ferida interna tornam-se supersensíveis a outras dores. Alguns andam por aí com a sensibilidade à

flor da pele. Outros encobrem sua sensibilidade com uma aparência austera. Tenho visto isso repetidas vezes. Em ambos os casos, a verdadeira ferida permanece escondida, incurada, infeccionada. Feridas escondidas podem deixar as pessoas com medo. A certa altura, no passado, elas se tornaram vítimas. Tal experiência as convenceram de que na verdade não podem controlar o que acontece com elas e assim, permanecem vítimas.

   Os temores forçam as pessoas a se desviarem. Elas vêem a vida passar por trás da barreira de suas feridas escondidas. Se você foi muito ferido, você pode achar que nada pode penetrar essa barreira e que nada pode desfazer os danos emocionais que você sofreu. Você pode pensar que os traumas do passado o perseguirão para sempre, mas eu creio, sinceramente, que existe cura genuína para as feridas profundas. Existe um meio de lidarmos com nossas emoções atingidas, nossa auto-estima ferida.

   Há medidas que podemos tomar, através da graça de Deus, para recuperar o controle de nossa vida. Ora, Deus quer que sejamos discípulos, não simplesmente vítimas. Temos que lidar com o problema de modo justo, temos que estar prontos a ficar face a face com a ferida escondida.

   Por exemplo: João havia se escondido a vida toda, sempre com medo de  tentar  alguma  coisa,

sempre com medo de ofender alguém. Falava num tom que mal se ouvia; algo o estava prendendo,  sem dúvida. Ele finalmente obteve ajuda através

de um ótimo casamento. Cercado em casa por cristãos que o amavam e o apoiavam, ele conseguiu partilhar algumas lembranças dolorosas.

   Quando João era menino, sua mãe havia sofrido um colapso nervoso. Logo depois disso ele ouviu os vizinhos murmurando: "Sabe por que ela teve o colapso? Foi por causa daquele garotinho, seguindo-a o tempo todo, agarrado no seu avental."

   Este é um fardo muito pesado para uma criança carregar. Imagine ouvir as pessoas dizendo: "Você é a causa do colapso nervoso de sua mãe. Você é a causa da sua invalidez."

   Todos esses anos João vinha sofrendo intimamente por uma acusação injusta. Ele vinha tentando compensar o tremendo erro que pensava ter cometido, mas quando João partilhou seu problema com esse grupo, o fardo foi aliviado. Quando ele contou sua dolorosa história, experimentou alívio e aceitação pela primeira vez em anos. João teve que encarar aquela ferida escondida. Ele teve que dizer: "Sim, aconteceu. Sim, foi extremamente injusto, mas vou passar por cima dessa acusação falsa. Eu vou dizer adeus a ela."

   Quando conseguimos enfrentar nossas feridas escondidas, precisamos também enfrentar algo

mais: nossa responsabilidade. Deixe-me explicar: Não somos responsáveis por nossos traumas do passado. Não, não somos culpados por termos sido machucados. Mas somos responsáveis pela nossa reação à ferida. Podemos assumir o controle de nossa reação.

   Deixe-me relatar a experiência de Josefina. Essa jovem profundamente perturbada insistia com todos os seus médicos afirmando que não era filha de seu pai. Ela tinha certeza absoluta disso. Bem, as evidências provavam o contrário, mas nada conseguia convencer Josefina. Aí, um médico cristão começou a orientá-la. Ele descobriu que anos antes, essa mulher havia sido maltratada por seu pai e havia se rebelado contra sua rigidez. Gentilmente, esse médico tentou levá-la a uma reação mais saudável para com seu passado infeliz. Foi uma luta dura.

   Josefina teve muita dificuldade para aceitar um homem violento como o pai, mas após muita oração e orientação ela passou a perceber que sua negativa somente piorava as feridas. Ela descobriu um novo companheirismo com Deus e conseguiu finalmente reconciliar-se com seu pai.

   Sabe, temos que decidir se queremos realmente nos recuperar de nossas feridas. Queremos assumir o comando de nossa reação ao passado? Temos que responder à pergunta que Jesus fez ao paralítico, deitado junto ao tanque de Betesda: "Você quer ser

curado?" Jesus não perguntou: "Você quer ficar aqui deitado falando sobre o seu problema?" ou "Você quer se queixar do modo injusto como a vida lhe tem tratado?" Não, o Salvador simplesmente perguntou: "Você quer ser curado?"

   Bem, chegamos agora a um passo muito importante, quando aceitamos a responsabilidade por nossa reação à ferida. Temos que aprender a perdoar àqueles que nos feriram e isso não é fácil. Humanamente falando, é impossível. Toda a nossa vida vimos tentando cobrar uma dívida. Alguém nos deve pela terrível mágoa que sofremos. No subconsciente esperamos que a pessoa pague.

   Um cristão estudioso achou-se reagindo com ira violenta nos momentos mais inesperados. Ele não conseguia entender. O homem lia as Escrituras, orava, mesmo assim não conseguia dominar o problema. Finalmente, fez uma visita a um psicólogo cristão. Ele começou a lembrar-se de incidentes da infância na escola, nos esportes. Lembrou-se de como tinha sido desastrado, cada recreio era uma agonia para ele. Os garotos maiores zombavam dele e outros riam do seu modo esquisito. Agora, anos mais tarde, aquelas cenas estavam vívidas em sua mente. Conseguia se lembrar do rosto e do nome de cada um dos que o atormentavam. Sem dúvida, essa era a razão da sua ira. Assim, foi conduzido a um simples exercício: Ele disse o nome de cada um dos antigos

colegas e os colocou sob o perdão de Deus. "Eu peço perdão para José, para Sônia", e assim por diante. Isso foi doloroso, mas, através da oração, aquele homem achou a graça para o perdão verdadeiro e aos poucos Deus curou aquelas feridas do seu coração.

   Jesus ensinou que devemos perdoar uns aos outros assim como Ele nos tem perdoado. Cristo perdoa inteiramente, sem reservas. O perdão irrestrito abre o nosso coração para a cura, entende? Assim, podemos levar nossos sentimentos a Deus. Nossos sentimentos de zanga, humilhação, vergonha, sentimentos que não nos atrevemos a confessar antes. Podemos levar esses sentimentos a Deus, porque Ele é o que cura as feridas. Foi Ele quem chorou com o coração e a alma no chão frio do Getsêmani. Ele é o que foi ferido pelas nossas transgressões, lembra-se? Machucado por nossas iniqüidades, rejeitado por Seu próprio povo. Foi Ele quem teve que suportar zombarias quando pendurado sozinho na cruz. Qualquer imagem escura que manche sua memória, Ele entenderá. Ele já viu imagens mais escuras. Qualquer trauma doloroso que continue a persegui-lo, Ele suportará.

   Ele nasceu para sofrer. Compartilhe aquela ferida secreta com o Pai celeste, o curador das feridas, que simpatiza com a sua fraqueza. Quando você compartilhar sua dor, Ele partilhará sua graça curativa e você poderá aceitar a lembrança dEle, o 58   VOCÊ É

retrato de quem você é realmente.

   Sabe, Deus tem muito a dizer sobre quem nós somos realmente. Ouça a exclamação do apóstolo João: "Vede que grande amor nos tem concedido o Pai ao ponto de sermos chamados filhos de Deus." I João 3:1. De fato, somos filhos de Deus.

   Pode você agradecer a Deus por Ele aceitá-lo como Seu filho? Isso tem de tornar-se real. Diga, expresse gratidão a Deus, por Ele ter aceito você como Seu filho. Não importa o quanto você tenha sido machucado no passado. Agora, hoje, seu Pai celeste lhe dá uma nova identidade. Pense naqueles indivíduos feridos da Bíblia que receberam uma nova identidade do seu Senhor.

   Jacó era um trapaceiro; um homem que roubou a herança de seu próprio irmão, mas Deus deu a ele uma nova identidade. Jacó tornou-se Israel, o pai de muitas nações. Depois Davi carregou dentro de si a ferida de um terrível pecado contra Bate-Seba e Urias, o marido dela. Mas pelo arrependimento, ele encontrou nova identidade, como um homem segundo o coração de Deus.

   O ladrão na cruz trazia muitas feridas. A vida toda desperdiçada no crime; um coração cheio de arrependimento, mas uma palavra do Salvador fez dele uma nova pessoa e o libertou do horrível passado que tinha. Agora, estava pronto para o paraíso. O apóstolo Paulo sentiu-se uma vez perseguido pelos rostos daqueles que ele havia tão

zelosamente perseguido. Ele lutou contra o próprio Cristo, mas um dia na estrada de Damasco Jesus deu ao perseguidor uma nova identidade: Paulo, o apóstolo aos gentios. Esse mesmo Paulo nos diz que como cristãos "nos fez agradáveis a si no amado." Efésios 1:6.

   Você se lembra de outra ocasião em que a palavra "amado" foi usada nas Escrituras? No batismo de Cristo, o Pai disse: "Este é o meu filho amado em quem me comprazo." O Pai se comprazia em seu filho amado. Mas veja, é exatamente desta forma que também somos queridos. Somos aceitos no Amado.

   Em Cristo, apesar das nossas feias feridas, mesmo quando revelamos aquelas emoções escuras e secretas, nós somos aceitos no Amado. Quando nos sintonizamos nesta verdade e a pedimos para nós, adquirimos uma imagem própria orientada por Deus, e a verdadeira cura interior pode começar. Podemos ter sido programados para nos diminuirmos. Vozes antigas podem estar nos dizendo que não temos valor, não somos dignos, mas Deus pode reformar esses padrões doentios. Leia as boas-novas em Romanos 12:2: "E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento."

   Quando você for surpreendido voltando-se para aquele velho padrão, tratando da velha ferida, aceitando aquele velho sentimento de  inutilidade,

pare. Cobre  a promessa de Deus de renovar sua mente. Ligue-se aos novos fatos. Você é escolhido como filho do Pai Celeste. Você é aceito no Amado.

   Alguns anos atrás, uma moça holandesa chamada Corrie Ten Boom decidiu visitar sua antiga cidade natal: a pacata cidadezinha de Haarlem. Corrie tinha estado fora só alguns anos, mas esses anos passados num campo de concentração nazista haviam parecido uma eternidade para ela.

   Certa noite, bem tarde, ela chegou à sua antiga rua, caminhou em frente das velhas casas conhecidas e na escuridão espiou por uma janela da loja do relojoeiro, onde seu pai havia trabalhado. Ela correu suas mãos pela porta e ficou ouvindo no escuro. Corrie lembrou-se das vozes de sua irmã, do pai e das vozes de muitos amigos. Todos já mortos, vítimas do holocausto nazista. As paredes para as quais ela olhava não eram mais um lar.

   Corrie foi dominada pelas horríveis lembranças do campo de concentração. Ela tinha visto o pior que os homens podem fazer uns com os outros. Ela sabia que muitos jamais se recuperariam das feridas deixadas por aquela experiência. Assim, ali sozinha na noite, Corrie pensou no que o futuro lhe estaria reservando. Quando, de repente, o carrilhão de uma igreja começou a tocar uma conhecida música, Corrie caminhou até a rua  e  parou   para

olhar a silhueta da catedral que se projetava contra o céu escuro e emoldurado por incontáveis estrelas cintilantes.

   Ela se lembrou das palavras de Jesus encontradas em Mateus 28:20: "Eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos." Corrie ficou ali parada por muito tempo até que o carrilhão tocou de novo; e desta vez o hino "Castelo Forte é nosso Deus" soou pela noite. Sim, concluiu Corrie: "Eu tenho um lar nos braços eternos do meu Pai celeste. Eu tenho segurança."

   Ali na rua ela agradeceu a Deus por lembrar-lhe a Sua graça. Corrie jamais seria presa por velhas feridas. Agora ela estava livre.

   Amigo, todos nós podemos nos livrar do passado. Todos nós podemos renovar nossa mente quando virmos realmente que somos aceitos no Amado. E lembre-se: o Filho Amado também é o curador das feridas e Ele sempre será.

   Após a ressurreição de Cristo, Ele apareceu aos Seus discípulos no cenáculo. Jesus possuía um novo corpo glorificado. Ele já havia aparecido no Céu perante o Pai. Todavia, este Senhor ressurreto mostrou aos discípulos as mãos com profundas feridas e um enorme ferimento no lado. Um Salvador glorificado, ressurreto, ainda trazendo feridas. Por quê? Porque o que aconteceu no Calvário jamais será esquecido.

   Eu  creio  que  Cristo  levará  para  sempre  as

feridas do trauma da cruz. A lembrança daquele sofrimento ficará com Ele toda a eternidade. Mas amigo, as feridas não são feias. No Céu não vira- remos o rosto para elas. Elas falam do grande sacrifício de Cristo por nós. Elas simbolizam eloqüentemente o mais belo ato de amor do universo; o ato mais bonito que o universo já conheceu. Nós também não podemos apagar nossas feridas nem fingir que elas não aconteceram. Mas o amor de Deus pode transformá-las. Sua graça pode fazer uma nova identidade de nossas velhas feridas.

   O passado pode ter sido escuro, mas podemos ouvir Sua canção soando na noite. Sua segurança virá e podemos saber disso hoje, agora mesmo. Nós temos um lar naqueles braços eternos.


 


 

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O OUTRO LADO DA AFLIÇÃO

George Vandeman

TOPO

 

    Quando o doutor chegou, encontrou Irma num terrível estado de desespero, estava tremendamente agitada e ninguém conseguia acalmá-la. Ela correu para seu quarto, surda aos apelos da família, jogou-se em cima da cama e começou a xingar em voz alta. O doutor conseguiu dizer-lhe que tinha vindo para ajudá-la, mas Irma ficou em pé e gritou:

    – Eu não preciso de médico, não estou doente. Tragam de volta a minha filha, a minha garotinha!

    Irma acabara de entrar para o mundo escuro e desordenado da aflição e dentro desse mundo as pessoas se questionam constantemente se existe uma saída.

    Ninguém quer ser um bom perdedor, especialmente quando a perda é um ente querido. Entretanto, perdas acontecem. Trágicos acidentes levam suas vítimas; o câncer e doenças cardíacas atacam inesperadamente.

    No mundo agitado de hoje, repleto de isolamento e de famílias fragmentadas, é difícil encontrar apoio. Existem poucos ombros onde chorar. A perda de um ente querido geralmente provoca dezenas de emoções insuportáveis. A princípio, o choque adormece todos os sentimentos. Então a dor começa a atacar. Às vezes desabafamos com raiva, sem saber por quê. Os amigos acham difícil de se aproximar. O humor muda com extrema rapidez, deixando alguns pranteadores no isolamento. Um homem confessou:

    – Existe uma espécie de cobertor invisível entre mim e o mundo.

    A permanência solitária e confusa muitas vezes traz a depressão. Cuidar das tarefas mais simples torna-se um fardo cansativo. Alguns se sentem aprisionados por temores generalizados e uma vaga sensação de culpa, e então perguntam: "Por que sobrevivi?" E imaginam: "Sou eu, de alguma forma, responsável por esta terrível perda?"

    Freqüentemente aqueles que passam por uma aflição pensam que Deus os abandonou. Eles saem em busca de conforto e só encontram portas aparentemente fechadas diante de si. Às vezes perguntam: "por que Deus parece tão ausente num momento de dificuldade?"

    Parece, às vezes, que a coisa mais difícil de suportar é o "conforto" daqueles que chegam com boas intenções. Num funeral alguém pode dizer:

    – Sabe, a morte é só uma porta. A morte, na verdade, não existe para o cristão.

    Mas como ela existe naquele momento! Ela importa para você que acabou de perder a coisa mais querida em sua vida.

    Outros talvez tentem confortá-lo dizendo:

    – Seu filho está dormindo com Deus.

    Mas você não quer seu filho com Deus, você o quer desesperadamente de volta.

    Amigos chegam e o elogiam por suportar tão bem a perda. Eles dizem que tal coragem e fé são admiráveis. No entanto, seu exterior sólido, é apenas uma máscara. Você está dormente ou revoltado demais para chorar e quer gritar:

    – Não! Eu não estou suportando bem essa dor!

    Então os amigos chegam com os conselhos:

    – Procure esquecer e você irá superar.

    E o seu maior temor é vir a esquecer! Você está tentando lembrar de tudo o que puder. Porque no turbilhão emocional da dor, até as lembranças familiares confundem-se na cabeça.

    Outros dizem para você se manter ocupado, não parar para pensar. Isso só piora as coisas, pois você já está se esforçando para realizar as tarefas mais simples. Mais trabalho só aumentará a sua desorientação.

    Verdadeiros confortadores são raros. Às vezes, simplesmente preferimos chorar sozinhos. A infelicidade pode gostar de companhia, mas certamente não atrai nenhuma.

    Eu também tenho tido aflições em minha vida. Já conheci a tristeza da tragédia, mas graças a Deus, não tive que prantear sozinho. Em primeiro lugar, porque conheço Alguém que chora comigo. O profeta Isaías O descreve como "... homem de dores e que sabe o que é padecer" (Isaías 53:3). Este é o Cristo, Aquele que bradou na cruz: "... Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (Mateus 27:46).

    Esse grito desesperado engloba todos os nossos gritos e aflições; de Adão e Eva chorando pela morte de Abel, até a mãe libanesa de hoje chorando por sua criança morta por uma bomba terrorista.

    Jesus entende o desespero da dor. E creio que Ele também nos deu recursos para que suportemos a aflição e nos recuperemos do desespero. Certos passos que podemos tomar impedem que a dor se transforme em amargura. Podemos crescer através de nossa tristeza. Podemos alcançar o outro lado.

    Todos nós temos capacidades diferentes para lidar com a perda, da mesma forma como alguns suportam dores físicas melhor que outros. A aflição nunca é exatamente igual para duas pessoas. Ela depende do tipo de relacionamento que tivemos com o ente querido que se foi.

    Todos precisamos entender, porém, que a aflição é um processo saudável, normal. Não é uma doença nem uma neurose. Prantear é um modo de colocar nossa vida novamente em sintonia.

    O primeiro passo para o pranto sem desespero é expressar nossos sentimentos. O choque poderá nos manter em silêncio nos primeiros dias após uma perda traumática, mas a dormência passa e as emoções começam a chegar. Precisamos de uma saída; encontrar alguém que ouça sem julgar, que entenda sem tentar dar uma porção de conselhos.

    Nos tempos bíblicos, as pessoas podiam expressar sua dor de modo muito dramático. Elas rasgavam suas roupas, punham cinzas sobre sua cabeça e vestiam-se de sacos. Seu pranto e choro eram aceitos como uma reação normal de tristeza. Hoje tendemos a enfatizar um pranto quieto e controlado. Mas precisamos de um meio para expressar a dor da perda.

    Quando o sr. Kay recebeu um telegrama da marinha informando que seu filho havia desaparecido em combate, aceitou a notícia firmemente. Embora o sr. Kay idolatrasse seu filho, não se descontrolou nem demonstrou qualquer emoção visível. Os amigos comentaram sobre o modo forte como ele suportou a tragédia. No entanto, o sr. Kay, que tinha uma empresa muito bem sucedida, começou a fazer investimentos imprudentes e descuidados. Começou a se enterrar em livros sobre guerra e tornou-se obcecado em descobrir tudo que pudesse sobre guerra. Ele insistia em que os membros da família ficassem por perto, mas ele jamais partilhava seus sentimentos com eles. O sr. Kay tornou-se cada vez mais irritado e amargurado.

    Finalmente, as emoções acumuladas lhe causaram uma grave doença. O sr. Kay não havia conseguido lidar diretamente com a sua aflição, de modo que ela se manifestou em outro problema. Ele precisava desesperadamente partilhar essa dor que estava dando nós dentro dele.

    Em seu sermão da montanha, Jesus apresentou esta bem-aventurança: "Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados" (Mateus 5:4).

    Chorar traz conforto. Aqueles que se recusam a encarar sua perda e compartilhar sua dor com outros, não podem ser adequadamente confortados.

    Agora, neste primeiro passo do desabafo, não podemos esperar louvar a Deus pela tragédia. Às vezes, pessoas bem intencionadas dizem aos amigos aflitos:

    – Bem, afinal, foi a vontade de Deus. É tudo para o melhor.

    A morte e a separação, porém, não parecem ser para o melhor. No doloroso choque que se segue a uma perda repentina, só vemos escuridão. Não podemos divisar nenhuma estrela no céu escuro. Sentimos que Deus não está lá, que Ele nos abandonou. Sabe, tal sentimento é legítimo. Lembre-se do brado do coração em pranto de Jesus na cruz: "Por que me desamparaste?"

    A morte e a tragédia atacam precisamente porque vivemos num mundo afastado de Deus. O mal governa soberano por aqui. A morte não se parece com a vontade de Deus. A morte é um mal.

    Agora, Deus promete transformar o mal em bem. Ele não nos abandonou, bem como não abandonou Seu Filho em sofrimento. Deus pode converter a amargura em bênção.

    A princípio não conseguimos ver isso. Na verdade, quase nunca enxergamos. O mundo está coberto com a tristeza de nossa aflição. No princípio, não podemos ver. É normal chorarmos o mal da morte. É normal compartilharmos nossa aflição pelo mal da separação.

    Após extravasar nossos sentimentos, começamos um período de adaptação. Isto pode levar muitos meses. Temos que nos adaptar a um lar onde o ente querido está faltando. Tantas coisa nos fazem lembrar da pessoa que deveria estar ali. Andamos por um caminho conhecido e não sentimos a mão que costumava segurar a nossa. No final da tarde, inconscientemente ainda ouvimos os seus passos junto à porta. Acordamos na noite, estendemos a mão e encontramos um travesseiro vazio.

    Adaptação significa que temos que cuidar dos detalhes da vida de outro jeito. Durante os períodos de "stress", é melhor simplificarmos nosso estilo de vida. A ajuda de amigos e vizinhos pode ser vital durante este período.

    Margô estava ser preparando para ir para casa e estar com sua mãe. Vários membros da sua família haviam morrido num desastre de carro. A terrível notícia chegou quando Margô, seu marido e os filhos preparavam-se para mudar para um outro estado. A casa estava um caos. Margô ia ter que se preparar para o funeral. Era uma tarefa difícil achar as roupas certas para todos no meio das caixas e malas. Enquanto ela andava de um lado para o outro na casa, a campainha tocou. Era um vizinho:

    – Eu vim engraxar os seus sapatos – disse ele.

    Margô não entendeu. Então o vizinho explicou:

    – Quando meu pai morreu, levei horas para engraxar os sapatos das crianças para o funeral. Por isso vim ajudar.

    O vizinho ajeitou-se no chão da cozinha, lavou, engraxou e lustrou todos os sapatos da casa. Observando-o concentrar-se quietinho em sua tarefa, Margô foi levada a concatenar suas idéias e iniciar os preparativos.

    Mais tarde, quando Margô voltava com as roupas lavadas, o vizinho tinha ido embora, mas enfileirados junto à parede estavam todos os sapatos, brilhando, impecáveis.

    Sim, atos de bondade podem fazer grande diferença quando passamos pelo difícil período de adaptação na perda de um parente. Quando amigos ligam e perguntam:

    – Há alguma coisa em que eu possa ajudar?

    É difícil para a pessoa responder. Muito melhor são as ofertas para tarefas específicas:

    – Deixe-me cuidar das crianças esta noite.

    Ou:

    – Posso ir ao mercado para você esta semana?

    Após adaptarmo-nos a uma perda e termos começado a realizar de novo as tarefas básicas, podemos iniciar o processo de renovação. Podemos participar mais ativamente da nossa cura ao direcionarmos nossas emoções e energias para novos canais.

    Você pode começar fazendo uma lista de seus dons pessoais. Que dons ou habilidades você tem que podem ser desenvolvidos? Escreva alguns alvos de curto prazo para si mesmo. Como você pode colocar isto em prática?

    Arlene sempre foi muito dependente do marido. Quando ele morreu, ela temeu nem sequer conseguir sobreviver. Em conversa com outros, Arlene passou a acreditar que era uma pessoa de recursos. Decidiu aprender a dirigir um automóvel e começou a procurar emprego fora de casa. Dentro de seis meses, Arlene já tinha uma carteira de motorista e um emprego. Agora, ela podia começar a lidar com suas emoções e energias.

    Isto é importante porque uma perda trágica sempre atinge nossa auto-estima e resulta numa sensação de letargia e inutilidade. Entretanto, avaliar nossos dons pessoais e traçar alvos de curto prazo, nos ajudarão a superar esses problemas.

    A certa altura você pode precisar fazer alguma coisa boa para si mesmo, para voltar ao trilho, especialmente se a depressão começar a aumentar. Uma nova roupa, um novo penteado, sair com um amigo, levar as crianças à praia. Essas coisas podem nos impelir para fora da auto-piedade. Tudo isso também ajuda a manter a própria identidade.

    Alguns meses após perder o marido, Helen Raley decidiu fazer uma viagem à pequena cidade do Texas, onde ela cresceu. Helen passou de carro pela conhecida praça da cidade, pelo ginásio, pela tecelagem e pelos trilhos da ferrovia foi até a fazenda. Ela encontrou uma velha amiga e conversaram sobre os lugares que costumavam brincar quando crianças. Helen subiu a colina onde seus pais foram enterrados e de lá olhou para o conhecido vale verdejante, o rio brilhante e as árvores familiares. Quantas recordações... Lembrou-se de todo o amor, dignidade e trabalho duro que fizeram parte de sua família.

Helen passou a entender melhor quem ela era, e foi capaz de ir adiante e construir uma vida produtiva. Percebeu que Deus ainda tinha planos para ela.

    Quando recuperamos o senso do nosso valor aos olhos de Deus, podemos nos relacionar melhor com o valor da pessoa que perdemos. Ela foi embora, mas suas boas obras, suas boas qualidades, viverão para sempre. Podemos ser gratos por isso, não podemos? Podemos começar a agradecer a Deus por isso.

    A esta altura, podemos começar a dizer com o salmista: "Por que estás abatida, ó minha alma? Espera em Deus porque ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu" (Salmos 42:5).

    Sobre sua aflição pela perda da esposa, C.S. Lewis escreveu este lindo trecho: "Agradecer é o modo de amar que sempre tem algum elemento de alegria em si. Agradeça na devida ordem: a Deus como o doador, a ela como o presente. Será que o agradecimento por si só não nos traz alegria, mesmo na ausência dela?"

    Sim, o agradecimento mantém o ente amado em perspectiva. Assim, deixamos as lembranças mórbidas em troca das memórias agradáveis.

    As boas qualidades de um ente perdido podem ser uma força motivadora em nossa vida, se a usarmos corretamente. Alguns idolatram o falecido e tentam viver de acordo com os desejos imaginários do ente querido. Eles, de fato, substituem a vida do falecido por sua própria.

    Isto, no final, é prejudicial. Torna-se uma armadilha. Lembre-se que Deus tem um plano para você, individualmente. Sua vontade é o única guia válido para a nossa vida. O que os entes queridos podem fazer, é servir como exemplos que inspirem.

    Frank Deford ficou arrasado com a morte de sua filha. O nome dela era Alexandra. A fibrose cística havia tirado sua vida aos oito anos de idade. Alguns meses após o funeral, surgiu a questão da adoção. Talvez os Defords pudessem adotar outra garota. Chris, o filho deles, achou uma ótima idéia, porém Frank, o pai, estava relutante. Havendo muitas crianças necessitadas, um lar seria  certamente uma boa coisa, mas Frank não conseguia aceitar trazer para casa uma estranha para tomar o lugar de Alexandra. Parecia uma grande injustiça. Ninguém poderia substituí-la em seu lar.

    Numa noite, a esposa de Frank comentou:

    – Sabe, se quiséssemos adotar um bebê, provavelmente não conseguiríamos um na América. Ele teria que vir de um país bem distante.

    Sim, Frank entendeu isso. Sua esposa continuou:

    – Você se lembra da oração de Alexandra, a parte que ela mesma criou e dizia todas as noites?

    Sim, Frank lembrava-se. Sua filha sempre orava assim:

    – Deus, cuide por favor da nossa pátria, e traga algumas pessoas pobres para cá.

    Lágrimas vieram aos olhos de Frank. Agora ele entendia. Adotar outra menina não substituiria Alexandra. Simplesmente responderia a oração dela.

    Em poucos meses os Defords recebiam em seu lar uma preciosa menina órfã das Filipinas.

    Agora eles podia reconstruir a vida. O idealismo de uma criança os havia levado a agir. Frank depois escreveu: "Tivemos que começar de novo e seguir daquele ponto. Muito obrigado, Alexandra, porque temos muito que trabalhar desde que você surgiu em nossa vida."

    O que temos recebido dos entes queridos que se foram nos dá "mais com que trabalhar". É trágico se nos deixamos aprisionar numa devoção mórbida aos falecidos. Isso seria uma traição da vida que eles compartilharam conosco. Podemos construir bem melhor uma vida frutífera, inspirados em seus ideais.

    Muitas pessoas perguntam quanto tempo leva para se recuperar da aflição. Quando podemos finalmente enxugar nossas lágrima? Bem, psicólogos nos dizem que o período de pranto varia muito de pessoa para pessoa. Podemos ficar atentos porém, a um sinal de alerta, ou seja, a fase de aflição dura em geral mais de sete meses.

    Muitos daqueles que pranteiam passam por períodos de choque, revolta, confusão e depressão. Atravessamos a nossa aflição de um estágio para o outro. No entanto se, por exemplo, alguém ainda estiver em choque quatro meses após a tragédia, alguma coisa está muito errada. Se a depressão prosseguir por mais de um ano, precisamos fazer um tratamento.

    Nada é de fato fácil no processo da aflição. Começamos e paramos; experimentamos paz e depois uma repentina crise de amargura, mas aos poucos, iremos progredindo. A fase das fortes lembranças começa a ceder; a face anuviada da natureza se ilumina e começamos a ouvir os pássaros de novo e a ouvir novamente o convite de Cristo: "Vinde a Mim, todos os que estão cansados e oprimidos"  (Mateus 11:28).

    Aos poucos descobrimos que Ele de fato é o "Deus do conforto" (II Cor. 1:3,4). Eu Quero assegurar a você que o conforto de Deus não é vulgar, eu sei.

    Eu não perdi minha esposa, mas perdemos um bebezinho. Em toda nossa família, aconteceram duas mortes trágicas e repentinas. Ao partilhar o conforto de Deus, eu vi a Sua cura. Nós tivemos grande necessidade da cura de Deus pessoalmente. Eu sei o que é perder alguém que significa tudo para nós. Você investe suas esperanças e seus sonhos, sua própria vida em outra vida preciosa. Você vê a pessoa desabrochar e crescer. Então, de repente, sem explicação, ela se vai. Você estende a mão para tocar o ente querido mas não tem nada ali. Você pede, você implora, mas não há reposta.

    Foi apenas naquela terrível escuridão, naquele vazio doloroso que eu conheci de fato o conforto de Deus, porque somente ali alguém pode achar a "comunhão dos sofrimentos de Cristo." Sim, a Bíblia nos diz que podemos ter comunhão íntima com Cristo em seus sofrimentos. Nossos momentos de aflição podem nos ajudar a entender a profundidade do amor de Cristo. Eles constroem em nós uma compaixão mais profunda e uma compreensão das necessidades dos outros.

    Existe dor na aflição? Sim. Escuridão, momentos de desespero? Sim. É tudo sem sentido e um desperdício? Não. Não com o Deus de todo o conforto. Do sofrimento Ele tira um novo propósito; em nosso momento de tristeza Ele chega bem próximo. Este Deus pode nos mostrar o outro lado da aflição.

    Desejo que cada um de vocês venha conhecer este Deus de todo conforto, o "Homem familiarizado com o sofrimento". Você não quer partilhar seu sofrimento com Ele agora?

ORAÇÃO

Meu Pai, por compreender minha profunda dor, muito obrigado. Obrigado por me ajudar a atravessar meus períodos de aflição. Dá-me paciência para esperar o desdobramento do Seu propósito. Obrigado pelo Seu conforto agora e pela maravilhosa esperança que me dás para o futuro. No nome do salvador de Jesus, amém.

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VOCÊ É INSUBSTITUÍVEL

George Vandeman

TOPO

 

Claude Monet, o gênio da pintura, nos ensinou a ver o mundo sob uma luz totalmente diferente. O jogo de luz e cor de suas telas abalou o mundo da arte de sua época. Suas exposições provocavam uma confusa mistura de choque, ofensa e admiração. Com o tempo, o mundo passaria a considerá-lo um pintor singularmente inspirado. Mas os olhos talentosos de Claude Monet não conseguiram ver uma coisa fundamental: uma garota chamada Camille. Ela provou ser a única parta insubstituível da sua inspiração.

No século XIX, em Paris, a Academia de Belas Artes era todo-poderosa. Para os artistas, a estrada do sucesso era através dos professores da Academia, que ensinavam pintura no estilo aprovado: correto, acabado e sem vida. Os alunos talentosos poderiam, um dia, exibir suas obras no salão da Academia. Somente lá, um pintor conseguia a atenção dos críticos e, eventualmente, a admissão na Academia.

Claude Monet, entretanto, não aceitava seguir essa estrada. Monet tinha que pintar o que seus olhos viam diretamente da Natureza. Ele queria captar a vida das coisas, a interação da luz e da cor e as formas em uma impressão momentânea.

Um dos motivos preferidos dele era Camille, uma linda e graciosa modelo. Sua admiração por ela transformou-se em amor e, então, eles se casaram.

Monet havia se tornado um líder do movimento da nova arte chamada Impressionismo. No entanto, ele não conseguia vender sua obra. Quando exibia pinturas nas galerias as pessoas apenas riam. Os críticos eram sarcásticos e comentavam: "Até papel de parede é mais bem acabado que isso."

Monet e Camille passaram por muita privação, mas ela nunca se queixou. Camille acreditava no sonho do seu marido. Através de preocupações, decepções e sofrimentos, Monet continuou a produzir suas telas vivas e brilhantes.

Camille havia se tornado o centro de sua arte. Ela aparece em muitas das suas pinturas nos campos, alta e imponente, nos jardins, na praia e com seu filho Jean.

Mas o fato de suportar tanta privação teve seu preço. A saúde de Camille sofreu com isso. Monet ficou desesperado. Ela precisava melhorar. Mas como? Ele não se dispunha a parar de pintar e procurar outro trabalho. Monet sentia-se tremendamente culpado, mas sua obsessão o fez prosseguir.

Após o nascimento de seu segundo filho, a doença veio mais forte na vida de Camille. Agora eles sabiam que ela contraíra tuberculose. Monet continuou febrilmente a pintar, esperando, apesar de tudo, o reconhecimento. Sem dúvida, alguém reconheceria sua obra, em breve seus quadros seriam vendidos e eles poderiam se instalar em um bairro mais confortável e tudo ficaria bem.

Mas o reconhecimento não veio a tempo. Em 1879 a tuberculose ceifou a vida de Camille. Monet ainda estava com o estúdio cheio de quadros por vender. Camille jamais se queixou. Ela sempre apoiou o marido e sua obra, mas por isso, morreu.

Além dela, mais alguma coisa se perdeu, embora Monet a princípio não reconhecesse. Como disse um biógrafo: "Com a morte de Camille, seus olhos maravilhosos perderam sua mais poderosa força criativa. Todo o calor, a humanidade e o sentimento profundo de suas pinturas vinham indiretamente dela."

Alguns anos depois, o reconhecimento finalmente chegou. O público começou a aceitar o Impressionismo. Os quadros de Monet começaram a ser vendidos, sua reputação cresceu e finalmente ele estava vencendo como artista mas... sem Camille.

Monet estava vendendo suas pinturas mais antigas, mas tinha dificuldades com as novas obras. Ele escreveu: "Tenho raspado todas as minhas telas recentes. Sinto-me angustiado."

Monet tinha perdido a única parte insubstituível de sua inspiração. Havia razões para ele ficar amargurado, mas talvez ele também tivesse razões para reconsiderar. Monet tinha sacrificado sua esposa pela arte. Aí, descobriu que não poderia existir nenhuma arte significativa sem ela. Os perspicazes olhos de Monet não tinham percebido que a própria Camille era sua arte. Se ele tivesse se dedicado a cuidar melhor dela, teria preservado muito mais a sua própria arte.

Sua admirável busca da excelência na arte não havia incluído o esforço para ser excelente no lar, a raiz da sua inspiração.

Muitos de nós temos problemas similares. Não é fácil equilibrar os desafios de nossa missão. Nem sempre vemos claramente o que é de fato insubstituível.

Jaime, por exemplo, teve sorte de fazer tal descoberta antes que fosse tarde demais. Trabalhava como operador de TV e era freqüentemente chamado para ajudar a gravar eventos especiais. Jaime tinha orgulho do seu trabalho e entendia muito bem das minúcias do funcionamento do videoteipe.

Uma ocasião, o Sindicato de Jaime e a Companhia em que ele trabalhava não chegaram a um acordo sobre salários. O Sindicato convocou uma greve e Jaime, juntamente com o resto dos funcionários, faltou ao trabalho. A greve se prolongou e a Companhia não pareceu tão disposta a ceder. Aí, Jaime soube que havia sido substituído. Isso foi um grande choque, alguém havia preenchido sua vaga e, o que era pior, a Companhia continuou produzindo programas exatamente como antes.

Jaime havia se tornado dispensável. Completamente desanimado ele vagava sem rumo por toda a casa. Durante esse período de depressão, a família de Jaime ficou ao seu lado. Ela o confortou e o encorajou. Foi aí que ele começou a se ver sob um novo prisma. Ele olhou de novo para aqueles que dependiam dele no dia-a-dia, sua esposa e filhos, e concluiu que havia uma função na vida que só ele poderia preencher. Havia um lugar onde ele sempre seria insubstituível.

Na família, se Jaime, como marido e pai, entrasse em greve, jamais seria encontrado outro substituto. ninguém mais conseguiria ter o mesmo relacionamento que ele desfrutava com a sua esposa e com os filhos. Bem, Jaime eventualmente voltou a trabalhar e continuou sua carreira produtiva na televisão, mas nunca mais colocou sua segurança em seu cargo. Ele descobriu onde era verdadeiramente insubstituível.

Você já fez essa descoberta? Tem se dedicado ao desempenho de sua função insubstituível? A luta pela promoção tem mais prioridade do que o cuidado da sua esposa ou do seu esposo?

Eu sei que todos nós falamos que nossa família é muito mais importante. Isso é fácil de dizer. Mas pergunte isto a si mesmo: Quando uma decisão tem de ser tomada entre uma exigência do trabalho e uma exigência do lar, com que freqüência você escolhe o lar? Provavelmente poucas vezes. Eu sei disso, acredite em mim.

Nós, os pastores, somos com freqüência os piores nisso. Tão ocupados tentando salvar o mundo lá fora que nos esquecemos daqueles que estão mais próximos de nós.

O Deus da Bíblia, entretanto, tem uma visão diferente do assunto. Ele valoriza mais o que freqüentemente desprezamos. Deus demonstra isso de um modo muito lindo num pequeno livro chamado Rute. No início dessa história do Antigo Testamento encontramos três viúvas percorrendo a longa estrada de Moabe para Judá, onde a comida era mais farta. Mas, enquanto andava pela estrada poeirenta, Noemi começou a pensar: Rute e Orfa, ambas moabitas, jamais conseguiriam se casar em Judá. Sendo estrangeiras, elas não seriam inteiramente aceitas. Portanto, seria melhor que as garotas ficassem em Moabe. Assim, noemi parou e disse-lhes: "Voltem para casa." Mas Rute e Orfa responderam: "Iremos com você para seu povo." Afinal, elas eram tudo o que restara para aquela velha senhora. Como iria ela sobreviver sozinha? Noemi, entretanto, insistiu. Finalmente, Orfa abraçou sua sogra e despediu-se com lágrimas nos olhos. Mas Rute não conseguiu ir embora. Sua dedicação era muito forte. Aquela jovem fez uma memorável promessa encontrada no primeiro capítulo desse pequeno livro: "Aonde quer que fores, irei eu e onde quer que pousares, ali pousarei eu: o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus. Onde quer que morreres, morrerei eu." Rute 1:16 e 17. Lindas palavras. Eu não conheço uma lealdade mais eloqüente.

Rute entendeu sua única função insubstituível. Ela se comprometeu com o único laço familiar que restava. Apenas duas pessoas frágeis, agarradas uma à outra na longa estrada para Judá. Você talvez pense que elas iriam ser insignificantes na vastidão da história bíblica, mas Deus enfatizou a história delas. Rute desempenha um papel especial na revelação de Deus.

O livro é, na verdade, o ponto de exclamação de Deus no final de um outro livro chamado Juízes.

Juízes narra uma história muito triste das repetidas apostasias de Israel. De tempos em tempos após uma grande libertação, Israel retornava para Deus, mas logo já estava correndo atrás dos ídolos de seus vizinhos. Os israelitas não conseguiam decidir-se de uma vez em favor do Deus verdadeiro. Rute foi a resposta de Deus para todo aquele triste período. Que contraste essa garota pagã provê para o procedimento erradio de Israel! Deus não precisou pregar um longo sermão sobre lealdade após os decepcionantes atos de Israel na era dos Juízes. Ele apenas contou essa linda história de uma garota e sua sogra. Isso é o que realmente importa, diz Deus.

Reis e guerreiros podem surgir e desaparecer, nações passam por prosperidade e desastre, mas este tipo de relacionamento leal é o que importa, afinal. Rute valorizou, acima de tudo, uma função que ninguém mais poderia realizar. Como resultado, ela se tornou um dos grandes sinais de Deus na História.

Seu casamento pode ser mais um dos lindos sinais de Deus. Paulo nos diz que o relacionamento entre marido e mulher tipifica o relacionamento entre Cristo e Sua Igreja. O mundo deve ver no carinho, consideração e respeito em nossa vida no lar uma imagem do amor de Cristo por Seu povo.

Nada em nosso trabalho, nada em nossa carreira, pode prover essa imagem. Nem todo o "marketing", propaganda e técnica de venda do mundo podem provê-la. Somente a qualidade do nosso relacionamento matrimonial pode refletir o que Deus quer dizer. Temos uma função insubstituível a desempenhar. Deus quer que sobressaiamos em nosso relacionamento no lar. Isso faz parte de nossa vocação. Não pode ser separada de nossa missão na vida. Se sacrificarmos nossa família por nossa missão, descobriremos, como o pintor Monet, que não temos mais nenhuma missão.

Excelência em nosso relacionamento familiar... Quão poucos de nós a buscam! As pressões do mundo nos levam constantemente a divorciar nossa vocação para o trabalho da vocação para o lar.

Recentemente, centenas de profissionais acadêmicos se reuniram para homenagear um homem que havia recebido o Prêmio Nobel de Ciência. Durante as cerimônias preliminares, sua esposa aguardava nos bastidores com as esposas de outros homenageados. A esposa do ganhador do Prêmio Nobel não parecia muito entusiasmada e as outras mulheres lhe perguntaram a razão.

- Como posso ser feliz com um marido desses? - disse ela e começou a descrever uma vida no lar bastante patética.

Imediatamente, as outras mulheres disseram:

- Ora, esta é exatamente a minha história.

Todas tinham a mesma experiência de abandono e desprezo. Enquanto os "flashs" espocavam no palco e os dignitários faziam seus admiráveis discursos, uma história bem diferente era revelada nos bastidores. As esposas dos dezenove homenageados só podiam descrever uma infelicidade comum. Destacar-se no trabalho e falhar no lar, é um "status quo" que a palavra de Deus não tolera.

Nossa missão na vida é um tecido sem defeitos. Se não pudermos refletir a Cristo em nossa vida no lar, que adianta tentarmos promovê-Lo em nosso trabalho? Cada um de nós pode ir além no relacionamento matrimonial.

A colunista Judith Viorst descobriu estas gemas de excelência no casamento. Elas mostram que atos de amor em forma de atenção nem sempre são dramáticos. Não existem bandas tocando nem multidões aplaudindo. São os atos silenciosos, considerados e graciosos que tornam as famílias grandes. A excelência começa com o compromisso de se dedicar tempo.

Elza e Estêvão estavam discutindo no café da manhã, bem cedo, num dia de semana. Sua acirrada discussão continuou enquanto Estêvão escovava os dentes e se vestia para ir ao trabalho. Ele estava saindo porta afora quando Elza gritou:

- Como é que você pode simplesmente sair assim? Ainda não resolvemos nada.

Estêvão olhou para a esposa por um instante. Ele era um executivo ambicioso e supermotivado. Mas parou, foi ao telefone e cancelou todos os compromissos daquele dia. Elza ficou muito comovida. Ele dissera com isso, que o relacionamento deles significava mais do que suas urgentes reuniões de negócios.

Depois de nos comprometermos a investir tempo em nossa função familiar, podemos começar procurar novos modos de expressar nosso amor.

Júlia conseguiu fazer uma torta de chocolate com creme, mas quando ia de carro para a festa, o casal percebeu pelo cheiro que o creme estava queimado. Júlia começou a temer que sua torta fosse intragável. Bem, a torta foi para junto dos outros pratos que já estavam na mesa. Júlia cortou-a e ofereceu um pedaço ao marido. Pela expressão horrível do seu rosto ela percebeu que a torta estava um desastre. Mas Márcio pegou a torta e disse ao grupo que, já que havia ali tantas sobremesas e sendo que aquela torta era a sua preferida (ele estava brincando, é claro!), iria comê-la toda sozinho. Márcio sentou-se num canto aquela noite, comendo corajosamente a torta e esmagando os pedaços que não conseguiu engolir. Ninguém jamais soube quão ruim ela havia ficado.

O que é verdade nos negócios também é verdade no casamento: nada é melhor do que o sucesso.

A consideração cria mais consideração. Quando você reserva tempo para produzir um bom relacionamento no lar, descobre que as oportunidades para ser especial se multiplicam.

José achou uma oportunidade dessas. Em uma noite muito fria, ele foi ao andar superior da casa e aquece os lençóis para a esposa, passando-os a ferro.

Fábio foi proibido de ficar com sua apavorada esposa durante o parto do seu primeiro filho, mas conseguiu entrar na sala de parto disfarçado de enfermeiro.

Essas pessoas descobriram meios de ir além na única função que nenhum outro pode preencher. Seus atos de consideração demonstraram o amor de Cristo. Eles são sinais de Deus em nosso mundo.

A casa de Ângela e Davi incendiou-se por completo logo após o sexto aniversário de casamento. Logo que lhes foi permitido examinar os restos queimados, a primeira atitude de Ângela foi procurar seus preciosos álbuns de fotografias. Quando ela foi dizer a Davi que as fotografias estavam intactas, encontrou-o de joelhos entre as cinzas, colocando com cuidado em uma caixa suas cartas dos tempos de namoro. Naquele momento, Ângela percebeu o quanto eles significavam um para o outro. No meio da sua maior tragédia, o primeiro pensamento deles não foi para as perdas materiais mas para o que poderia ter sido a perda dos sonhos do passado.

Ângela e Davi entendiam bem o que era insubstituível. Eles estavam entre os felizardos que lutam para preservar o que realmente importa.

Como está indo você em sua função insubstituível? Quando nosso mundo se transformar em cinzas, não vamos olhar para trás e dizer: "Eu gostaria de ter passado mais tempo no escritório." Mas vamos apenas olhar para a qualidade de nossos relacionamentos pessoais. Nossas maiores alegrias e tristezas estarão concentradas nas pessoas de nosso círculo familiar, as quais temos atingido para o bem ou para o mal.

Discussões e Soluções

É interessante notar que as brigas de casais parecem seguir os mesmos velhos padrões. Há, porém, maneiras de acabar com isso.

Todo casamento, até mesmo aquele que parece feito no Céu, tem seus pontos de conflito. São diferenças que aparecem, interesses que colidem, opiniões que divergem. A despeito de nossas baladas românticas, duas personalidades não se fundem uma na outra automaticamente: existem muitas manobras envolvendo a união marital, ajustes que levam tempo e reflexão.

Neste capítulo, eu gostaria de lhe mostrar como podemos tornar nossas discordâncias no casamento mais produtivas, como podemos criar algo positivo de nossas diferenças em vez de usá-las um contra o outro. Em suma, podemos aprender a dialogar e iremos obter ajuda de uma fonte inesperada: o relacionamento de Jesus com Seus discípulos.

Existe um alvo muito importante que, como casal, precisamos ter ekm mente quando quisermos solucinar diferenças, e este é ficarmos concentrados nas soluções. Todas as nossas discussões devem visar ao encontro de uma solução para o problema. Muitas vezes uma outra coisa está sendo o centro: a acusação.

As brigas se tornam uma disputa para ver quem pode achar mais coisas para culpar o outro. As acusações são mortíferas. Condenam qualquer diálogo ao fracasso. Soluções é o que procuramos.

Existem três coisas vitais que nos ajudarão a ficar concentrados nas soluções. Você pode concentrar-se na solução simplesmente ouvindo. Muitas discussões tornam-se insuportáveis porque o marido e a esposa não ouvem o que o outro está dizendo. E não são apenas palavras que ficam sem ser ouvidas, as emoções também são ignoradas. As pessoas precisam ter seus sentimentos ouvidos.

Laura, na sala de estar, tenta, sem conseguir, ler uma revista. Seu olhar vai, de minuto em minuto, da janela para o relógio, do relógio para a janela.

Breno entra com a pasta na mão, enquanto Laura, sem levantar os olhos, demonstra sua irritação.

- Cheguei - dize Breno, tentando ser amigável, sem obter resposta.

Finalmente irritada, Laura replica:

- São onze e meia.

- Eu sei, fiquei retido no escritório.

Laura explode:

- Mas você poderia ter ligado!

- Tivemos uma emergência, está bem?

- Apenas um simples telefonema.

- Fiquei preso no computador, eu não podia.

- Sabe, às vezes, acho que você não se importa.

- Ah, ótimo! Eu não acredito!

- Estou sentada aqui há três horas.

- Laura, eu estava na sala do computador com o chefe grudado no meu calcanhar.

- Você não tem a menor idéia de como é esperar, não é?

- Eu não pude ligar. Você não está sendo justa.

Laura está realmente irritada. Ela ficou esperando nervosa e ansiosamente durante horas e está tentando colocar tudo para fora. Mas a reação de Breno é revidar. É como fogo no capim que precisa ser apagado. Sentindo-se ameaçado, em vez de ouvir, Breno lança-se em sua própria defesa. Não percebe que Laura só precisa expressar o quanto está aborrecida. Ela precisa ser ouvida e compreendida pelo marido.

Os fatos relacionados com o motivo do atraso de Breno não são tão importantes quanto as emoções de Laura.

Acredite ou não, o ouvir é um dos maiores solucionadores de problemas que conhecemos. Não é apenas um primeiro passo para qualquer outra coisa. As pessoas precisam ser ouvidas. E o ouvir atende a essa necessidade, resolve um problema. Breno pode amenizar a irritação de sua esposa, não através da tentativa de mostrar o quanto ela é irracional, mas simplesmente deixando-a expressar o que sente. Ela não percebe que as explicações do marido são uma tentativa de dizer que ele se importa. Ela está preocupada em culpar, por isso não consegue notar a preocupação dele. Vamos ver o que aconteceria se Laura e Breno de fato ouvissem.

- Cheguei - diz Breno tentando ser gentil, não obtendo resposta.

Finalmente, irritada, Laura diz:

- São onze e meia!

- Eu sei, fiquei preso no escritório.

Breno senta-se e olha para ela

- Está chateada por ter esperado esse tempo todo?

- Mas você poderia ter ligado.

- Tivemos uma emergência, fiquei preso na sala do computador com o chefe grudado no meu calcanhar. Querida, lamento ter deixado você preocupada - disse Breno, sentando-se junto dela.

- Eu me senti muito mal tendo que ficar três horas esperando você. Teria sido um grande alívio ter notícias suas.

- Eu devia ter achado um meio de ligar. Eu posso entender por que está zangada. Laura, eu me preocupo com os seus sentimentos, mesmo que eu não demonstre bem isso.

Laura continuou com os olhos bauxos. Esboçando um sorriso, meneou a cabeça concordando e perguntou:

- Está com fome?

Aí estão duas pessoas, uma ouvindo a outra. Breno ouve a necessidade que sua esposa tem de apoio emocional e Laura ouve a preocupação do marido. O mais importante é que Laura expresse seus sentimentos sem atacar o marido e que Breno tome conhecimento desses sentimentos sem se colocar na defensiva. Ouvir soluciona problemas, mas leva tempo. A grande maioria de nossas discordâncias não são tão complicadas, nós só precisamos conversar e ouvir, gastar tempo, se for necessário. Isso é uma coisa que admiro em Jesus: o modo como Ele reservava tempo para ouvir.

Um dos fatos mais importantes no relacionamento de Jesus com Seus discípulos é simplesmente que Ele esteve ao lado deles continuamente durante três anos. Veja como Marcos descreve o chamado dos doze: "E nomeou doze para que estivessem com Ele e o smandasse a pregar." Marcos 3:14.

Esta foi a estratégia do Salvador para mudar o mundo. Derramar Sua vida em doze homens. Você pode pensar que etá pressionado pelo tempo, mas, por favor, considere Cristo. Ele teve três anos para alterar o curso da História, corrigir milhares de anos de conceitos errados sobre Deus e criar uma Igreja que permanecesse firme até o final dos tempos.

Ele poderia ter usado cada instante desse período com uma sofisticada organização e contínuos discursos públicos. Em vez disso, Seus dias foram usados para o treinamento de doze homens. Andou com eles pelas estradas da Galiléia. Comeu com eles, estava lá para responder às suas perguntas e conduzir seus pensamentos para coisas elevadas.

Jesus separou tempo. Em Seu relacionamento com os discípulos, Ele nos mostra o elemento essencial para nos concentrarmos na solução do que concerne à vida de casado: dedicar tempo para ouvir.

Há uma outra grande diferença entre concentrar-se na solução e concentrar-se na acusação com argumentos. E é perguntar. Sim, apenas perguntando. Quando temos uma necessidade que não está sendo atendida por nosso cônjuge, muitas vezes, nós acusamos em vez de perguntar. O debate se desvia para todos os tipos de queixas em vez de centralizar-se no que é realmente necessário.

Vamos observar a segunda parte da discussão de Breno e Laura e tentar descobrir a necessidade que está por trás das acusações de Laura.

- Não pude ligar. Você não está sendo justa.

- Está bem - disse Laura - vamos falar sobre justiça. É justo você supor que eu vá cuidar de tudo toda vez que você tiver um problema no serviço? Eu preparo as refeições, busco as crianças e as ajudo no dever da escola. Eu também tenho um emprego, mas parece que ele não existe para você. É como se eu não existisse.

- O que você quer que eu faça, afinal de contas?

- E quando você chega em casa vai direto à TV, pega o jornal e se esquece de sua família.

- Bem, se você quer falar sobre o que eu...

- Mas quando seus colegas de esporte chegam, aí sim, há tanta coisa para dizer. De repente, você fica todo falante.

O que deseja Laura? Quer que seu marido fale com ela. É isso. Que a trate como um ser humano digno. Mas, em vez de perguntar, ela acusa. E as acusações sempre nos impedem de obter as soluções.

Uma das mais conhecidas promessas que Jesus fez a Seus discípulos é a encontrada em Lucas 11:9 e é bastante clara: "Pedi, e dar-ss-vos-á, buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á."

Ora, é claro que nesse versículo Jesus estava Se referindo primeiramente à oração, mas creio que o mesmo princípio se aplica muito bem ao casamento.

Vejamos o que aconteceria a Breno e Laura se, após ouvir, eles perguntassem em vez de se acusarem.

- breno, eu acho que você pensa que eu devo cuidar de tudo quando você tem um problema no trabalho. Preparo a comida, busco as crianças e as ajudo no dever escolar. Mas eu também tenho um emprego.

Breno pensa por um momento:

- Talvez tenha razão, mas o que posso fazer? Não posso deixar meu emprego.

- Bem, o que eu quero dizer é que eu gostaria que você conversasse mais. Isto é, conversasse mais quando chega em casa em lugar de apenas ver TV ou ler jornal.

- É que eu chego tão cansado que só quero relaxar.

- Seria tão bom se, algumas vezes, nós pudéssemos relaxar juntos, apenas conversando.

- Acho que tenho andado muito distante ultimamente, com tanta pressão no serviço.

- Eu preciso sentir que faço parte da sua vida.

Breno responde rapidamente:

- Você faz! Mas acho que precisao demonstrar melhor isso.

Ela coloca-lhe a mão no ombro.

Perguntar soluciona problemas. Você tem alguma necessidade que não está sendo satisfeita sem seu casamento? Não acuse, pergunte. Poderá surpreender-se com a resposta.

Agora estamos prontos para examinar o elemento final para que possamos nos concentrar na solução dos problemas matrimoniais. Após termos ouvido e perguntado, em nossas divergências como casal, nós precisamos fazer uma coisa mais: envolver-nos. Essa é a fase de negociação de uma discussão. Faz parte do processo do dar e receber que qualquer relacionamento saudável requer. Infelizmente, o termo "envolver-se" deixa, muitas vezes, um sabor ruim em nossa boca. Faz-nos pensar em fraqueza, em ceder, mas na verdade, exige bastante firmeza de caráter.

Vamos examinar outra vez a discussão de Breno e Laura e como atingiu um clímax desagradável.

- Você sempre tem tempo para o esporte, mas nunca tem tempo para conversar comigo.

- Voc6e sempre tem tempo para os "shoppings".

- Ah, sim, uma vez ou outra eu arranjo coragem para ir ao "shopping", depois de trabalhar e cuidar de você e das crianças o dia inteiro.

- O esporte é um jeito de eu relxar depois de trabalhar a semana toda.

- E tem que ser oito horas todos os domingos?

- Não são oito horas.

- Qual foi a última vez que você fez algo com sua família em lugar de ir jogar com os amigos?

- Ouça, eu trabalho durante a semana toda. Eu tiro apenas um dia para me divertir um pouco. Isso não é pedir demais.

- Não vou ficar sentada em casa sozinha com as crianças, nem mais um domingo assistindo a filmes antigos na televisão.

- Você não cede um milímetro, não é?

- Como você pode dizer isso? Você é quem não quer ceder nada! - diz Laura, quase gritando.

Laura e Breno acreditavam que cada um tinha razão para se irritar com a inabilidade do outro em ver o seu ponto de vista. Mas é claro, quase nunca estamos cem por cento certos ou errados. Existem sempre os dois lados, mesmo para aquilo que parece líquido e certo.

Mais uma vez temos que fazer uma escolha essencial entre culpar a outra pessoa e achar a solução. Tem que ser uma coisa ou outra. Se quisermos chegar a algum lugar temos que parar de tentar saber quem está errado e começar a procurar o que é certo para ambos.

Voltemos ao caso de Laura e Breno e verifiquemos o que eles poderiam fazer com um pouco de envolvimento.

- O esporte é o jeito de eu relaxar depois de trabalhar a semana inteira.

- E ir ao "shopping" é o jeito que eu tenho de relaxar. Mas acho que precisamos fazer alguma coisa em relação aos domingos, como família.

- O que você sugere? Eu detestaria abrir mão do esporte.

- Bem, eu acho que bola todos os domingos é um exagero. Acho que precisamos passar algum tempo com as crianças também no domingo.

- Hummm... que tal domingo sim, domingo não?...

- Abriria mão do esporte, semana sim, semana não?

- Bem, quatorze dias não é muito tempo para ficar sem jogar bola.

- ótimo. Então promente nunca mais reclamar do jogo.

- Nunca?

- Talvez de vez em quando, só um pouquinho.

Ambos riem.

Amigo, o envolvimento não nos faz sentir mal se ouvirmos uns aos outros e fizermos perguntas sem culpar nem acusar. Podemos negociar com boa disposição. O envolvimento cria soluções, a base é muito simples.

Às vezes ficamos num beco sem saída tentando livrar nosso lado, não querendo ser o primeiro a ceder.

Sabe qual é a melhor maneira de fazer seu cônjuge mudar? É mudando você mesmo. Tome a iniciativa, dê o primeiro passo. Isso pode fazer toda a diferença. Os discípulos de Cristo ficaram num beco sem saída. Nenhum deles queria ceder e ser humilde.

Os doze apóstolos haviam se reunido para celebrar a páscoa com o seu Mestre. Era costume, em tais ocasiões, um criado lavar os pés empoeirados dos convidados, mas não havia nenhum criado presente e nenhum dos discípulos queria assumir essa função. Eles estavam discutindo sobre quem dentre eles deveria ocupar a posição mais elevada no reino de Cristo. A mente deles estava nos privilégios executivos, não no serviço de criados. Assim, eles sentaram-se olhando uns para os outros, esperando que alguém cedesse.

Aí, Jesus praticou uma ação extraordinária, conforme relara o apóstolo João em seu livro maravilhoso: "Levantou-se da ceia, tirou o manto e tomando uma toalha, cingiu-se com ela. Depois deitou água na bacia e passou a lavar os pés aos discípulos." João 13:4 e 5.

O Mestre tornou-Se servo: Ele lavou os pés dos discípulos. E, por isso, aqueles discípulos nunca mais seriam os mesmos. Jamais voltariam a discutir a respeito de posições.

Que exemplo digno da nossa apreciação! Especialmente em nosso casamento. A próxima vez que você tiver medo de se humilhar, e ser o primeiro a ceder, lembre-se de que Jesus lavou os pés dos discípulos.

Sabe, Jesus é mais do que um simples exemplo ao mostrar-nos como ter bom relacionamento. Ele é também nossa maior fonte: é Ele quem nos dá a segurança tão essencial no casamento. Sabendo que Ele morreu por nós, como Senhor, temos o maravilhosos senso de segurança.

As pessoas inseguras brigam para vencer. As pessoas inseguras são compelidas a acusar. Mas aquelas que têm uma fonte segura de amor, têm condição de ouvir, têm condição de perguntar, têm condição de se envolver.

Por que não apóia seu casamento na segurança que apenas Cristo pode dar? Um lar onde Cristo é honrado como Salvador e Senhor está construído sobre rocha sólida. Firme seus pés sobre essa Rocha agora mesmo.

 

 

 

 

 

 


 


 

43

PARTINDO O PÃO JUNTOS

George Vandeman

TOPO

 

    Tudo começou como parte de uma simples refeição; uma família reunida para cear e ter uma boa conversa. Uma refeição que tocou os mais profundos laços humanos, e foi usada para reunir as pessoas. Mas aí algo aconteceu. A refeição tornou-se o tema de apaixonados debates. Foram traçados limites e ameaças foram feitas. Finalmente, sangue foi derramado. Por incrível que pareça, terríveis guerras já surgiram por causa desta refeição.

    O imperador Charles tinha as tropas de prontidão. Seus grandes exércitos do sagrado Império Romano estavam prontos para atacar a Saxônia, uma província alemã. Lá, os príncipes leais aos reformadores protestantes esperavam ansiosamente. Milhares de soldados da Itália também estavam reunidos. Estavam prontos para invadir as verdes colinas da Alemanha e esmagar o coração da reforma. Era uma época de perigos. Martinho Lutero, seu amigo Melanchton, e outros reformadores estavam tentando desesperadamente elaborar um acordo de paz. Eles queriam evitar a guerra, mas também queriam preservar a verdade da "justificação pela fé". Melanchton, o negociador, estava disposto a fazer alguma concessão. A Ceia do Senhor ou sagrada comunhão era uma questão chave. A igreja medieval tinha lhe transformado num elaborado ritual. Melanchton e seus colegas não se opunham à essa cerimônia, se pudessem continuar pregando suas descobertas bíblicas. Era uma posição precária para se assumir. Mas, ante a ameaça de guerra e destruição total, foi o melhor que Melanchton pôde fazer.

    Outros, entretanto, não queriam saber de celebrar a Ceia do Senhor à maneira antiga. Entre eles estava um febril entusiasta chamado Flacius. Ele destacou corretamente que havia uma conexão próxima entre ritual e doutrina. E ele foi além. Flacius chamou aqueles que cederam na observância da Ceia do Senhor de tratantes, subservientes, samaritanos e traidores. Ele concentrou suas piores ofensas sobre Melanchton. Flacius distorceu a posição de Melanchton, rotulando-o de apóstata e convocou todos os bons cristãos a evitarem o contágio de suas idéias leprosas.

    Bem, o conflito aumentou. As pessoas tomaram partidos. As igrejas  se dividiram. Os exércitos se reuniram. E a Europa se preparou para a guerra. Basicamente porque as pessoas não chegavam a um acordo sobre o modo certo de partirem juntos o pão.

    Na história dos conflitos religiosos, esta é uma das maiores ironias. A Ceia do Senhor, a comunhão, tornou-se um ponto de separação. Ela estava muito afastada de suas origens simples. Quando os cristãos da igreja primitiva se reuniam para  "partir o pão", eles desfrutavam uma refeição normal, chamada de "festa-ágape". Ágape, a palavra grega para amor, foi o primeiro nome dado ao serviço da comunhão. Ela refletia a profunda comunhão que eles experimentavam. A festa-ágape era acompanhada de leitura bíblica, pregação e oração. Culminava com os atos formais da Ceia do Senhor. Esta passou a ser chamada de "eucaristia". Ora, eucaristia é uma palavra grega que significa "ação de graça". Quando os primeiros cristãos tomavam o pão e o vinho como o corpo e o sangue do Senhor, estavam, acima de tudo, dando graças pelo sacrifício de Cristo.

    O ágape e a eucaristia. Amor e ação de graça. Estas qualidades distinguiram os primeiros serviços da comunhão. A Ceia do Senhor originalmente era um simples meio de comunhão e lembrança. Mas aos poucos as coisas mudaram, e a festa-ágape foi desaparecendo. Uma celebração mais formal da eucaristia foi entrando. Surgiram idéias supersticiosas sobre o que o pão e o vinho poderiam fazer. Alguns ensinaram que os sacramentos eram, por si próprios, conferidores de graças. E os teólogos começaram a analisar as palavras de Jesus: "Meu corpo, Meu sangue". Finalmente definiram e criaram algumas sutilezas. Surgiram frases como "presença real": enfatizando a substância e a transubstanciação. Pelo final da idade média, a comunhão havia se tornado um ritual extravagante. O pão e o vinho eram venerados como um sacrifício feito a Deus. Os leigos foram proibidos de beber do cálice, por medo de que parte do vinho sagrado pudesse derramar. Os reformadores quiseram simplificar os sacramentos, mas mesmo eles se perderam no meio de tantas controvérsias. E tragicamente as controvérsias aumentaram a sanguinolência.

    John Hus condenou certas práticas supersticiosas da igreja medieval. Ele cria que os leigos, não os sacerdotes, deveriam beber do cálice da comunhão. Bem, os comentários de John Hus não foram apreciados e ele foi queimado numa estaca.

    John Wycliffe se opôs à idéia da comunhão como um sacrifício feito a Deus. Após a morte de Wycliffe, um concílio da igreja o condenou por heresia e fez seu corpo ser removido do terreno sagrado. Alguns dos últimos reformadores não foram muito tolerantes.

    John Knox, por exemplo, condenou a observância da eucaristia pela igreja como idolatria. Ele a comparou aos cultos dos vizinhos pagãos de Israel. Em seus momentos mais apaixonados, Knox afirmou ser "o sangue dos abomináveis idólatras" para "aplacar a ira de Deus".

    Imagine! A Ceia do Senhor teve uma trágica e longa história que alguns de nós talvez desconheçamos. O mais trágico de tudo é o fato que através de todo o debate e toda controvérsia sobre estes emblemas, nós temos perdido o objetivo, temos perdido seu real objetivo. Todas as nossas categorizações e sutilezas passam por cima da essência do serviço da comunhão.

    Nos dias de Paulo, a Ceia do Senhor tinha se tornado uma questão divisória para a igreja em Corinto: "Porventura o cálice da bênção que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão" (I Cor. 10:16 e 17).

    Aqueles que participam da comunhão se tornam parte de Cristo e se tornam um corpo de crentes. Amigo, não somos chamados para analisar e classificar. Somos chamados para aceitar com ações de graça o sacrifício de Cristo por nós. Isso nos coloca no mesmo nível dos outros cristãos. É trágico que através da história tenhamos perdido o objetivo. Colocamos o pão e o vinho sob um microscópio. Temos debatido sobre a substância, a essência e a presença, reduzindo a comunhão a uma química. Não é essa a finalidade da Ceia do Senhor. Sua finalidade é nos unir com humildade para aceitarmos pela fé o maravilhoso mistério da salvação que temos através de Cristo.

    Infelizmente alguns têm usado o serviço da comunhão para excluir em vez de unir. A instrução do apóstolo Paulo à igreja em Corinto com relação à Ceia do Senhor é muitas vezes usada fora do contexto. Note, Paulo alertou: "Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor" (I Cor. 11:29).

    Alguns interpretam isto como uma definição especial do sacramento da Ceia. Eles crêem que não podem partilhar a comunhão com ninguém que não vê o pão e o vinho precisamente do mesmo modo que eles. Novamente, limites são traçados e certos crentes excluídos. Mas parece evidente pelo capítulo como um todo que Paulo tinha algo bem diferente em mente.

    Os coríntios haviam transformado a festa-ágape em uma ocasião para a glutonaria. Os crentes estavam na verdade se embebedando na mesa da comunhão. Era contra esse espírito irreverente e carnal que Paulo estava advertindo. Ele estava dizendo, de fato:

    – Não venham para encher a boca, venham para reconhecer o corpo do Senhor, venham para reconhecer a Cristo.

    Certa ocasião, dois discípulos caminhavam pela estrada para Emaús. O Mestre havia sido crucificado. Estavam sem esperanças. Aí, um estranho aproximou-se. Esse homem começou a falar de certas profecias messiânicas do Velho Testamento. Os dois discípulos estavam fascinados. Convidaram o estranho para cear com eles. Assim que o Homem deu graças e partiu o pão, a bíblia diz assim: "Então se lhes abriram os olhos, e o reconheceram..." (Lucas 24:31).

    Era Jesus! Seu Senhor! Vivo de novo. Alguns versos adiante Lucas enfatiza esse fato: "... Como fora por eles reconhecido no partir do pão" (Lucas 24:35).

    Eles reconheceram o Senhor que lhes tinha dado a última Ceia poucos dias antes. Não é essa a finalidade do serviço da comunhão? Reconhecer Jesus. Ver a maravilha do Seu sacrifício em nosso favor?

    Sabe, a Bíblia não dá nenhuma instrução detalhada sobre a natureza exata do pão e do vinho da comunhão. Onde os estudiosos e teólogos tem despejado volumes, as Escrituras pouco mencionam. Mas temos alguma instrução clara quanto ao serviço. E esta vem do próprio Jesus. Paulo cita Jesus na última Ceia como tendo dito isto: "... Fazei isto em memória de mim" (I Cor. 11:24).

    Em memória de mim. Temos que lembrar de Jesus. Não se pede para nos concentrarmos nos emblemas da comunhão. Não somos incentivados a debater sobre a cerimônia. Não nos é requerido sondar a precisa mecânica do sacramento. Só nos é requerido uma coisa: lembrar de Jesus.

    Isso tem sido tão incrivelmente difícil de fazer através dos tempos! Temos nos equivocado totalmente. Todo o pó e fumaça do conflito religioso têm obscurecido o Cristo da nossa comunhão. Não tinha que ser desse jeito. De fato, Cristo, logo no princípio, nos deu um meio de evitar todo conflito que tem afetado a cristandade através dos séculos. É uma parte da última Ceia. Talvez um meio que você não tenha ouvido falar. Um meio que muitos de nós desprezamos. E eu creio que pode nos ajudar a reconquistar a essência da verdadeira eucaristia. Um jovem chamado Eddie Fischer ajudará a explicar o que quero dizer.

    Na primavera de 1977, ele embarcou em uma longa viagem. Ele havia decidido viajar de uma pequena vila na Guatemala até o seu lar na Pennsylvania. Quase 6.500 quilômetros a pé. Era uma caminhada em prol da água. Eddie estava levantando dinheiro para construir um poço desesperadamente necessário para a Vila de Rabinal. Ele havia trabalhado lá como participante de uma equipe voluntária de ajuda. Eddie Fischer estava atraindo a atenção para os necessitados de Rabinal com sua caminhada.

    Durante o caminho, ele falou a muitas igrejas e grupos cívicos. Departamentos de jornalismo de TVs o receberam nas grandes cidades. Compareceu a vários shows de entrevistas. Eddie conheceu muitas pessoas maravilhosas durante sua viagem. Mas uma mulher destacou-se entre todas.

    Ele a conheceu no final de uma caminhada no meio das lavouras de milho de Illinois. Ela e seu marido tinham oferecido sua hospitalidade naquela noite. Sua velha casa na fazenda era grande, com uma acolhedora aparência de lar. Era um casal de meia idade de aparência sóbria. Mas ofereceu alegremente ao cansado Eddie uma confortável cadeira na sala de estar. A esposa foi depressa pegar água fresca para ele.

    Mais tarde, ela apareceu usando um avental. Eddie de imediato pensou que aquela senhora tão digna destoava com aquele traje. Havia uma toalha pendurada no braço dela e ela carregava uma pequena bacia com água. Eddie quase desmaiou quando ela lhe perguntou com seu leve sotaque alemão:

    – Posso lavar seus pés?

    Embaraçado, Eddie disse qualquer coisa sobre tomar um banho mais tarde. Mas a mulher sorriu e lhe assegurou que eles com freqüência lavavam os pés dos hóspedes. Era uma coisa que Jesus havia feito para os discípulos. Ela insistiu que queria lavar os pés de Eddie como um ato de serviço e amor por um irmão cristão. Eddie relutantemente cedeu. Ele começou a tirar as botinas, mas a mulher ajoelhou-se rápido e desatou os cadarços. Ela retirou as mal cheirosas meias e botinas e, sorrindo candidamente, começou a lavar aqueles sofridos pés. As suaves mãos da mulher deixaram Eddie mais a vontade. Muitas pessoas tinham oferecido ajuda ao seu projeto pela água, mas ninguém havia respondido com tamanho espírito de humildade e amor. Eddie teve que engolir o nó na garganta. Mais tarde, ele lembrou: "o que aconteceu comigo naquele lar... mudou minha atitude quanto à minha caminhada".

    Antes, ele tinha visto a "caminhada pela água" como seu projeto, seu sacrifício. Toda a atenção da mídia tinha lhe colocado em um pedestal. Mas agora ele se sentia parte de algo maior, parte de muitos cristãos que estavam se dando sem esperar reconhecimento.

    Durante uma certa festa da páscoa, os discípulos de Jesus também estavam em um pedestal. Eles estavam imaginando que iriam ocupar posições chave no futuro Reino de Deus. Eles sabiam que eram privilegiados, mas ficaram imaginando quem entre eles seria o mais privilegiado, quem ocuparia as cobiçadas posições à direita e à esquerda de Jesus. Os discípulos estavam discutindo sobre isso quando se reuniram no cenáculo para a Ceia da páscoa. Logo todos notaram que não havia nenhum criado presente para lavar os pés de todos, como era costume naqueles dias. Quem realizaria a tarefa? Nenhum dos discípulos queria descer do seu pedestal. Mas enquanto se entreolhavam pouco a vontade, Jesus tirou sua túnica, enrolou uma tolha na cintura, derramou água numa bacia, e começou a lavar os pés dos seus discípulos.

    Os doze assistiram chocados, em silêncio... Que vergonha! Seu Mestre, aquele que veio do Pai, estava fazendo o trabalho de um escravo. Esta bela expressão de humildade de Cristo derreteu o orgulhoso coração dos discípulos. Eles perceberam que faziam parte de algo maior, de algo mais importante do que a ambição individual.

    Agora os doze estavam prontos para participar da última Ceia. Agora o pão e o vinho poderiam realmente uni-los. Todos ficaram no mesmo nível. Todos precisando ser lavados pelo mesmo Mestre. Todos redimidos pelo mesmo corpo partido e sangue vertido. A cerimônia do lava-pés precedeu ao serviço da comunhão.

    Como os discípulos precisavam disso! Quanto nós precisamos de uma experiência similar hoje! Com todo o nosso orgulho e nossa pose temos perdido completamente o objetivo.  Se ao menos lavássemos os pés uns dos outros através dos tempos, em lugar de ficar brigando com relação à química dos sacramentos...

    Por favor, lembre-se de que só podemos tomar estes emblemas do Reino como criancinhas. Só podemos aceitar o pão e o vinho pela fé. Só podemos agradecer humildemente a Deus pelas maravilhas do sacrifício de Cristo. Pessoas que têm se humilhado perante as outras podem fazer isso.  Pessoas prontas a lavar os pés das outras não são tão rápidas em brigar ou excluir.

    Cristo pretendia que sua última Ceia nos unisse, nos juntasse, tornando-nos um corpo, através da comunhão. Ele deseja que reconheçamos a Ele e o Seu amor para nos salvar. Todos nós obtemos a mesma posição quando participamos do pão e do vinho, com o coração humilde. Todos nós ajoelhamos juntos e unidos. Esta é uma velha e linda figura espiritual.

    Amigo, esta é a beleza simples que devemos recuperar em nossa observância da Santa Ceia. Podemos celebrá-la no espírito de lavar os pés uns dos outros? Faria uma grande diferença se puséssemos de lado todos os pedestais, todas as nossas teorias banais. Vamos aceitar o pão e o vinho com humildade, fé e ações de graça. E acima de tudo, com nosso rosto voltado para Jesus Cristo. Aquele que nos lembra: "fazei isto em memória de Mim".

    Espero que o verdadeiro sentido da Ceia do Senhor tenha ficado claro para você. Deus quer ver Seus filhos unidos em amor e assim preparados espiritualmente para, um dia, encontrarmos com Ele nos céus.

PERTO DE DEUS, LONGE DO MAL

Letra e música: Williams Costa Jr

Mais perto de Ti, Senhor;

mais longe de Satanás.

Mais perto do Lar de amor;

mais longe do mundo mau.

Dá-me forças pra prosseguir,

pra perto de Ti.

Dá-me forças pra me afastar

do tentador.

Mais perto do Santo;

mais longe da corrupção.

Mais perto do Gólgota;

mais longe de Nazaré.

Dá-me forças pra prosseguir,

pra perto de Ti.

Dá-me forças pra me afastar

do tentador.

Mais perto da igreja;

mais longe do vil viver.

Mais perto da oração;

mais longe da tentação.

Dá-me forças pra prosseguir,

pra perto de Ti.

Dá-me forças pra me afastar

do tentador.

Gravado por Arautos do Rei no MMLP 4801 de "A Voz da Profecia"

ORAÇÃO

Pai celeste, obrigado, de todo o coração pelo corpo de Jesus partido na cruz e pelo sangue vertido por minha salvação. Passarei a eternidade explorando as riquezas da redenção que Tu tornaste possível. Mas por ora, ajuda-me a celebrá-la humildemente, não presunçosamente. Humilhe o meu orgulho, cure minhas brigas. Fixe os meus olhos em Jesus. E que através de minha adoração eu possa lembrar dEle e dEle somente. Amém.

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LUTANDO CONTRA A GARRAFA

George Vandeman

TOPO

 

Harold lembrava-se dos homens que tinha visto baleados no exterior e concluiu que iria fazer uma tremenda sujeira no quarto. Assim, segurando cuidadosamente a sua espingarda Hemington 12, caminhou pelo corredor até o banheiro. Ele estava tentando desesperadamente fugir das suas promessas quebradas, de sua teia de mentiras; tentando fugir da mágoa dos olhos de suas filhas. Ele havia decidido que essa era a única fuga da garrafa. Harold entrou na banheira, deitou-se e apontou o cano da espingarda para a boca.

   Quando Harold Hughes tomou seu primeiro drinque, era um adolescente tímido. O álcool da bebida queimou sua garganta, todavia, o fez sentir como se estivesse andando no ar. De repente, conseguia falar com as garotas, sentia-se confiante, tornando-se a alegria da festa. Harold descobriu também que queria três drinques para cada drinque que seus amigos pediam. Alguma coisa dentro dele o instava a continuar. Ele lembrou-se de sua mãe dizendo:

   – Harold, eu creio que Deus tem alguma coisa especial para você. Você tem que se manter apto para isso.

   O filho fez promessas, mas não conseguia parar de sair com seus colegas.

   Harold ganhou uma bolsa para estudar Engenharia Aeronáutica na Universidade de Iowa. Mas após um ano, desistiu e casou-se com uma garota de lindos cabelos chamada Eva. Eles eram felizes quando Harold não estava bebendo.

   Nessa ocasião, Gessi, irmão de Harold, morreu num acidente de carro. Ele passou a beber mais... para esquecer. Durante a Segunda Guerra Mundial, Harold serviu na infantaria em sangrentas campanhas no norte da África e Itália. Tinha mais ainda para esquecer. Quando voltou para casa, para Eva e suas duas filhinhas, Harold tornou-se gerente de uma transportadora e estava indo muito bem. Entretanto, seu trabalho muitas vezes o prendia até tarde e ele ficava bebendo com seus clientes. Quando Eva tentou falar com ele sobre o vício da bebida, Harold ficou zangado. Quando sóbrio, ele notava as olheiras profundas nos olhos de Eva, e suas

filhinhas às vezes escondiam-se no armário, quando ele vinha para casa.

   Finalmente, Eva e as crianças saíram de casa. Harold viu-se obrigado a fazer uma promessa solene. Ele jurou, diante de um juiz, que não tocaria em bebidas alcoólicas durante um ano.

   Algumas semanas depois, Harold viajou para uma reunião de caminhoneiros em Ames, Iowa. Uma manhã, ele acordou num hotel em Des Moines. Não tinha a menor idéia de como havia chegado ali. Uma placa luminosa piscava do lado de fora da janela. Um gosto seco, familiar, chegou até sua boca. Quando ele se levantou naquele quarto e caminhou até o banheiro para lavar o rosto, notou vômito espalhado junto ao vaso sanitário. Mais uma promessa que fora esgoto abaixo.

   Bem, depois de Des Moines, Harold não arrumou mais desculpas quanto a tentar parar. Ele voltava bêbado para casa mais e mais vezes. Num triste dia de 1952, Harold prometeu a Eva que voltaria cedo para casa para um importante jantar. Depois da reunião, ele ficou lá "só para mais um drinque". De repente, eram onze horas. Harold correu para casa, mas Eva e as crianças haviam ido embora. Naquela noite, sentado em uma casa vazia, suas repetidas falhas o subjugaram. Durante dez anos, o álcool havia dominado sua vida. Ele fez promessas, orou, mas nada conseguia controlar sua sede. Harold havia falhado com todos os que fizeram alguma coisa por ele. Começou a sentir um ódio terrível de si próprio. Qual era a razão de viver? Só havia um jeito de pôr um fim ao inferno que sua própria família tinha que suportar. Eva era jovem e bonita e poderia casar-se novamente. Suas filhas seriam capazes de esquecê-lo e seriam poupadas da desgraça de ter um bêbado como pai. Harold colocou três balas em sua espingarda e encaixou uma delas na agulha. A porcelana da banheira tremeu quando ele se deitou. Harold Hughes sentiu que essa era a única solução para o problema que ele havia tentado desesperadamente superar. Ele sentia-se prisioneiro do álcool.

   Harold não está sozinho nessa prisão. Milhares e milhares, hoje, estão gemendo contra as grades desse mal arraigado na química de seu corpo e nos costumes sociais de nossa era.

   Por que as pessoas tornam-se alcoólicos? Exatamente que tipo de droga é essa, que leva alguns dos que tomam alguns drinques a se tornarem dependentes para sempre? Existe alguma saída dessa prisão, dessa prisão da garrafa?

   Bem, para responder a essas e a outras perguntas, estou feliz em apresentar meu amigo e  autoridade  nesse  campo,  o  Dr. Richard Neil.

Ele é catedrático do Departamento de Promoção, Educação e Saúde da Universidade de Loma Linda.

Vandeman – Vamos começar com uma pergunta básica. Pode parecer simples, mas acho que ela merece uma boa resposta: O álcool é uma droga?

   Dr. Neil – Sim. O álcool é uma droga. Parece haver alguma confusão a respeito disso. Qualquer substância que colocamos dentro de nosso corpo e que muda seu modo de agir é chamada de droga. Se ingerirmos alimento, por exemplo, ele apenas mantém o corpo funcionando normalmente. O álcool altera-lhe as funções e atividades.

Vandeman – Então, em que ele difere das outras drogas?

   Dr. Neil – Em geral, existem dois tipos de droga  que  se  enquadram  nessa  categoria. Uma  é chamada  de  estimulante.  Os estimulantes agem  aumentando  a  atividade  do  corpo,  seu  metabolismo. O  álcool  não  é 

um  estimulante.  Ele  é  sedativo,  ou  seja,  diminui  as  funções do corpo. Ele acalma. Se você tomá-lo, de fato, em quantidade

suficiente, ele irá acalmá-lo até a anestesia

total.

Vandeman – Por que as pessoas usam álcool?

   Dr. Neil – Elas usam álcool, primeiramente, por causa da sensação que ele deixa. Um dos efeitos do álcool tem relação com a parte sedativa. É a capacidade de desligar certas partes do cérebro. Assim, se uma pessoa sentir-se inibida, ou se for tímida, poderá utilizar o álcool, que a livrará da inibição e fará com que sua natureza básica apareça. É por isso que muitas vezes, quando as pessoas estão bêbadas, agem de maneira diferente, da qual não se apercebem. Basicamente, elas bebem a fim de mudar o modo de sentir ou de agir.

Vandeman – Quando se mexe com o cérebro, a pessoa está em terreno perigoso.

   Dr. Neil – O cérebro é o assento da alma. Esse é um conceito muito importante.

Vandeman – Pode uma família, hoje, talvez até inadvertidamente, incentivar o alcoolismo?

   Dr. Neil – Sem dúvida alguma. Muitas pessoas que têm problemas com o álcool descobrem que seu comportamento torna-se inaceitável em certas ocasiões, no trabalho ou socialmente. Para a família conseguir manter sua integridade, muitas vezes seus membros, geralmente a esposa, começará a inventar desculpas. A tendência é tentar controlar o

hábito de beber. Chamamos isso de co-capacitação, ou seja, eles se tornam quase co-

alcoólicos. É inconsciente, pois a finalidade é outra, mas é o que realmente acontece.

Vandeman – Então a intenção é boa?

   Dr. Neil – É.

Vandeman – Mas acabam prejudicando.

   Dr. Neil – Isso mesmo.

Vandeman – Qual é relação com a hereditariedade?

   Dr. Neil – Havia alguma indicação, há alguns anos, por uma pessoa famosa que estava envolvida com a reabilitação do alcoolismo, de que pode haver um elo bioquímico nisso, mas na verdade, não ficou provado. Entretanto, existe pelo menos um bom estudo em gêmeos que indica que pode haver um componente genético, digamos assim. Quando os gêmeos nasciam, eram separados e cresciam em lugares diferentes. Havia uma média mais alta de alcoolismo entre os gêmeos do que entre as outras pessoas da população normal. Daí, o pensamento é de que exista provavelmente uma pré-disposição genética.

Vandeman – A despeito de poderem ser

usadas indevidamente, as famílias também podem trabalhar como um grupo de apoio?

   Dr. Neil – Sim. Esse é um dos aspectos chave da recuperação do alcoolismo.

Vandeman – Essas pessoas vivem tão perto dos membros da família! Como a família pode ajudar então?

   Dr. Neil – A família ajudará melhor sob a orientação de um profissional. Foi desenvolvido um conceito no tratamento do alcoolismo que se chama "confrontação interessada". Em lugar de acusar o alcoólico de ser inadequado e incapaz de cumprir seus deveres, a família, o patrão e o médico podem se unir, podem chamar o alcoólico e começar a mostrar-lhe exemplos específicos de fatos que foram contra o seu próprio bem-estar e o da família. O patrão lhe garantirá que, se for procurado o tratamento e seguido, o emprego será assegurado, de modo que toda a confrontação ficará na área da documentação e todos deixarão a pessoa saber que ninguém a abandonará. Esse é o meio mais eficaz e tem sido, nos meus cálculos, um dos avanços mais importantes na área do tratamento de alcoólicos nos últimos anos.

Vandeman – Maravilha. E isso não se      

encaixa de algum modo aos "Alcoólicos

Anônimos"?

   Dr. Neil – Sim. Um dos primeiros preceitos desse programa é o fato de que uma pessoa pode atingir o ponto onde ela se vê incapaz de lidar com seu problema e tem que haver uma força. Tem que haver alguma coisa, além dela mesma, que venha ajudá-la a controlar-se.

Vandeman – Em outras palavras, o homem ou a mulher não consegue parar de beber com força de vontade apenas?

   Dr. Neil – Não! É quase a mesma coisa que parar de comer e fazer dieta para perder peso. Muitos desses comportamentos são chamados agora de dependência do álcool. Se a pessoa conseguisse superá-los, ela o faria. Quando a pessoa procura um profissional, acho que uma das coisas mais importantes que esse profissional deve fazer é deixar a pessoa saber que existe ajuda disponível além de seus próprios recursos.

Vandeman – Qual você acha que é o aspecto mais importante no tratamento do alcoolismo?

   Dr. Neil – Acho que o aspecto mais importante é deixar de negar que é alcoólico. Os alcoólicos constantemente negam que têm problema. O álcool para eles é visto não como um problema, mas como uma solução. Os membros

da família o vêem como um problema. Portanto, assim que deixa de negar, e toma consciência do fato de que tem um problema e não conseguirá solucioná-lo sozinho, a família tem que fazê-lo entender que existe ajuda. Mas se indicarmos que a ajuda está nela própria, sentir-se-á desencorajada, pois já tentou isso. Assim, a pessoa deixa de negar o fato e reconhece que existe ajuda – e eu gostaria de dizer que existe ajuda vinda de Deus, porque, tendo criado o homem, Ele sabe o que é melhor para nos restaurar. Assim que a pessoa entende que tem ajuda disponível, está no caminho da recuperação.

Vandeman – Gostei disso. Fale mais sobre a ajuda de Deus.

   Dr. Neil – O Programa do Alcoolismo tem na realidade duas fases: uma delas é a desintoxicação. Essa é a fase onde a pessoa é colocada num quarto onde as luzes são suaves e onde lhe é permitido descer daquele estímulo artificial que chega em virtude do cérebro estar aberto. Esse é o momento em que a pessoa faz muita introspecção. Ela começa a olhar para si mesma e uma das perguntas que faz é: Por que faço isso com minha família? Acho que é muito importante a pessoa reconhecer que está perdoada, que Deus a perdoou e com a

"confrontação interessada" ela sabe que a família a perdoou, que o patrão a perdoou. O próximo estágio é o do acompanhamento. Tem a ver com a pessoa fazer contratos consigo mesma e com a família. Novamente, o apoio deve vir da família, e quando fazemos esse contrato, um texto vem à mente. I João 1:9 diz: "Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça." O alcoólico deve reconhecer que não é capaz de se limpar sozinho, mas Deus pode fazer isso se ele confiar e reconhecer o apoio da família bem como as orações por essa ajuda. Ele irá vencer.

 

Vandeman – Obrigado por sua participação.

 

Bem, espero que você saiba agora que existe esperança para o alcoólico. Existe um programa definido de tratamento disponível que pode ajudar até o dependente mais desesperado. Até mesmo as pessoas desesperadas como Harold Hughes. Lembre-se que o deixamos no início do capítulo, com a espingarda apontada para a cabeça. Deixe-me contar como terminou a história de Harold.

   Deitado na banheira a ponto de puxar o gatilho, Harold Hughes teve um pensamento: "O suicídio é errado aos olhos de Deus." Entretanto, toda a sua vida parecia errada. Em alguns anos,  30 sua família esqueceria a sua morte. No entanto, se ele continuasse, jamais seria capaz de mudar e a magoaria mais ainda. Harold achou que devia explicar isso tudo a Deus antes de puxar o gatilho. Assim, saiu da banheira e ajoelhou-se no chão frio ao lado.

   – Oh, Deus – gemeu Harold – sou um fracasso, um bêbado, um mentiroso. Estou perdido, sem esperança e quero morrer. Perdoe-me por fazer isso.

   Harold começou a chorar.

   – Oh, Pai – continuou ele – por favor, toma conta de Eva e das garotas. Por favor, ajude-as a me esquecer.

   Aí, ele se arrastou pelo chão soluçando fortemente e bradando alto a Deus até ficar imóvel e exausto. Harold começou a sentir uma paz que jamais havia experimentado antes. Essa paz parecia expulsar o vazio, o ódio de si mesmo e a condenação. Ele sentiu uma estranha alegria crescendo por dentro. Harold ficou ajoelhado e entregou-se totalmente a Deus.

   – Tudo o que me pedires para fazer, Pai – disse ele – eu farei.

   Harold sentiu que havia encontrado um Deus vivo, que tinha descido até ele. Alguém que se importava com ele e o confortava. Resolveu, então, começar um programa regular de oração e estudo bíblico. Fez ao mesmo tempo um

compromisso de afastar-se do álcool.

   Harold Hughes tinha entrado na estrada da recuperação. Não era fácil. Havia lutas, mas ele sabia que tinha a força espiritual para perseverar.

   O Dr. Neil, você se lembra, disse o quanto é importante a dimensão espiritual num tratamento de longa duração. A confiança em Deus nos dá a paz e a confiança necessárias para a mudança positiva.

   Deixe-me explicar como a fé cristã funciona como um meio ambiente para a recuperação. Profissionais de saúde, como o Dr. Neil, têm que confrontar o engano, a negação do alcoólico. É difícil para esses pacientes admitirem a doença. A Bíblia nos diz em Jeremias 17:9: "Enganoso é o coração mais do que todas as coisas e desesperadamente corrupto: quem o conhecerá?" Deus pode entender. Ele sabe quão devastador pode se tornar o engano próprio! Problemas que tentamos encobrir se arraigam fundo no coração. Portanto, Ele convida as pessoas, como vemos em Tiago 5:16: "Confessai pois os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros para serdes curados."

   Temos que admitir a doença interna. Esse é o primeiro passo crucial no sentido da recuperação. Aceitar o problema, assumir a responsabilidade por ele e, com o problema inteiramente revelado,  32 buscar honestamente ajuda – com isso, podemos começar o processo de cura.

   O próximo passo para o alcoólico é participar de um programa de tratamento. Ele tem que se tornar um participante ativo em sua reabilitação. Ocorre o mesmo na vida cristã. Pede-se ao cristão que se comprometa ao discipulado, um programa de reabilitação do pecado. Através das disciplinas da oração e do estudo bíblico, ele é continuamente renovado. Ele adquire uma dependência totalmente nova. I Pedro 2:2 diz: "Desejai ardentemente como crianças recém-nascidas o genuíno leite espiritual, para que por ele vos seja dado o crescimento para a salvação." Um desejo do puro alimento espiritual substitui as antigas vontades incontroláveis, e uma disposição de encontrar-se com outros para aconselhamento e apoio é também importante para a recuperação do alcoólico.

   As Escrituras enfatizam esse aspecto da cura repetidas vezes. O escritor do livro de Hebreus nos aconselha no versívulo 25 do capítulo 10: "Não deixando a nossa congregação, admoestando-nos uns aos outros." Confissão, compromisso, encorajamento – essas são as chaves para a recuperação. Recuperação do pecado em geral, e alcoolismo em particular.            Harold Hughes aceitou esses princípios quase em cima da hora. No entanto, agarrou-se a eles

por sua vida e continuou uma bem-sucedida recuperação. Seu livro, Harold E. Hughes, O Homem de Ida Grove, publicado pela Chosen Books, conta a sua notável história. O alcoólico desesperado se tornou governador de Iowa e mais tarde um destacado membro do senado dos Estados Unidos. Um fato, porém, se destaca na mente do senador Hughes como símbolo da sua transformação. Mais importante do que todas as homenagens públicas que ele recebeu, foi um pequeno incidente que ocorreu logo após sua entrega a Cristo.

   Hughes estava estudando a Bíblia sozinho em sua sala de estar numa noite, quando sentiu um toque em seu cotovelo. Olhou para cima. Eram Connie e Carol, suas duas filhinhas, em pé tranqüilas em suas camisolas. Elas haviam mudado tanto, e ele havia perdido bastante. Então Carol, a mais jovem delas, disse:

   – Papai, viemos lhe dar o beijo de boa-noite.

   Os olhos do pai encheram-se de lágrimas. Fazia muito tempo que suas filhas não vinham abraçá-lo. Agora os seus lindos olhos claros não demonstravam temor. O papai tinha vindo para casa, finalmente.

   Você já encontrou o caminho para o seu lar? Você  ainda  está  vagando  no  escuro? Talvez  alguma coisa tão grande quanto o álcool esteja empurrando você para a morte. Veja, você pode ir 34 para casa. Acredite! Por mais desesperançado que você possa se sentir, por mais que você já tenha fracassado, há um caminho para casa. Existe uma saída da sua prisão. Por favor, não tente ficar encobrindo. Por favor, busque ajuda e entregue-se totalmente a ela. Uma decisão por Cristo pode iniciar a sua caminhada na estrada da recuperação.

   Agora que terminou seu mandato no senado, Harold Hughes tem continuado a ajudar os outros de várias maneiras em suas lutas pessoais contra a garrafa. Ele criou os Centros Harold Hughes em Iowa e atuou como presidente do Congresso Mundial contra o Alcoolismo que engloba 66 nações no mundo. O programa Está Escrito entrevistou, em Des Moines, o honrado Harold Hughes sobre seu programa para incentivar outros.

Está Escrito – O que o senhor vem fazendo nos centros em Iowa na guerra contra o alcoolimo?

   Harold – Em primeiro lugar, o que temos são três centros de tratamento, um dos quais é dedicado estritamente ao tratamento de mulheres. Os outros dois são co-educacinais e tratam tanto homens como mulheres. Nós não tratamos crianças nem adolescentes. Talvez você ache o Centro de Tratamento das mulheres

interessante em virtude de alguns dos problemas únicos que são associados estritamente às mulheres que vêm ao nosso Centro. Mais de 50% das mulheres que vêm ao Centro para tratamento são vítimas de incesto e mais de 60% são vítimas de algum tipo de violência sexual. Para poder lidar com essas questões, em particular no aconselhamento, é muito importante que exista um forte ingrediente espiritual envolvido em todo o programa de recuperação. Como tal, o que estamos fazendo é ajudar homens e mulheres a se recuperarem desses males de uma maneira que os ajude a reintegrarem-se completamente na sociedade onde quer que tenham estado, e continuarem a viver em abstinência pelo resto de sua vida e a serem felizes quando fizerem isso.

EE – Isso é fantástico, governador. Agora que o senhor mencionou o aspecto espiritual, diria que a dimensão espiritual e a dimensão da ciência médica andam de mãos dadas nesse programa?

   Harold – Sempre acreditei que temos que levar a pessoa inteira à cura, e isso inclui a parte física, mental, espiritual e emocional. Quando lidamos com o total dos componentes da personalidade, o ingrediente espiritual é absolutamente  essencial  para  se  experimentar uma cura completa. Creio que até mesmo o

estágio mais alto dos Alcoólicos Anônimos deve começar dizendo que é preciso ter um despertamento espiritual para se ficar realmente curado.

EE – Que papel a oração desempenha nessa recuperação espiritual?

   Harold – A oração é um ingrediente absolutamente importante em toda recuperação. Tentamos ensinar a cada pessoa que vem para tratamento e cada pessoa que tenta a recuperação, que a oração se torna parte de sua vida diária. Elas se voltam para o Deus que as entende, que é Jesus Cristo. E quando estão fazendo isso, começam cada dia com oração. Oramos durante o dia nos períodos essenciais. Lemos uma meditação diária e oramos, e encerramos o dia com oração. Portanto, parece que é um programa relacionado com a Igreja, embora não seja. O ingrediente espiritual para a recuperação é sem dúvida essencial.

EE – Muito obrigado por dar seu testemunho sobre o que a oração pode fazer.

Você pode ser alcoólico ou ter alguma pessoa querida que está enfrentando esse problema. Existem muitos outros tipos de hábitos que prendem as pessoas como um vício. Seja qual forsua necessidade, queremos que saiba que nós,

do Está Escrito, estamos prontos para ajudar e orar com você.


 


 

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O QUE EU GOSTO NOS LUTERANOS

George Vandeman

TOPO

 

O cenário tranqüilo do belíssimo Vale do Rio Reno esconde o tumulto que varreu toda a Europa no início do século 16. Era 18 de abril de 1521. Lá estava um jovem padre alemão defendendo-se de acusações de heresia. Ao seu redor, estavam príncipes orgulhosos, nobres, honrados generais e líderes da Igreja. Todos naquele salão lotado se inclinavam para ouvir cada sílaba dos lábios daquele lutador solitário: Lutero.

"Ir contra minha consciência não é direito e nem seguro. Nunca. Eu não posso e não vou me retratar. Aqui estou, não farei outra coisa. Que Deus me ajude. Amém."

Com essas sonoras palavras, Martinho Lutero lançou a Reforma Protestante. Sua posição firme marcou o ponto de virada na História. Mas, Lutero conseguiu completar a Reforma ou essa tarefa ficou para nós hoje?

No século 16, na Alemanha, o futuro do cristianismo estava na balança. Lutero, um professor universitário, tinha desafiado a pretensão da Igreja de controlar a fé pessoal. Seus ensinamentos provocaram um tumulto religioso e político através de todo o território conhecido como o Sacro Império Romano. Alguma coisa tinha que ser feita para deter a crise.

Finalmente, o imperador Carlos V intimou Lutero a comparecer perante o Conselho Geral em Worms. O palácio imperial, que não existe mais, ficava em um lindo terreno. Embora não se saibam as palavras exatas de Lutero em seu julgamento, não existe dúvida quanto a sua mensagem. A consciência deve dar contas somente a Deus. A salvação é gratuita e é pela fé. A Bíblia é a fonte da autoridade espiritual, e não a tradição da Igreja ou os decretos de seus líderes. Essa verdade havia se perdido há séculos. Havia chegado a hora de trazê-la de volta. Lutero ficou sozinho em Worms. O Imperador zombou: "Esse homem jamais fará de mim um herege!" Como se esperava, o Conselho condenou Lutero. Ele foi proibido de lecionar e seus direitos civis foram cassados. Seus livros foram queimados, mas a mensagem que eles continham resistiu à fumaça e às chamas. A despeito dos escárnios generalizados e da perseguição, a mensagem de Lutero entrou no coração do povo.

Somente oito anos após o Conselho em Worms, um grupo de príncipes alemães se colocou do lado de Lutero. Eles formaram uma aliança, protestando contra a tentativa da Igreja de esmagar a Reforma. E desse protesto dos príncipes na cidade de Spires, em 1529, nasceu o termo "Protestante". Os ensinamentos de Lutero logo se espalharam por toda a Europa, especialmente na Escandinávia.

Os seguidores de Lutero cruzaram o Atlântico no início da nossa história colonial. Na Baía de Hudson, em 1619, eles celebraram seu primeiro Natal na América. E as primeiras Igrejas organizadas pelos imigrantes Luteranos pobres eram geralmente pequenas, com poucos pastores. Mas, à medida que os colonizadores Luteranos continuaram vindo para os Estados Unidos, a denominação cresceu rapidamente. Congregações começaram a se unir em grupos conhecidos como Sínodos.

Os Luteranos americanos estão hoje divididos entre uma dúzia de Sínodos. Alguns desses Sínodos contêm a grande maioria dos mais de oito milhões de Luteranos. Outras fusões estão em andamento.

A Igreja Luterana na América, o maior grupo, e a Igreja Luterana Americana, a terceira maior, uniram-se. A Associação das Igrejas Evangélicas Luteranas juntou-se a elas. Agora, seu novo Sínodo terá mais de cinco milhões de membros batizados.

A segunda maior organização Luterana, com 2,7 milhões de membros, está no Sínodo de Missouri. Do seu quartel general em St. Louis, eles comandam a mais antiga emissora de rádio religiosa do mundo. "A Hora Luterana", sustentada pela Associação dos Leigos Luteranos, é ouvida em mais de 100 países diferentes. E o doutor Oswald Hoffman tem sido o locutor desse programa por mais de 30 anos. Agradeço a Deus por preservar seu dedicado e frutífero ministério.

 

Vandeman: Por que o senhor, particularmente, é um cristão Luterano?

 

Hoffman: Bem, eu sou cristão porque sou um seguidor de Jesus Cristo. E sou Luterano, não porque sigo Martinho Lutero, mas porque, como Lutero, devo minha lealdade a Jesus Cristo. Lutero passou por uma terrível experiência a fim de fazer essa grande descoberta. Ele travou uma grande luta íntima para descobrir que o evangelho não depende das obras com que contribuímos, mas da bondade e graça de Deus, que Lhe saíram do coração para os seres humanos e são mostradas ao mundo em Jesus Cristo. Esse é o evangelho.

 

Vandeman: O senhor diz que Lutero fez essa grande descoberta. Era então uma "verdade negligenciada", de certo modo?

 

Hoffman: Sem dúvida, era. Não quer dizer que não estivesse lá. Ela fizera parte da tradição da Igreja desde a era apostólica. Mas o lixo dos tempos foi se ajuntando ao redor dela, e as pessoas passaram a pensar que estavam dando uma grande contribuição a tudo isso. E Lutero disse: "Não". Finalmente, após estudar e ensinar as Escrituras, a contribuição veio de Deus. É por Deus que estamos em Jesus Cristo. Como São Paulo disse aos Coríntios: "O justo viverá pela fé". Martinho Lutero era um homem que estava sempre feliz quando falava sobre a fé e também sobre o amor.

 

Vandeman: E ele nos deixou as suas traduções.

 

Hoffman: Lindíssimas traduções. Para Martinho Lutero, atrás de cada palavra do texto grego e do hebraico das Escrituras, estava a majestade de Deus. Mas ele colocou a Bíblia na linguagem que o povo falava na época. Em várias ocasiões, ele colocou tudo na linguagem que cada lavrador pudesse entender. Assim, o Evangelho conseguiu chegar e, pelo poder do Espírito, entrar no coração das pessoas, trazendo a fé de Cristo.

 

Vandeman: Se Martinho Lutero fosse ressuscitado hoje e estivesse de novo entre nós, ele se sentiria a vontade na Igreja de hoje?

 

Hoffman: Bem, eu não sei. Alguns problemas que existiam antes foram resolvidos. E alguns problemas novos que não existiam naquele período surgiram. Creio que Martinho Lutero iria avaliá-los baseado na realidade, e ao mesmo tempo ele nos avaliaria. Sobre todos os nossos atos, sobre as nossas organizações, acho que ele teria alguma coisa a dizer. E uma dessas coisas seria: Vocês têm que ficar firmes no Senhor. Têm que se apegar ao evangelho de Jesus Cristo. Têm que proclamá-lo com a autoridade do próprio Deus. Têm que fazer isso à maneira evangélica. O que quer dizer da maneira atraente da fé, que é em Jesus Cristo.

 

Vandeman: Obrigado, Dr. Hoffman.

 

Milhões são Luteranos e participam da herança de Martinho Lutero. E eu também me considero um deles.

Há tanta coisa de que eu gosto na Igreja Luterana. Eu os admiro por colocarem a sua fé para atuar na sociedade. Eles provêem orfanatos, hospitais, centros de tratamento para alcoólicos, lares para idosos. Existem muitas coisas de que eu gosto nos Luteranos. Mas há uma coisa que aprecio em especial. O Movimento Luterano foi convocado por Deus para revelar uma verdade negligenciada: o glorioso ensinamento da salvação somente pela fé. Lutero retirou as teias de aranha da Idade Média e restaurou os alicerces do evangelho.

No verão, após sua formatura colegial, Lutero esteve muito próximo de se encontrar com a morte. Ele voltava a pé para casa de uma visita aos pais, quando se viu em meio a uma violenta tempestade. Um raio o atirou ao chão. Coberto de terror, ele gritou: "Santa Ana, ajude-me! Eu me tornarei um monge." E cumpriu sua promessa em Erfurt.

Lutero entrou para o mosteiro Agostiniano e foi ordenado em 1507. Mas, contemplando sua primeira celebração da Missa, sentiu-se pequeno pela sua indignidade. Como poderia um pecador estar na santa presença de Deus a menos que ele próprio fosse santo também? Assim, Lutero decidiu tornar-se santo. Buscou a pureza, privando-se dos confortos da vida. E algumas noites, lá em sua cela no Mosteiro, tremendo sob o fino cobertor, procurava se consolar: "Eu não fiz nada de errado hoje." Aí vinham as dúvidas. "Jejuei o bastante hoje? Sou pobre o bastante? Sou puro o bastante?" Nada do que ele pudesse fazer lhe trazia paz. Jamais estava seguro de que havia satisfeito a Deus.

Mas finalmente descobriu que a paz pela qual se esforçava tanto para obter estava disponível como um presente. A verdade que o libertou está no livro de Romanos, no Novo Testamento. Ele descobriu que o próprio Deus fora punido no lugar dos pecadores, de modo que podíamos ser perdoados. Perdoados gratuitamente no Senhor Jesus Cristo.

Lutero mal podia acreditar nessa boa-nova. A despeito de sua culpabilidade, a santidade poderia ser-lhe creditada. Porque Jesus, que é realmente Santo, sofrera o seu castigo. A Igreja sempre havia mandado os pecadores virem a Deus para ter salvação. Mas Lutero introduziu uma nova dimensão vital. Ele descobriu que os que crêem, apesar de pecadores, podem ao mesmo tempo ser considerados justos.

Sabe, Deus considera os pecadores santos assim que eles confiam em Jesus. Mesmo antes de sua vida revelar boas obras (o que, é claro, ocorrerá em seguida). Romanos 4:5 diz isto: "Mas aquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça".

O ímpio que se entrega a Jesus é justificado. O perdão vem, não por sermos santos, não pelas obras, Lutero sabia, mas porque confiamos em Jesus. Toda vida, Lutero havia pensado que seria injusto recompensar os pecadores com a vida eterna.

Assim, ele acreditava no purgatório, onde, segundo se dizia, as imperfeições seriam purificadas após a morte, para tornar os cristãos dignos do Céu. Ele pensava sinceramente que, no purgatório, o fiel seria purificado do pecado e Deus poderia considerá-lo como Seu. Lutero também cria que o sofrimento no purgatório poderia ser abreviado através da concessão de indulgências da Igreja. Essas indulgências eram concedidas àqueles que visitavam os túmulos dos santos e viam suas relíquias.

Lutero pensava que esses santos tinham armazenado medidas extras da bondade de Cristo, que podiam repartir com os pecadores. Mas agora ele aprendera que: "...Todos pecaram e destituídos estão da Glória de Deus." Romanos 3:23.

O próprio Paulo disse que todos estão destituídos. Até os santos têm que depositar suas esperanças no Senhor Jesus Cristo. E por Cristo ser nosso Substituto, todos os cristãos são dignos do Céu. Na cruz, Deus "nos fez idôneos para participar da herança dos santos na luz". Colossenses l:12.

Não é necessário o purgatório! O coração de Lutero encheu-se de alegria. Finalmente, sua consciência pesada encontrou paz. Mas o evangelho que tranqüilizou sua alma detonou o conflito com a Igreja. Começou a batalha contra as indulgências. A Igreja do Castelo de Wittenberg apresentava uma coleção de relíquias famosas. Entre elas, havia um espinho que garantiam ter ferido a testa de Cristo no Calvário. Bem, as relíquias eram expostas sempre no dia de Todos os Santos.

Peregrinos vinham de perto e de longe até Wittenberg em busca de indulgências. Lutero ansiava divulgar as boas-novas que o haviam libertado.

Assim, no dia 31 de outubro de 1517, na véspera do dia de Todos os Santos, ele afixou uma lista de 95 objeções às indulgências na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg. Elas foram escritas no estilo claro, conciso e sem cerimônias.

O reformador desafiava qualquer um a debater com ele. "Os santos não têm créditos extras", clamava. "E os méritos de Cristo estão disponíveis livremente. Se o Papa tem poder para livrar qualquer um do purgatório, por que, em nome do amor, ele não revoga o purgatório livrando todo mundo de lá?"

Cópias das teses de Lutero se espalharam por toda a Europa e desencadearam uma tempestade. Lutero não tinha a intenção de se rebelar contra a Igreja. Ele só queria a reforma. Mas foi declarado rebelde e herege. Lutero foi advertido para que se retratasse, ou a Igreja relutantemente o puniria. Mas o reformador se sentiu compelido a prosseguir.

Ele confidenciou a um amigo: "Deus não me guia. Ele me empurra avante. Ele me leva para frente. Não sou dono de mim mesmo. Desejo viver em repouso, mas sou atirado no meio dos tumultos e das revoluções."

Lutero acusou a Igreja de interferir no relacionamento da pessoa com Deus. Ele proclamou que Jesus é o único mediador entre Deus e os pecadores. E que "a verdadeira peregrinação do cristão não é a Roma, mas aos Profetas, aos Salmos e aos Evangelhos".

De muitos modos, Lutero, apesar do seu amor pela Igreja, se via afastando-se dela. E a separação tornou-se definitiva quando ele condenou a Igreja como o anticristo.

O Papa Leão X excomungou Lutero em 3 de janeiro de 1521. Seus escritos foram banidos e queimados. Pelas aparências, o próprio Lutero em breve seria também queimado. Mas Frederico, o Sábio, nobre da Saxônia, membro do colégio eleitoral da Saxônia, dispôs-se a proteger o reformador. Ele exigiu que o Imperador Carlos conseguisse uma audiência justa na Alemanha.

Carlos concordou finalmente que ela acontecesse em Worms. E quando Lutero recusou retratar-se, por segurança, seus amigos o esconderam no castelo Wartburg. E durante seu exílio, Lutero traduziu o Novo Testamento para o alemão em um dos cômodos superiores. Mais tarde, ele também traduziu o Antigo Testamento. E após apenas 10 meses em Wartburg, tendo completado seu manuscrito, Lutero voltou corajosamente para Wittenberg e reassumiu a liderança da Reforma. Em sua ausência, os problemas aumentaram. Os fanáticos tinham abusado do zelo religioso popular. E, em 1525, começou a guerra dos camponeses, uma revolta contra os príncipes.

Lutero recebeu uma severa censura por se recusar a apoiar as exigências políticas dos camponeses. Os conflitos o acompanharam por toda a vida.

Algumas vezes, o reformador errou no julgamento. O que mais poderíamos esperar, já que ele liderou a saída de tal escuridão?

Foi assim que Lutero iniciou a Reforma. Ele jamais afirmou ter terminado a restauração da verdade. Ele disse que a obra deveria continuar mesmo após a sua morte. Sim, Lutero morreu antes de seus sonhos se realizarem.

Sabe, os problemas na Igreja haviam se desenvolvido durante os séculos, e seriam necessários séculos de reforma para solucioná-los. A luta da fé ainda não está terminada. Você alguma vez se perguntou por que a Igreja caiu na Idade Média? Houve muitos fatores, mas deixe-me falar um pouco do passado.

Nos primeiros dias do cristianismo, após a morte dos apóstolos, ocorreram alguns fatos muito tristes. A Igreja se afastou da sua fé pura e da verdade bíblica. Ora, isso foi triste, mas era de se esperar. O apóstolo Paulo havia predito isso. Ele disse que, após a sua morte, a heresia dominaria a Igreja. Isso ocorreu exatamente como as Escrituras haviam predito.

Não aconteceu da noite para o dia. A deterioração da verdade levou séculos. Tendo falhado ao perseguir a Igreja, o inimigo mudou sua tática. Ele decidiu minar o cristianismo por dentro, usando ardilosas concessões e ensinamentos falsos. Mas o Céu não foi pego despreparado. Com um movimento forte, que chamamos de Reforma, Deus reverteu a trilha da apostasia e a Luz começou a aparecer. Reformadores como Martinho Lutero restauraram verdades que há muito tinham sido escondidas do povo.

Mas sabemos que a Reforma não terminou séculos depois da morte dos reformadores. Aquilo foi apenas o começo. Outros continuaram a sua boa obra.

Em qualquer outra verdade que possamos redescobrir na Palavra de Deus, jamais deixaremos de nos apoiar nos ombros de Lutero. O evangelho que ele proclamou ainda pulsa no coração de cada cristão. Mais do que qualquer outra coisa, Lutero foi um homem de Deus. Quando sobrecarregado e oprimido, ele buscou refúgio nos braços eternos do Todo-Poderoso.

Durante um momento especialmente difícil, quando a Reforma parecia fracassar, ele parafraseou o Salmo 46 num hino. Protestantes e católicos apreciam igualmente esse hino hoje. Veja a letra inspirada pela fé, na primeira estrofe.

Jeová Castelo forte é

o Deus leal e protetor;

e se vacila a nossa fé

poder nos dá em Seu amor.

Destrói o perspicaz

ardil de Satanás,

a fim de o derrotar

com Seu poder sem par,

e aos Seus provê descanso e paz.

Pense nisto! Satanás já está derrotado pelo poder maravilhoso de Cristo.

Você está oprimido pelo inimigo neste momento? Uma palavra do Céu pode salvá-lo. Você sente o peso da culpa ou do medo? Talvez a solidão ou a sensação de fracasso? Talvez enfermo ou triste? Deixe-me garantir-lhe o seguinte: o Deus que guiou e sustentou Martinho Lutero ama você do mesmo modo hoje. Ele também quer ser o seu Castelo Forte.


 

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O QUE EU GOSTO NOS BATISTAS

George Vandeman

TOPO

 

Roger Williams viveu por algum tempo na fazenda Plymouth, um museu vivo do primeiro povoado permanente inglês na América. Isso aconteceu no meio do forte frio de janeiro de 1636. Como um pregador exilado e fugitivo, Williams embrenhou-se na floresta em Massachusetts.

Durante quatorze semanas, ele vagou pela neve, mal conseguindo sobreviver. De dia, procurava os alimentos que os pássaros deixavam de comer. De noite, tremia de frio, abrigado num tronco oco. Bem, finalmente, encontrou refúgio com os índios. Comprando terra deles, Roger Williams fundou a colônia de Providence, onde agora fica Rhode Island, que se tornou a capital da liberdade no novo mundo e o local da primeira Igreja Batista da América.

A nova colônia de Roger Williams não teria sido necessária. Afinal, foi em nome da liberdade que os Puritanos tinham vindo para Massachusetts. Eles cruzaram o Atlântico, fugindo da perseguição da igreja oficial da Inglaterra. Para criar uma igreja oficial deles mesmos, exigia-se que todos os cidadãos sustentassem o clero.

Magistrados declararam guerra contra a heresia. A liberdade de consciência era sufocada por essa mistura de religião e governo que lembrava o velho mundo. Entretanto, quando Roger Williams chegou à colônia da Baía em Massachusetts, teve uma calorosa recepção. As autoridades até o convidaram para liderar a única igreja em Boston. Mas Williams declinou.

Ele não podia suportar a supressão da consciência pelo governo. Ele sabia que muitas das sangrentas batalhas da História tinham sido travadas para defender a fé. E tudo para nada? O verdadeiro cristianismo não pode ser compelido nem legislado.

"Os magistrados podem decidir os deveres de homem para homem" disse Williams. "Mas quando eles tentam prescrever os deveres do homem para com Deus, eles estão fora de lugar." Williams também ensinou que ninguém devia ser forçado a sustentar o clero.

"O quê?" interrogaram as autoridades. "O obreiro não é digno do seu salário?"

"Sim", respondeu Williams, "daqueles que o contratam."

Os líderes Puritanos não podiam tolerar aquelas novas e perigosas opiniões. Assim, em um julgamento formal, condenaram Williams e ordenaram que fosse exilado.

Banido de Boston, ele estabeleceu em Providence o primeiro governo moderno, oferecendo total liberdade de consciência. Williams convidou todos os oprimidos e perseguidos a buscarem refúgio em Providence, qualquer que fosse a sua fé. Mesmo que não tivessem qualquer fé, eles eram bem-vindos. E entre esse conjunto de liberdade, a Igreja Batista encontrou raízes na América. Providence se tornou o esboço da Constituição Americana um século e meio depois.

Os Batistas se tornaram a maior denominação protestante nos Estados Unidos. São quase 30 milhões de Batistas espalhados entre as cem mil igrejas locais. Essas igrejas pertencem a vários grupos conhecidos como Convenções. O maior deles é o da Convenção Batista do Sul, que possui metade dos Batistas da América como membros.

Apesar de as igrejas locais serem ligadas a uma Convenção, cada Congregação retém governo independente. Isso torna mais notável o fato de os Batistas terem se envolvido tanto no evangelismo mundial. Como você pode ver, os Batistas diferem grandemente em suas crenças. Alguns são conservadores, outros mais liberais.

Alguns Batistas seguem de perto o reformador João Calvino, outros não. Todavia, apesar de suas diferenças, os Batistas são unidos no respeito às Escrituras como única fonte da verdade. A maioria dos outros protestantes e católicos tem suas crenças, mas os Batistas não reconhecem outro padrão além da Bíblia e como eles a entendem, é claro.

Os Batistas também concordam que nenhum ser humano tem o direito de escolher a religião para outro e nem mesmo os pais para os filhos. Assim, os Batistas não batizam bebês. Em vez disso, eles apenas dedicam seus recém-nascidos a Deus, como Maria e José dedicaram o bebê Jesus. E quando as crianças Batistas crescem, são livres para escolher por si mesmas se querem ser batizadas ou não.

Os Batistas fizeram história ao haver trazido a liberdade religiosa para os seus lares e para a sociedade. Como Roger Williams, muitos Batistas ainda acreditam na defesa da separação entre a Igreja e o Estado.

Todos sabemos que os Batistas têm a habilidade de produzir grandes pregadores. Entre os mais famosos está Charles Spurgeon, de Londres. Hoje temos Charles Stanley, W. A. Criswell e Billy Graham. Um outro Batista, o Dr. James Draper, foi o último presidente da Convenção Batista do Sul. Recentemente, tivemos uma conversa em Dallas, Texas.

Vandeman: Dr. James Draper, quero que saiba o quanto me alegro por poder conversar com o senhor.

James: Estou honrado e agradecido por ter me convidado para esta entrevista. Por favor, me chame de Jimmy.

Vandeman: Jimmy, por que você é um cristão Batista?

James: Bem, a primeira razão seria porque meus pais eram Batistas muito atuantes. Meu pai era pregador, e o meu avô também foi pregador.

Vandeman: Então, é de família?

James: Isso mesmo.

Vandeman: Você é filho de pregador?

James: Sim e toda a minha vida tenho aprendido a Palavra de Deus. Cresci numa família que amava o Senhor. Meus pais me conduziram a Cristo. Quando atingi a idade de entender que eu era um pecador e precisava ser salvo, entreguei a vida a Cristo, fui batizado e entrei para a Igreja Batista. Através dos anos, a Igreja e as Instituições Batistas têm me nutrido, encorajado, treinado e educado; assim, acho que as principais razões são as minhas raízes.

Vandeman: Que abençoada herança! Aqueles primeiros anos não foram os que mais o impressionaram?

James: Não há dúvida sobre isso. De fato, o mais forte do Cristianismo é o que se vive em família, quando esta se dedica ao Senhor. Portanto, tive uma grande herança. Também creio que sou Batista por causa da minha convicção das grandes doutrinas e ensinamentos, e a grande herança da vida Batista. Os Batistas sempre enfatizaram a autoridade da Palavra de Deus e a autonomia da Igreja local. Cada Igreja é autogovernada. Reforçam o sacerdócio do cristão. Cada indivíduo tem o direito de se aproximar de Deus por si mesmo. Essas grandes doutrinas são as que eu abracei e aceitei livremente. A disposição de morrer pelo direito que todas as pessoas têm de escolher no que crer, tem sido a marca e a vida dos Batistas através dos anos. E eu sou grato por fazer parte dessa herança.

Vandeman: Gostaria que todos os grupos, os cristãos, em particular, se apercebessem do que vocês deram a eles. Notassem como Deus usou esses reformadores para resgatar a verdade negligenciada. Fale um pouco sobre o custo.

James: Muitos Batistas morreram, em nossa fé, para poderem adquirir a liberdade religiosa. E eu creio que pelo fato de, na América, o cristianismo custar tão pouco, nós não corremos riscos. Não temos que pagar nada e não existe custo em nossa fé. Isso tem diluído a força do cristianismo até certo grau, mas nossa herança é de forte sacrifício e compromisso.

Vandeman: Então você concorda comigo quando digo que se você não tem algo pelo qual morrer, provavelmente não tem nada pelo qual valha a pena viver.

James: Tem razão!

Vandeman: Obrigado por ter vindo, Jimmy.

É, existem muitas coisas de que eu gosto nos Batistas. Aprecio a ênfase que eles dão ao Evangelho. Para os Batistas, a religião não é apenas uma teoria, mas uma pessoa.

Os Batistas pregam o Cristo crucificado. Também gosto do estilo de culto deles. Poucas coisas são tão inspiradoras quanto o culto cantado dos Batistas. E há uma outra razão por que aprecio tanto os Batistas: eles foram chamados por Deus para resgatar duas verdades negligenciadas: a verdade sobre o batismo do Novo Testamento e o princípio da liberdade religiosa.

Você já pensou que, sem os Batistas, a América provavelmente não existiria como uma nação livre? George Vancroft, o conhecido historiador, observou: "Liberdade de consciência, liberdade ilimitada de pensamento foi, desde o início, o troféu dos Batistas." A democracia americana foi fundada na tradição Batista de liberdade religiosa. Mesmo antes dos dias de Roger Williams, os Batistas sofreram muito por sua liberdade.

Eles nasceram de uma luta complexa e fascinante entre os protestantes, uma luta pela liberdade de consciência. Tudo começou com o Movimento Anabatista no século 16, na Europa. Enquanto Lutero seguia avante na Alemanha, Ulrich Zwinglio lançou a Reforma na Suíça. Zwinglio ouviu pela primeira vez o Evangelho quando se preparava para o sacerdócio; e foi chamado para a linda catedral de Zurique, em 1519. Ela era chamada de Igreja do povo, então ele decidiu pregar as boas-novas.

Assim, pondo de lado o sermão que estava programado, ele abriu o Novo Testamento para o povo. Mas logo Zwinglio encontrou grande oposição. O Conselho da Cidade, influenciado por certos líderes da Igreja, se opôs à mensagem da salvação somente pela fé. Mesmo assim, ele continuou pregando a verdade que o havia libertado.

Mas, em 1523, o próprio Zwinglio começou a recuar. Durante um debate público, ele mostrou disposição em se acomodar. Zwinglio imaginou que se baixasse o tom de suas reformas, talvez conseguisse atuar dentro do sistema. Ele não queria alienar os líderes cívicos. Assim, modificou sua mensagem, buscando apenas uma reforma gradual das tradições da Igreja. Mas alguns dos jovens alunos de Zwinglio ficaram aborrecidos com essa linha. Um deles, Konrad Grebel, protestou que a verdade bíblica exige sempre ação imediata com ou sem o apoio do governo. E ele estava certo.

Grebel ficou desiludido com a disposição do seu professor de se acomodar diante dos políticos. Ele até acusou Zwinglio de permitir que o conselho da cidade exercesse a autoridade que pertence apenas à Bíblia. Zwinglio rejeitou a crítica de Grebel. Então Grebel decidiu que a verdade deveria ir avante mesmo sem o reformador. Assim, com alguns amigos, ele organizou os círculos de estudos bíblicos nos lares. Isso lhe parece familiar? E logo eles redescobriram, em seu estudo, a verdade do Novo Testamento sobre o batismo. Você se lembra como o Senhor Jesus foi batizado? Lemos a respeito em Mateus 3:16: "E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água..."

Jesus saiu da água após ser batizado. Não Lhe espirraram água nem a derramaram. Ele foi submerso no Rio Jordão. Os crentes em Cristo são "enterrados com Ele no batismo", diz o apóstolo Paulo. Infelizmente, a Igreja havia perdido de vista essa importante verdade. Durante séculos, a tradição da aspersão em bebês tinha trazido todos para a Igreja.

Agora Konrad Grebel, na Suíça, proclamava que Roma e os reformadores estavam todos enganados. Como você pode imaginar, o conselho de Zurique não gostou do que ele fez. Assim, em 21 de janeiro de 1525, eles aprovaram uma lei proibindo reuniões nos lares para estudos bíblicos.

Apesar do decreto, Grebel e seus amigos continuaram estudando juntos. Eles decidiram rejeitar não apenas as tradições de Roma, mas também as concessões de Zwinglio. E, para selar seu compromisso com Cristo, Grebel e seus amigos batizaram uns aos outros uma segunda vez. Formaram uma nova comunidade cristã conhecida como os Anabatistas, que quer dizer "aqueles batizados duas vezes".

Como Martinho Lutero reagiu aos Anabatistas? Em princípio, o reformador alemão defendeu a liberdade total de consciência. Mas, infelizmente, ele mudou o seu ponto de vista. O que o fez mudar de opinião? Bem, foi um processo gradual. Durante a guerra dos camponeses, muitos protestantes foram mortos por príncipes católicos. Milhares pereceram no campo de batalha. Lutero viu o valor de se ter o governo ao seu lado em vez de estar contra ele.

Depois que seus ensinamentos passaram a controlar o norte da Alemanha, Lutero dependia mais e mais dos príncipes protestantes para proteger a Reforma de Roma. Assim, foi formado um relacionamento Luterano Igreja-Estado. Como Zwinglio, Lutero aprovou uma favorável união da Igreja com o Estado. Para eles, pareceu ser uma questão de sobrevivência da Reforma. Mas eles não conseguiram prever os problemas que sempre ocorrem ao se misturar religião com política.

Atualmente, temos uma situação semelhante. Lutando para salvar o mundo, muitos cristãos sinceros estão fazendo pressão para legislar a moralidade, sua própria interpretação da moralidade. Mas aqueles que têm aprendido com o passado recusam favores religiosos do governo. Eles sabem que os problemas espirituais não podem ser resolvidos com ação política.

No século 16, os reformadores tinham sido expulsos por Roma; e depois eles expulsaram os Anabatistas. Acredite ou não, chegaram a perseguir seus companheiros de crença. Esse é um dos capítulos mais tristes, mais desconsertantes da história da Igreja. Primeiro, Zwinglio influenciou seus amigos políticos a esmagarem os não-conformistas.

Os Anabatistas de Zurique foram condenados à pena de morte. Mais tarde, na Alemanha, o colega de Lutero, Melâncton, argumentou que os Anabatistas deveriam ser executados. "Até a sua pacífica expressão de fé tem subvertido a ordem religiosa e civil", acusou Melâncton. Ele predisse que a oposição deles ao batismo de bebês iria produzir uma sociedade pagã. Por isso, deviam ser exterminados para salvar a nação. Hoje seria difícil aceitar uma barbaridade dessa.

Sem dúvida, os líderes protestantes erraram. Por causa da fraqueza da natureza humana, não devíamos achar isso tão surpreendente. Todo despertamento espiritual tem sido manchado por algumas pessoas desorientadas. Mesmo nas Escrituras há alguns servos fiéis de Deus que cometeram muitos erros graves.

Isso também foi verdade durante a Reforma. Os Anabatistas foram arrancados de seus lares, jogados na prisão e cruelmente assassinados. Mas seu sangue foi como semente. E os Anabatistas que escaparam da espada espalharam sua fé por toda a Europa.

Alguns foram para a Noruega, outros para a Itália, Polônia, Holanda e Inglaterra. A Holanda se tornou um paraíso especial para os Anabatistas, assim como para outros refugiados religiosos.

Um grupo de cristãos ingleses fugiu de seus colegas protestantes da Igreja da Inglaterra. Refugiaram-se na Holanda. Os dois grupos, Anabatistas e Separatistas ingleses, desfrutaram de uma bela comunhão. Um pastor inglês, John Smyth, foi totalmente convencido pelos ensinamentos Anabatistas e se rebatizou. Os Batistas modernos consideram Smyth um pioneiro da sua fé. Aí, em 1609, o grupo de Smyth voltou para a Inglaterra e organizou ali a primeira Igreja Batista.

Em poucos anos, os Batistas da Inglaterra vieram para a América com a sua herança de democracia e liberdade. Roger Williams foi apenas um dos muitos Batistas que lideraram as colônias em direção da liberdade de consciência. James Madison, um dos pioneiros da América, foi ganho para a liberdade religiosa pelos Batistas.

Quando menino, em Virgínia, ele ouviu um destemido pastor Batista, aprisionado por causa de sua fé, pregando da janela da sua cela. Bem, naquele dia, Madison dedicou sua vida à luta pela liberdade de consciência. Incansavelmente, ele conversou com Thomas Jefferson e outros para garantir a primeira emenda na Constituição Americana. Está escrito simples e majestosamente:

"O congresso não criará lei alguma relativa ao estabelecimento da religião, ou à proibição da liberdade de culto." O governo deve proteger a religião, e não removê-la. Do contrário, a intolerância certamente se mostrará de novo.

A História mostra que toda vez que a religião da maioria é imposta sobre a sociedade, isso resulta em perseguição. Muitos Batistas zelosos estão preocupados, atualmente, porque sua herança de liberdade religiosa está desaparecendo. E estão especialmente tristes em ver alguns de seus irmãos Batistas liderando a luta para legislar sobre a moralidade.

Eles sabem que a lei religiosa acorrenta a alma. A perseguição sempre surge quando a fé é imposta, não importa quão sincero seja o motivo por trás dela. As profecias do livro de Apocalipse predizem alguns eventos incomuns e terríveis para a própria América. Poderá a perseguição à liberdade de consciência surgir de novo aqui? Graças a Deus, ainda podemos desfrutar da liberdade religiosa. Sou grato aos Batistas por trazerem sua herança de liberdade para a América.

Quer voltar comigo ao século 17 na Holanda?

Um grupo de peregrinos tinha decidido iniciar uma colônia na América. Estavam prontos para entrar no navio "Speedwell", vindo da Inglaterra, e no "Mayflower". Era um momento de emoção, mas também de muita tristeza.

Eles estavam deixando para trás entes queridos, para cruzarem o desconhecido Atlântico. Para ajudar a reviver esse momento histórico, vamos imaginar que estamos em Leiden, na Holanda. Estamos no lindo jardim, de frente da mesma Igreja que eles deixaram após as palavras de despedida de seu pastor. Ela parece nova porque a Universidade de Leiden assumiu a responsabilidade de restaurá-la, mas esse foi o lugar exato onde eles ouviram a mensagem final.

Naquela hora da despedida, seu amado pastor, John Robinson, ficou em pé e disse: "Irmãos, breve iremos nos separar, e só Deus sabe se viverei para ver de novo os seus rostos. Eu lhes peço diante de Deus para me seguirem até onde eu tenho seguido a Cristo. Se Deus revelar a vocês alguma coisa por algum outro instrumento dEle, estejam prontos a receber, assim como estiveram prontos a receber qualquer verdade do meu ministério. Pois confio muito que o Senhor tem mais verdades e mais luz para serem reveladas da Sua Santa Palavra. Da minha parte, não imaginam o quanto estou triste a respeito das Igrejas reformadas. Elas não irão mais longe que os instrumentos da sua reforma. Os Luteranos não podem ser forçados a ir além do que Lutero viu. E os Calvinistas devem ficar firmes onde foram deixados por aquele grande homem de Deus. Apesar de esses reformadores terem sido luzes vivas e brilhantes em sua época, eles não entenderam todos os conselhos de Deus. Mas se vivessem hoje, estariam prontos a aceitar mais luz como a que receberam inicialmente."

Que mensagem! Nessas nobres palavras, ouvimos o verdadeiro espírito da Reforma: disposição para aprender e crescer; ansiedade para andar na verdade negligenciada que descobrimos na Palavra de Deus, como Martinho Lutero, em Wittenberg, Conrad Grebel, em Zurique, Roger Williams, em Providence, no novo mundo, e o Metodista John Wesley, da Inglaterra. Não existem oceanos que não tenhamos cruzado, mas novas oportunidades espirituais podem estar nos aguardando logo ali na esquina.

Suponhamos que Deus lhe ofereça nova verdade da Sua palavra. Você está disposto a tomar a Sua mão e caminhar nessa luz? Uma maravilhosa experiência o aguarda, se você estiver disposto.

 


 


 

47

O QUE EU GOSTO NOS METODISTAS

George Vandeman

TOPO

 

O ano era 1736. John Wesley, um missionário da Inglaterra, quase não sobreviveu à viagem através do Atlântico até a colônia da Geórgia. A violenta tempestade no mar passou, mas a alma de Wesley permaneceu revolta. A despeito do seu compromisso sincero, ele não conseguiu encontrar paz com Deus.

Assim que chegou em Savannah, Wesley viveu algum tempo com um grupo de colonizadores da Alemanha. Eles também eram missionários, descendentes do mártir do século 15, John Huss. Fugindo da perseguição em sua nativa Morávia, eles haviam encontrado refúgio na Alemanha. E agora tinham cruzado o mar para trazer o evangelho aos índios. Mas, primeiro, um companheiro cristão precisava do seu testemunho.

Um dos alemães olhou para Wesley com olhar gentil, mas penetrante, e perguntou:

"Você conhece Cristo?"

John respondeu com uma evasiva:

"Eu sei que Ele é o Salvador do mundo."

"Sim, mas você sabe que Ele o salvou?"

Wesley inquietou-se. Ele não tinha certeza do perdão. Dava para entender agora por que ele falhara em evangelizar os índios.

Após dois frustrantes anos, Wesley retornou à Inglaterra. Deixe-me voltar o relógio do tempo até cerca de dois séculos e meio e convidá-lo para me acompanhar na grande e velha Inglaterra. Vamos imaginar que estamos no belíssimo jardim da Igreja do velho país construída pelo memorável Thomas Gray, que escreveu a sua famosa elegia.

William Penn e sua família também cultuaram nessa Igreja. E escolhi esse local histórico para reviver a experiência de John Wesley.

Você se lembra que começamos com ele em alto-mar e sua falta de paz com Deus. Mas a primavera para a sua alma desabrochou finalmente em maio de 1738.

Numa reunião, numa capela em Londres, alguém estava lendo o prefácio de Martinho Lutero do seu Comentário sobre Romanos, quando a luz de repente veio sobre Wesley. Ele descreveu o momento: "Cerca de quinze para as nove, enquanto ele, isto é, Lutero, estava descrevendo a mudança que Deus opera no coração através da fé em Cristo, senti meu coração estranhamente aquecido. Senti que confiava em Cristo apenas para a salvação; e a certeza me foi dada de que Ele havia levado todos os pecados, inclusive os meus." Bem, agora abrasado pelo Evangelho, Wesley pregou com novo poder.

Multidões se reuniam para ouvi-lo de todos os lados. Um reavivamento varreu a Inglaterra e chegou até a América. Era o começo da Igreja Metodista. Os Metodistas hoje são uma das maiores denominações protestantes. Eles têm em todo o mundo cerca de 24 milhões de pessoas como membros.

A América tem cerca de 20 grupos Metodistas. O maior deles, com mais de nove milhões de membros, é a Igreja Metodista Unida. E o Doutor James Ault é atualmente o Presidente do Conselho dos Bispos da Igreja Metodista Unida. Fiz uma visita a ele recentemente em Pittsburgh.

Vandeman: Bispo James Ault, estou feliz que tenha se prontificado a representar a grande Igreja Metodista Unida e, é claro, a tradição Wesleyana em toda parte devido à sua liderança mundial. Mas diga-nos: Por que você, pessoalmente, é um cristão Metodista?

Ault: Fui amado e aceito na fé por minha família e pelos professores da escola da Igreja, e fui conduzido ao Ministério ordenado por um Pastor em nossa Igreja local. Mas continuo um Metodista unido por causa das ênfases distintas. Primeiro, nós nos preocupamos com as pessoas, com a dignidade humana e com a responsabilidade moral. Também, sempre damos atenção à primazia da graça. Por graça queremos dizer a ação do amor de Deus em Jesus Cristo através da atividade do Espírito Santo.

John Wesley falou sobre três aspectos da graça. Ele falou sobre o primado da graça, que nos cerca e nos persuade a nos movermos em direção da fé. Falou sobre a justificação pela fé, que tem a ver com um Deus amoroso, receptivo e perdoador. E também falou sobre o crescimento na graça que nos move em direção da perfeição à medida que amadurecemos na fé, e crescemos na graça rumo à santificação. Ou o que chamaríamos de graça santificadora. Também sempre nos preocupamos quanto à conversão e mudança de coração, levando as pessoas para Cristo. Isso pode acontecer de uma maneira dramática, ou de uma maneira gradual. Sempre buscamos manter juntas a fé e as obras. E, finalmente, nossa Igreja é organizada, como conexão. Assim, deixamos a Igreja local livre sob o Espírito, para viver e testemunhar. E a Igreja geral combina todas essas igrejas locais em um esforço nacional e internacional.

Vandeman: Mas, dentro desses pontos, o que você escolheria como único?

Ault: Creio que, para hoje, a fé e as obras. A nossa Igreja foi dividida em dois campos desde 1960. Um dando ênfase à salvação pessoal e outro ao envolvimento social. E para que a Igreja sirva ao Evangelho como um todo, temos que mantê-los unidos, crescendo na graça dentro do corpo e testemunhando o amor encarnado no mundo em serviço.

Vandeman: Crescimento é um elemento básico que parece tão em falta em inúmeros grupos que conhecemos. Será que estamos pegando as partes únicas que sentimos que Deus usou através das várias denominações para defender as verdades que têm sido negligenciadas? Lutero trouxe a justificação pela fé, os Anabatistas trouxeram o batismo. Seu povo mostrou como a conversão e a santificação, ou o crescimento, desenvolvem o cristão. Você acha que estamos conduzindo isso bem?

Ault: Eu acho que é um excelente formato, porque compartilhamos de uma tradição comum, todos na fé cristã. Mas existem essas ênfases distintas de Igreja para Igreja, que têm enriquecido o todo. Compartilhamos juntos em levar avante o todo.

Vandeman: Obrigado, James.

Existem muitas coisas de que eu gosto nos meus amigos Metodistas. Mas há uma coisa que eu aprecio em especial: o movimento Metodista foi chamado por Deus para resgatar uma verdade negligenciada.

Wesley enfatizou que os cristãos produzirão o fruto da obediência como resultado de seu relacionamento com Jesus. Uma verdade realmente essencial.

E agora, voltemos ao jardim da Igreja. Por volta do século 18, a Inglaterra havia se afastado de Deus. A pregação de Wesley tirou a nação do seu sono espiritual.

É claro, nem todos apreciaram o despertar. Presas nas teias de aranha da tradição, as Igrejas fecharam as portas para o novo reformador. Assim, Wesley foi para os campos. Ele pregava ao ar livre, até o alvorecer, antes dos trabalhadores iniciarem sua labuta diária.

Veja um trecho do seu diário de 21 de setembro de 1743: "Fui acordado entre três e quatro da manhã por um grupo de funileiros, que, temendo chegarem atrasados, juntaram-se ao redor da casa, e estavam cantando e louvando a Deus. Às cinco horas, preguei de novo sobre: `crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo'. Eles devoraram a Palavra de Deus."

Os conversos se amontoavam nas reuniões de Wesley. Ele tentou manter seu movimento dentro da Igreja estabelecida. Mas muitos de seus recrutas não pertenciam à Igreja. Por isso, Wesley os organizou em sociedades para prover o seu cuidado espiritual. Mesmo assim, ele insistia que eles assistissem aos cultos regulares da Igreja da Inglaterra. E, apesar da lealdade de Wesley, as autoridades civis e religiosas rejeitaram o seu ministério. Wesley sofreu mais do que mera recusa do seu direito de pregar. Em 4 de julho de 1745, uma multidão arrombou sua casa e exigiu sua morte. Veja como ele descreveu a experiência: "Entrei de imediato no meio deles e disse: `Aqui estou. Qual de vocês tem alguma coisa para me dizer? A qual de vocês fiz alguma coisa errada? A você? A você? Ou a você?' Continuei falando até chegar ao meio da rua, aí, erguendo a voz, eu disse: `Vizinhos compatriotas, vocês querem me ouvir falar?' Eles gritaram com veemência: `Sim, sim. Ele deve falar. Ele deve. Ninguém vai impedi-lo.' E eu falei. Até que um ou dois dos chefes do bando viraram-se e juraram que ninguém iria tocar em mim."

Bem, às vezes, a oposição a Wesley saía pela culatra, e seu diário de setembro de 1769 registrou. Ele diz, com um toque de humor: "Aí, eles ergueram a voz contra mim, especialmente um, chamado de cavalheiro, que estava com os bolsos cheios de ovos podres; mas, um jovem aproximando-se discretamente bateu com as mãos nos dois bolsos, quebrando todos os ovos. Num instante ele perfumava todo o ambiente; embora não fosse tão suave como um bálsamo."

Sim, não havia um só momento de tédio para John Wesley! E também nenhum momento ocioso. Ele viajou a cavalo quatrocentos mil quilômetros em seu ministério. Durante mais de meio século, ele pregou uma média de 15 sermões por semana. Aos 88 anos, John Wesley faleceu.

Ao redor de seu leito, havia dignitários da Igreja, grandes amigos e familiares. E bem ao lado do aposento estava um quartinho para oração. Em frente à janela, uma mesa, um banco para ajoelhar-se, e sobre a mesa apenas duas coisas: a Bíblia de Wesley e uma vela. Todas as manhãs, às quatro horas, Wesley entrava nesse quartinho para ajoelhar-se e falar com Deus.

Na verdade, esse era o "lugar de força" do Metodismo. Perto do final da longa e frutífera vida de Wesley, ele escreveu esta mensagem encorajadora: "Sou agora um velho, enfraquecido da cabeça aos pés; meus olhos pouco vêem, minha mão direita treme muito, minha boca é quente e seca todas as manhãs. Tenho uma febre insistente quase todos os dias. Meus movimentos são fracos e lentos. Entretanto, abençoado por Deus, não deixo meu trabalho. Ainda posso pregar e escrever."

O longo ministério de Wesley centralizou-se em duas grandes verdades que tinham sido esquecidas: o perdão de Deus é grátis a todos; e todos somos responsáveis em crer e obedecer.

Vou lhe mostrar um gráfico para ilustrar a mensagem de Wesley. As ilustrações têm seu ponto fraco. Não existe um meio de ilustrarmos a delicada obra do Espírito Santo, mas as ilustrações podem esclarecer verdades espirituais. Jesus usou parábolas para explicar Seus ensinamentos.

Digamos que esse gráfico representa a minha vida. E a linha que cruza o centro mostra que eu me converti, o meu "novo nascimento".

A linha ao topo representa a perfeição ou maturidade como vista na vida de Jesus. E uma outra linha oscilante através do gráfico mostra a minha experiência diária, minha vida antes da conversão.

Agora, note a minha vida antes da conversão. Estou tentando ser um bom chefe de família, cidadão respeitável, trabalho duro, pago os impostos, sou bom com meus entes queridos, posso até ir à Igreja, mas ainda não sou convertido. Não estou pronto para aceitar Jesus como meu Salvador e Senhor. Mas estou considerando uma mudança.

Do lado esquerdo do gráfico, você me vê seguindo em direção da conversão, a caminho de mudar meus modos antigos por uma vida nova em Jesus. Talvez um programa de televisão evangélico tem me atraído para que eu me renda a Cristo. Talvez uma tragédia, como a perda de um ente querido, me mostre a necessidade de Deus. Ou até algo maravilhoso, como me tornar pai, tem me feito querer ser cristão. Portanto, estou a ponto de entregar a vida a Cristo. Mas aí recuo, relutante em trocar alguns de meus modos antigos pelo modo como Deus quer que eu viva. Por uns tempos, fico tentando decidir o que fazer. Assim, combato a convicção e, como resultado, me encontro caindo mais e mais no pecado.

Mas o diabo entra em cena em pessoa. Eu leio a letra miúda do seu contrato, percebo que ele quer provocar a minha ruína. Alarmado, eu me volto para Jesus como meu refúgio. Entendo por que Ele morreu por mim, e não posso mais resistir ao Seu amor. Assim, finalmente, rendo sem reservas a minha vida através da linha até Cristo, o meu Salvador.

Por um ato de Deus, experimento o que é freqüentemente chamado de "novo nascimento". Uma feliz experiência, de fato. Mas nesse momento crucial, algo estranho acontece. Imediatamente, enfrento o que parece ser um desafio impossível. Perfeição ou maturidade de caráter. Como é que vou conseguir atingi-la?

Mas note, já que estou perdoado, naquele exato momento estou purificado diante de Deus, perfeito à Sua vista. O Salvador me deu o registro de vida santa. É como se eu nunca tivesse pecado. Está vendo? Deus me trata como se eu estivesse no topo do gráfico. Em termos teológicos, isso é "justificação".

E quanto ao meu viver diário, acabo de começar uma vida cristã. Sou um bebê espiritual. Os bebês precisam crescer, e eu também. Assim, começo meu relacionamento com Jesus, que substitui meu relacionamento com o pecado.

No gráfico, abaixo da linha oscilante, está o registro do quanto Cristo tem vivido dentro de mim. Mas o registro desse progresso completa a exigência da perfeição em Jesus? Não. Entretanto, se estou andando em toda a luz que Ele me envia e permaneço comprometido, Ele me dá o registro de Sua própria vida perfeita, e eu fico justificado aos Seus olhos. Mas suponhamos que eu me torne perplexo. Velhas tentações voltam e tornam a me atacar. Às vezes, eu me rendo ao clímax da tentação. Isso significa que não estou salvo? Não, claro que não. Os bebês sofrem quedas.

Meu netinho, Craig, sofre tantos tombos que eu nem sei como ele consegue viver sorrindo. Aí ele aprende a andar, e ainda irá tropeçar. Mas ele voltará a se levantar. E durante esse tempo ele está crescendo. Assim é com a vida cristã. A despeito das muitas vitórias que Deus me dá, eu me pego tropeçando às vezes. Mas aí, pela Sua graça, sou capaz de voltar a me levantar. Enquanto eu estiver disposto a permitir que Cristo viva em mim, permaneço perdoado. A perfeição do Salvador cobre todas as minhas faltas.

Quando Deus olha para mim, Ele não vê as minhas fraquezas. Ele vê o registro perfeito de Seu filho, Jesus Cristo, cobrindo a minha vida. Assim, Deus pode dizer a meu respeito: "Este é Meu filho amado, ou filha, em quem Me comprazo." Em cada nível de crescimento do cristão, Deus nos considera perfeitos e maduros. E se você pensa que isso é uma afirmação exagerada, tente lembrar dos bebês.

Os bebês são perfeitos em todos os estágios de desenvolvimento, não são? É o que Deus quer dizer com a palavra, "perfeito" ou "maduro". E todo o tempo, Deus nos considera perfeitos ou maduros. Em Cristo, Ele está nos atraindo para nos tornar como Ele. Agora, suponhamos que eu morra aqui mesmo. Ainda tenho defeitos. Ainda há crescimentos que eu não atingi. Isso quer dizer que estou perdido? É claro que não. O registro perfeito de Jesus ainda me cobre. Eu permaneço perdoado aos olhos de Deus porque, como diz a Palavra de Deus, em I João 1:7: "Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz está... o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo o pecado."

Notícias empolgantes. Perdão constante, se andarmos à luz de Sua abençoada Palavra.

Lembre-se novamente de que as ilustrações têm seu ponto fraco, mas note o quanto isso ajuda. Tudo abaixo da linha é o registro da justiça comunicada de Deus, é Cristo vivendo em minha vida, e tudo acima da linha é a justiça imputada de Deus, é o registro perfeito de Cristo cobrindo minha vida. Ambos vêm de Deus.

A justiça imputada de Jesus é um guarda-chuva que me cobre com perdão enquanto eu viver. Eu jamais fico acima da minha necessidade de justificação, ou seja, da minha necessidade de estar coberto pelo sangue de Jesus. Todo o tempo em que sou perdoado, estou crescendo em santificação; é a justiça comunicada de Jesus.

Deus, desse modo maravilhoso e encorajador, está trabalhando em nós para restaurar a imagem do Criador. Essa foi a mensagem da salvação que aqueceu o coração de Wesley. Essa é a verdade negligenciada que ele restaurou para dar equilíbrio à nossa fé.

Percebe agora por que gosto dos Metodistas? Deus chamou Lutero e Calvino para proclamarem o perdão. Aí, Ele trouxe Wesley para declarar o viver puro e o crescimento cristão. Todos eles trouxeram de volta verdades vitais que tinham sido negligenciadas. John Wesley não afirmou que ele possuía toda a luz. Ele sabia que, com o passar do tempo, novas verdades se revelariam da Palavra de Deus.

Alguma vez já lhe ocorreu por que existem tantas religiões? Talvez você tenha começado a ver a resposta neste livro. Sabe, temos a tendência de seguir os nossos líderes, a crer em tudo o que eles crêem e um pouco mais. Mas não avançar nada além do que eles avançaram antes de morrer. Nos dias de Lutero, a Igreja Católica o recusou e a Igreja Luterana nasceu. Quando Deus trouxe mais luz com os Anabatistas, muitos Luteranos não aceitaram. Aí surgiu a Igreja Batista. E quando mais verdades surgiram através de Wesley, muitos Calvinistas e outros o rejeitaram. E assim temos os Metodistas.

A história continua. Ela um dia acabará? Veremos. Deixe-me dar a você algo para pensar. É possível que possa haver mais luz para seguirmos? Verdades negligenciadas da Palavra de Deus que precisamos seguir hoje? A Bíblia diz em Provérbios 4:18: "Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito."

Mas muitas pessoas parecem relutantes em receber a nova luz, ao contrário da menina na nova Inglaterra colonial que havia captado o espírito de Wesley. Ela escreveu um pequeno poema que um pregador itinerante copiou em seu diário. Quero mostrá-lo a você. Acredite ou não, a menina que escreveu esse poema tinha apenas nove anos. Veja a sua mensagem:

"Saiba que toda alma é livre para escolher de sua vida o que ela será. Pois esta eterna verdade é dada, que Deus não forçará o homem a ir para o Céu. Ele atrai, persuade, dirige-o bem. Abençoa com sabedoria, amor e luz. Em inúmeras maneiras, é bom e gentil, mas nunca força a mente do homem."

Deus jamais forçará a mente humana. Você e eu somos livres, livres para fazer o que bem quisermos à medida que a verdade avança. Podemos recusar crescer além das crenças de nossos ancestrais. Ou podemos escolher por nós mesmos andar na luz que brilha continuamente da inesgotável Palavra de Deus.


 


 

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O QUE EU GOSTO NOS CARISMÁTICOS

George Vandeman

TOPO

 

Um reavivamento carismático está varrendo toda a América. Está mudando igrejas. Está mudando pessoas. E tudo começou na Califórnia, em abril de 1960. Dennis Bennett, reitor da Igreja Episcopal de St. Marks, em Van Nuys, fez à sua congregação uma surpreendente declaração e o cristianismo nunca mais foi o mesmo. Bennet informou ao seu povo que, em outubro de 1959, ele tinha recebido o "Batismo do Espírito Santo". Ele declarou: "O Espírito Santo tomou meus lábios e minha língua e formou uma poderosa linguagem, que eu mesmo não conseguia entender."

A sofisticada Igreja de Bennett ficou chocada. Um de seus colegas renunciou e foi embora. Muitos saíram com ele. Mas multidões, desde então, têm tido uma experiência igual à de Bennet.

Grandes concentrações lotam estádios de futebol. Testemunhos de vidas modificadas ecoam pelo ar no meio de fervorosos aleluias. Lágrimas de alegria descem pelos rostos. Lado a lado, Protestantes e Católicos cantam "somos um no Espírito". Não resta a menor dúvida, algo grande está acontecendo. Segundo uma recente pesquisa do Gallup, cerca de 30 milhões de americanos nas diversas denominações se consideram Carismáticos. Muitos julgam esse despertamento o maior evento religioso desde o Pentecostes no primeiro século. Outros não têm tanta certeza. O que está realmente acontecendo? Para entender esse reavivamento Carismático, temos que voltar aos dias dos primeiros Metodistas.

John Wesley ensinou que, depois dos crentes nascerem de novo, uma "salvação mais alta ainda" os aguardava. Ele chamava essa experiência de a "segunda bênção" do Espírito Santo. Poderia vir de repente, disse Wesley, purificando instantaneamente e renovando a alma. O pecado seria substituído pelo amor perfeito. Agora, Wesley e seus pregadores provocavam os que os ouviam a buscar o grande derramamento de bênçãos do Espírito. O próprio Wesley nunca afirmou ter obtido essa segunda bênção. Mas ele buscou a experiência até a morte.

Depois que Wesley saiu de cena, vários líderes continuaram a promover sua segunda bênção. Entre eles, destaca-se Phoebe Palmer, que publicou um "guia para a perfeição do cristão". Nele, sugeria que a santidade plena não é ganha pela luta espiritual, mas pela confiante reivindicação das promessas de Deus. Ele chamava essa experiência de batismo do Espírito Santo.

Apesar dos esforços de muitos revivalistas, em torno do século 19, a Igreja Metodista estava perdendo seu primeiro amor. Assim, buscando renovação espiritual, sociedades da santificação existiam por todos os lados. Um desses grupos inspirou Hannah Whithall Smith a escrever um livro maravilhoso: O Segredo de Uma Vida Feliz do Cristão.

Muitos revivalistas da santificação promoveram uma religião ao estilo pentecostal, que enfatizava os milagres. Crendo estarem sob a orientação direta do Espírito Santo, eles resistiram às restrições da autoridade da Igreja. Finalmente, a Igreja Metodista sentiu-se forçada a desaprovar o movimento de santidade. Assim, os pentecostais cresceram fora do Metodismo.

Dentro de poucos anos, por volta da virada do século, mais de 20 grupos de santificação haviam nascido. O maior deles era o dos Nazarenos e o da Igreja Peregrinos da Santificação. Mais tarde, apareceram várias Igrejas de Deus, e outras denominações. Muitos crentes da santificação começaram a falar em línguas. Charles Fox Parham, um curador da fé em Topeka, Kansas, espalhou esses reavivamentos de línguas. Parham insistia no falar em línguas como uma experiência necessária para cada cristão.

Logo o Pentecostes se incendiava em Los Angeles, na cena do famoso reavivamento da Rua Azusa, em 1906. Línguas se tornaram a pulsação da religião para muitas denominações de santificação. Mas a linha principal dos Protestantes e dos Católicos evitava o Pentecostalismo. Aí, vieram os anos 60, quando tudo mudou. Depois que Dennis Bennett tomou posição em St. Marks, as barreiras ruíram entre os pentecostais e seus colegas protestantes. Crentes ansiosos formaram grandes grupos de denominações e começaram a falar em línguas. Esse novo movimento tornou-se conhecido como a Renovação Carismática.

Em pouco tempo, alguns Católicos haviam se juntado às fileiras dos Carismáticos. Em junho de 1967, noventa católicos se reuniram em Notre Dame para celebrar sua experiência de línguas. Mas, apenas sete anos depois, aquele grupo havia aumentado para 35 mil. O crescimento Carismático entre os católicos tem sido notável, quase incrível. Uma recente pesquisa mostrou que quatro milhões de Católicos americanos assistiram a uma reunião de Carismáticos naquele mês em que tinham feito a pesquisa.

Ora, o que os líderes católicos pensam sobre as línguas? Bem, o Papa Paulo VI abençoou o reavivamento Carismático. E, no início de 1981, o Papa João Paulo II expressou apreciação explícita pela renovação Carismática com sua igreja. Muitos estudiosos católicos têm apoiado as línguas. Edward O'Conner escreve: "Os católicos que têm aceitado a espiritualidade pentecostal têm-na achado em completa harmonia com sua fé e vida espirituais."

Muitos leigos têm se envolvido com esses grupos Carismáticos. O maior e mais conhecido deles é a Associação Internacional de Empresários do Evangelho Total. Tenho o privilégio de apresentar a você um querido amigo de muitos anos, Demos Shakarian, fundador e Presidente desse grupo.

Vandeman: Vocês têm reunido ao seu lado milhares de homens de negócios. Como é que se chama esse movimento?

Shakarian: Chama-se Associação Internacional de Empresários do Evangelho Total. Começamos com 21 homens. Hoje, somos mais de 800 mil e eles se reúnem todos os meses em 87 países e quatro mil núcleos. É o poder do Espírito Santo.

Vandeman: Por que você é pessoalmente um cristão Carismático?

Shakarian: É onde está o poder. O poder do batismo do Espírito Santo. Pensaram que estávamos loucos. Mas eu disse: Deus mandou Seu poder para toda a América. Preparemo-nos para receber o melhor do Espírito Santo. É o mesmo poder que os discípulos receberam no cenáculo. O poder e a salvação desceram. Três mil foram salvos em um só dia, cinco mil em outro dia. E Pedro ressuscitou os mortos e curou os doentes. Ele não fez aquilo sozinho. Fez pelo poder do Espírito Santo. Eu sabia que era o que os homens queriam ver, a realidade do cristianismo, o movimento Carismático.

Vandeman: É preciso falar sobre o Espírito Santo, amá-Lo, aceitá-Lo e recebê-Lo mais do que qualquer outro dom, você não concorda?

Shakarian: Sim, concordo.

Vandeman: Você acha que tratei o movimento Carismático de maneira justa?

Shakarian: Você tem feito um excelente trabalho, eu sei que tudo o que você disse é a verdade. Eu aprovei.

Os Carismáticos têm contribuído muito para a espontaneidade e alegria do culto. E, nesta época de auto-suficiência secular, eles nos lembram que somos seres dependentes do Espírito de Deus para cumprir Seu propósito em nossa vida. Outra coisa que eu gosto nos Carismáticos é de sua experiência de oração. Quando oram, oram realmente! Eles esperam respostas de Deus. Repito: existem muitas coisas que eu aprecio nos Carismáticos. De fato, eu mesmo sou um Carismático, no sentido bíblico da palavra. Deixe-me explicar, por favor. A palavra "Carismático", em grego, significa "Dom da Graça". E eu creio nos dons do Espírito.

Assim, como vê, sou um Carismático. Mas eu não falo em línguas. Ora, isso cria uma dúvida para muitos Carismáticos. Sabe, eles crêem que as línguas são a prova da presença do Espírito Santo. Se eu não falar em línguas, não sou um privilegiado. Talvez seja um cristão de segunda classe. Alguns provavelmente até digam que, por eu não conseguir falar em línguas, não estou salvo. Não os censuro por nada. E eles também não me censuram. Eles só estão preocupados comigo. Mas vamos relembrar que existem inúmeros e vários dons do Espírito. A Bíblia nunca diz que todos recebem o mesmo dom. Jesus tinha o poder do Espírito como nenhum outro jamais teve, ou jamais terá. João Batista disse: "...Deus dá do Seu Espírito sem medida." João 3:34.

Todavia não há nenhum registro indicando que Jesus alguma vez falou em línguas. Isso é uma coisa para se pensar, não é? Qual é o propósito das línguas? Bem, os apóstolos usavam as línguas para comunicar o Evangelho em idiomas estrangeiros. A palavra traduzida por "língua" significa "linguagem".

Quando Cristo enviou os apóstolos para evangelizar o mundo, Ele não queria que eles tivessem que passar anos estudando idiomas. Assim, deu a eles o dom de línguas. Milhares de todas as partes ouviram o Evangelho em seu próprio idioma no  Pentecostes.

Agora, há outro dom que os Carismáticos mencionam muito: o dom de curas. Você pode ver aqueles que curam na televisão. Eles nos dizem que Deus quer curar todas as doenças desde que tenhamos fé. Bem, eu certamente creio na cura. Mas a garantia da cura instantânea pode acabar não sendo uma boa notícia, afinal, ela pode criar um tremendo peso de culpa.

Se a fé deve sempre trazer a cura, então aqueles que permanecem doentes não têm fé? O doente de algum modo não é "espiritual o bastante" para ser curado? Esse tipo de pensamento fica ainda mais sério. Se a fé que me salva deveria me curar, então quando não sou curado, talvez eu não esteja salvo?

Muitos santos morrendo clamam a Deus para serem curados, entretanto continuam doentes. Aí eles começam a duvidar da salvação. Carregam um fardo falso de culpa pior até do que sua dor.

Como disse, eu creio na cura divina. Muitos pelos quais tenho orado têm sido milagrosamente curados. Mas também tenho visto muitos santos morrerem doentes. E Deus os ama do mesmo modo como se Ele os tivesse curado. Sabe, Deus quer nos curar no momento e do jeito que Ele quiser, como sabe que é melhor. Às vezes, Ele cura de imediato; Às vezes, espera para nos curar na ressurreição, quando Jesus vier.

O apóstolo Paulo cria em curas. Ele até ressuscitou um jovem da morte. Mas ele próprio nunca foi curado de uma misteriosa aflição chamada de "espinho na carne". Três vezes ele suplicou a Deus que o livrasse. Finalmente, ele aceitou aquele sofrimento. E foi uma bênção, para mantê-lo humilde e dependente. Assim, ele entregou a sua aflição a Deus e prosseguiu com a vida. É preciso mais fé para pedir para ser curado agora, ou para submeter seu corpo a Deus e deixá-Lo curá-lo quando Ele achar que é melhor? O que exige mais fé? Obter o que eu quero agora ou deixar Deus operar a Seu próprio tempo e maneira?

Graças a Deus, a salvação não depende de termos ou não uma determinada resposta à oração. Em vez disso, ser salvo depende de nossa decisão em confiar e obedecer a Jesus. Nossa esperança repousa em Cristo, não em nós mesmos. Jesus é a nossa passagem para o Céu.

Vamos supor que pudéssemos conseguir a salvação na base de termos milagres em nossa vida. Mas isso nos poria em competição com Jesus, nosso Salvador, não é mesmo? A nossa fé deve aceitar a Cristo, e não competir com Ele. Olhamos pela fé para a cruz. E assim somos salvos através do sangue de Jesus, não pelos milagres que Deus opera em nossa vida. Entender erroneamente os milagres pode nos levar a todo tipo de problema espiritual.

Isso me faz lembrar aquele pobre homem com altos e baixos em sua experiência cristã. Ele confessa orgulho espiritual quando vê notáveis respostas às suas orações, mas, quando quase nada acontece, fica preocupado que Deus o tenha abandonado. Ele teme que possa estar perdido. Esse homem tem que deixar de olhar para si mesmo. Ele precisa pôr sua confiança fora de si mesmo, em Jesus. Agora, como mencionei antes, creio em milagres. E aprecio todos os dons do Espírito.

Deus fará maravilhas em nossa vida se cooperarmos com Ele. Mas quando colocamos a confiança na cruz de Cristo, jamais faremos de nossas conquistas espirituais um salvador.

Suponhamos que eu me sinta seguro da salvação só porque vejo milagres acontecendo em minha vida. Posso me tornar descuidado em minha obediência, percebe? Um Carismático escreveu na capa da sua Bíblia: "Pouco me importa o que a Bíblia diz, eu já tive uma experiência". Não nos compete questionar a sinceridade desse homem. Mas certamente o Espírito Santo, que inspirou a Bíblia, jamais nos levaria a negligenciar a obediência à Palavra de Deus. Será que é por isso que a Bíblia nos traz uma advertência em I João 4:1? "Não deis crédito a qualquer espírito, antes provai os espíritos se procedem de Deus." Importante conselho, não acha?

Sem dúvida, os espíritos inimigos podem falsificar o Espírito Santo. Eles podem operar verdadeiros milagres, até fazer com que desça fogo do céu num falso Pentecostes. E as Escrituras na verdade predizem que o inimigo realizará suas maravilhas do mal usando o nome de Jesus Cristo. "Muitos Me dirão naquele dia; `Senhor, Senhor, não profetizamos nós em Teu nome? E em Teu nome não expulsamos demônios? E em Teu nome não fizemos muitas maravilhas?' E então lhes direi abertamente: `Nunca vos conheci; apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniqüidade.'"

Os falsos profetas usarão o nome de Cristo para praticar o mal. Satanás realizará todos os tipos de maravilhas mentirosas. Ele pode abusar do dom de cura em nome de Jesus. Ele pode falsificar o dom de línguas. Afinal, ele é um anjo caído. Ele pode falar qualquer língua da Terra ou do Céu. Jamais se esqueça disso. Os milagres em si não são nenhuma prova da presença de Deus. Você não concorda? Evidentemente, alguns milagres podem ser operados pelo inimigo. Você vê por que a Bíblia nos adverte a provar os espíritos? E qual é a prova? Como podemos diferenciar o genuíno amor de Deus da sua falsificação? As escrituras dizem com toda clareza: "Pois amar a Deus é obedecer aos Seus mandamentos. E os Seus mandamentos não são difíceis de obedecer." I João 5:3.

Como vê, o amor para Deus significa muito mais que um sentimento que aquece o coração quando O cultuamos. A verdadeira prova do amor cristão é a obediência aos mandamentos de Deus. Por isso, cuidado! Sei que Demos Shakarian e seus companheiros concordarão comigo quando eu disser isto: Cuidado com as falsificações do Espírito Santo. Fique com os olhos abertos e sua Bíblia por perto.

Muitos de nós estamos satisfeitos com a experiência silenciosa, com a falta do fogo do Espírito Santo na vida. Deus quer que tenhamos mais, quer encher nosso coração com o amor transbordante. Quer nos dar a vitória sobre o pecado e nos guiar para toda a verdade. O Espírito Santo é o maior dom de Deus é e nossa maior necessidade. Portanto, vamos pedir a Deus para encher nossa vida do Seu Espírito. Aí, devemos deixar o Espírito decidir que dom nos dar.

Agora, ao nos aproximarmos do final, quero lhe contar uma história. Você se lembra que mencionei no começo Hannah Whithall Smith e seu livro O Segredo de Uma Vida Feliz do Cristão.

Há muita vivência por trás da sua experiência. Aprendi isso do livro de Catherine Marshall, Algo Mais.

Em 1865, Hannah e seu marido, Robert, mudaram-se com a família para Milltown, Nova Jersey. Foi onde Hannah conheceu os Metodistas da Santificação. Apesar de ela ser uma Quaker, ficou profundamente impressionada com eles.

Logo, Robert resolveu partilhar do interesse da esposa pela vida de santificação. E num verão eles assistiram a uma reunião num acampamento de santificação numa floresta ao longo da Costa de Nova Jersey. Mas Robert recebeu uma experiência espiritual sensacional, que foi descrita por sua esposa: "Após a reunião, meu marido foi sozinho para um ponto da floresta, para continuar a orar a sós. Quando, de repente, da cabeça aos pés ele foi abalado pelo que parecia ser uma vibração magnética de prazer celeste, e jorros de glória pareciam derramar-se sobre ele, alma e corpo, com a segurança interior de que aquele era o ansiosamente esperado batismo do Espírito Santo."

Bem, naturalmente isso fez Hannah desejar uma experiência semelhante. Ela foi ao altar noite após noite. Orou durante horas a fio. Mas nada aconteceu. Não foi dessa vez que ela teve uma experiência espiritual espetacular como seu marido havia tido. A princípio, ela ficou desapontada. Aí, concluiu que Deus já havia lhe dado o Espírito na paz que reinava em seu coração. Ela possuía algo mais permanente e substancial do que uma experiência dramática e emocional. Mas a história não terminou.

Na primavera de 1875, Robert viajou para a Alemanha, onde realizou reuniões evangelísticas e de ensinos altamente bem-sucedidos perante grandes multidões, mas sempre numa atmosfera bastante carregada de emoção.

Em uma carta à esposa, ele exultou: "Toda a Europa está aos meus pés!" E quando retratos seus foram oferecidos à venda, oito mil foram vendidos imediatamente. Então caiu a base do ministério de Robert. Circularam boatos sobre seu questionável contato, sua conduta com as mulheres e os boatos chegaram à imprensa.

As reuniões foram canceladas pelos patrocinadores. Robert voltou para casa, para junto de Hannah. Hannah permaneceu fiel junto do marido, apoiando-o em silêncio. E quanto a Robert e sua sensacional experiência espiritual? A sua fé falhou. Ele afundou-se em grande depressão. Mas por toda a crise, Hannah continuou seu cristianismo calmo e consistente.

Você não admira a fidelidade dessa mulher? Vamos deixar Deus entrar em nossa vida do jeito que Ele preferir. Ele pode não vir até nós com o dom da cura ou de línguas. Ele pode vir, de fato, com uma mordaça para nossa língua. Ou pode, sem alarde, nos convencer da nova verdade que nunca havíamos conhecido: a verdade negligenciada para seguirmos. Mas de um modo ou de outro, Ele entrará em nossa vida quando nos rendermos com fé. E não precisamos esperar algum tipo de experiência sensacional. A tranqüila plenitude do Espírito Santo pode ser sua agora.


 


 

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O QUE EU GOSTO NOS CATÓLICOS

George Vandeman

TOPO

 

São cinco horas e dezenove minutos. O papamóvel branco circula pela praça de São Pedro, em Roma, entre a multidão que acena e aplaude.

Ninguém nota uma bolsa de viagem sendo aberta. Ninguém vê a mão entrando nela nem a pistola Browning sendo tirada. Aí acontece. O disparo repentino ocorre e o sorridente homem de branco geme de dor. Seus ombros largos se curvam e ele cai lentamente. Os aplausos se transformam em gritos. Em uma dúzia de idiomas, a terrível notícia corre pela multidão: "O Papa foi baleado!" O sangue vermelho jorra de um ferimento aberto. A corrida pela vida em direção ao Hospital Gemelli é uma cena de profundo horror. Mortalmente pálido e quase inconsciente, João Paulo murmura: "Por que fizeram isso?"

Milhões multiplicados repetiam a angustiante pergunta: "Por quê?" Orações eram feitas de todas as partes. Padres, pastores e rabinos lideravam suas congregações em fervorosas intercessões pelo Papa. João Paulo se recuperou e voltou para os braços abertos de 750 milhões de Católicos. Sua cruzada mundial pela amizade e paz seguiu avante. O que há em João Paulo que conquista corações no mundo todo? Eu acho que todos apreciamos seu estilo amigável e caloroso.

Não muito tempo atrás, o mundo ocidental vinha flertando com a liberdade irrestrita. A sociedade dos anos 60 começou a seguir uma tendência diferente: "Faça o que você quiser." E era tudo em nome da paz e do amor. Mas essa erosão da moralidade nos levou para o esgoto da dor e da vergonha. Sofremos com o problema da gravidez, da embriaguez e do consumo de drogas pelos adolescentes. Sem falar do vandalismo, da violência e das doenças sexualmente transmitidas. Tudo isso devido à rejeição dos padrões morais absolutos de Deus, Seus Dez Mandamentos. A América finalmente recobrou os sentidos.

O final dos anos 70 trouxe um reavivamento de moralidade, quando muitos que tinham rejeitado a Lei de Deus mudaram de idéia. Eles passaram a entender que aquela ação social jamais poderia tomar o lugar dos valores espirituais.

E quanto à tendência diferente que a sociedade vinha seguindo? Eles começaram a achar que ela não servia. Nessa atmosfera de renovação religiosa, João Paulo tornou-se Papa. Ele preencheu rapidamente o vazio da liderança moral. Muitos jamais esquecerão a visita que ele fez aos Estados Unidos no outono de 1979.

"Tenho vindo a todos com uma mensagem de esperança e paz de Jesus Cristo", disse João Paulo. E tinha um conselho especial para os jovens: "Muitos jovens fogem de sua responsabilidade, fogem para o egoísmo, fogem para o prazer sexual, fogem para as drogas, fogem para a violência, eu lhes prometo a opção do amor, que é o oposto da fuga. Pois foi Jesus, nosso Senhor Jesus em pessoa, que disse: `Serão Meus amigos se fizerem o que Eu mandar.'" Muitos pensavam que os jovens tinham rejeitado o chamado do Papa para a lei espiritual e a ordem. Mas não, 19 mil adolescentes no Madison Square Garden bateram palmas quando ele os convidou a disciplinarem suas vidas. Eles pareciam prontos para o desafio da moralidade do Papa João Paulo. E do mesmo modo estava o restante dos mais de 50 milhões de Católicos americanos.

Oitenta mil pessoas lotaram o Yankee Stadium para ouvir o Pontífice. Uma avalanche de aplausos se seguiu quando o Papa os admoestou a repartirem com os pobres e os oprimidos.

O apelo de João Paulo pela moralidade e compaixão tocava os corações por onde quer que ele fosse. E os americanos de todas as religiões apreciaram seu chamado à responsabilidade espiritual e social.

Você deve ter notado que nos capítulos anteriores eu convidei os líderes das várias denominações para nos ajudarem a conhecer sua igreja e nos falar de sua fé pessoal em Cristo. Bem, achei os líderes da Igreja Católica calorosos e cordiais, satisfeitos por sua Igreja estar incluída em nossa série. Mas preferiram não aparecer publicamente.

Assim, recorri ao Dr. Samuele Bacchiocchi. Embora não sendo da fé Católica, o Dr. Samuele Bacchiocchi foi o único não-Católico aceito até hoje como aluno graduado na famosa Pontifícia Universidade Gregoriana em Roma.

Após cinco anos de estudos naquela cidade, ele foi premiado com a mais alta honraria que o Pontífice pode dar a um formando: a medalha de ouro pelo brilhantismo de sua conquista acadêmica.

 

Vandeman: Dr. Bacchiocchi, o que o senhor gosta nos Católicos Romanos?

 

Dr. Bacchiocchi: Eu me lembro de várias coisas que realmente aprecio no povo Católico. Em nível pessoal, o que eu gosto é o modo como me trataram durante aqueles cinco anos que passei em Roma, na Pontifícia Universidade Gregoriana. Sabe, eles me aceitaram como um "irmão separado", mas na realidade me trataram como um verdadeiro irmão cristão: com amor, respeito e bondade. Num sentido mais geral, o que eu gosto nos Católicos é o modo dedicado pelo qual eles realizam seus exercícios religiosos. Eu fui privilegiado, enquanto estudava, ao observar meus professores, padres e monges passando as primeiras horas do dia lendo e meditando sobre a realidade espiritual. E o impacto dessa comunhão diária com Deus podia ser sentida de fato em sua disposição única e agradável. Eu também admiro grandemente o espírito de sacrifício de incontáveis padres, monges e freiras, como a Madre Teresa de Calcutá, que tem servido e continua servindo, sem pensar em seu sacrifício pessoal, aos necessitados, aos que sofrem, aos esquecidos da sociedade atual.

 

Vandeman: Concordo com você. Agora, o que você acha dos ensinamentos Católicos?

 

Dr. Bacchiocchi: Existem vários ensinamentos Católicos que o senhor pode entender que eu acho inaceitáveis, como a transubstanciação, a imaculada Conceição, a infalibilidade e a primazia papal. Por outro lado, existem certos ensinamentos Católicos únicos que eu não só admiro, mas acredito que são muito relevantes para a nossa época. Estou pensando particularmente no compromisso Católico Romano para a preservação da santidade do casamento e através da inviolabilidade da vida humana. Vivemos em uma sociedade em que muitos cristãos passaram a ver o casamento como uma instituição social civil que pode ser prontamente dissolvida quando as circunstâncias pedirem. Por isso, creio que a Igreja Católica tem que ser condecorada por seu compromisso de nos lembrar que o casamento é sagrado e o que Deus uniu ninguém tem o direito de separar. Eu também admiro os esforços que a Igreja Católica vem fazendo atualmente, desde o Vaticano II, em promover a circulação e a leitura da Palavra de Deus. Acredito que essa tendência é muito positiva e pode ajudar os cristãos a enriquecerem sua experiência de entendimento espiritual e sua realidade. Minha grande esperança e oração é que, como Protestantes, possamos apreciar mais plenamente a experiência religiosa e as convicções teológicas dos Católicos. Em contraposição, que nossos amigos Católicos, através de um estudo renovado das Escrituras, redescubram algumas das verdades bíblicas vitais perdidas.

 

Vandeman: E quem poderia ter dito isso melhor do que você? Obrigado por ter vindo.

Em um mundo de progresso material, mudança social, os valores morais têm sofrido erosão. Mas a Igreja Católica Romana luta pela moralidade e a decência. E muitos Católicos defendem a integridade da vida humana, juntamente com muitos Protestantes que reconhecem o respeito pela vida humana como uma verdade negligenciada. Essas convicções têm enriquecido o mundo.

A Igreja Católica tem permanecido firme, mesmo quando outros têm escorregado. Eu também gosto dos Católicos por causa de seus muitos exemplos radiantes de genuíno amor cristão, um amor altruísta que nada pede em troca, o tipo de amor que Jesus mostrou em Sua vida.

Nosso exemplo preferido disso, como o Dr. Bacchiocchi nos lembrou, é Madre Teresa de Calcutá, Índia. Quem tem um coração tão duro que não se comove ao conhecer a profundidade do que essa querida mulher vem fazendo? E não podemos esquecer que existem milhares de outras freiras e padres como Madre Teresa em todos os cantos do mundo. Somente na eternidade saberemos dos sacrifícios desses heróis anônimos.

Outra coisa que eu aprecio nos Católicos é seu sincero amor por Jesus e seu crescente interesse pelas Escrituras. Testemunhei isso em primeira mão no Cardeal Kroll, de Filadélfia, quando trabalhamos juntos sob a honrosa liderança do Presidente Reagan durante o recente Ano da Bíblia.

O Concílio da Igreja do Vaticano II, nos anos 60, incentivou os membros a lerem a Palavra de Deus. E algumas das melhores pesquisas bíblicas estão sendo feitas por estudiosos Católicos.

Bem, você sabe que eu não sou Católico Romano. Portanto, existem diferenças entre minhas crenças e as da Igreja Católica. E isso deve ser esperado e entendido, é claro. Provavelmente, a maior diferença entre nós seja a questão da infalibilidade papal, e o papel da tradição na interpretação das Escrituras como base da autoridade espiritual. Mas tenho notado nos últimos anos, desde o Vaticano II, o desenvolvimento de uma tendência entre muitos estudiosos Católicos e leigos informados. Ou seja, uma tendência de voltar para as Escrituras como base da crença. Eles reconhecem o destacado papel que a tradição desempenhou no passado. Mas existe agora um movimento entre o povo Católico para estabelecer totalmente suas raízes nas Escrituras. E temos que louvá-los por essa tendência. As tradições da Igreja podem mudar através dos tempos, mas a Palavra de Deus permanece a mesma.

Esta é outra razão por que mais e mais Católicos estão passando a reconhecer a importância da Bíblia. Seria essa a mensagem que recebemos da visita do apóstolo Paulo a Beréia? Beréia, da antiga Macedônia, é atualmente a cidade de Veróia, na Grécia. Os bereanos eram felizes por terem o ministério de Paulo. Eles deviam até aplaudi-lo quando ele chegava à cidade. E ouviam atentamente tudo o que ele tinha a dizer. Mas os bereanos analisavam os ensinamentos de Paulo. E o apóstolo não se importava. Atos 17:11: "Ora estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim."

O apóstolo Paulo convidou a Igreja para avaliar o que ele havia lhe ensinado. Ele queria que seus membros provassem por si mesmos nas Escrituras antes de aceitarem os ensinamentos.

Assim, os bereanos não estavam sendo desleais ao checarem tudo através da Bíblia. Na verdade, Paulo os chamou de nobres. O teste que o apóstolo Paulo aplicava em seus próprios ensinamentos serve para os líderes da Igreja e professores de Bíblia de hoje. Apesar de eu ter algumas diferenças básicas com a Igreja Católica Romana na interpretação da Bíblia, deixe-me dizer outra vez: aprecio a reverência que muitos Católicos têm pelas Sagradas Escrituras. Precisamos também nos lembrar de que todo Catecismo Católico ensina a obediência à Lei de Deus. Mas você já notou a diferença entre os Dez Mandamentos ensinados pela Igreja de Roma e os Dez Mandamentos que encontramos na Bíblia? Note em seu Catecismo que está faltando o segundo Mandamento - aquele que proíbe o uso de imagens no culto.

Evidentemente, esse Mandamento criava um problema à luz do ensinamento da Igreja. Assim, ele foi removido totalmente dos Catecismos. Mas como é que a Igreja ainda conta Dez Mandamentos? Bem, ela dividiu o Décimo Mandamento em dois, de modo que ainda temos dez. Aqui nós temos que ser cuidadosos e justos.

Não vamos entender mal o uso das imagens pelos nossos amigos Católicos. Eles não adoram as imagens em si, pois sabem muito bem que são apenas estátuas de madeira e pedra. Eles reverenciam a vida dos santos representados por aquelas imagens.

Os Católicos crêem que certos santos andaram tão perto de Deus que seus caracteres se tornaram santos. E agora, através dos méritos desses santos, eles ensinam que os cristãos perfeitos podem se aproximar de Deus. Bem, eu entendo que o segundo Mandamento não permite fazer relíquias dos santos. Porque todos os humanos, mesmo os melhores de nós, carecem do ideal de Deus. Todavia, há boas notícias.

Todos os que crêem e obedecem ao Evangelho são considerados santos. Isso quer dizer que todos podemos nos aproximar de Deus sozinhos através do sangue de Cristo. Assim, muitos Católicos agora têm passado a crer que todos os cristãos são igualmente perfeitos aos olhos de Deus através de Jesus.

Vamos examinar o que aconteceu no quarto Mandamento, que consta como o terceiro no Catecismo Católico. Esse é o Mandamento do sábado, e também foi trocado. Essa pode ser uma revelação surpreendente para alguns, mas a Igreja Católica Romana nos informa livremente sobre a influência dela nessa mudança do sábado para o domingo como o dia de guarda.

No Catecismo dos Convertidos das Doutrinas Católicas, pág. 50, lemos:

P. Qual é o dia de descanso?

R. O Sétimo Dia é o dia de descanso.

P. Por que observamos o Domingo ao invés do Sétimo dia?

R. Observamos o Domingo ao invés do Sétimo Dia, por que a Igreja Católica transferiu a solenidade do Sétimo Dia para o Domingo.

Não é interessante?

Há uma história fascinante por trás de tudo. Voltando para o século 16, no histórico Concílio de Trento, a Igreja Católica rejeitou a insistência dos Protestantes apenas no uso da Bíblia. E a razão dada por eles era que a Igreja tinha mostrado autoridade para reinterpretar as Escrituras. E, influenciada por sua própria tradição, havia transferido o sábado para o domingo.

Em seu livro Cânon e Tradição, o Dr. H. J. Holtzmann descreve a cena climática no Concílio de Trento. Note como a decisão foi tomada para dar preferência à tradição na interpretação das Escrituras.

"Finalmente, no dia 18 de janeiro de 1562, toda hesitação foi posta de lado. O Arcebispo de Reggio fez um discurso onde declarou abertamente que a tradição estava estabelecida acima das Escrituras. A autoridade da Igreja não deveria, portanto, se submeter à autoridade das Escrituras, porque a Igreja havia mudado... o Sétimo Dia para o Domingo, não pelo comando de Cristo, mas por sua própria autoridade."

Portanto, o que pesou no dia em que foi tudo colocado na balança? Foi o fato de a Igreja ter, com efeito, mudado um dos Mandamentos de Deus, o sábado, com a autoridade da tradição. Agora, os Protestantes podem estar mais surpresos que nossos amigos Católicos quanto a essa revelação. Afinal, os Católicos Romanos se orgulham do que eles crêem ser a autoridade da Igreja na interpretação das Escrituras. Embora eu pessoalmente não possa aceitar a tradição como tendo qualquer influência sobre a crença, quero dizer que os Católicos são pelo menos consistentes com sua tradição de guardar o domingo.

Talvez nossos amigos Protestantes devessem perguntar a si mesmos por que eles guardam o domingo, já que a tradição figura em sua origem. É algo para se pensar, não concorda? Você sabia que a Bíblia provê uma descrição especial do povo fiel de Deus pouco antes da vinda de Jesus? Vamos lê-la em Apocalipse 14:12. "Aqui está a paciência dos santos; aqui estão os que guardam os Mandamentos de Deus e a fé de Jesus."

Fé em Jesus e a guarda dos Mandamentos de Deus estão juntas. Logicamente, na hora final da Terra, os cristãos sinceros em toda parte estarão guardando os Mandamentos de Deus. Todos os dez.

Bem, sejam quais forem nossas diferenças, podemos apreciar uns aos outros. E eu vejo tantas coisas de que gosto em meus amigos Católicos. Mais do que qualquer coisa, admiro a dedicação de muitos milhares de Católicos ao redor do mundo que têm dado sua vida para aliviar o sofrimento de outros seres humanos. E não conheço nenhum reflexo maior do amor de Cristo que o demonstrado por Maximilian Kolbe, um padre franciscano polonês, que sacrificou sua vida durante a Segunda Guerra Mundial. Aprisionado no campo de prisioneiros em Auschwitz, Kolbe, dia a dia, encorajava seus colegas de sofrimento. Ele dividia sua minguada ração com os doentes e enfraquecidos, apesar de estar muitas vezes pior do que aqueles a quem ajudava. Ele liderava os prisioneiros em oração, trazendo a luz de Cristo àquele triste campo de prisioneiros.

Os captores ficavam furiosos com o cristianismo de Kolbe. Eles o espancavam selvagemente, mas Kolbe apenas orava por eles. E finalmente ele pagou o maior dos preços por sua fé e amor. Uma tarde, as terríveis sirenes começaram a soar. Um prisioneiro havia fugido. Como retaliação, dez homens foram escolhidos para morrer por seu companheiro que fugira. Um dos dez condenados, um jovem pai, caiu no chão aos prantos, pensando em sua família. De repente, Kolbe deu um passo adiante.

"O que você quer?" berrou o comandante do pelotão da morte.

Kolbe respondeu suavemente:

"Quero morrer no lugar desse prisioneiro."

O nazista frio ficou chocado e sem palavras. Finalmente conseguiu dizer:

"Pedido concedido."

Kolbe foi jogado em um calabouço subterrâneo e abandonado para morrer de fome. Durante seus últimos dias de vida, enquanto morria trêmulo, eles o ouviram orando e cantando. Finalmente, o padre deu seu último suspiro, fiel até à morte.

Eu quero encontrar esse querido santo no Céu. Eu quero ser fiel à Palavra de Deus. Haja o que houver. Que Deus conceda a todos nós tamanha fé nEle que possamos enfrentar o desafio das horas finais na Terra.


 


 

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POR QUE TANTAS RELIGIÕES?

George Vandeman

TOPO

 

Nos Alpes do norte da Itália e ao sul da Suíça encontramos picos cobertos de neve em sua maravilhosa majestade, vales ricos em verde, regados por límpidos regatos, enormes planícies acarpetadas de perfumadas flores silvestres e pomares e vinhedos repletos de deliciosos frutos. Esse é um território de Deus, quase o Céu na Terra.

Mas uma coisa trágica aconteceu nesses Alpes há muitos anos. A neve se tornou vermelha de sangue - o sangue do povo de Deus. Uma história comovente, e ao mesmo tempo inspiradora, nos aguarda. Além dela, também conhecemos uma fascinante profecia bíblica sobre os resgatadores da verdade negligenciada.

Por que tantas religiões? Você já fez a si mesmo essa pergunta? A resposta não é difícil de se achar. Faremos uma pausa no exame das Igrejas individualmente, para descobrir uma profecia no centro do livro de Apocalipse, que acabará com a confusão que muitas pessoas têm diante de tantas e diferentes "estradas para o Céu".

Comecemos o estudo nos Alpes onde, há muitos anos, viveu um povo gentil chamado os Valdenses. Por muitos séculos, eles mantiveram a luz da verdade brilhando no meio das trevas espirituais. Os Valdenses preservaram a antiga fé entregue aos santos por Jesus Cristo em pessoa e pelos apóstolos; a fé que havia sido negligenciada e mal utilizada pelos líderes religiosos.

Agora, quero lhe fazer uma pergunta: a erosão da fé pela Igreja Cristã o surpreende? Afinal, os registros do Antigo Testamento mostram uma ligação contínua com a apostasia. E o Novo Testamento predisse que a história se repetiria.

Mais uma vez, um afastamento constante da verdade iria corromper a verdadeira fé. Os apóstolos Pedro e Paulo foram alertados disso. Bem, o livro de Apocalipse também predisse as lutas do povo de Deus durante a Era Cristã. "E viu-se um grande sinal no céu; uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça. E estava grávida, e com dores de parto, e gritava com ânsias de dar à luz." Apocalipse 12:1 e 2.

Ora, quem é essa mulher? Bem, na Bíblia, Deus usa muitas vezes o símbolo da mulher para representar a Igreja. Uma mulher pura representa Seus sinceros seguidores, e uma mulher imoral representa o cristianismo caído. Portanto, a mulher pura de Apocalipse 12 deve representar o povo fiel de Deus. E a mulher estava grávida. Logo, uma criança está sendo atacada. "E viu-se outro sinal no céu, e eis que era um grande dragão vermelho... e o dragão parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho." Apocalipse 12:3 e 4.

O dragão é Satanás, o inimigo mortal da Igreja. Você se lembra de como Satanás, trabalhando através de Herodes, o Imperador Romano, tentou destruir Cristo, matando todos os bebês do sexo masculino em Belém? Mas o menino Jesus escapou com Sua mãe, Maria, e José. Você conhece a história.

Depois que Cristo cresceu e começou Seu ministério, o inimigo O atacou com uma nova estratégia. Ele abordou o Senhor no deserto com várias tentações ardilosas. Mas Jesus não traiu Sua fé. Enfurecido, Satanás tentou ainda outra tática. Ele atraiu os líderes religiosos com seus enganos. Assim que obteve o controle da liderança religiosa da época, o inimigo usou os líderes para perseguir Jesus.

Aparentemente eles venceram Cristo na cruz, mas Ele ressurgiu vitorioso do túmulo para ascender ao trono de Deus. "E deu (a Igreja) à luz um Filho, um varão que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu Filho foi arrebatado para Deus e para o Seu trono." Apocalipse 12:5.

O diabo ficou totalmente frustrado em seus ataques ao Filho de Deus. Assim, decidiu voltar-se contra a mulher, a Igreja. Ele atacou o povo de Deus com a mesma estratégia que havia usado contra Jesus. A história se repetia de maneira incrível.

Primeiro, o diabo tentou matar a Igreja iniciante. Ele usou os líderes romanos como seus agentes, como havia feito contra o menino Jesus. Mas, apesar da feroz perseguição de Nero e seus sucessores, o cristianismo sobreviveu e cresceu. Satanás percebeu que não poderia destruir o povo de Deus pela violência. Assim, o inimigo se aproximou da Igreja com tentações sutis. Ele pretendia atrair os líderes, fazendo concessões em sua fé. Muitos recusaram-se a ceder, permanecendo fiéis ao Senhor, como Jesus tinha sido quando tentado. Mas o inimigo conseguiu mais uma vez manipular os líderes religiosos da época. E, como no tempo de Cristo, a verdade ficou enterrada na tradição. O povo fiel de Deus, ao recusar participar da apostasia, foi marcado para morrer, como Jesus tinha sido.

A história registra o fato trágico. Você pode encontrá-la em qualquer biblioteca. Os líderes religiosos martirizaram milhões de crentes sinceros sem nenhum crime, a não ser o de seguir a Palavra de Deus.

Durante muitos séculos, os santos tiveram que viver escondidos. "E a mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias." Apocalipse 12:6.

Há uma profecia de tempo, um período de perseguição durando 1.260 dias. Esses dias são literais ou simbólicos? É bom lembrar que o livro de Apocalipse lida com símbolos. Lembre-se também que a perseguição durou muitos séculos, muito mais que os 1.260 dias. Mas na profecia simbólica, um dia representa um ano. Por isso, provavelmente sejam 1.260 anos. Isso é o que os reformadores ensinaram. Martinho Lutero e outros acreditavam que esse período de tempo representava 1.260 anos de opressão sobre a Igreja na Idade Média. A história confirma isso. No século seis, a Igreja foi influenciada pelo Imperador Justiniano ao expedir um decreto retirando toda a proteção aos hereges, como eram chamados os fiéis seguidores de Deus. Essa perseguição tinha atingido uma fúria incontrolável em 538 d.C.

Somando 1.260 anos com 538 isso nos leva a um pouco antes da nossa época: o ano de 1798. Exatamente nesse ano, Napoleão interrompeu o poder que vinha oprimindo os fiéis. Assim, durante os séculos negros, como a profecia de Apocalipse (16:23) predisse, o povo de Deus foi para os esconderijos.

As montanhas dos Alpes e de outros lugares remotos da Terra protegeram a Igreja. Ela sobreviveu. Embora tenha ficado bem fraca, às vezes, a luz da verdade jamais se apagou por completo. Os Valdenses adoravam a Deus em uma capela secreta chamada "Chiesa de La Tanna", que quer dizer "Igreja da Terra". Só se consegue descer o túnel rochoso que leva ao salão de reuniões da Igreja, apoiando-se nas mãos e nos joelhos. Nessa mesma caverna, camuflada pela Natureza, por muitos anos, os Valdenses adoraram a Deus.

Mas chegou finalmente o dia em que um grupo deles foi cercado por soldados que fizeram uma fogueira na abertura. O oxigênio foi consumido e os Valdenses cantaram louvores a Deus até deixarem de respirar. Estavam felizes por darem a vida em vez de renunciar à fé.

Ninguém sabe quantos crentes verdadeiros derramaram seu sangue durante o longo exílio da Igreja no deserto. Mas, assim como Deus cuidou do Seu Filho, Ele também preservou Seu povo. E como Jesus saiu do túmulo vitorioso, a Igreja finalmente emergiu de sua hibernação no deserto.

A palavra "Igreja" aqui não significa Religião Luterana, Religião Batista ou Religião Adventista. No Novo Testamento, a palavra "Igreja", do termo grego "Ecklesia", quer dizer simplesmente "os escolhidos". Você gostaria de ser um dos escolhidos de Deus?

Vamos considerar uma ilustração que ajudará na compreensão da experiência do povo de Deus em Apocalipse 12. Suponhamos que você esteja em pé ao lado de uma colina vendo uma enorme planície numa extensão de quilômetros. Você nota uma estrada de ferro cruzando a planície e desaparecendo em um túnel. De repente, você ouve o som de um trem se aproximando. Uma enorme locomotiva antiga com dois vagões de passageiros passa velozmente.

Agora, se a locomotiva, com seus belos vagões, desaparece num lado do túnel, você não esperaria que a mesma locomotiva, com os mesmos vagões, saísse do outro lado? É claro que sim. E se a locomotiva, com os dois belos vagões de passageiros, entrar por um lado da montanha, e do outro lado sair um trem moderno movido a diesel, puxando vários vagões? Você ia dizer: "Aconteceu algo com o trem dentro do túnel." E você estaria certo.

Vamos esquecer os trens por um momento e imaginar que a verdadeira Igreja começasse a seguir o caminho do tempo no início da Era Cristã. Visualize a Igreja de Apocalipse 12 com sua fé pura, viajando pelos séculos. E ali pelo ano 538 tornou-se necessário, a fim de preservar sua fé, que ela se escondesse. Por isso, ela desaparece no túnel do deserto por mais de mil anos.

Você não esperaria que a mesma Igreja, ensinando o mesmo corpo de verdades, o qual desaparecera havia tantos anos, emergisse do túnel do deserto ensinando a mesma mensagem que os primeiros cristãos ensinaram? Claro que sim.

E se do túnel não saísse uma Igreja, mas muitas igrejas, muitas religiões diferentes? Você diria que alguma coisa devia ter acontecido dentro do túnel e você estaria certo!

A história da Igreja revela que algo perturbador aconteceu durante a Idade Média. A verdade sofreu, fragmentou-se, mas sobreviveu.

Temos notado como Deus interveio para restaurar a verdade negligenciada, parte por parte. Como Ele levantou reformadores, um por um, para trazer de volta a verdade que tinha sido esquecida durante os longos séculos no deserto. Martinho Lutero apareceu em cena para restaurar a pulsação do cristianismo. E a Reforma começou; mas ela não terminou no século 16.

A luz apenas começava a surgir no deserto do túnel. Francamente, poderíamos esperar que todas as verdades escondidas por tanto tempo pudessem ser recuperadas de imediato? Não, provavelmente não.

Lutero redescobriu que o perdão vem pela fé somente em Jesus Cristo. E assim temos a Igreja Luterana. Mas a importância de algumas outras verdades não foi vista claramente por Lutero.

Algumas dessas verdades negligenciadas vieram depois, como o batismo por imersão, que foi recuperado pelos Anabatistas. Os Anabatistas se aproximaram dos grandes estudiosos protestantes e tentaram convencê-los a aceitar essa nova luz, mas eles não aceitaram. Assim, nasceu a Igreja Batista. E quando outras verdades vieram através de Wesley, as Igrejas estabelecidas as recusaram. Isso fez nascer os Metodistas.

A história continua assim. É a triste tendência humana de confiar no passado, traçar um círculo em torno das crenças e chamá-las de credo. Esses credos originais ajudaram a reinstalar os alicerces do cristianismo. Mas eles não fizeram provisão para a luz futura. Por isso, temos tantas religiões hoje. "Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito." Provérbios 4:18.

Você pode ver o que Deus está tentando fazer com o Seu povo? Ele quer preservar cada raio de luz que cada reformador guardou tão cuidadosamente, acrescentando a ele novas verdades descobertas que também haviam se perdido através dos séculos. Ele quer apresentar essa mensagem em toda a sua beleza original ao mundo tão desesperadamente necessitado. E isso vem acontecendo. Lenta, mas seguramente, as verdades escondidas na confusão da Idade Média estão surgindo. Conforme as verdades adicionais são recuperadas, outros movimentos têm passado a existir; cada um defendendo nova luz redescoberta.

Vamos agora ler Apocalipse 12:17: "E o dragão (Satanás) irou-se contra a mulher (a igreja), e foi fazer guerra ao resto da sua semente, os que guardam os Mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo."

Temos uma descrição do povo de Deus dos últimos dias. Lembre-se, não estamos falando especificamente sobre religiões, mas sobre o povo de Deus. Você notou quais são as marcas identificadoras? Guardar os Mandamentos de Deus e a fé em Cristo. Os Dez Mandamentos poderão conter alguma verdade negligenciada? Não. E quanto ao quarto Mandamento? Ele não é uma verdade muito negligenciada? Você já notou que o quarto Mandamento, o que trata do sábado, é diferente dos outros? Nove dos Mandamentos nos dizem o que devemos fazer para Deus e para o nosso próximo. Mas o Mandamento do sábado nos diz o que Deus fez por nós. Ele nos convida a partilhar do descanso merecido por Deus por Sua obra. "Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra, mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra... porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra... e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou." Êxodo 20:8-ll.

O sétimo dia, o sábado, nos convida a celebrar a obra de Deus como nosso Criador. E há uma outra razão por que adoramos a Deus, uma outra razão para santificarmos o sétimo dia. Vamos reverentemente até o Calvário.

É tarde de sexta-feira, perto da hora de saudar o sábado. Jesus, pendurado na cruz, relembra tudo o que fez por nossa salvação. Agonizando, Ele proclama: "Está consumado!" Missão cumprida! Humanidade redimida. Outra vez, Jesus descansa no sábado em homenagem à Sua obra terminada, exatamente como fez após a criação. Só que, dessa vez, descansa no túmulo. E, depois do descanso do sábado, Cristo levanta e se eleva ao trono dos Céus.

A idéia de adorar no sábado, o sétimo dia, pode ser nova para você. Ou você pode ter ouvido dizer que a guarda do sábado é legalista. Porém, nada poderia estar mais longe da verdade. A palavra sábado quer dizer descanso. É o oposto de trabalho.

Cada semana, o sábado nos diz para nos afastarmos das obras humanas e descansar nas obras de Deus por nós. E isso é o Evangelho! Sem o descanso do sábado, a obediência à lei de Deus se torna legalista. Jamais se esqueça disso: não somos salvos por guardar a lei de Deus. Somos salvos por descansarmos em Cristo. Isso é o Evangelho! E é também a mensagem do sábado. Entre os deveres essenciais esboçados na lei, o sábado nos oferece descanso nas obras de Cristo por nós.

Agora entendemos por que Jesus proclamou-Se "Senhor do Sábado". Mostramos fé em Jesus, nosso Criador e Redentor, descansando no sétimo dia. Então, já que o sétimo dia, que chamamos de sábado, é o dia de culto ao Senhor, por que muitos cristãos guardam o primeiro dia da semana, o domingo? Bem, você sabe que a Igreja da Idade Média, sem autorização das Escrituras, assumiu a responsabilidade de mudar o sábado para o domingo.

Por volta do século 16, alguns cristãos fiéis ainda guardavam o sétimo dia. Um grupo de Anabatistas, por exemplo, observava o sábado, apesar da feroz perseguição. Mas, finalmente, a verdade negligenciada e quase esquecida sobre o sábado, o sétimo dia, foi recuperada. Desde o século 19, milhões de cristãos ao redor do mundo têm começado a adorar no sábado da Bíblia. Que herança Deus tem para nós hoje? Destacando as verdades vitais recapturadas pelos grandes reformadores e nos gloriosos momentos finais da Reforma, ainda redescobrimos verdades. Não devíamos todos continuar avançando em direção da luz? Que desafio para o cristão! E agora, quando nos aproximamos do final, quero contar uma linda história que ocorreu não faz muito tempo.

Um menino apascentava as ovelhas do pai. Não muito distante dali, naquele vale, um garoto vizinho apascentava as ovelhas do seu pai. Bem, os garotos ficaram muito amigos. Um dia, uma forte tempestade chegou de repente, e os garotos com suas ovelhas se refugiaram em uma grande caverna. Quando a tempestade passou e era hora de eles irem para casa, surgiu um problema. Eles não conseguiam separar as ovelhas. Eles conheciam algumas, mas tinham dúvida sobre outras.

Finalmente, desesperados, com medo de apanhar de seus pais, eles foram para casa. Um seguiu por uma trilha e outro por outra. E o que você acha que aconteceu? Sim, as ovelhas se separaram sozinhas, cada uma seguindo seu próprio pastor.

Você é uma das ovelhas de Cristo? Você é se O seguir quando Ele revela a verdade em Sua palavra, seja qual for essa verdade. E você pode tomar essa decisão perante o Senhor agora mesmo.

 

 

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